domingo, 29 de abril de 2012

INDICAÇÕES REAIS E “FICTÍCIAS” PARA A CESÁREA - Por Dra. Melania Amorin


Algumas indicações de cesariana

REAIS

1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa (lembrar que a principal causa é a ruptura artificial das membranas com apresentação alta e móvel);
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia completa (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.

PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA

1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma. Pode ocorrer parada secundária da dilatação ou parada secundária da descida.

SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO

1) Apresentação pélvica;
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – em torno de 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia);
2) HIV-AIDS (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.

Algumas desculpas frequentemente utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea

1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
2. Pressão alta
3. Pressão baixa
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
5. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
7. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
8. Trabalho de parto prematuro
9. Grumos no líquido amniótico
10. Hemorroidas
11. HPV (só há indicação de cesárea se há grandes condilomas obstruindo o canal de parto)
12. Placenta grau III
13. Qualquer grau de placenta
14. Incisura nas artérias uterinas (aliás, pra que doppler em uma gravidez normal?)
15. Aceleração dos batimentos fetais
16. Cálculo renal
17. Dorso à direita
18. Baixa estatura materna
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
20. Obesidade materna
21. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
22. Bebê “grande demais” (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal).
23. Bebê “pequeno demais”
24. Cesárea anterior
25. Plaquetas baixas
26. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
27. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia e descolamento da retina
28. Edema de membros inferiores/edema generalizado
29. “Falta de dilatação” antes do trabalho de parto
30. Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês “superdesejados” teriam melhor prognóstico com a cesárea) – motivo pelo qual os bebês de proveta aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal
31. Gravidez não desejada
32. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
33. Adolescência
34. Prolapso de valva mitral
35. Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal)
36. Diabetes mellitus clínico ou gestacional
37. Bacia “muito estreita”
38. Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio)
39. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas)
40. “Pouco líquido”no exame ultrassonográfico sem indicação no final da gravidez
41. Artéria umbilical única
42. Ameaça de chuva/temporal na cidade
43. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência urbana
44. Fratura de cóccix em algum momento da vida
45. Conização prévia do colo uterino
46. Eletrocauterização prévia do colo uterino
47. Varizes na vulva e/ou vagina
48. Constipação (prisão de ventre)
49. Excesso de líquido amniótico
50. Anemia falciforme
51. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra)
52. Trombofilias
53. História de trombose venosa profunda
54. Bebê profundamente encaixado
55. Bebê não encaixado antes do início do trabalho de parto
56. Endometriose em qualquer grau e localização
57. Prévia exérese de pólipos intestinais por colonoscopia
58. Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da circlagem)
59. Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
60. Infecção urinária
61. Anencefalia
62. Qualquer malformação fetal incompatível com a vida
63. Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia
64. Malformação cardíaca fetal
65. Escoliose
66. Fibromialgia
67. Laparotomia prévia
68. Abdominoplastia prévia
69. Ser bailarina
70. Praticar musculação ou ser atleta
71. Sedentarismo
72. Miscigenação racial (pelo “elevado risco” de desproporção céfalo-pélvica)
73. Uso de heparina de baixo peso molecular ou de heparina não fracionada
74. Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século)
75. História de cesárea na família
76. Feto com “unhas compridas”
77. Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico
78. Hepatite B e hepatite C
79. Anemia ferropriva
80. Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)
81. Tabagismo
82. Varizes uterinas
83. Feto morto
84. Cirurgia gastrointestinal prévia
85. Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez
85.Colostomia
86. Gestação gemelar com os dois conceptos em apresentação cefálica
87. História de depressão pós-parto
88. Uso de antidepressivos ou antipsicóticos
89. Hipotireoidismo
90. Hipertireoidismo
91. História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior
92. Colestase gravídica
93. Espondilite anquilosante
94. História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez
95. Hiperprolactinemia
96. Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
97. Não há vagas nos hospitais da cidade para partos normais
98. Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via histeroscópica

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escrito por Dra. Melania Amorin, baseado em evidências científicas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Famosa passeia com o filho.

A legenda dizia algo como "fulana passeia com o filho e a babá".


Posso ser chata? Isso tá mais pra "babá passeia com a criança enquanto a mãe fala no telefone" do que qualquer outra coisa. Me deixa passada a definição que as pessoas tem de "passar tempo de qualidade com os filhos".

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Meu filho não come!


A Aurora, desde sempre, é ruim de boca. Por volta de 1 ano, começou a dar sinais de seletividade: não queria mais comer banana, daí depois enjoou de maçã, não quis mais saber das uvas e no final das contas eu me peguei sendo mãe de um bebê que comia 2 grãos de feijão no almoço e duas colheres de arroz na janta e só. É, só isso. Eu fiquei louca, louquinha, pq na minha concepção ela ía passar mal, cair doente ou sei lá. Minha mãe surtou comigo dizendo que minha comida era ruim, que não tinha gosto e por isso ela não comia e até hoje é forte partidária pra que eu dê Mucilon e outras farinhas. O Lu tb começou a surtar e eu, que já sabia que isso podia acontecer, entrei no bonde e começei a me desesperar querendo dar vitaminas e mais tudo o que pudesse pra suprir a aparente falta de apetite dela. Minha mãe me pressionou até o cú fazer bico pra que eu desse alguma coisa pra abrir apetite e chegou a certo ponto que o assunto comida virou um tabu. O auge do estress foi eu tentar forçar a Aurora a comer uma banana e o Lu abrir a boca dela pra ela comer uma maçã. Alí eu ví que já tinha passado TODOS os limites do tolerável e que as coisas não podiam continuar desse jeito, afinal eu acho o ápice do desrespeito vc forçar alguém a fazer algo que ela/ele não quer.


Algumas amigas minhas de grupos de mães já haviam me falado que acontecia o mesmo com elas e tudo o mais, mas eu fiquei tão desesperada e foi tanta pressão que acabei esquecendo de tudo. Um dia tive uma crise de choro virtual e as meninas me recomendaram essa leitura: Mi niño no me come. Simplesmente foi o que salvou os meus nervos! Recomendo que toda grávida, toda mãe (mesmo que tenha um filho comilão) leia! Sério, muito melhor que aquelas merdas de "o que esperar quando se está esperando" e "encatadora de bebês" da vida. O Carlos González, pediatra e autor do livro, conta a história da introdução dos alimentos desde o começo do século e dá uma outra perspectiva pra introdução de sólidos e pra como lidar com esses problemas relacionados à alimentação no geral. Se não fosse por ele, eu teria piorado muito a situação ou então a Aurora já estaria comendo danoninhos da vida.

O Gonzélez defende que a gente respeite a criança. Simples, mas que muita gente não faz. Se ele não quer comer, é porque não tem fome! Criança nenhuma vai passar fome tendo comida à disposição pois a gente é biologicamente programado e tem o instinto de sobrevivência pra comer, mesmo que seja algo que a gente não goste, se a fome bater, comeremos até jiló.

Pautada nisso, parei pra pensar. Eu estava a meses tentando receitas novas e me preocupando com vitaminas e etc. Até uma disciplina de Nutrição Humana eu peguei na faculdade e elaborei um cardápio pra Aurora. Larguei tudo de mão e confiei. A gente passou a colocar ela no cadeirão com um prato com as mesmas coisas que a gente ía comer e deixar. No começo ela só fazia bagunça e não comia nada. Pra não dizer que não comia nada, ela comia duas colheres de arroz e só. Como eu percebi a predileção dela por arroz, passei a cozinhar o arroz com um pouco de quinua, que é um grão mega nutritivo. Aí ela começou na creche e o trem piorou de vez, e aumentou minha preocupação pq na creche ela não mamava (ficava só meio período). Passei a fazer uns biscoitos integrais com aveia, coco ralado, linhaça e outros grãos tb mega nutritivos e ela aceitava. Passamos a investir mais ainda numa alimentação saudável. Se não servia pra Aurora comer, tb não ía servir pra nós. Isso durou pelo menos uns 8 meses e ela assim, comendo igual passarinho e sempre mamando em livre demanda. O peso dela estacionou nos 9kg e pouco, mas a gente sempre levou na pediatra e ela nos confortava dizendo que era perfeitamente normal e que, se ela mamava no peito, não ía faltar nada pra ela. Por desencargo de consciência fizemos um exame de sangue que deu ótimo, ferro altissímo e tudo normal, e começamos a suplementar vitamina B12 (pq somos vegetarianos e essa é a única vitamina que não é encontrada no reino vegetal). Ela sentava na mesa e só fazia bagunça, comer que era bom nada. E a gente tentando ter paciência. Do nada, de ver a gente comendo, ela passou a comer algumas coisas, mas oscilava: uma semana ela comia direito, na outra só ciscava, e hoje continua assim, mas ela agora escolhe o que quer comer. Eu coloco sempre um prato com tudo o que a gente vai comer e a gente faz questão de fazer todas as refeições juntos, então ela nos vê comendo (o famoso exemplo) e passou a ter interesse por certos alimentos que ela não havia comido: provou repolho uma vez do prato da tia dela, comeu almeirão do prato do Lu, enfim, a gente sempre come o que queremos que ela coma. Esses dias atrás eu fiz feijã de corda e ela não quis provar nem sob decreto. Passei 1 mês colocando no prato dela, mas sempre sem oferecer e deixando ela brincar, até que anteontem ela provou e adorou! Assim temos feito com todas as comidas!

Agora, seria muito fácil mesmo me desesperar, continuar desesperada e passar a dar porcarias caso eu não tivesse informação de que isso é uma fase e que passa! Se eu não tivesse lido o González, ía estar me descabelando até agora. Outro dia eu ouvi a mãe de uma amiguinha da Aurora, que é nutricionista, dizer que colocava nescau no leite pq a filha não queria mais comer. Na hora eu pensei: "nossa, se ela tivesse lido o González ía saber que isso passa, que é fase e é perfeitamente normal". O medo que a gente fica deles estarem desnutridos, fracos e de pegarem alguma doença é tão grande que nos esquecemos do mais simples: criança com fome não recusa comida, porque é instintivo e biológico o ato de comer! Se ele não come, é porque não tem vontade, horas! O medo é um péssimo conselheiro, e nessas horas ficamos cegos e tomamos decisões equivocadas, porque veja, pra comer danoninho não precisa ter fome. Pra tomar um toddy, comer bolo e chocolate a gente não precisa ter fome, entende? A gente come porque é gostoso! E é muito fácil, quando a gente toma esse caminho de dar porcarias pq a criança não quer comer nada, acabar com os hábitos alimentares dos pequenos. Daí, anos depois, a gente se pergunta porque é que o fulaninho não come brócolis, porque é que só quer comer doritos e outros porcaritos, porque só quer refrigerantes... Vocês tão vendo o "na medidinha certa" do fantástico? Pois é, eu ando acompanhando e sempre me lembro do González falando "mas a bala e o salgadinho não foram parar sozinhos no prato da criança! Se ela tá comendo, é porque alguém ofereceu".

Nos auge da minha preocupação, eu nunca achei que fosse estar aqui hoje escrevendo esse post e dizendo: é fase, e passa! Hoje a Aurora come talos de brócolis do meu prato, alface, couve e outras coisas que teoricamente crianças não deveriam gostar. A gente sempre dá preferência pra alimentos que ela possa manipular sozinha e que ela possa "ciscar" tais como feijão, arroz, lentilha, ervilha, grão-de-bico cozido até ficar bem mole, milho, granola e outros. E mantemos a regra de: se não serve pra Aurora comer, também não serve pra gente comer. O Lu tomava coca-cola e comia bolacha recheada todo dia, e eu sempre comia um chocolate ou coisa do gênero. Paramos. Ele só toma coca de vez em quando, e eu tb só como chocolate raramente, e sempre comemos as porcarias quando ela tá dormindo pra ela não passar vontade. Ainda estamos na batalha pra ela comer frutas, pois já tem bem uns 6 meses que ela não anda querendo, mas eu sempre sento no chão na altura dela e como a minha fruta de lanche. Algumas vezes ela pede, na maioria não quer nem experimentar, mas eu não forço e espero ela ter vontade, pq eu percebi que das vezes que eu tentei forçar só piorei o negócio. Estamos agora investindo em alimentos como castanhas, granola, iogurte natural sem açúcar, uva passa (que ela recentemente enjoou) e outros. Claro que ainda tem muito o que melhorar e que a gente ainda precisa oferecer mais frutas e pans, mas só de saber que é uma fase e passa já dá um puta alívio, e que não, eles não morrem de fome nem de inanição! Graças a deus o danoninho passou longe daqui de casa!

Minha amiga Clesia, que também compartilhou do mesmo drama que eu com seu filho Arthur, esses dias me escreveu dizendo que Arthur agora aos 2 anos é o maior glutão! Me disse que acorda de magrugada pra comer, repete todas as refeições e não quer saber de comer porcarias (e olha que Arthur foi um pouco pior que Aurora, porque desde o 1 ano e pouco se eu não me engano ele passou a recusar comida e ficou quase que exclusivamente no peito). Outras amigas minhas também me relataram o mesmo: com certa idade, a criança passa a aceitar melhor a comida e a diversificar mais os pratos, porque afinal de contas a curiosidade de experimentar coisas novas é inata das crianças, basta não forçar!

Agora, se teu filho tá com falta de apetite é bom investigar as causas antes de apelar pra farinhas, remédios que estimulam o apetite e etc, pq pode ser tanta coisa... Pode ser fase, pode ser verme, infecção urinária e uma outra série de fatores. Aurora fez exame pra tudo isso, e quando descartamos todas as possibilidades de doença foi que paramos de forçar. Foi imprescindível a realização desses exames pra gente não negligenciar alguma possível doença. É bom sempre ter em mente que uma alimentação saudável e sem excessos previne doenças tipo diabetes, hipertensão e outras.

Também acho bom ressaltar que criança que mama no peito geralmente tem um ritmo de engordar muito diferente das que tomam mamadeira, e que o fato de mamar leite artificial está diretamente associado a doenças como obesidade infantil e diabetes. Criança que mama no peito engorda mais devagar, mais paulatinamente e perto de 1 ano, 1 ano e pouco o peso estaciona mesmo e é perfeitamente normal. Dar mucilons, farinha láctea e outros produtos "desses de criança mesmo" é uma ótima maneira de contribuir pra uma futura alimentação ruim do seu filho. Lembre-se sempre que ele não vai passar fome tendo comida disponível e que, apesar da pressão das avós, vc está fazendo o certo em não oferecer as porcarias que todo mundo dá e está contribuindo pra um filho saudável e livre de muitas das doenças que atacam a maior parte das crianças. A recompensa depois é um bebê que rouba couve do prato dos outros e que come muito bem, obrigada! :D

E pelo amor de deus, não faça com o seu bebê aquilo que você não quer que façam com você. Até hoje eu me arrependo de ter forçado a Aurora a comer algo que ela não queria! Não é justo e é completamente desrespeitoso esse tipo de atitude, porque afinal de contas, como é que vc se sentiria se alguém enfiasse uma colher cheia de algo que você não gosta na sua boca repetidas vezes?

domingo, 15 de abril de 2012

PROFESSORA, POSSO BRINCAR?

Para refletir e discutir:
PROFESSORA, POSSO BRINCAR?

O menino de seis anos de idade diz à professora: “Professora, depois que eu terminar isso, posso brincar?” E recebe como resposta uma desculpa do tipo: “Não, meu querido. Aqui no primeiro ano, a gente só brinca no recreio.”
Fico imaginando a tristeza, o desânimo, a falta de vontade de continuar as “atividades escolares” propostas diariamente pelo currículo. Esse diálogo não aconteceu somente uma vez, nem com apenas uma criança. Ele é diário, no país todo. O que anda acontecendo? Por que tanta tristeza?
Há alguns anos uma lei federal instituiu o Ensino Fundamental de nove anos. O que eram oito séries transformou-se em nove. Criou-se mais um ano obrigatório no início da escolaridade. Agora, em vez de entrar na escola com sete anos de idade, entra-se com seis (em alguns estados brasileiros, com cinco anos, por força de artimanhas judiciais). Eram quatro séries iniciais (muito antigamente chamadas de “primário”) que se transformaram em cinco. A ideia foi boa: colocar as crianças na escola um ano antes e dar a elas a chance de aprender os conteúdos em mais tempo. Mas o que aconteceu? Muitas escolas não entenderam. Muitas professoras receberam a novidade goela abaixo sem oportunidade para o diálogo e sem tempo para adaptações. A grande maioria das alfabetizadoras foi “empurrada” para salas de aula com crianças de seis anos, só que elas não têm a formação das professoras especialistas em Educação Infantil. Não foram preparadas para criar atividades adequadas, instigantes, criativas e deliciosamente cativantes para crianças de cinco ou seis anos. Fazem com muito carinho e dedicação o que aprenderam: alfabetizam. Introduzem as crianças no mundo da leitura e escrita com as técnicas adequadas para crianças de sete anos de idade. Em alguns casos, nem ao menos são técnicas atuais e científicas, são as que aprenderam a usar. Usam métodos que forçam as crianças a repetir ações mecânicas de baixíssimo nível de abstração. 
Se em boa parte das escolas brasileiras as aulas das séries iniciais já eram massacrantes, apáticas, desmotivadoras para crianças de sete anos, imagine para as de cinco. 
Logo veremos aumentado o número de crianças que não gostam de estudar, que desistem da escola, que aprendem a copiar do quadro negro e a reproduzir pensamentos e ideias alienígenas, não debatidas, num bovino movimento de aceitação passiva. Ingressarão no Ensino Médio e facilitarão o trabalho dos professores que não precisarão aprofundar nenhum conteúdo, apenas registrá-los no quadro negro de forma integral ou resumida caso o texto já tenha sido entregue de forma impressa. Depois dizemos: nosso povo não luta por seus direitos. Nunca aprendeu.
O que fazer para mudar esse quadro? Recomeçar! Precisamos urgentemente de um novo currículo para a educação básica. Parabéns ao MEC que já está fazendo isso em relação ao ENEM. Se este exame diminuir a quantidade de conteúdos cobrados nas provas fará com que as escolas do Ensino Médio (antigo segundo grau e ainda mais antigo “científico”) mudem suas aulas. Em vez de derrubar sobre os alunos particularidades insossas sobre conteúdos inúteis, haverá mais tempo para ensinar, de várias formas possíveis, o conteúdo necessário e realmente importante de cada disciplina. Da mesma forma, o ensino fundamental aproveitaria melhor suas aulas, criaria atividades diferenciadas e adequaria seus conteúdos respeitando-se a faixa etária dos alunos.
E, por favor, não joguem a responsabilidade sobre as costas das professoras alfabetizadoras de, sozinhas, recriarem o currículo e o método de ensino. É preciso um trabalho de equipe. Equipe multidisciplinar. Chamem-nas, mas chamem também os educadores, psicólogos, sociólogos, antropólogos, matemáticos, linguistas, professores de todas as áreas, pesquisadores e todos aqueles que puderem contribuir para uma escola em que seus alunos possam aprender muito e com alegria. Crianças motivadas, felizes, cada vez mais autônomas e realizadas por perceberem diariamente que estão aprendendo e desenvolvendo-se. Crianças que possam dizer: “Aprendi coisas bem legais hoje. Foi muito divertido”. 
E antes que os críticos de plantão se manifestem, quero afirmar que não defendo uma escola voltada ao prazer, tampouco superficial, mas uma escola que ajude as crianças a desenvolver autonomia de pensamento, criatividade, inteligência, conhecimento sobre o mundo e uma disposição cada vez mais positiva em relação ao ato de estudar e aprender por conta própria.
Fico feliz só por imaginar uma escola assim.
É por meio da nossa voz, a voz dos educadores comprometidos com uma educação de verdade, que mudanças efetivas (e não apenas legislativas) poderão vir a acontecer. Eu continuo acreditando! 

Marcos Meier é psicólogo, professor, mestre em educação, escritor e palestrante.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

As celebridatchys e o pós-parto

Vira e mexe eu me pego pensando sobre a mídia e o papel dela na nossa sociedade. A gente sempre quer ter o cabelo da celebridade X, o corpo da sicrana, o peito da fulana, enfim, estamos sempre buscando algo que vai totalmente contra o nosso biotipo pra se encaixar num padrão. Nós mulheres estamos sempre gastando rios de dinheiro com cremes anti-envelhecimento, cirurgias estéticas, tintas pro cabelo, escova progressiva e maquiagens. O comentário geral sobre uma mulher, quando a mesma envelhece e não usa botox ou cirurgia plástica, é sempre: "nossa, mas como a fulana está acaba". Horas, a idade chega para todas (ou pelo menos deveria), e alguns processos como a gravidez e o parto também.

Dias atrás nasceu o filho da Luana Piovani, e 10 dias após a cesárea ela postou uma foto dela com o namorado num show e disse "que deixou leite pra babá dar".
(útero exposto durante uma cirurgia de cesariana)

O que nego esquece de dizer é que cesárea é uma cirurgia de grande porte que corta sete camadas de tecido e que a recuperação é muito, mas muito dolorosa. E tipo, não, a gente não sai do hospital linda, loira e sorridente. A gente sai de lá com dor, mal conseguindo andar, tomando vários tipos de remédio e com um bebê pequeno que necessita de atenção integral. Aí a pobre da mãe que vê esse tipo de notícia ainda se sente culpada por, após 10 dias de cesárea, não conseguir nem tomar banho sozinha. Sério, nos primeiros dez dias após o nascimento da minha filha, eu não conseguia nem limpar a minha bunda sem ajuda! Juro! Minha mãe passou 15 dias aqui em casa pq o Lu só teve CINCO dias de licença paternidade, e tipo, a única coisa que eu conseguia fazer nesse período era sentar e dar mamá. E olha que até pra sentar eu sentia dor! Só fui conseguir dar banho na Aurora quando ela já tava com 1 mês, porque antes disso me curvar na banheira era um sofrimento interminável! Espirrar, dar risada e descer escada após uma cesárea são as piores coisas na vida gente, juro! Dói tudo, e a sensação é de que a gente vai se rasgar no meio. Aí aparece uma notícia dessas e vc fica se sentindo mega culpada pq seu marido tá lá querendo sair com vc, a vizinha tá doida pra ir na sua casa conhecer o bebê, a sociedade cobra que vc já esteja novinha em ponto (afinal, a fulaninha da TV fez cesárea e já voltou a trabalhar!) enquanto a única vontade que vc tem é dormir e cuidar do seu pequeno!

(Giovanna Antonelli correndo 15 dias após a cesárea)

Daí, como se já não bastasse, vc finalmente se livra das dores e consegue se olhar no espelho. O que você vê? Uma barriga flácida, meio mole, algumas vezes com estrias, um peito gigante explodindo de leite e o cabelo caindo. Normal, toda puérpera tem isso, e pra falar a verdade o seu corpo provavelmente é a coisa que tá te importando menos nesse momento (pq né, descobrir oq um bebê que chora sem parar quer deveria ser prioridade de todas). Você tá lá feliz e contente sem nem lembrar da muxiba que habita a sua barriga quando, de repente, vc encontra alguma conhecida que te olha com aquela cara de "nossa, como vc tá um lixo" e que ainda solta "ha, mas quando vc vai voltar a se exercitar? eu ví na TV que a fulana já recuperou o peso que tinha antes do parto!", quase como te cobrando a emagrecer. O que esse povo ridículo esquece de falar é que quando a gente amamenta, o corpo precisa de uma certa reserva de gordura, pq amamentar consome muitas calorias, ou seja, vc fica com muita fome, além do que os hormônios do pós-parto serve sim pra te deixar meio molenga, afinal, mamar um peito duro deve ser muito difícil! Quando o bebê ainda tá assim tão pequeno, a única coisa que a gente quer fazer no tempo livre é dormir (a não ser que vc dê mamadeira e largue a criança com a avó ou com a babá), e não sair correndo igual uma louca! O que fica parecendo é que esse povo todo quer fingir que a gravidez nunca existiu, pq né, passar 9 meses com alguém morando dentro da sua barriga deixa marcas sim, e é impossível negar! E aí, você, relez mortal que não conta com ajuda de 15 babás e uns 20 personal treiners, fica se sentindo a última criatura do universo, pq enquanto tá todas-as-recém-paridas-lindas-e-loiras vc tá lá, de pijama no sofá parecendo um panda de tanta olheira.

Gente, é normal, super normal, que uma puérpera (e o puerpério dura até 2 anos, segundo a psicoterapeuta Laura Gutman) não conseguir pensar em muita coisa além do bebê. A gente come, respira e dorme o bebê. Ficamos imersas nesse novo mundo que é a maternidade e nos sobra pouquissímo tempo pra cuidar de coisas mundanas como o cabelo. Eu acho muito oneroso que as próprias mulheres criem essa imagem de que é possível voltar à forma e correr 15 dias após o nascimento do bebê. Acho cruel, mesquinho e apavorante pensar que uma mulher que deveria estar focando no bebê, tão pequeno e tão vulnerável, está mais preocupada em perder os 8kg que engordou durante a gestação, ou então em sair com o marido, almoçar com a sogra e ir pra balada com as amigas. Nem posso imaginar o tanto que não deve ser sofrido pra esses bebês ficarem com babás (pq sim, diferente do que todo mundo acha, os bebês tem um vínculo com a mãe, e sentem a falta dela de uma forma que a gente nem pode imaginar). E também acho muito, mas muito hipócrita dessas galeras dizer que amamentam e 2 meses depois do parto estarem em cima de um trio elétrico pulando igual uma maluca. Cara, IMPOSSÍVEL amamentar + fazer academia ao ponto de ter o corpo de antes da gestação em 2 meses + se dedicar ao bebê + trabalhar. Juro, é impossível! 
(Cláudia Leitte na camapanha de amamentação do ministério da saúde)

Quem amamenta de verdade sabe que recém nascidos mamam quase que o tempo inteiro e que ficam no mínimo uns 40 minutos pendurados no peito. Agora faça as contas: 40 minutos no peito a cada 1h ou 2h, mais tempo que se gasta numa academía, mais dormir com qualidade e descansar, mais cuidar do bebê mais trabalhar e fazer coreografias. Simplesmente não dá! E me irrita muito mesmo colocarem justo a Cláudia Leitte, que como eu já disse 2 meses depois do filho nascer já tava igual louca pulando no trio elétrico, pra fazer campanha de amamentação! Não tem como amamentar exclusivo levando o ritmo de vida que ela e outras celebridades levam. Amamentar exige dedicação, entrega 100% integral e disponibilidade, coisa que nenhuma delas tem a oferecer aos filhos. E aí, mais uma vez, nós meras humanas nos sentimos mega culpadas pq enquanto a gente passa o dia de pijama e sem escovar os dentes, e fulana já tá até voltando ao trabalho!

Sério gente, vamos acordar e cair na real? Criança exige tempo e dedicação. Ser mãe é uma tarefa muito prazeirosa, mas também é uma tarefa muito pesada. Não dá pra dar conta de filho, trabalho, casa e marido sem ajuda. Ou você cuida da criança integralmente ou então enfia uma chupetada + mamadeira na boca dela pra poder dar conta do resto, pq assim, sem querer desanimar as futuras mamães, mas é muito difícil ter pique pra se exercitar quando vc passa a noite inteira acordando pra dar mamá. Você vai estar tão focada no bebê que vai estar com 2 palmos de raiz e o cabelo super embaraçado e nem vai ligar, pq a sua prioridade é outra agora. Eu nunca estive tão flácida na minha vida, mas ao mesmo tempo tão sem importar com o meu corpo como quando a Aurora nasceu. Era tão bom não ter essa preocupação estética e social. Tão bom não ficar 2h na frente do espelho escolhendo roupa e maquiagem. Não que eu esteja defendendo que todas fiquem gordas, flácidas, sem saúde e sedentárias, longe disso. Todo mundo sabe que exercício físico e dieta equilibrada são fundamentais, mas o que eu quero dizer aqui é pras mães de bebês novinhos não ficarem se cobrando e nem cobrar das outras que elas estejam "iguais a antes de engravidarem", pq isso é cruel. Seu corpo levou 9 meses pra ficar do jeito que ele tá agora, é plausível que demore mais 9 (ou muito mais do que isso) pra voltar ao normal. Sair correndo pra perder o peso do pós-parto pra mim é no mínimo uma atitude um tanto quanto doente. Pq né, não poder ficar 15 dias em paz cuidando do seu bebê deve ser muito, mas muito ruim. 

E olha que eu nem falei em photoshop hein! 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Bebê pélvico - o que fazer?

Todo mundo acha que bebê pélvico só nasce de cesárea, e é na verdade o que a maioria dos médicos indica quando isso acontece. Mas na verdade há uma série de técnicas que podem ajudar o bebê a ficar na posição "correta", só que o que o médico quer mesmo fazer é uma bonita cesárea em você pra ele poder operar mais 5 no mesmo dia e ainda jantar com a família dele. Aqui eu coletei algumas técnicas e exercícios que podem te ajudar a fazer o seu bebê virar (lembrando que o parto pélvico é possível sim! claro que tem alguns riscos e que a maior parte dos médicos não sabe como fazer, mas uma boa parteira certamente saberá assistir esse tipo de parto). 

Versão Externa
A versão externa consiste basicamente em posicionar o bebê pélvico (o famoso bebê que tá com a perninha pro lugar errado) de modo que ele fique cefálico (com a cabeça virada pra abertura do canal vaginal). É um tanto quanto dolorida, e se eu não me engano alguns médicos utilizam anestesia pra realiza-la.


Acupuntura
Existem alguns pontos do corpo que podem ser estimulados afim de fazer o bebê se posicionar para cefálico. Um bom profissional de acupuntura pode te ajudar com algumas sessões.

Rebozo
Rebozo consiste basicamente em posicionar o bebê (e dar alívio e conforto para a mãe) com um pano. A parteira mexicana Naoli é fera nessa técnica e tem alguns vídeos no youtube com demonstrações.

E por fim, há alguns exercícios que podem ser feitos. Aqui nessa página há mais técnicas e passo-a-passo dos exercícios. Várias amigas minhas fizeram e deu super certo: http://parirenatural.blogspot.com.br/2010/02/bebe-pelvico-como-virar.html

Então, se seu méRdico vier com essa ladaínha de que "bebê pélvico tem que ser cesárea", questione! Faça os exercícios, tente outras técnicas, enfim, corra atrás, pq dá sim!