quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Crise dos 3 meses

Crise dos 3 meses
""Por volta de 2-3 meses de idade, alguns
bebês tornam-se tão eficientes na mamada que são capazes de mamar tudo o
que precisam em 5 ou 7 minutos, algumas vezes em 3 minutos. Se ninguém
disso isso para a mãe e ela espera que a criança fique no seio por
“pelo menos 10 minutos”, ela vai achar que seu filho não está mamando o
suficiente, como esta mãe aqui:

Eu tenho uma filha de 4 meses.
Meu problema é que não sei se ela está mamando o suficiente. Ela passa
somente 3-4 minutos no peito e eu fico com receio de que ela não está
mamando leite suficiente. Quando ela tinha 2 meses, ela mamava por 10
minutos de um lado e 5 do outro e ganhava peso rapidamente; agora ela
está caindo na curva de crescimento.

Eu também notei que meus seios não enchem mais como antes, eles chegavam até a vazar!

O que mais me intriga é que nos primeiros 2 minutos ela engole muito
leite, bem rápido e e depois começa a tirar a boca do peito e a colocar
novamente, sem ficar quieta. Eu tenho que alternar os lados e tentar
posições diferentes para ela mamar ao menos 10 minutos. Eu me pergunto
se ela faz isso porque ainda está com fome.

Outra coisa que me preocupa é que ela está mamando mais vezes, especialmente de noite. Ela
dormia 5-6 horas seguidas de noite, agora dorme no máximo 3-4 horas, até
menos.

O pediatra me disse que eu posso começar a dar leite
artificial na mamadeira. Já tentei, mas ela não aceita, mesmo que outra
pessoa ofereça a mamadeira. "
O caso desta mãe ilustra bem a crise dos 3 meses de idade:

1. O bebê que mamava 10 minutos agora termina em 5 minutos ou menos.
2. Os seios, antes cheios e pesados, agora estão macios e “vazios”.
3. O leite não vaza mais.
4. O ganho de peso do bebê diminui.

Tudo isso é absolutamente normal. O engurgitamento das mamas nas primeiras
semanas pós-parto não tem nada a ver com a quantidade de leite produzida
e sim com uma inflamação temporária que acontece no início da lactação.
Mamas cheias e vazamento são problemas iniciais, que desaparecem assim
que a amamentação está estabelecida.

E a diminuição no ganho de peso, claro, é esperada. Os bebês ganham menos e menos peso a cada mês
que passa. É por isso que as curvas de crescimento são curvas e não
retas. Entre 1 e 2 meses, uma menina amamentada ao seio ganha
tipicamenate 400g a 1,3 kg, com a média sendo um pouco acima de 800g.
Eliminamos o primeiro mês, porque sempre há perda de peso e depois
ganho, o que faz a conta final muito variável. SE o bebê fosse continuar
ganhando peso neste padrão, em 1 ano ganharia 5 a 15 kg, com média de
10 kg. Na realidade, durante o primeiro ano de vida, meninas ganham
entre 4,5 a 6,5 kg, com a média sendo 5,5kg. Em outras palavras, uma
menina que ganhou 500g no primeiro mês de vida (alguns podem achar muito
pouco, mas na realidade é normal) ganhará menos peso eventualmente.
Todos os pesos são medidas aproximadas. Meninos geralmente ganham um
pouco mais que meninas.
Claro que o bebê da mãe do exemplo não aceitou a mamadeira com
complemento; ela não estava com fome. Infelizmente nem todos os bebês
mostram tal controle e, algumas vezes, especialmente se a mãe insiste
muito, eles tomam a mamadeira msmo sem estarem com fome.

Se alguém tivesse explicado a esta mãe o que estaria para acontecer no
terceiro mês, ela não teria se preocupado. Mas a mudança inesperada
deixou-a insegura. Mesmo assim, se ela estivesse confiante na própria
habilidade para amamentar, ela não teria se estressado. A explicação
mais lógica para todas as mudanças é “eu tenho tanto leite que minha
filha fica cheia em 3 minutos”. Mas o medo do fracasso na amamentação é
tão incutido em nossa sociedade, que não importa o que acontece, a mãe
sempre pensa (ou é convencida a pensar) que ela não tem leite
suficiente.

A mãe também se preocupa com outro mito moderno: que
as crianças, à medida em que o tempo passa, aprender a dormir mais. Na
realidade, as crianças passam mais tempo acordadas quando vão crescendo.
É verdade que um dia elas dormirão mais horas seguidas e vão começar a
dormir a noite inteira, mas dificilmente isso acontece aos 4 meses de
idade. Entre o nascimento e 4 meses de vida, é mais provável que você
observe seu bebê dormindo menos. Muitos bebês mamam várias vezes por
noite durante os primeiros anos de vida (o que é muito mais fácil que
preparar mamadeiras de madrugada, especialmente se o bebê dorme na mesma
cama que a mãe).

A mãe do exemplo já começou a forçar a filha a
comer. É um beco sem saída. É fácil deduzir que, a menos que a mãe
decida mudar radicalmente seus hábitos, a introdução de sólidos será uma
luta."

Trecho do livro Mi nino no come do Carlos Gonzales.
(postado por Kelly Gomes na comunidade do orkut Gravidez, Parto e Maternidade)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Os pais das outras crianças

Se tem uma coisa que eu não suporto sobre ser mãe não são nem as noite em claro, nem os chororôs e as birras, e sim os pais das outras crianças.

Gente, sério, não tem coisa mais chata do que ser obrigado a conviver com pessoas que vc não tem nada haver, que discorda veementemente e tudo em prol do seu filho. Ter que lidar com aquela gente chata, ignorante e pedante, que só fala besteira e vive jogando os filhos da ponte porque o vizinho da tia do amigo do porteiro fez e o filho sobreviveu, é demais pra mim. Mas pior do que ter que lidar com os pais das outras crianças é ter que lidar com as babás das outras crianças. Sim, porque no mundo de hoje dificilmente vc vai achar uma mãe com um bebê na praça num final de tarde de sábado. 70% das crianças vão estar com as babás, e quando elas não te olham com aquela cara que diz "sua pobre, pq vc não paga alguém pra cuidar do seu bebê?" elas te tratam como se vc fosse alguma leprosa desocupada. E o foda da babá é que tem mãe e pai que largam a criança o dia inteiro com a respectiva e ainda tem a cara de pau de contratar uma babá pro final de semana e mesmo assim não quer que a babá eduque a criança. Tipo, os pais ficam o tempo inteiro longe e não querem que ninguém chame a atenção da criança nem a repreenda por comportamentos errados, daí fica igual a gente vê por aí em programas tipo a supernanny: crianças que são "patrõezinhos" das babás, as babás se tornam empregadas ao invés de cuidadoras. E o mais foda é que essas crianças pentelhas sempre vem de alguma forma abusar da Aurora.

Uma vez na praça, Aurora mexia com uns balões e bolas na praça. Veio um pentelhinho, com a mãe atrás, e começou a pegar as bolas da mão da guria. O prazer do menino era tirar as bolas da Aurora. Ele não queria brincar, ele queria que a Aurora não brincasse. E a mãe do lado, falando no celular e implorando "fulaninho, pára com isso", e o fulaninho fingia que não ouvia. Lá pelas tantas eu me emputeci e tirei a Aurora de perto.
Da outra vez a criança ficou puxando o Toy (meu cachorro) pela coleira e mãe pedindo pra ele parar. Puxei o fulaninho pelo braço, abaixei na altura dele e disse "não faça isso porque machuca". A mãe não gostou, mas já que ela não tava fazendo merda nenhuma e eu não tava afim de ter meu cachorro machucado, tive que intervir. Odeio dar sermão nos outros e odeio mais ainda "educar" o filho dos outros, mas tem certas situações que simplesmente não dá.
Na mais recente, sicrano brincava com o pandeiro da Aurora. Até aí tudo bem. Os pais tomavam cerveja e a babá tomava conta. Lá pelas tantas eu anunciei que iria embora e pedi o pandeiro. A babá falou umas 100x: "sicrano, devolve o pandeiro da menininha" e o menino necas. Por fim, jogou o pandeiro longe e saiu correndo. Fiquei tão, mas tão puta! Odeio criança sem limite! E o pior é que no caso desse sicrano TODO MUNDO fala, todo mundo comenta e ninguém perde tempo dando 10min de atenção pro menino. No final das contas, quem sai de chato e mimado é o guri, que na verdade é só um reflexo dos pais.

Sério, as vezes eu queria muito me isolar numa montanha (mais longe ainda do que Lavras) só pra não ter que conviver com esses tipos. Eu sempre pago de "a chata que fica arrotando recomendações de OMS e etc" ou então de antipática, pq simplesmente me recuso a discutir um assunto com pessoas que não vão ouvir oq eu tenho a dizer porque são arrogantes e prepotentes. Claro que eu não quero que todo mundo seja igual a mim e nem que as pessoas criem seus filhos do jeito que eu crio a Aurora, mas acho que certas coisas são um consenso, tipo: não bater, não dar coca-cola pra bebês pequenos, não usar andador e etc. Acho que ninguém tem que compartilhar dos meus ideais de vida, mas porra, fazer algo que deliberadamente vai fazer mal pro bebê só pq o filho da vizinha do amigo do porteiro fez e a criança sobreviveu, pra mim deveria ser proibido. E o pior ainda é que muitas vezes coisas danosas às crianças são feitas com o aval do pediatra, justamente quem deveria ser o maior interessado em zelar pelo bem-estar dos pequenos.

No final das contas, as vezes me vejo diante de uma geração de pais subservientes e omissos, que tentam suprir sua ausência física com ausência de limites, avós que não querem contrariar as crianças e babás que não podem (e que não devem, afinal esse não é o papel delas) corrigir comportamentos errados. E quem fica perdido no meio disso tudo: a criança, óbvio!

Tenho ódio de pai e mãe omissos! Ódio de gente que acha que ter filho é largar na casa da avó e ir visitar final de semana. Gente que pode estar com os filhos mas viaja pra Pequim pra "manter a chama do casamento acesa" enquanto o bebê de 1 mês se esguela no colo de uma babá, de quem tem tempo pra depilar até os cabelos do cú mas não tem tempo pra sentar no chão e brincar. Gente assim deveria ser avisada que filho dá trabalho e, mais ainda, não devia ter filho! Filho não é status, não é pra quem quer: é pra quem vai se comprometer em educar e cuidar integralmente de um outro ser humano que depende exclusivamente de você!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mexendo a minha bunda gorda

Daí que depois de férias na praia e depreÇaum por olhar negas de biquine e eu lá obesa e flácida, tô tentando novamente pela milésima vez fazer a porra da dieta + exercícios. Da outra vez eu perdí 4kg em 1 mês e perdi muito de barriga, mas engordei tudo de novo nas férias e no final do semestre. Agora o desafio é ficar na casa da minha sogra (que cozinha bem pacas) e voltar a fazer meus exercícios, pq novamente eu tô obesa e choro quando me olho no espelho. Não que eu queira ser uma modelo, tampouco é meu objetivo ser magra e etc, mas com 22 anos se olhar no espelho e ver duas bolsinhas de banha caindo barriga abaixo não pode produção!

Hoje eu tentei comer direito e fiz esse exdercício:
Também pulei um pouco de corda imaginária. hehehehee

Então, já percebi que eu não vou ser emagrecida por força do divino e que se continuar assim, daqui há uns anos só faca vai resolver, e não, eu não quero ter um corpo de uma mulher de 50 aos 22 anos. Me recuso a não aproveitar os meus anos de juventude por vergonha de colocar uma blusa mais curta ou um biquini.

Meu desafio pro mês é manter uma alimentação saudável, sem repetir os pratos e sem comer igual um estivador e mexer a minha pança mole o máximo que eu conseguir (e que dona Aurorita permitir).

Pesei ontem e novamente estou com 68,9kg. Até o final da semana espero ter reduzido pelo menos 500g. Bora ver.
Depois quando eu tiver coragem posto uma foto da minha barriga pq tô afim de fazer um antes e depois pra inspirar negas, afinal de contas foram as minhas maravilhosas e formosissímas amigas que engordaram bem mais que eu nas gravidezes que me inspiraram a conseguir também.

registrado então. beijas

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O relato da Thaís: a realidade da violência contra a gestante no Brasil

A Thaís, assim como eu e muitas outras, sofreu assédio moral e maus-tratos durante um momento que deveria ser o melhor da vida dela. Até hoje choro quando leio o relato dela, que é o retrato mais fiel do que acontece com a maioria das mulheres. É exatamente esse tipo de violência que 1/4 das mulheres atestam ter sofrido no momento do nascimento de seus filhos. Depois de ler esse relato você finalmente vai entender porquê uma mulher decide ter seus filhos em casa.

Cecília veio num susto sem nenhum planejamento, pouco mais de um mês após eu e o pai dela juntarmos os panos, moro em Taubaté-SP e não sabia a odisséia que seria tentar encontrar um atendimento obstétrico decente, informado e humano através de um obstetra... E acabei não encontrando mesmo!
Dia 13-04-2011 às 21:20 minha filha foi nascida, com 49 cm, 3.520 kg apgar 9/10

Abandonei a ultima GO com 37 semanas, quando havia decidido que teria Cecília em casa, sendo acompanhada por excelentes profissionais (parteiras e doula) as quais eu tive o prazer de descobrir que estavam em uma cidade vizinha a minha. Meu pai me deu todo o apoio, pagou parte do meu PD e sentia um orgulho danado, pq  meu avô era parteiro e ele e os meus tios nasceram em casa.

A essa altura completamente apaixonada pelo bebê que eu gerava e com uma certeza cega de que teria minha filha do jeito que sonhei, aqui na minha casa junto com marido e nossos bichos, onde essas histórias absurdas de desrespeito não passariam nem perto de nós eu estava só na expectativa, vibrando com cada amiga do tópico março (grupo virtual de mulheres com DDPs  próximas a minha) que conseguia parir e sofrendo com as que de fato desejavam isso e não conseguiram.


Cheguei as 40 semanas sem ansiedade alguma, entrei na 41ª e ainda estava calma, estávamos indo toda semana nos encontrar com a Flávia nossa doula e me preparando para o grande dia... Se aproximando da 42ª graças as cobranças de amigos e familiares comecei a ficar ansiosa, sentia alguns sinais a noite e logo eles sumiam, à essa altura eu fazia USG por minha conta toda semana e as parteiras vinham me visitar em casa com frequência, na ultima USG a radiologista tentou me apavorar, na hora só me irritei mas aquelas palavras negativas entraram em mim e ficaram martelando...
Comecei a ser extremamente grosseira com os palpiteiros de plantão que vinham com sutilezas nas palavras, mas me chamavam de irresponsável pelas costas...

Comecei a ficar ansiosa e no domingo dia 11/04 a Patrícia parteira veio pra minha casa a noite me avaliou disse que a dilatação estava começando, me aplicou reike, conversamos mto e ela me acalmou novamente... Segunda feira comecei a perder o tampão e estava exultando de felicidade, o meu momento estava chegando... Fizemos despedida da barriga, meu marido fez uma pintura linda e nós estávamos super confiantes.. mas nada engrenava...

Eu estava com o sonar da Kátia em casa auscultando a Cecília o tempo todo.
Terça feira, com 42ª e 2 dias meu pai que me dava força, apoio e confiava nas minhas escolhas desmoronou, ligou nervoso e chorando falando que eu estava pondo minha filha em risco, briguei com meu pai Tb. Fiquei sem chão, recorri um medicamento natural para induzir a Pu****la, e comecei a ter umas contrações fiquei feliz e fui dormir... 

Acordei meu marido as 5 da manhã com uma dor de cabeça insuportável e vomitando em jatos, verifiquei minha PA e estava 150X100, esperei dar 7 horas da manhã e liguei pra Patrícia, ela conversou com a Kátia e me retornou dizendo que eu deveria ir ao hospital, aqui em Taubaté eu não teria escolha se fosse pro hospital não escaparia da cesárea, foi qdo decidimos ir pro Hospital São Francisco, referência de parto humanizado no Vale do Paraíba mesmo sabendo que meu convênio não era atendido lá, ia ser SUS, mas isso não me incomodava pq pensei que controlando a PA eu fosse voltar pra casa.
Chegando lá, passado o sermão médico pelo pós-datismo, o, GO plantonista me atendeu mto bem, só ñ me deixou ir embora por causa da PA alta e pela IG, mas me garantiu que eu iria pro Centro de Parto Humanizado e seria tudo o mais próximo do que eu desejava( parto natural, pq não ousei dizer que esperava um parto domiciliar), só ñ poderia ter a cia das parteiras pq meu convênio não era atendido pelo hospital e minha internação seria pelo SUS comportando só 1 acompanhante, que seria meu marido comigo todo tempo e o parto seria feito pela Zizi enfermeira Obstetra e parteira super humanizada.

Apesar do medo de hospital eu senti segurança, e já estava tão perto de parir que não me preocupei.

Como eu já estava com qse 4 de dilatação, ele me colocou no soro com ocitocina, 5 gotas por minuto, bem lento só pra dar uma "moral" pro meu útero contrair, já que a o TP não engrenava pela falta de contrações precisas.

Cheguei no centro de parto, Zizi nos recebeu mto bem, colocaram o soro e fui pro chuveiro, ela deu um óleo pro Rahael ir massageando minhas costas e nos deixou lá.
As contrações foram ficando fortes e nós cada vez mais feliz, tínhamos certeza que a nossa pequena estava chegando...

Quando deu 17:00 Zizi entrou no quarto e fez o toque, disse que eu estava com um pouco mais de 5 cm, que era pra me movimentar mais e ficar mais no chuveiro, assim o fiz... Logo ela voltou no quarto e disse q estava largando o plantão e que o GO plantonista é quem faria meu parto. Nessa hora meu deu mto medo, mas tentei não ficar nervosa pq ela disse q eles só iriam lá ver a dilatação e depois apareceriam só no expulsivo.

As dores foram ficando intensas nisso a Patricia, uma das Enfs q faria meu PD conseguiu entrar no hospital escondida e ficou lá comigo, logo uma colega de faculdade que é funcionaria do hospital passou pra me ver Fui ficando mais tranqüila  as dores mais fortes
Até que lá pelas 18:30 entra a GO plantonista, uma mulher bem nova e grossa, mal falou comigo, veio disse o nome dela, perguntou pq eu esperei tanto tempo, qdo respondi q era pq estava esperando o tempo da minha filha, ela fez cara de desprezo, calçou uma luva e fez um toque que me levou até o inferno... Tirou a luva, apalpou minha barriga e disse, sua dilatação ta lenta e essa criança é enorme, não sei o que vc está fazendo aqui que já não foi logo tirar.

Fiquei quieta, e ela me mandou ir pro chuveiro bem quente e rezar pra dilatar..
Eu fui, já estava apavorada mas fui, por volta das 20:00 as dores estavam insuportáveis, caia mtq secreção mucosa no chão e eu sentia as contrações forçando o colo do útero e agradecia a Deus, eu estava dilatando!!

Mais uma meia hora, e eu creio que devo ter chego na porta da partolândia, não queria mais a luz acesa, a dor era mto forte, me lembro que o porteiro veio no quarto manda 1 acompanhante sair, mas já não entendia bem oq acontecia... Mais uns minutos no chuveiro e comecei a ouvir as vozes longe não percebi qto tempo passou, mas a luz do banheiro e do quarto se acenderam e a aux de enfermagem me disse que era pra deitar na cama, na hora eu fui , não senti medo, pensei que estivesse na hora... Mas não a mulher estourou minha bolsa e fez toque... 

E disse que não ia esperar mais, pois havia mecônio (mto pouco e claro), era um bebê enorme e era pós-data.

Eu, só percebi o que estava acontecendo quando começaram a me vestir camisola e tentaram tirar meu brinco, nisso cai na real e perguntei se ia fazer cesárea, a medica acenou com a cabeça dizendo que sim  e saiu do quaarto, eu comecei chorar e gritar, e assim fui pro centro cirúrgico, com 2 funcionarias da enfermagem segurando meus braços, não permitiram que o meu marido entrasse comigo, pq disseram q ele teria q fazer um curso...
Quando entrei lá, o anestesista e a médica começaram a mandar indiretas sobre parto humanizado, dizendo que essa ladainha enchia o saco, que a médica se referiu a mim pra pediatra como: pós-datismo de 42+3 histérica, com mecônio e fazendo graça pq queria continuar no centro de parto e com um cenário armado dentro do quarto :bola, marido fazendo massagem no chuveiro, enfermeira obstetra e cadeirinha de parto, só faltou uma doula de incenso aceso pro circo ficar completo.

Não ouvi qualquer resposta da pediatra, eu chorava muito e o anestesista não esperou nem um espaço entre as contrações que estava uma da atrás da outra e fez a anestesia...

Questionei mais uma vez sobre o acompanhante, se a Patricia não poderia me acompanhar ela era enfermeira obstetra não precisava de curso nenhum, o anestesista disse que não, pois eu estava chorando muito e não merecia acompanhante e que não era pra tanto drama, já que eles estavam acabando com o meu sofrimento.

Fiquei tão dopada com a anestesia que tive dificuldade pra respirar, ele enfiou um cateter de O² no meu nariz e saiu sem dizer nada.

Senti uns puxos no meu quadril( estavam tracionando a Cecília, pq ela já estava quase no canal de parto) e logo um choro alto e forte, comecei a gritar pra tirarem o campo e não me atenderam, não me mostraram minha filha nem de longe, eu comecei a ouvir o choro ficar mais alto e o vácuo ser ligado, eu pedi pelo amor de Deus pra não aspirarem nem pingarem o nitrato, mas ninguém me atendeu, depois disso o choro continuou, fiquei sozinha na sala de pós anestesia e continuava ouvir ela chorar sozinha no berço aquecido.
Foi o pior momento da minha vida, mais de uma hora depois foram me levar pro quarto, ai colocaram ela enrolada em cima de mim, mas eu não podia levantar a cabeça pra ver o rostinho dela.

Fiquei por 2 dias no hospital, em alojamento conjunto e eu que morria de ciúmes do bebê que estava na minha barriga, tinha que depender da bondade das outras mães para me ajudar a segurar minha filha no colo tamanha era a dor que eu sentia.

Não tive uma gota de leite, por N motivos, stress, medicação em excesso enfim, tivemos alta com ela tomando LA com sonda de relactação.

“O comentário no hospital era que eu devia ter algum distúrbio psiquiátrico, pq fiz um escândalo e não pensei no “ bem estar da minha filha”, ela se espantou que eu sendo enfermeira tenha dado tamanho pití no hospital.”

Quando olho pra Cecília é um misto de felicidade e sofrimento, estou feliz por te-la linda e saudável, mas sofro demais por tudo que ela passou nos primeiros momentos de vida, fui em busca de um hospital humanizado e eu e a minha filha fomos submetidas a todo tipo de desrespeito e maus tratos.
A dor física é muito grande, mas dor na alma é imensurável. Roubaram-me algo que nada poderá trazer de volta, roubaram o momento mais importante da minha vida.



A Thaís está grávida novamente, de um menino que se chamará Francisco! Daqui há uns meses venho aqui postar o relato do VBAC dela!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Por que o bebê não quer comer

Porque seu bebê parece não estar interessado em outras comidas

De forma geral, bebês que tomam leite artificial tendem a aceitar outros alimentos melhor que os que são amamentados. Provavelmente isso se deve ao fato de o leite humano conter todos os nutrientes e vitaminas que seu bebê precisa, enquanto o leite artificial não. Está surpresa? Volta e meia, os produtores de fórmula bombardeiam-nos com campanhas publicitárias enfatizando algum novo ingrediente que eles acabaram de adicionar ao leite para torná-lo "mais parecido como leite materno". Nos úlitmos anos, adicionaram taurina, nucleotídeos, ácidos graxos polisaturados de cadeia longa, selênio... O leite que tomamos quando bebês não continha nada disso. Como eles continuam pesquisando, podemos esperar mais acréscimos nos próximos anos. O leite que você produz todo dia tem todos esses ingredientes que o leite artificial passará a ter em 10, 14 e 500 anos.

Com o que sabemos atualmente, a coisa mais sensata a fazer é começar a oferecer outras comidas com 6 mess. Algumas crianças comerão felizes e provavelmente precisarão dos alimentos. Mas eu disse "oferecer", não "empanturrar". O bebê fica livre para aceitar ou não. Muitos bebês amamentados nem querem provar nada até 8 ou 10 meses, às vezes mais. Eles estão felizes e saudáveis, seu peso e altura são normais, e eles se desenvolvem adequadamente. Eles obtêm tudo o que precisam do LM e não precisam de mais nada.
Isso gera grande ansiedade em mães que amamentam estes bebês entre 6 e 12 meses. Esses bebês mal provam a comida (uma mordida de banana aqui, uma migalha de pão ali e um fio de macarrão num dia). A mãe sempre escutará "sua Laura ainda não come? Olha, você precisa ver minha Jessica, ela adora leite com cereal".

Quem ri por último ri melhor. Bebês amamentados podem levar mais tempo para aceitar outras comidas, mas quando eles começam a comer, eles geralmente superam qualquer comercial de alimentos para bebês e passam a atacar o prato da mãe. No início do segundo ano de vida, o bebê amamentado tipicamente acieta uma variedade grande de alimentos, tanto na colher como na própria mão.

Alguns agem ao contrário; eles comem comida de bebê por um tempo e depois mudam de idéia.

O que deve ser feito? NADA. Se você deixa como está, em poucas semanas ou meses o bebê novamente passa a se interessar por outros alimentos. Se você ao invés disso tenta forçá-lo a experimentar outras comidas, ou tenta desmamar para que ele passe a comer, provavelmente levará mais tempo e será muito mais difícil para os dois. (Posso garantir que ele não estará mamando no seu peito quando ele tiver 20 anos!).

(tradução de Flavia Mandic, do livro Mi Niño no me Come - Carlos González)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Parto normal após 2 cesáreas - VBA2C da Priscila Teixeira

Minhas cesáreas






Minhas dores...Ainda choro quando me lembro delas...Considero que fui violada. Meus filhos foram violados. Fomos roubados; nos roubaram a experiência do nascimento!


Eu tinha vinte e poucos aninhos na primeira gravidez. Sempre quis parto normal. O meu GO daquela época, falou que acompanharia meu parto normal. No dia em que comecei a sentir as dores, fui para o hospital e me examinaram ao chegar, falaram que estava tudo bem, mas que ia demorar um pouco ainda, pois era o primeiro filho. Fui para o quarto e me deixaram sozinha.O pai do meu filho estava na Holanda e minha mãe não era autorizada a entrar. Estava tranqüila, fazendo exercícios. Quando as contrações ficaram espaçadas de 3 em 3 minutos, chamei a enfermeira e pedi para alguém vir me examinar só para ver se tudo estava ok. Ela falou que ia ligar para o meu médico e logo depois, veio para me levar para o centro cirúrgico.Eu falei: “mas ainda não está na hora!”, ela respondeu: “está sim”. Levaram-me ao centro cirúrgico, me amarraram, me deram anestesia e me fizeram uma “cesárea surpresa”. Não me examinaram, nem abriram minhas pernas, não me consultaram, não me respeitaram. Quando tomei a anestesia me dei conta do que estava acontecendo, mas era tarde demais. O médico chegou com uma cara de mau humor e de sono, arrancou o Tomás da minha barriga e só comentou: “as vezes o bebe está em perigo”. Eu chorei o tempo todo. Fui para a recuperação chorando, mal vi meu filho, mostraram sua carinha e o levaram embora. Fui para o quarto chorando e a mesma enfermeira veio me perguntar o por que eu estava chorando. “Porque me fizeram uma cesárea”. Ela respondeu ; “Mas você não queria uma cesárea?”


“É lógico que não!”


Aí ela falou


“Nossa que estranho, seu médico mandou fazer a cesárea por telefone!”


No meu segundo parto, queria que as coisas fossem diferentes. Me informei sobre parto humanizado, fui nos encontros de parto de cócoras na Unicamp e procurei um médico que se dizia humanizado. Fazia palestras, até trouxe o Michel Odent para Campinas...Tentaram me avisar que ele não era mais o mesmo, que andava fazendo cesáreas demais, principalmente quando o tp caía num dos dias “ocupados” dele. Não acreditei, não quis mudar, não ouvi. Entrei em tp, cheguei no hospital com 5 cm de dilatação as 8 horas da noite. Por volta das dez horas da noite, com 7 cm e tudo numa boa, eu estava com uma doula querida, fazendo exercícios, o tal médico começou a fazer terrorismo: “o bebe está alto, vou furar sua bolsa. O bebe não desceu, é cesárea agora ou ele vai estar em perigo”. As onze da noite Theo nascia de cesárea...Eu fiquei um bom tempo querendo acreditar que essa foi necessária, até levar um chacoalhão na lista do materna (yahoo groups). Vi várias mulheres com a mesma situação durante o tp que eu tendo lindos partos naturais...Além disso fiquei sabendo que o tal médico fazia igualzinho com várias mulheres, bastava entrar em tp a noite, ou no fim de semana/feriado...Me senti uma idiota. Não era possível que me deixei enganar pela segunda vez! Essa, talvez, foi a cesárea mais dolorida...






Peregrinação para encontrar a equipe certa na Bélgica






Em 2006, nos mudamos para a Bélgica. Engravidei pela terceira vez nas minhas férias de fim de ano no Brasil. Comecei a sentir os sintomas da gravidez já na Bélgica. Fiz o teste, deu positivo. Fiquei radiante...No entanto, tive um sangramento grande, parecia menstruação. Por isso, marquei consulta no hospital universitário de Leuven. Fiz ultra-som; tudo bem com o bebê, mas tive um pequeno descolamento de placenta. Tive que ficar de repouso absoluto por um mês. No hospital universitário, queriam me marcar uma cesárea: procedimento do hospital em mulheres que tiveram duas cesáreas prévias. Procedimento desse hospital e de vários outros para o meu desespero!!! Na Bélgica, fazem cesárea em último caso; uma mulher que teve duas é porque realmente teve problemas nos partos anteriores, geralmente desproporção cefalo- pélvica. Não era meu caso, como fazê-los entender? Dessa vez seria diferente. Eu tomaria as rédeas do meu parto, eu seria a protagonista, eu tomaria as decisões!!!Eu não aceitei a cesárea que quiseram me dar e depois que tive certeza, por meio dos ultra-sons seguintes, que o descolamento não aumentou, ao contrário, sumiu, comecei a procurar uma parteira para me acompanhar no parto. Fui procurar as parteiras independentes, estas é que acompanham partos humanizados na Bélgica sem os procedimentos amarrados dos hospitais e suas interferências. Queria em casa ou em casa de parto. As parteiras aqui acompanham apenas partos de baixo risco e embora eu explicasse que minhas cesáreas foram desnecessárias, elas não aceitavam me acompanhar.. 


Bati em várias portas.Não desanimei. Me indicaram as duas parteiras mais experientes parteiras da Bélgica. Uma delas, falou que havia a possibilidade de tentar um parto natural, mas no hospital com o médico. Eu não quis. A outra, a Kitty, aceitou acompanhar meu parto no hospital. Falou que em casa ou na casa de parto após duas cesáreas não era possível na Bélgica. A Kitty falou que tinha um hospital em Antwerpen em que havia a flexibilidade da parteira independente acompanhar o parto humanizado no quarto do hospital e que se tudo desse certo, poderia voltar para casa no mesmo dia com o bebê.O quarto teria bola, banheira, ela levaria a cadeirinha de cócoras eu poderia levar meu som. O médico que trabalha nesse hospital, o Shabam, é uma pessoa bem flexível e adepto do parto natural e humanizado. É um cara de confiança da Kitty. Eu faria as ecografias e alguns exames com ele e ela faria o resto, inclusive o pré-natal. Ele viria durante o parto uma vez para ver se estava tudo ok e entraria em cena apenas se fosse necessário. Simpatizei muito com o Shabam, na primeira consulta ele não titubeou quando falei a ele que queria parto natural após 2 cesáreas. Ele falou, “ok, você pode tentar, semana passada tivemos um caso assim e foi parto natural”. Expliquei a ele que eu ia ser acompanhada pela Kitty, e ele só falou: você está em boas mãos!






O parto






A partir das 38 semanas comecei a sentir as contrações cada vez mais, sem dor, mas vinham com mais freqüência. A Kitty passou a vir me atender em casa. O bebê não estava encaixado e estava alto, mas a Kitty nunca me fez terrorismo por causa disso. Por sinal, o bebê continuou assim até o dia do trabalho de parto, ele só encaixou na hora. Continuei minha vida normalmente para tentar não ficar ansiosa demais se passasse das 40 semanas. Me afastei do orkut , do e-mail, das listas, tudo que pudesse me deixar ansiosa... Minha mãe iria chegar no dia 20 de setembro e eu ficaria mais tranqüila, pois teria com quem deixar as crianças à noite se entrasse em tp durante a madrugada. Tenho uma amiga que se propôs a ficar com os meninos caso isso ocorresse antes da minha mãe chegar, mas mesmo assim, mãe é mãe... Peguei uma virose na escola dos meninos e tive tosse e diarréia e enxaqueca no dia 17 de setembro. Dia 18, fui fazer monitorização no hospital, um saco, mas é o procedimento depois de 40 semanas. Dia 19, comecei a tomar o chá de framboesa com vrouwenmanthel e tomei o banho de banheira com sharlei, ambos receitados pela Kitty. Não é que as contrações aumentaram? À noite tive um alarme falso, cheguei a pedir para o Ramon cronometrar. Pensei na minha mãe, quem iria buscá-la na Gare du Midi caso eu entrasse em tp? As contrações amenizaram e eu dormi.Sabia que estava perto. No dia 20, voltei a tomar chazinho. Minha mãe chegou com duas tias muito queridas as 2 da tarde e eu passei um dia super gostoso. Conversamos, matamos a saudade, rimos! E eu sentindo contração sem dor o dia inteiro. As 7 da noite comecei a sentir contração com uma dorzinha leve. Acho que Rebecca só estava esperando a avó chegar... As 8 da noite fui numa reunião na escola dos meninos. A dorzinha vinha de 15 em 15 minutos mais ou menos. “Será hoje?”, pensei. No fim da reunião, avisei a professora que se o Theo não viesse na escola amanhã é porque a Rebecca nasceu.


Voltei para casa, fiquei conversando mais um pouco com minha mãe e fui tomar o banho de banheira com sharlei novamente. Tão relaxante! Saí de lá sentindo mais dorzinhas...Eram 10 da noite quando liguei para a Kitty avisando que as contrações estavam vindo com uma certa freqüência e com dor. Ela falou para eu esperar uma hora, e que se continuasse, para ligar para ela novamente. Depois de uma hora elas continuaram e começaram a ficar cada vez mais fortes. Kitty falou para eu ir para o hospital quando as contrações viessem de 5 em 5 minutos. Avisei minha mãe, acabei de arrumar as coisas; fechei a mala, peguei as almofadas, o salsichão, só esqueci os CDs que tinha separado para levar. Sorte que o Ramon tinha um CD maravilhoso do Bread no carro, sonzinho que lembrava a época que nos conhecemos. Saí de casa a uma da manhã, xingando por que era um saco ter que ir para o hospital, e estava já bem dolorido, mas nada demais... Minha mãe viu que as contrações estavam próximas e ficou preocupada de eu não chegar a tempo em Antuérpia. Só falei, “mãe, sossega, se Rebecca nascer no carro é porque ela nasceu bem”, hehehe! Estava muito feliz e tranqüila.


No carro fui ouvindo Bread e a cada contração eu rebolava na cadeira e fazia respiração de yoga. Estava tudo muito bem.


A Kitty me avisou de tudo o que aconteceria no hospital. Ela me falou que o único procedimento chato seria uma monitorização que eu teria que fazer durante meia hora...deitada. No mais, não teria camisola do hospital, nem gente entrando no quarto, nem nada...Cheguei no hospital preparada para isso.Era por volta de uma hora da manhã. Fui a pé até o quarto e lá a enfermeira colocou o monitor. A Kitty ainda não tinha chego. Eu conseguia ver que as contrações estavam altas e próximas uma da outra, mas...Começaram a ficar mais baixas e espaçadas... É ...constatei pessoalmente que hospital brocha!!!Se eu pudesse não pensaria duas vezes em fazer em casa...A Kitty chegou e notou que o batimento que o aparelho estava pegando, não era o do bebe, e sim o meu...Ela ajeitou o aparelho e pegou o batimento do bebe.Que saco! Fiquei apreensiva em ter que ficar ali por mais meia hora. A Kitty falou que não me deixaria ali por mais meia hora, ela só esperaria mais duas contrações e me liberaria daquilo.As danadas demoraram a vir, estavam realmente espaçando... Ela notou isso na hora, e falou que era normal acontecer isso quando as mulheres chegam no hospital. Ela viu que estava tudo ok depois das duas contrações e tirou o aparelho de mim. “Agora acabou, você precisa voltar a se sentir em casa!”. Arrumamos o quarto de modo mais aconchegante, ligamos um som, ela trouxe uma bola. Eu fiquei na bola rebolando durante as contrações e ela me trouxe um chazinho gostoso. Estava feliz, dançava durante as contrações e Ramon só ria! Senti que as contrações voltavam a ser mais intensas. Kitty decidiu fazer o toque. Eram pra lá de duas horas da manhã. Surpresa negativa...1cm apenas! Poderia ter entrado em parafuso... Tentei manter a calma, mas comecei a pensar: vai demorar pra cacete, vai demorar dois dias!!!”To ferrada!!!”. Já estava doendo razoavelmente...Ramon falou então: isso não quer dizer nada, pode abrir tudo de repente. E a Kitty confirmou, isso mesmo! Voltei para a bola, respirei fundo para relaxar e pensei: vamos lá! A Kitty saia do quarto para me deixar mais à vontade e eu comecei a dançar durante as contrações que ficavam mais doídas. Comecei a chamá-las! Venham e tragam minha filha para meus braços! Ramon estava cochilando no sofá e eu falei para ele dormir na cama, eu chamava quando precisasse, não ia usar a cama para nada mesmo! A Kitty voltou e perguntou se eu não queria entrar na banheira. Eu disse que sim, e durante as contrações, cada vez mais fortes e próximas eu ficava de cócoras. Comecei a conversar com a Kitty nos intervalos: “Poxa, não entendo, como pode em casa estarem de 5 em 5 minutos, chegar aqui espaçarem e estar só 1 cm!!!”


A Kitty respondeu: “Para de pensar!!!Para de pensar agora! Chama a Rebecca, mentalize as contrações para baixo, para baixo, para baixo”.


E foi isso que fiz. Parei de pensar e me entreguei ao trabalho de parto. Deixei de notar as horas, parei de prestar atenção de quanto em quanto tempo as contrações vinham. A onda forte do trabalho de parto me pegou, e me deu um baita caixote!!! Aquele caixote que parece que você está dentro de um liquidificador, rola rola, aspira água, se rala e perde o controle do seu corpo, só se dá conta quando esta deitada na areia com o biquíni todo torto! Tomei vários caixotes na infância, quando passar as férias no Rio de Janeiro e adorava entrar no mar para pegar onda quando as estas estavam enooormes!É o melhor modo que posso explicar o que senti durante o trabalho de parto: um caixote!


A Kitty perguntou se eu não queria tomar um remedinho homeopático para ajudar nas contrações, eu aceitei e ela trouxe uma poção mágica misturada com água. Eu tomei aos pouquinhos. As contrações vinham cada vez mais e eu resolvi sair da banheira. O bicho estava pegando...Me deu vontade de ir no banheiro. Me fechei no banheiro e vomitei. Sabia que era normal vomitar, tinha lido nos relatos de parto que depois disso as mulheres se sentem melhor, e foi o que ocorreu comigo. Depois disso, perdi o tampão. Aiaiai, contrações fortes meeeesmo. Tive uma diarréia e coloquei tudo para fora. A natureza é sábia. Eu sabia que meu corpo estava se limpando para a chegada do bebê. Eu sabia que estava dando certo. Eu sabia! Mais contrações e comecei a subir pelas paredes. Dentro do banheiro andava para lá e para cá, muito rápido, tinha que andar, quase correr!Batia na parede e voltava, parecia o carrinho do meu filho...Comecei a gemer alto, precisava soltar aquilo dentro de mim, e gemia, gemia. 


Sai do banheiro e veio mais uma contração bem doída! Começou a doer as costas e eu andava muito rápido para lá e para cá o tempo todo, não sei de onde saiu aquela energia toda. Eu não parava quieta.Não imaginava que ia ter vontade de quase correr... Eu tinha que andar e colocar a pélvis para frente, deve ter sido uma cena engraçada, por isso a importância de nos sentirmos a vontade, sem ninguém estranho no local do trabalho de parto! Eu não me inibia com a presença daqueles que confiava, Kitty e Ramon. Falei para a Kitty: não tem mais posição boa, não tem!!!Não tem!!!


Ela notou que estava indo bem rápido, falou para eu voltar para a banheira e falou para o Ramon posicionar a ducha nas minhas costas na hora da contração. Eu berrava mesmo, sem dó. Lembro-me que teve horas que chamei por minha filha, vem Rebecca!Vem! Kitty fez o toque e...7 cm. Aí eu levantei , fiquei de pé na banheira segurando com uma mão, a mão do Ramon e a outra mão, a da Kitty. As contrações vinham entre intervalos muito pequenos...Eu comecei a gingar o corpo para lá e para cá e jogar a cabeça de um lado para o outro. Ramon falou que eu parecia em transe. Eu entrei na partolândia. O Dr Shaba entrou no quarto nesse momento (não o vi) e perguntou, tudo ok? Kitty respondeu: 7cm. Ele falou: ótimo! Virou as costas e saiu do quarto. Foi muito discreto. Quando eu gingava o corpo, a Kitty gingava o corpo dela junto com o meu. Aí comecei querer fazer força. Ela pediu para esperar mais um pouco. Durante mais uma contração eu gritava que precisava fazer força, e fazia realmente um pouco de força, era muito difícil de controlar! Ela fazia a respiração cachorrinho para eu fazer também, eu tentava, mas tinha que fazer força... Ouvi a Kitty falar para o Ramon que o bebê estava muito baixo e que já tinha passado pelo lugar mais difícil da pélvis. Veio mais uma contração e eu berrava e reclamava que estava doendo e que precisava fazer força. Aí ouvi a voz suave do Ramon lá longe, pois eu estava longe e a voz dele parecia que vinha do fundo de um poço : “Pri a bebê já passou por aquele lugar mais difícil, está perto, Pri, é o seu sonho, aquilo que você sempre sonhou, está perto! Calma, está pertinho, muito perto.”


As palavras do Ramon foram uma injeção de ânimo para mim. E durante um pequeno intervalo, abri os olhos e agradeci a Kitty, falei: Você é maravilhosa, obrigada, e você também Ramon, você é maravilhoso! E pumba, outra contração e voltei a partolândia! E comecei a falar que precisava ir ao banheiro AGORA!Kitty me falou: não você não pode ir ao banheiro, esse não é um bom lugar...Aí falei que precisava fazer cocô. Ouvi ela dizendo para o Ramon: não é cocô Ramon, é o bebê!!!


De repente, entrou uma fase de calmaria... A dor forte das contrações pararam. Eu sentei na banheira. A Kitty me falou que agora eu podia fazer força. Ela perguntou se eu queria sair, sentar na cadeirinha de cócoras, me perguntou o que eu queria fazer. Eu respondi: Aqui na banheira está bom. Quero ficar aqui!


Me encostei na banheira, respirei e esperei um pouco.Silêncio. Reuni minhas forças e comecei a fazer força. Kitty falou para eu olhar em direção a vagina e fazer a força de “soprar o balão”. E eu fiz. Aí parei, respirei, esperei mais um pouco. Ramon falava : “Lembra, tudo tem seu tempo”. Aí reunia minhas forças e empurrava!Comecei a sentir não exatamente uma dor, mas uma ardência na vagina. Era o círculo do fogo que tinha lido tantas vezes nos relatos. Fiz mais uma força e mais uma! A Kitty falou para eu sentir a cabeça da Rebecca. Eu pus a mão e senti sua cabecinha. Acho que fiz mais umas duas forças e a Rebecca saiu pluft, na água, minha peixinha! Veio direto deitar sobre meu peito. Eu não acreditei na hora. Ela veio tão pequenininha e chorando. Rebecca nasceu as 6:15 do dia 21 de setembro de 2007.A Kitty esquentou a água e colocou uma toalha para deixar a Rebecca quentinha.Ramon cortou o cordão quando este parou de pulsar. Fiquei abraçadinha com ela, e ouvia o Ramon vibrando ao lado.Ainda sentia uma cólica. Logo a placenta saiu. Dr Shaba veio me desejar os parabéns nessa hora.


Sai da água e fui deitar com a Rebecca na cama. Nos enrolamos nas cobertas e fiquei olhando minha filha. Ela não quis mamar naquele momento. Eu olhei seu corpinho, olhei se era mesmo uma menina...Aí a pior parte, tive que tomar uns pontinhos (no total três). Tomei uma anestesia local, a mesma do dentista, e tenho pavor de injeção. Engraçado...Tenho medo de injeção, mas não do parto, hahaha. Enquanto dava os pontinhos, a Kitty pensava alto: “como podem terem feito cesárea em você, você não tem problema nenhum para parir!”.Eu fiquei com uma sensação de prazer por dias. Era muita ocitosina junto com a felicidade por minha filha ter nascido.O prazer que senti é realmente algo a parte, algo além...Me senti completa, me senti no auge da minha feminilidade, algo ligado com meu instinto animal mesmo. Não chorei na hora em que a Rebecca nasceu. Mas chorei na hora em que a Kitty veio se despedir de mim no hospital, agradeci muito ela ter aceitado me acompanhar, e ela respondeu que ela gostava de acompanhar mulheres que acreditavam em si mesmas, e eu era uma delas.


Fui para o outro quarto andando e dei de mamar para minha filha. Apgar dela foi 9/10 no primeiro minuto e o resto tudo 10. A pediatra passou por lá, deu alta para a bebê e no mesmo dia, ao meio dia voltamos para nossa casa. Na manhã que fiquei no hospital, muitas enfermeiras vieram me dar os parabéns. Todas ficaram sabendo da minha história: duas desnecesáreas enterradas com um lindo parto natural.


No dia em que minha filha nasceu, escrevi aos amigos:


“Rebecca nasceu! Rebecca significa” a que une “. Chegou para unir a mulher dentro de mim, despedaçada por duas experiências roubadas. Minha filha veio continuar o ciclo de mulheres fortes na nossa família. Me sinto super mulher!Me sinto poderosa.Hoje, pari o Tomás, o Theo e a Rebecca!!!
Rebecca nasceu na água, sem anestesia, sem episio, sem interferências, num parto que veio novamente para testar a minha confiança no meu corpo de parir. Eu confiei na natureza, e me deixei levar assim como uma onda forte que te dá um caixote.Minha filha nasceu linda e veio ficar comigo o tempo todo! Nasceu hoje as seis da manhã e já estou em casa.”


Por Priscila Teixeira


Chorei 10 litros.