quinta-feira, 31 de maio de 2012

Parto domiciliar do Francisco e e da Luzinete (com participação mais que especial do Renato)

Gente, esse é o vídeo de parto mais intenso, mais bonito e que me faz verter lágrimas sempre que vejo (e olha que eu sou uma ogra!). Na boa, pra mim parto é isso! Só vai entender quem ver, pois quem acha que parto é aquela coisa que passa na novela, com gente empurrando a barriga e tudo o mais, não sabe de verdade o que é um parto respeitoso. É esse tipo de parto normal que eu defendo, e não aquela violência obstétrica que eles fazem com todas as mulheres. Espero que vocês se emocionem como eu! Não deixe de assistir, pois vale a pena cada segundo do vídeo!



Quem quiser ver o relato completo, tá aqui ó: http://blog.irmaosol-irmalua.com.br/

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Resenha: A excêntrica família de Antonia


Eu assisto esse filme com a minha mãe desde que tinha uns 10 anos! Sem dúvidas é o meu preferido!

O filme conta a história de Antonia, que no final da segunda guerra volta pra fazenda onde vivia com sua filha Daniele pra enterrar a mãe que está enferma. O vilarejo a acolhe, nas palavras dela, como "quem tem uma colheita ruim, ou uma criança defeituosa", e o filme vai contando como ela e a filha se integram novamente à comunidade sem perder seus princípios e adotando todos aqueles que usualmente são rejeitados pela sociedade. O filme é de uma poesia infiniva, que trata dos fatos da vida traçando um paralelo entre as colheitas e estações do ano, bem como os ciclos das mulheres.

Vale muito a pena assistir, rever, pois a gente sempre aprende algo novo, dá uma nova significação pro filme conforme os anos das nossas próprias vidas vão passando. É de uma complexidade e sensibilidades aquém de todos os filmes que eu já assistí. Me chamou a atenção (conforme eu ía crescendo e assistindo), por ser um filme com várias protagonistas femininas fortes, contado sob o ponto de vista das mulheres, que já naquela época dos anos 50, mais ou menos, já eram independentes e capazes de cuidar de seus próprios problemas.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mitos frequentes sobre amamentação

Hoje eu lí uma mãe dizendo que o pediatra tinha receitado complemento pro bebê pois ela estava com mastite. Eu quis infartar na hora que lí isso pois a única coisa que eu consigo pensar é que esse pediatra está a serviço de outra$ pe$$oa$. Então vamo lá.


- Quando a gente faz cesárea eletiva (aquela em que vc escolhe o dia e a hora do bebê nascer), o seu corpo mamífero não se prepara e não entende porque é que aquele bebê saiu antes do tempo da sua barriga, daí não produz leite. O trabalho de parto manda pro cérebro a menssagem seguinte: "opa, o útero tá contraindo, logo logo vai ter um bebêzinho aqui! preciso começar a produzir leite!", ou seja, se não tem trabalho de parto, não tem liberação de prolactina, consequentemente a descida do leite fica prejudicada. Não é que vc não vá ter leite se fizer cesárea eletiva, mas vai demorar mais pra ele descer.

- Amamente na primeira hora de vida do bebê!
Mesmo se vc fez uma cesárea, dá pra amamentar enquanto eles te costuram, é só ter boa vontade por parte da equipe. Se você teve parto normal então, não tem nem justificativa pra vc não amamentar. Amamentar na primeira hora de vida do bebê estimula o reflexo de sucção, diminui o tempo que o leite demora pra descer e aumenta o vínculo com o bebê. É direito do bebê mamar na primeira hora de vida e você deve checar na maternidade se vc vai poder amamentá-lo assim que nascer. Tem hospital que, quando o bebê nasce, já vai lá fazer todas aquelas intervenções de rotina completamente desnecessárias (colírio, vacina, esfregar) e leva a criança direto pro berçário. Berçário é a invenção humana mais idiota do mundo. Seu filho fica lá, chorando a plenos pulmões e tendo como companheiros de ambiente outros bebês que estão chorando, daí, pra "mãezinha descansar", o hospital vai lá e da NAN ou então água glicosada, oq enxe a barriga do seu bebê. Quando levam o bebê pra ver a mãe, obviamente que ele vai estar sem fome, porque já foi alimentado, e não vai querer mamar, daí ele não mama e não estimula a produção de leite, o que leva o pessoal da maternidade a dar mais complemento e assim você já sai do hospital cliente da Nestlé. Não permita que isso aconteça! Além de ser uma mega crueldade deixar a criança chorando num berçário, isso pode atrapalhar horrores a sua amamentação.

- Não existe leite fraco ou pouco leite. Se vc não fez nenhuma intervenção cirurgica nas mamas (silicone, redução de mamas), a chance de você não ter leite é de 0,00001%. Todo mamífero tem leite. Você por um acaso já viu alguma cabra duvidar da qualidade do próprio leite? Ou uma índia dizer que o leite dela não sustentava? Então porque é que você acha que o seu leite é fraco menina? "Ha mas o meu bebê fica irritado quando mama, daí o pediatra mandou complementar pq ele chora muito de fome". Bebês pequenos choram, e choram muito. Tem dias que eles choram o tempo todo e deixam a gente enlouquecida, e isso é perfeitamente normal, afinal de contas eles moraram 9 meses dentro da nossa barriga, apertadinhos, sem barulhos altos, e de repente se vêem obrigados a ter que passar do meio líquido pro contato com o ar, pra um ambiente com vários barulhos diferentes e etc. Isso é MEGA estressante pro bebê que vai sim reclamar até se adaptar ao nosso mundo! Algumas mães tem tanto, mas tanto leite que ele empedra no peito e dá aquela sensação de que estamos carregando 10kg em cada sutiã. Isso é normal, pois o corpo não sabe quanto leite precisa produzir praquele bebê e vai produzir a mais, mas isso se regulariza lá pelo 3º mês. Se o seu peito está muito duro e muito cheio, seu bebê vai ter dificuldades em mamar. O ideal é vc ordenhar um pouco o peito antes de dar mamá, pois assim seu filho vai conseguir abocanhar o máximo da auréola que conseguir e não vai te machucar. Mamar um peito cheio é a mesma coisa que colocar um balão (desses de festa de criança) muito cheio entre os dentes: é super difícil de segurá-lo com a boca. Já um balão mais vazio é mais fácil de abocanhar. A mesma coisa acontece com o peito: quanto mais cheio ele está, mais difícil será de mamar. Não faça compressas de água quente/fria pois isso só vai estimular o aumento da produção. O ideal é que vc ordenhe até o peito ficar mole e doe o excesso pra um banco de leite. Aqui nesse vídeo explica muito bem como fazer a massagem e ordenhar:

- Se o seu bebê não está engordando o suficiente, vá a um banco de leite e veja se a pega está correta. Pediatra ATÓRA receitar NAN por qualquer motivo: "leite fraco", bebê muito gordo, bebê muito magro, bebê que dorme demais, bebê que dorme de menos, e nessa receitação de leite artificial pra tudo quanto é bebê, acabam ignorando problemas mais sérios. Esses dias num dos grupos de auxilio ao aleitamento materno dos quais eu participo, uma mãe que parou de amamentar quando o filho tinha menos de 1 mês porque a criança não engordava veio nos contar que o que o bebê tinha, na verdade, era intolerância a proteína do leite de vaca. Ou seja, a criança precisou sofrer durante 4 meses e ser desmamada até o pediatra ter a brilhante idéia de investigar as possíveis causas pro não ganho de peso. Criança que não ganha peso pode ter uma série de fatores não associados ao leite da mãe, como por exemplo: infecção de urina, intolerância a proteína do leite de vaca contida no leite da mãe (nesses casos tudo se resolve com a mãe fazendo dieta de exclusão de leites e derivados lacteos), gripes e outras doenças, mudanças no ambiente e na rotina familiar, introdução de mamadeira ou chupeta. Antes de enfiar uma mamadeira cheia de leite artificial no seu filho, esgote todas as possibilidades de aleita-lo! Vá a um banco de leite, procure ajuda de uma consultora de amamentação, peça ajuda a uma amiga que amamentou por um longo período, enfim, busque alternativas! O desmame não é indicado sob hipótese alguma! Seu leite é o melhor que o seu filho pode tomar! Você já leu o rótulo de uma lata de leite artificial? Já viu o tanto de vitaminas que tem no NAN? Pois é, seu peito produz pelo menos 10x mais o número de vitaminas que tem em qualquer leite artificial da vida. Vale muito mais a pena investir em pagar uma consultora de amamentação pra te ajudar do que ir lá na farmácia comprar a latinha! E lembre-se sempre: bebêzinho chora, chora mesmo! Se ele tá chorando não é necessariamente de fome.

- Não dê chupetas e mamadeiras! Ambas podem causar desmame precoce devido à confusão de bicos. Mamar é algo inato dos bebês e faz parte do instinto de sobrevivência. Toda criança que não nasce prematura (e aí entra de novo um dos fatores negativos a se fazer uma cesárea com hora marcada pois aumenta o risco de vc tirar o seu bebê antes dele estar pronto) tem instintivamente a capacidade de sugar o seio da mãe. Se você coloca uma chupeta ou mamadeira na boca dele, isso poderá confundi-lo e fazê-lo ficar preguiçoso, pois o movimento que o bebê executa ao chupar chupeta e tomar mamadeira é completamente diferente do movimento de sugar o seio. Óbvio que existem bebês que continuam mamando apesar de chupetas e mamadeiras, mas grande parte desmama, e né, você não vai querer correr o risco?

- Dificilmente uma criança irá largar o peito por livre e espontânea vontade antes de 1 ano de idade. Qualquer desmame feito antes disso é considerado desmame precoce.

- Não teve jeito e precisou complementar? Utilize a sonda de relactação! Assim vc garante que o seu bebê vai estimular o seu peito a produzir mais leite e estará complementando do mesmo jeito. Não se faz nenhuma complementação ao leite materno na mamadeira, nunca, jamais, sob hipotese alguma. O ideal é usar o relactador, mamadeira colher, copo de café ou copo de transição. A relactação consiste basicamente em colocar uma sonda no copo com o leite artificial e a outra parte dela na boca do bebê através do seu seio. Aqui explica como prodecer pra fazer a relactação (que pode ser feita inclusive por mães adotivas que desejam amamentar ou por mães cujos filhos já desmamaram e desejam voltar a amamentar).

- Não dê de mamar olhando no relógio! Sério, jora fora os relógios da casa! Criança mama o tempo que quiser, quantas vezes por dia quiser! Se você amamenta com horários, pode estar se auto-boicotando no sentido de inviabilizar a produção de leite! A maior parte do leite é produzida durante a mama, então se você regula as mamadas segundo os horários e não segundo o apetite do bebê, você pode estar prejudicando-o e deixando-o com fome! E também não tem essa de mamar "15 min num peito e mais 15min no outro". Não, não não! Isso é completamente errado! Você tem que amamentar no mesmo seio até o bebê esvazia-lo por completo! Só assim você garante que ele mame o leite anterior (o leite do começo da mamada, que é mais aguado e mata a sede) e o leite posterior (o leite do final da mamada, que é mais calórico, sacia a fome e faz a criança engordar). Se vc controla quanto tempo o seu bebê está mamando, ele pode não estar consumindo as calorias necessárias.

- Peito murcho não é sinônimo de pouco leite!
Peito murcho significa única e exclusivamente que o seu corpo ajustou a produção de leite à demanda do bebê! Meu peito não fica cheio desde que a Aurora tinha 3 meses, e hoje, no auge dos nossos 1 ano e 8 meses de amamentação, ele continua murchinho murchinho! A maior parte do leite é produzido durante a mamada, então não interessa se o peito está murcho, ainda assim vc está produzindo leite!

- Tirar leite com a bombinha elétrica ou manual requer muita habilidade. A gente só aprende direito como faz depois de muitas tentativas, portanto é perfeitamente normal que vc tire 10ml nas primeiras vezes. Na minha primeira ordenha, a muito custo e com muita munheca, eu conseguí míseros 5ml! Na segunda, ídem. Na terceira ou quarta eu já conseguia tirar 70ml! Então não fique achando que não tem leite só pq não consegue ordenhar! Ademais, como eu já disse, maior parte do leite é produzida durante a mamada e a mãe precisa do estímulo do bebê pra produzir leite, por isso é legal ter uma foto ou roupa do bebê por perto na hora de ordenhar. A melhor bomba é o seu bebê! Se ele molha 6 fraldas de xixi por dia, então ele está hidratado e bem nutrido.

- É normal o bebê perder até 10% do seu peso ao nascer e só recuperá-lo ao final do primeiro mês de vida. Isso acontece pq o bebê ainda está aprendendo a mamar e acaba perdendo um pouquinho de peso nos primeiros dias. Tem pediatra que quer que a criança engorde 2kg no primeiro mês. Gentem, isso é um absurdoan! Se o teu bebê igualou o peso do nascimento ao final do primeiro mês de vida, tá tudo ok tá? Não precisa se preocupar.

- O leite pode demorar, em média, 6 dias pra descer. Até lá o bebê mama o colostro, leite riquissímo em anticorpos e outras substâncias que vão proteger o seu filho. O meu só foi descer lá pelo 5º dia (devido à cesárea e a quantidade absurda de remédios que a gente tem que tomar pra não sentir como se uma faca tivesse transpassando a gente), mas costuma descer no 3º, 4º... Mas pode demorar até 6 dias ok? Se não descer no dia do nascimento, fique tranquila, pq é perfeitamente normal.

- Perto dos 3 meses de vida os bebês aprendem a mamar e a nossa produção de leite se estabiliza, dando a falsa impressão de que o leite secou e por isso o bebê mama rápido. Mas não é isso. Se o bebê mama só 5min por vez, é porque a mamada se tornou tão eficiente que antes o que ele levava 40min pra fazer, agora faz em 5min e é tudo normal! Tem mais sobre a crise dos 3 meses nesse post aqui.

No mais, fique calma. Mãe nervosa é sinônimo de bebê nervoso. Crianças até os 2 anos de idade são exatamente o reflexo da mãe. Se você tá nervosa, esquece a casa, a louça, a roupa suja e vá dormir com o seu bebê! Descanse com ele e peça ajuda pra uma diarista, prima, mãe o qualquer outra pessoa. No grupo virtual de amamentação a gente tem um ditado que diz "se o bebê dorme, a mãe também dorme". Isso é imprescindível pra uma boa amamentação. Mãe descansada é mãe disposta e com leite! Não deixe que te estressem com coisas mundanas, afinal de contas a prioridade do momento é o bebê, e não a roupa suja ok? Faça o marido se encarregar dessas coisas, e se ele vier com a desculpa de "eu tô cansado pq trabalhei o dia todo" experimente deixa o bebê com ele por algumas horas pra ele ver o que é trabalho de verdade!

sábado, 26 de maio de 2012

Greve das federais

Já que as mídias normais não estão noticiando, achei pertinente tratar do assunto aqui.

No dia 17 de Maio, 30 universidades federais do brasil entraram em greve. Esta semana somam-se 46 federais em greve.

A greve deu-se, a princípio, por conta dos professores estarem desde 2005 sem aumento e sem reajuste de salário, sem estruturação do plano de carreira e sem condições de ministrarem as aulas.

Quem aí faz federal sabe do que eu tô falando. Com o Reuni abriram-se milhares de novas vagas nas universidades federais e muito dinheiro foi dado pra serem efetuadas as devidas melhorias, mas, falando especificamente da UFLA, a entrada dos novos estudantes não está acompanhando o progresso das obras. Faltam títulos na biblioteca (cada livro de graduação custa, em média, 300 reais), RU de qualidade e com filas menores, novos departamentos e etc. A situação dos laboratórios está crítica, pois falando especificamente da biologia, faltam peças anatômicas, lâminas, microscópios e o número de técnicos administrativos é insuficiente. A fila do RU é uma coisa tão absurda que tem dia que, pra almoçar, a gente espera 1 hora inteira no sol quente só pra poder comer no bandejão. Aliás, o RU é um caso a parte, pois foi feito um novo prédio com o dinheiro do REUNI e mesmo assim o prédio não comporta todos os estudantes que precisam almoçar lá. Até hoje me pergunto porque é que não fizeram um RU maior e melhor. Em todo caso, um professor com doutorado hoje ganha, em média, 4.500 reais, um dos piores salários de funcionários públicos do país. Esses professores tem que ter dedicação exclusiva com a universidade (não podem dar aulas em outros lugares) e, além das horas de aula semanais que devem ministrar tanto pra graduação como pra pós-graduação, ainda tem que desenvolver pesquisa. Tudo o que entra a mais na folha de pagamento é um bônus que o governo dá, que pode ser tirado a qualquer momento. Outro dia conversando com um professor, ele me disse que demorou 15 anos pra chegar no cargo máximo do departamento dele, mesmo com Phd (pós-doutorado).

 O governo deu um aumento de 4% no dia anterior à declaração de greve, e eu quero explicar esse aumento. O governo da Dilma é um governo que sabe muito bem acabar com as greves, pois anteriormente eles eram justamente os que faziam as greves. Esse aumento foi dado pra deixar a população sem entender o pq da greve e no sentido de evitar a mesma. Esses 4% que aumentaram do salário dos professores foi em cima de uma bonificação (a menor da folha de pagamento) e não entra como salário integral, ou seja, se o governo quiser, ele pode tirar.

A greve dos professores visa uma re-estruturação do plano de carreira, melhores condições de trabalho (mais laboratórios, mais técnicos administrativos) e mais uma série de outras coisas que não tem haver só com o aumento, como algumas pessoas estão tentando fazer parecer.

O governo vem apresentando essa proposta de reajuste desde agosto do ano passado e até agora não cumpriu o que foi prometido. O aumento deveria ter saído em Março deste ano, coisa que não aconteceu. O ministro da educação andou dizendo por aí que essa greve é sem propósito. Hora, Sr. Ministro, sem propósito é um país pobre como o nosso, com educação básica risível, hospitais em estado deplorável e vários setores do serviço público entrando em greve no mesmo ano, gastar milhões com a copa do mundo e não investir nem 10% do Pib em educação! Sem propósito é enfiar todo ano mais de 1000 estudantes na minha universidade e não catalogar os novos livros que foram comprados e estão aguardando, bem longe dos estudantes, até poderem ser colocados nas prateleiras devido à falta de técnicos administrativos. Sem propósito é eu ficar 3 meses sem poder usar a biblioteca porque os funcionários estão de greve e isso não ser nem noticiado. Sem propósito é um país do tamanho do nosso achar mais importante soltar como matéria principal no fantástico o abuso sexual que a Xuxa sofre em 1900 e minha vó era virgem e não falar absolutamente uma palavra que seja sobre a greve dos docentes nas universidades federais.

Esse ano os policiais, os bombeiros, os professores e os médicos já entraram em greve. Quem mais precisa cruzar os braços pra vcs desistirem de gastar dinheiro com a copa do mundo e passarem a investir mais nos profissionais do nosso país?!

Os estudante da UFLA também aderiram à greve em apoio aos professores e estão boicotando os poucos professores que não aderiram. Ninguém vai ter aula até o governo decidir que vai dar aos professores o que é de direito. Já temos uma educação básica completamente sucateada, agora querem que a educação superior siga o mesmo rumo? NÓS ESTUDANTES NÃO VAMOS DEIXAR! Educação é poder, e vcs não vão conseguir tirar isso da gente!
Ontem, às 14h, os estudantes e docentes da Ufla fizeram uma passeata em prol da educação e a favor da greve, com adesão da população local e, ao final, foram apresentados à população de Lavras os motivos da nossa greve. Pro pessoal da Ufla, 14h da quarta feira  (30 de maior) no RU vai haver nova assembléia estudantil pra discutir assuntos pertinentes a greve. Nós estaremos lá! Se você é estudante, manifeste-se! Vá pras ruas, pinte a cara, converse com os seus familiares, enfim, EDUQUE a população pra saber o que a mídia não nos conta! Quanto mais apoio e adesão da sociedade civil, maior a pressão que vamos fazer frente ao governo e menos tempo ainda essa greve vai durar.

Bora batucar galera?!

"Nas praças, nas ruas
Quem disse que sumiu?
AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL!"

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Maquiagem rápida pra mães sem tempo

Tá parecendo um panda de tanta olheira?
Se olha no espelho e vê um zumbí?

Vem comigo colega, que em 10 min vc estará diva e maravilhosa com uma maquiagem feita por mãe e para mães da minha amiga RYCA e PHYNA Adeise! Se joga no vídeo!




quarta-feira, 23 de maio de 2012

Blogagem coletiva: criação com apego (attachment parenting)



Quando eu fiquei grávida, eu era daquelas que só ía amamentar até os 6 meses porque achava feio "crianção mamando" e não queria que meu peito caísse. Com 4 meses de gestação, fiz minha mãe despencar do Rio de Janeiro pra Minas pra comprar o berço da Aurora porque tinha HORROR de pensar em criança dormindo na minha cama e me impedindo de ter privacidade com o meu marido (porque vejam bem, quando você casa aos 20 anos, tudo o que vc quer é sexo selvagem, e não um bebê te impedindo de fazer barulho). Eu tinha calafrios quando via uma criança de 2 anos mamando e era daquelas que achava que "se já tem dente, não precisa de mamar".
Pois bem, o tempo foi passando e eu usei os 9 meses da gravidez pra ler muito sobre amamentação. Sempre tive um reforço positivo pois minha mãe até hoje fala o quanto é gostoso amamentar, o quanto ela ficou triste quando eu desmamei e que ela adorava quando eu mamava e fazia carinho nela, pois era um momento só nosso que ela não trocava por nada. Fui lendo, lendo, lendo e percebí o quanto era importante amamentar, pro bebê e para a mãe. Só a mãe que amamenta sabe o quanto isso fortalece a criação do vínculo com a criança (não estou dizendo que uma mãe que não amamente não tenha vínculo, mas amamentar é sim uma primeira forma de estabelecer contato com aquele bebê). Com 6 meses de gravidez, eu já tinha chutado o pau da barraca e disponibilizado os meus peitos pra ela mamar até quando quizesse, pois isso me pareceu o certo. Quando a Aurora nasceu, o Luciano insistiu muito pra ela dormir com a gente, mesmo. Ele não queria colocá-la no berço de jeito nenhum, e eu também tinha pena de deixar um bebê tão pequeno dormir em outro cômodo da casa, além do que seria MEGA hipócrita, pq eu dormi com a minha mãe até estar burra velha, então como eu poderia impedir uma criança de dias de vida de dormir do meu lado? Eu tinha muito medo da síndrome da morte súbita, e como eu tenho sono mega leve (depois que a gente é mãe o sono fica mais leve ainda), do tipo que acorda se alguém peidar do lado de fora do quarto, achei que o melhor mesmo era ela dormir conosco até poder me dizer que queria ir pro quarto dela. Me pareceu lógico e saudável dormir com a minha filha, pois era a melhor forma de amamentá-la de noite sem me cansar tanto e também se algo acontecesse, eu estava alí do lado.

As pessoas pensam sempre que fazer cama compartilhada (dormir junto com o bebê) é só enfiar a criança no meio dos pais e pronto. Não, não é assim! Existem normas de segurança que devem ser observadas antes de dormir com o bebê, como por exemplo não colocar a criança no meio dos pais, e sim num colchão ao lado da cama, não utilizar remédios/álcool e uma outra série de pré-requisitos que foram muito bem avaliados por nós ao tomarmos essa decisão. Desfiz minha cama e hoje dormimos os três em colchões no chão. Meu quarto parece um acampamento, mas essa é a maneira mais gostosa de dormir que eu conheci até hoje! O sexo, que todos questionam e até já me inquiriram sobre a possibilidade da Aurora ver, mudou pra lugares mais criativos, afinal de conta ela dorme NO QUARTO, e nós continuamos a ter a casa inteira pra estarmos juntos. Isso de sexo no quarto pra mim soa mais como puritanismo de gente que não consegue ter imaginação, mesmo.

As outras coisas foram todas acontecendo naturalmente, e criar com apego foi só o nome que a gente descobriu pra nossa forma de criar a Aurora. Sempre respeitamos as vontades dela, ficamos o máximo de tempo possível com ela (eu e o Lu fazemos faculdade, e mesmo assim passamos muito tempo com ela), almoçamos, tomamos café e jantamos juntos, brincamos, enfim, estamos sempre próximos e sem intermediários. Quando a gente viaja pra perto de uma das famílias, eventualmente saímos de noite, mas isso não é a prioridade do momento, pois a gente entende que agora, com ela pequena, a prioridade é estarmos por perto e que vamos sim ter muito tempo pra sair juntos no futuro. Isso não abalou nenhum pouco a nossa relação, pelo contrário, nos fortaleceu muito como casal poder contar com a compreensão e apoio do outro. Fico muito triste quando ouço uma mãe falando em introduzir mamadeira sem indicação real só pra poder sair com o marido a noite. Sabe, se o seu casamento não pode aguentar 2 ou 3 anos sem ir pra uma noitada (daquelas de só aparecer em casa ao meio dia do dia seguinte), então acho que vc deveria mesmo rever suas prioridades. O Lu nunca me cobrou em relação a sair pois ele entende que agora não é o momento (e veja bem, ele tem 23 apenas. apesar da idade, ele tem maturidade o suficiente pra entender que  ir pra festas da faculdade e tudo o mais não são a prioridade do momento). É claro que a gente ainda sai pra restaurantes, passeamos e afins, mas isso rola eventualmente, e não sempre.

No mais, acho que criar com apego vai muito além de dormir junto. Conheço mães maravilhosas que dormem em quartos separados e criam seus filhos com muito apego. Criar com apego não vai deixar seu filho mimado, dependente nem essas coisas que as pessoas costumam falar. As cadeias estão lotadas de gente que não teve mãe e pai por perto, mas incrivelmente eu nunca ví ninguém com problemas por excesso de carinho. Aurora, no auge dos seus 1 ano e 8 meses, é muito mais independente do que a maior parte das crianças da idade. Como eu disse no post anterior, independência pra mim é escovar os dentes sozinho, escolher a roupa que vai vestir, dizer o que quer comer e lidar bem com situações quotidianas, como por exemplo ficar bem na creche ou no colo de pessoas que ela não convive todo o dia pois ela sabe, e tem a certeza, de que se precisar e se quiser, vai ter o pai e a mãe à disposição. Isso, a meu ver, é criar uma criança segura, com noções de respeito e integridade muito bem estabelecidas. Não tem nada haver com criar uma criança mimada! A gente sempre põe limites e ela respeita, pois sabe que não dizemos "não" pra qualquer coisa, e sim quando é necessário. Não vou dizer que ela não dá trabalho, pois toda criança dá, e as vezes me tira do sério ao ponto de eu querer bater, mas não faço. Não acredito em violência física, pois novamente, se violência funcionasse as cadeias brasileiras estariam vazias, afinal de contas quem nunca levou uma palmada "educativa"?

Eu nunca apanhei, e tenho horror a agressão física com quem quer que seja, que dirá com crianças. Bater não ensina nada que preste, apenas que alguém tem mais força do que você e que vc deve temer essa pessoa, e sinceramente, tudo o que eu menos quero é que minha filha tenha medo de mim, afinal de conta somos dotados de um cérebro e da capacidade de racionalizar as coisas por um motivo.

Aurora me fez rever muitos pré conceitos que eu tinha. Minha visão de vida mudou muito e hoje eu tenho muito orgulho de ter me tornado a mãe que eu sou e de ter ela como filha, pois cada vez mais percebo que ela está crescendo pra se tornar uma mulher doce, cooperativa, que aceita dividir as coisas, que sabe brincar com os outros, que está aprendendo a respeitar os colegas e as pessoas no geral, que não faz escândalo quando lhe dizemos não, enfim, por ela estar se tornando um ser humano maravilhoso e por eu ter tido a oportunidade de potencializar isso de certa forma. Não me arrependo 1mm sequer de nada do que fizemos, pois hoje colhemos os frutos e temos uma criança super segura de sí, independente e que não tem medo de explorar os ambientes e conhecer pessoas novas.

domingo, 20 de maio de 2012

Amamentação prolongada: matéria da folha comentada

Não pude deixar de me indignar ao ler essa matéria super tendenciosa da folha. Num Brasil com taxa de amamentação exclusiva de 23 DIAS (isso mesmo que vc leu!), aonde pediatra indica leite artificial por qualquer motivo banal (aliás, essas mesmas empresas de leites artificiais financiam congressos, pagam férias em resorts pros médicos e etc), é no mínimo engraçado sair uma matéria dessas. O artigo na íntegra tá aqui: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1092702-maes-que-amamentam-os-filhos-por-mais-de-dois-anos-causam-controversia.shtml


"Controversa, a amamentação prolongada vem sendo adotada por muitas brasileiras adeptas do movimento chamado Criação com Apego (Attachment Parenting), que também prega que os pais durmam junto com os filhos até quando eles quiserem."

Controverso, pra mim, é deixar os filhos o dia inteiro com a babá. Controverso é dar NAN pro peito não cair, controverso é pediatra indicar leite artificial pra bebês gordos, magros, que não dormem a noite inteira, que dormem a noite inteira e, em suma, pra crianças que não precisam. Attachment Parenting (criação com apego), não se resume a dormir com os filhos. Muitos pais criam os filhos com apego e não dormem com eles. Não sei porque isso causa tanto espanto, sendo que em várias culturas isso é o normal e o ideal (afinal de contas, é um suplício acordar 10 vezes e madrugada e ter que levantar e ir até o outro quarto pra dar de mamá). Esses estudos que eu vou colar o link a seguir afirma que crianças que dormem com os pais choram menos e sofrem menos de cólicas aquiaqui e aqui. Controverso pra mim, continua sendo largar a criança na frente da TV, enchê-las de engordantes (mucilons da vida), açúcar, chupetas e tantos outros que ninguém nunca cita, afinal, criar nesse estilo alimenta toda uma cadeia de produção industrial, enquanto criar uma criança com apego requer apenas peito e boa vontade, ambos de graça.

""Não há estudos que apontem prejuízo às crianças que são amamentadas acima de dois anos. O momento de parar é uma decisão entre mãe e filho e está muito relacionada a fatores culturais", diz a pediatra Graziete Vieira, do departamento de aleitamento materno da SBP.
Segundo ela, pesquisas mostram que, quanto maior o tempo e a dose de amamentação, mais proteção imunológica terá a criança.
Na prática, porém, a maioria dos pediatras é avessa à proposta do aleitamento prolongado. "É uma aguinha com um pouquinho de sabor. O leite já não tem mais a mesma quantidade de nutrientes", diz o pediatra Cid Pinheiro, professor na Santa Casa de São Paulo.
Ele também aponta possíveis prejuízos nutricionais. "Se a criança for mamar em horário próximo a uma refeição, pode perder a fome e não se alimentar corretamente."

Vamos começar esclarecendo que o leite, após os dois anos, não vira uma águinha com sabor, pelo contrário. O leite muda sua composição, pois a criança não necessita mais de tanta gordura quanto nos primeiros anos. A tabela de composição do leite materno, segundo a OMS (organização mundial de saúde) após os dois anos é essa: 



Então eu diria que esse pediatra, no mínimo, precisa começar a estudar as recomendações da OMS e se informar mais e melhor. Não vale seguir a tabela da Nestlé viu? 
E engraçado isso, se o leite vira uma "aguinha com sabor", seria meio controverso a criança ficar sem fome por mamar, não? Decida-se se alimenta ou não ok Dr.? E sim, está relacionada a fatores culturais amamentar prolongadamente ou não. A nossa sociedade machista, inescrupulosa e excrota é que determina que os bebês sejam desmamados bem antes de 6 meses. Sabia que a taxa de amamentação após 1 ano de vida é de mais ou menos 1%? Pois é, e mesmo assim as crianças continuam cheias de problemas psicológicos, os consultórios estão sempre cheios e a indústria farmaceutica cada vez lucra mais. Não é raro ver crianças de 10 anos tomando Rivotril (eu conheço alguns casos), então, assim, arrume outro fator pra explicar ok? pq se menos de 1% mama até 1 ano de idade, imagino que a taxa de crianças que mamem até os dois anos ou mais seja menor do que 0,0001%, ou seja, deveriam ter apenas 0,0001% de crianças em consultórios psquiátricos, o que não é verdade. Se as crianças estão cada vez mais dependentes, a gente pode tecer outras associações do tipo: crianças órfãs de pais vivos (aqueles pais que trabalham 40h por semana e quando estam em casa, a babá está sempre presente), crianças que ficam muito tempo na TV (existem alguns estudos, que eu não tenho em mãos mas é só colocar no google, que apontam como fator relevante o fato da criança ficar exposta a TV e relacionam o mesmo com aumento da agressividade e outros), enfim, uma série de outros fatores. Culpar a amamentação prolongada por todos os males da humanidade é muito né? 

"Para o pediatra, crianças que mamam no peito ou dormem na cama dos pais com "com cinco, seis, sete anos" podem ter prejuízos psicológicos. "Será que é esse tipo de segurança que elas precisam dos pais? Será que não estamos postergando o amadurecimento delas?""
Minha mãe visitou uma tribo, os Tucanos da aldeia de Balaio, no estado do Amazonas, em que todas as crianças ficavam grudadas nos pais o dia inteiro. Se não estavam com os pais, estavam no colo de irmãos. Todos dormiam juntos na mesma maloca. As crianças mamavam até quando lhes aprouvia. Engraçado que eu nunca ví nenhum indiozinho com problemas sexuais ou psicológicos por mamar até "estar muito grande" ou então por dormir com os pais, pelo contrário. São esses mesmos indiozinhos que dormem com os pais e que mamam "até tarde", que entram no mato cheio de cobras e rios com vários bichos, que caçam onças e ajudam os pais a derrubarem árvores enormes de açaí. Então, diz aí Dr., quais são os problemas mesmo que amamentar prolongadamente e dormir com os pais causam? Será que não é o nosso modo de vida excroto que causa prejuízos psicológicos nas crianças? Será que não é a nossa vida corrida, sempre sem tempo pra brincar, sem respeitar os ciclos naturais das nossas crianças, que causam esses prejuízos e essa dependência toda? Não sei se existe algum estudo científico sobre isso, mais 90% das crianças "grandes" que ainda mamam e que eu conhecí eram perfeitamente saudáveis e muito mais independentes. Não sei se existe relação entre amamentar e dormir junto com crianças mais independentes, mas por experiência própria, acho que criar com apego dá sim mais segurança pra criança, pois ela sabe que sempre que precisar os pais vão estar lá, disponíveis e assecíveis. Aurora nunca chorou frente a uma situação difícil, raramente estranha alguém e sempre tem muita confiança pra explorar ambientes novos. Independência, pra mim, é amarrar os sapatos sozinho, escovar os dentes sem ajuda, ter curiosidade pra explorar ambientes novos, saber escolher que roupa quer usar. Acho meio forçado demais querer que uma criança pequena não seja dependente da mãe. Se ela não for dependente da mãe aos 4, 5 anos, vai ser quando? A gente só sai da casa dos nossos pais e passa a viver a nossa vida dos 20 pra cima (alguns mais cedo, outros mais tarde), e mesmo assim vc quer que seu filho seja independente aos 2 anos de idade? Sério, acho que vc precisa muito rever conceitos.

"No entanto, para a psicóloga especialista em educação Roseli Caldas, professora da Universidade Mackenzie (SP), o aleitamento prolongado distancia as crianças da vida social real e pode ser um risco à autonomia delas. "A gente não precisa disso para estar com o outro", diz."
Engraçado isso, pois o que eu vejo é que minha filha, que é amamentada e dorme comigo e com o pai, tem muito mais curiosidade pra fazer novas amizades e interagir com outras crianças do que as outras crianças não amamentadas e que dormem em berço que eu conheço. Falar isso é generalizar demais as coisas, pois cada criança é única com sua personalidade e seu jeito de viver a vida. Existem crianças que são sim mais apegadas aos pais, assim como tem outras que não são, e acho que isso independe de amamentar ou dormir junto. Esses dois fatores, pra mim, contribuem sim para uma criança ser mais segura, mas dizer que todas as crianças que são criadas com apego tem a vida social e autonomia prejudicadas, é muito achismo pra mim. E é óbvio que a gente não precisa mamar pra estar com o outro, mas até certa idade a gente precisa sim mamar pra sentir que estar com o outro. Ou você acha que mamar é meramente nutritivo? Criança mama pra ter aconchego da mãe, pra ter carinho, além de nutrição, óbvio, e pra mim, negar isso a uma criança é a mesma coisa que negar afeto. Os outros mamíferos todos mamam até a idade em que, pros humanos, seria o equivalente aos 7 anos, e nenhum deles tem prejuízos sociais, de autonomia ou qualquer outro tipo de problema sexual relacionado à amamentação prolongada. 

"Segundo ela, a amamentação é um vínculo de suprimento, que só cabe quando a criança é pequena. "Depois, deve ser substituído por outras mediações. As pessoas têm que estar juntas não só pelo suprimento da outra, mas pela presença."
Isso também cabe para o dormir compartilhado. "A criança precisa criar o seu espaço e respeitar o do outro"
Então, quando vc casar, vá dormir sozinha ok? Assim vc cria o seu espaço e respeita o do seu marido! :)
E que outras mediações seriam essas? Uma mamadeira cheia de leite de vaca? Porque, assim, dar mamadeira, pra mim, é uma continuação da amamentação no sentido de que a criança não desmamou, apenas trocou o peito por outra coisa pior e mais prática (e rentável pro mundo capitalista), e a maior parte das crianças toma mamadeira (ou copinho com leite) até os dois anos ou mais. Aliás, conheço pouquissímos adultos que não tomam leite de vaca. A diferença é que eles tomam leite no copo. Então se a criança tomar o leite da mãe no copo, vai deixar de ser "controverso" e passar a ser aceitável?

No mais, achei a matéria MEGA tendenciosa. Mesmo. O final até que foi legal e tudo, mas mesmo assim tendenciosa. Não consigo nem imaginar quem financia esse tipo de coisa #nestléfeelings.


E, na moral, acho que pra dar qualquer parecer sobre qualquer coisa, é preciso muita data, pesquisa e comprovações. Um "Dr." dizer pra mim que determinada coisa é assim porque "pela prática dele", ou "pela minha experiência" desqualifica completamente a argumentação! Se fosse assim, qualquer boteco na esquina ía poder dizer com propriedade qualquer coisa e isso seria aceitável. É pra isso que existem estudos científicos sérios e condutas baseadas em evidências científicas.


Enfim, acho que não precisa desse tipo de matéria pra desestimular ainda mais a amamentação. Na real nem sei pq esse povo se preocupa com isso, afinal de contas, a normose instaurada é sempre que "a vaca faz melhor do que você". Não precisamos de matérias da folha pra não amamentar, pois esse papel os pediatras já fazem muito bem.

quarta-feira, 9 de maio de 2012


Esse vídeo é sobre a gravidez e o nascimento de Daniel, filho da Nélia, companheira da lista partonosso. Acompanhei e torci muito pelos dois, e aqui ela conta como pariu o filho mesmo com pré-eclâmpsia! Gente, pelo amor dedeus, não façam cesárea com pressão alta ok? Tentem a indução antes que é muito mais segura. Cirurgia nenhuma é feita quando o paciente está com a pressão alta porque o risco de morte é muito maior, os médicos geralmente esperam abaixar a pressão. Com as gestantes eu não sei porque se cometem essas condutas criminosas de ceserear! Isso é completamente perigoso!!! Se liguem gurias, pré-eclâmpsia não é indicação de cesárea! Você está se colocando em risco e ao seu filho também! Não aceite esta conduta do seu médico!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Relato de parto da Rapha e da Alice - Parto Domiciliar com transferência pro hospital e bolsa rota prolongada



Sempre quis um parto natural. Sabia que era o melhor graças a minha avó, que relatava seus partos, um deles ela até dizia ter gargalhado no expulsivo, um parto totalmente sem dor. A data prevista era dia 17 ou 21 de agosto, mas eu brincava que você nasceria dia 4, assim como a minha avó. Pensamos em parto domiciliar, mas morávamos longe e eu ainda não estava bem resolvida. Entrei para uma lista de e-mails de apoio ao parto normal, a PartoNosso, que me deram muito apoio, aquelas mulheres maravilhosas. Mas com quase 36 semanas fiquei sabendo que você estava sentada em minha barriga. Meu mundo pareceu ruir. Eu que estava tão tranquila para parir poderia ter que fazer uma cesárea com anestesia geral*, não ouviria nem você chorar! Aquilo era a morte para mim. Mas eu conversava com seu pai, pois aqui tem uma equipe de parteiras e obstetras que tem preparo para um parto pélvico. E teríamos uma doula para ficar o máximo em casa e ir para o hospital em trabalho de parto.
Recebi um dos e-mails que dizia:

"Sim, sei que quando a gente está grávida, fica sensível e essa emocionalidade banhada a muitos hormônios parece nos deixar frágeis, mas saiba que nossos pensamentos, sentimentos, são poderosíssimos. Mesmo. Não é papo. E, se você própria não acreditar na possibilidade de parir sua filha CEFÁLICA, nem ela acreditará. Mais do que SABER que ela pode virar, SINTA que ela virará. Entre em contato consigo e com ela, tente estar a sós com você e com ela e sentir, mais do que falar, tente entrar em conexão com o que há de mais VERDADEIRO em você, pois, muitas vezes, a gente tem um conflito por achar que acredita, aceita determinadas coisas, mas, no fundo, tem medo ou sente de outra forma, sei lá... se você estiver muito ansiosa e não conseguir parar para "se conectar", tente escrever. Escreva o que se tem passado com você, seus sentimentos e pensamentos em relação a tudo isso e não precisa mostrar a ninguém, mas pode ser que você encontre algo que fica num recôndito tão escondido, que você nem suspeitaria.

Acho MUITO que essas coisas podem te ajudar nessa busca pelo nascimento amoroso de sua filha (é filha, não é?). A gente carrega muito mais coisas do que "suspeita nossa vã filosofia".

Desculpe, Rapha, se estou parecendo acusativa. Não é minha intenção, mas é que acredito MUITO que seu parto pode ser salvo, que vc pode parir e não saber do nascimento de SUA filha por o que outras pessoas vão contar...

P. C., que não se lembra do nascimento de sua primeira e única filha e não deseja isso pra ninguém."


Essa moça, a P. C. foi maravilhosa, acalmou meu coração. E  fiz o que ela recomendava, escrevi uma carta pedindo para você virar.
Fiz vários exercícios próprios para fazer o bebê mudar de posição. E várias mulheres que conversaram comigo e me apoiaram viraram amigas, como a Aretha (mãe da Aurora), por exemplo. Seu pai temia, coitado. Ficava com o coração na mão de medo da possibilidade da cesárea. Mas nós iríamos tentar tudo o que pudéssemos para ter o melhor parto possível.

*Fiz uma cirurgia na coluna que impossibilita a aplicação de anestesia. Cesárea só com anestesia geral.


Carta para o bebê sentado
"Alice, filha, eu sempre quis ter você. Sempre. Mas quando com 13 semanas “descobri” que você era uma menina, senti medo.
Medo de que você passasse por coisas que passei, medo por você viver for a daqui de mim, onde o mundo nem sempre é bom e bonito. Tive medo do que você pudesse encarar ao longo da sua vida, encarar coisas difíceis e desnecessárias. Chorei muito… [...]
A gravidez foi evoluindo e meu desejo de fazer você nascer naturalmente foi crescendo também. Eu já no começo imaginava que o parto normal era melhor, já era a minha intenção, pois tinha medo da cesárea que todos me indicavam. Mas pesquisei, li muito para decidir e entender porquê era melhor você nascer com a minha ajuda.
[...]
Você era perfeita, a gravidez estava ótima também.E tudo se encaminhava para o parto natural tão desejado por mim.
Quando eu e seu pai conversávamos sobre isso, ele fazia novamente  a cara assustada, de quem tem medo do que não conhece. Por ele você ficava aqui dentro de mim, pois estava protegida!
Mas não o culpo, pois é difícil enfrentar o que não conhecemos. As semanas passaram até que o médico disse que você estava sentadinha dentro da minha barriga. E isso não era bom, pois dificilmente encontraríamos um médico que auxiliasse o parto de um bebê que nasce com o bumbum pra lua. E me ofereceram a cesárea.
Muitas mulheres preferem a cesárea por medo das dores do parto. Pois dizem que dói muito na mãe. Outras escolhem a data que querem que o bebê nasça, e existem as mulheres que realmente precisam de uma cesárea.
Para mim, eu não me encaixava em nenhuma delas. Nem das que escolhem a data, nem das que tem medo de parto normal e nem das que tem uma real indicação para a cirurgia, pois bebês pélvicos também nascem.
Eu me lembrava de minha avó contando sobre os partos e minha mãe e sogra assustando. Minha mãe assustando pois teve um parto normal cheio de intervenções, traumático. E minha sogra assustando pois você estava sentada. Minha avó até brigou com a minha mãe para ela parar de me incentivar a te dar mamadeira e a nascer por cesárea. E acho que depois ela parou.
Eu senti meu mundo ruindo, minhas expectativas indo embora quando me diziam que eu teria que fazer uma cesárea para você nascer. Eu nunca colocaria você em risco, nunca. Por isso eu queria o que fosse melhor.
[...]
Pois filha, quem diz quando é a hora de nascer é você! Você irá me avisar quando está pronta. Quando vai estar pronta para vir conhecer a mamãe, o papai e todo o mundo. E o meu papel é te ajudar nesse processo de sair de dentro da barriga, da forma mais suave e bonita que nós conseguirmos. Mas pra isso eu preciso que você vire de cabeça para baixo.
Faremos algo chamado “versão cefálica externa”, onde uma enfermeira de forma delicada vai pegar você por fora da barriga da mãe e vai virar você para que você fique na posição correta para nascer, pois está chegando o nosso grande dia! E quero que você seja muito bem vinda a esse mundo.
Sempre pensei no que diria quando nos encontrássemos a primeira vez e eu sempre soube. “Seja bem vinda ao mundo, Alice. Que você tenha uma vida cheia de felicidades, amor e respeito. E para as adversidades da vida, que você tenha equilíbrio, paciência, força de vontade e sabedoria para resolvê-las”. E tenho certeza de que sua vida será ótima. Pois você já me trouxe tanto amor desde o momento em que era um girininho, me trouxe a sensação de estar completa! Alguém que faz tanto bem para os outros não pode ter uma vida diferente.
Filha, quero que você saiba que estou fazendo o que creio ser o melhor pra você. Acho que o momento em que você nasce é importante. Quero que o seu momento de nascer e o meu de renascer sejam repletos de amor, respeito e ajuda mútua. Faço o que posso e você o que pode. Então filha, fique de cabeça para baixo. Será o melhor para nós duas."

Versão Cefálica Externa
Parir pra mim era mais do que apenas necessário, era vital. Era de suma importância que eu tivesse novamente a sensação de posse do meu corpo após anos de violência. Era importante também que eu mostrasse para mim mesma que meu corpo funcionava. Que ao contrário do que todos pensavam (menos a minha avó que sempre me apoiou), eu conseguiria sim parir. Eu queria muito um parto domiciliar mas o papai tinha medo e não tínhamos dinheiro. Mas percebi que quando eu realmente tive firmeza, confiança, ele também teve de que o parto domiciliar era o melhor. E o dinheiro nós iríamos pegar emprestado, dar um jeito. Cheguei ao ponto de que eu faria até um parto pélvico em casa, se a equipe me passasse confiança. Procurei uma doula e conversamos apenas pela internet, pois ela não tinha tempo para me atender, mas ela tentava tirar da minha cabeça a possibilidade de um parto domiciliar. As semanas foram passando, Alice pélvica e a gente esperando ela ficar cefálica para entrar em contato novamente (conversamos quando eu estava com 5meses) com a equipe de pd.
Conversei com o obstetra Marcos Leite sobre a possibilidade de fazer uma versão cefálica externa quando a gestação chegasse a termo. Marcamos com uma das enfermeiras do Hanami para quando eu estivesse com 37 semanas e 5 dias.
Segunda (dia 2 de agosto) pela manhã fomos encontrar a enfermeira Vânia para fazer a versão externa. Durou no máximo 10 minutos, foi muito rápido e muito intenso. A Vânia e a Clariana (outra enfermeira) pegaram cada uma em uma parte do corpo da bebê, uma na cabeça e a outra no bumbum e foram fazendo força até você virar. Foi muito doloroso e meu marido disse que bem ruim de assistir, pois elas fazem muita força para colocar na posição. Uma vez a manobra acabada elas ficaram muito tempo monitorando os batimentos, pois eles caíam e subiam muito. Depois a Vânia perguntou de podia fazer um toque e quando fez disse que você estava “a zero”, mas que provavelmente demoraria umas 3 semanas para nascer. Aquela seria nossa primeira consulta e nós ligaríamos no outro dia para combinar preços e coisas do tipo. A data prevista era o dia 21 de agosto.

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Saímos para o centro, eu, marido e minha mãe, onde ficamos andando até conseguir comprar tudo o que faltava. Eu estava com dor, cansada, mas com uma sensação estranha, não sei explicar. A noite seu pai terminou de colocar a última prateleira na parede e veio me dizer. Eu me levantei para ver e a bolsa rompeu. Eram 21h do dia 2 de agosto. Dois dias antes do aniversário da minha avó!
O trabalho de parto
Eu tinha contrações bem fracas a cada 3 minutos (eu “sabia” que ainda não era a hora, mas tinha uma amiga enfermeira em casa que insistia que eu estava já em trabalho de parto, mesmo que eu não dissesse que não acreditava. O pessoal aqui em casa pediu para chamarmos as parteiras que vieram naquela noite fria, monitoraram os batimentos da Alice e eu dormi a noite toda, logo não tinha contrações verdadeiras. Por ficar deitada para o BCF os batimentos caíram um pouco e as parteiras ficaram um pouco receosas. Não tinhamos combinado nada e uma das parteiras tinha sido assaltada antes de vir para nossa casa. Pela manhã elas conversaram com o meu marido, minha mãe e minha amiga e sugeriram que eu fosse para o HU para tentar uma indução. Eu queria ficar em casa, mas elas disseram que eu teria que começar o antibiótico, que teria que falar com o médico, enfim, elas não tinham segurança em mim (que só havia conversado com elas no dia anterior) mas ainda assim tinham vindo em casa, mesmo sem ter sido planejado. Pedi para esperarem eu tomar banho (elas dariam carona para a gente, pois não tínhamos carro) e chorei muito debaixo da água. Pedi que tudo acontecesse da melhor forma possível. Que minha filha nascesse com saúde e eu ficasse bem para cuidar dela. Entrei no carro delas com um sentimento de derrota, pois sabia que começariam as intervenções e até provavelmente uma cesárea, que uma das parteiras tentava me convencer de que quando ela é necessária ela é válida, que eu não ficasse mal. Enquanto eu estava no carro, parecia que ia desfalecer, ouvindo ao fundo ela falando sobre o assalto que tinha sofrido. Foram os 30km mais longos que percorri.

[Preciso fazer uma pausa para reconhecer que me deixei levar e perdi um pouco do protagonismo. Eu poderia ter mandado a “amiga enfermeira” a merda (coisa que fiz depois), poderia ter brigado que não queria ter chamado as parteiras, que queria ter ficado mais em casa, mas não fiz. Eu não estava preparada para receber minha filha! Para mim, ainda teria 2 semanas ou mais pela frente!]

Chegamos no hospital e começaram as grosserias. “Você veio só pra fazer o BCF ou vai parir aqui? Pois aqui no hospital nós temos regras e você terá que obedecê-las”. E eu sentindo que o protagonismo tão sonhado para o meu parto estava indo embora. Toques e mais toques, com ou sem gel, todos muito dolorosos (contei 8 no hospital), enfim me internaram, depois de 3 horas de espera (que eu nem ligava, pra mim o quanto mais enrolasse melhor).
O quarto de pré-parto estava muito gelado e me deram cobertor, mas eu tremia demais, de medo, de frio... Pedi um aquecedor e conseguiram achar um, o que me deixou mais confortável. Pedi para ir para a bola, se ela ajudasse nas contrações, mas disseram que só ajudava o bebe a encaixar. E eu esperando, sem saber o que poderia fazer para começarem as contrações, que vinham fracas e descordenadas. O rapaz que fazia o BCF e o cardiotoco só de entrar, com todo o respeito no olhar me acalmava. Em compensação, eu era a “do parto em casa” ou a da “versão exterma”. Fizeram um ultrassom para saber se tinha perdido líquido e a mulher que fazia me questionava por ter feito a versão, que era “muito perigosa”. Enquanto ficava fazendo o cardiotoco em uma sala, na porta aparece uma residente que pergunta se estou a termo e respondem que não tenho contrações e ela diz ”que ótimo, tô de plantão na UTI neo e não quero ninguém hoje lá até as 16 h.”
Mais desespero, aquela sensação de medo do corpo não funcionar. Ficava com meu marido no quarto, enquanto uns entravam, faziam toque, me deram almoço, bebia água. Colocaram o miso as 16h e a residente explicou que poderiam colocar 4. O líquido em todo momento era claro e os batimentos da Alice eram normais, mesmo com o aparelho de cardiotoco não marcando contrações (percebemos depois que na verdade ele estava com problemas). E toda a frieza no tratamento, menos de uma técnica de enfermagem que era muito atenciosa, ela me dizia para ir para o chuveiro, passava óleo nos meus lábios que estavam rachados. E eu na cama, sentada de olhos fechados, meio dançando, me balançando, parecia em transe algumas vezes, mas sempre era interrompida. Apagava as luzes e eles acendiam.Comecei a “burlar” o cardiotoco fazendo ele sentada, pois quando eu deitava de barriga pra cima os batimentos da Alice caiam um pouco, mas se eu permanecesse sentada eles ficaram normais. Depois de umas 5h alguém veio fazer um toque e o colo continuava desfavorável. Jantei. Alguém me explica que não pode colocar outro comprimido pois eu tinha contrações. E as horas passando e eu sendo tratada como uma “bomba relógio”. Mais umas horas se passam (eram 22h, ja faziam 25horas de bolsa rota) e entram no meu quarto e a enfermeira diz que eles acham melhor uma cesárea, pois era arriscado esperar mais, mesmo com tudo bem. Ela sai e eu entro em desespero, com aquele sentimento de “raiva” de mim por não ter conseguido nem ter contrações que todas as mulheres conseguem. E entra uma técnica praticamente correndo e coloca uma touca em mim de qualquer jeito, outra levanta meu avental e me raspa, outra entrega correndo o avental para meu marido. E tiram meu aquecedor. Ninguem fala comigo. E eu falo da anestesia geral, e foi aquele “ninguém sabia”. Chamam a anestesista, e enquanto meu marido sai para pegar minhas radiografias entra a enfermeira que tinha a cara e mesmo nome da minha sogra e diz ”como assim você jantou as 19h? A janta foi servida as 17h” Com uma insinuação extrema de que eu estava mentindo e eu desesperada, chorando demais dizendo que tinha jantado com meu marido sim, que era verdade, que eu não estava mentindo. Essa enfermeira depois entra novamente para confirmar a minha história. A anestesista fica “brava” comigo pelo meu medo da anestesia geral, pela minha tristeza em não ouvir minha filha chorar, ninguém..

(pausa para limpar as lágrimas)

... ninguem entendia o quanto era importante pra mim, veio obstetra, enfermeiras, todas tentando me convencer de que estava tudo normal em fazer uma cesárea. Como profissionais da área não entendem o quanto é importante parir? E a expressão de dor no rosto do meu marido, de dor por mim, de medo da nossa filha ir para a UTI. A obstetra pergunta se tenho algum problema de saúde e meu marido conta que tenho má circulação e eu digo que uma prima quando fez uma cirurgia com anestesia geral teve trombose. E a obstetra diz que eu não deveria ter engravidado. Explico que eu estava tendo contrações desrreguladas, que se o BCF estava tudo bem e o líquido claro, que queria esperar, mas a obstetra não quer. Mais desespero e eu digo ao meu marido que não deu tempo de eu escrever sobre a cesárea, como uma despedida, eu tinha certeza de que algo de ruim aconteceria comigo, por mais difícil de explicar que isso seja. E eu queria escrever para ele caso isso acontecesse, meio que uma carta de “despedida”. Eu tinha certeza de que algo morreria. Mas não tinha dado tempo. Eu ia morrer sem conhecer minha filha. Eu tinha certeza de que eu morreria e isso era absurdamente devastador. A anestesista volta e diz que como eram 22h, eles esperariam até o amanhecer para me operar, pois de madrugada eles só fazem em urgência. E eu tinha contrações desrreguladas. Vem a obstetra e eu deixo claro que não menti, que tinha trazido as radiografias da minha coluna pois sabia que talvez fosse necessário uma cesárea, que eu nunca colocaria minha filha em risco.

E fiquei novamente no quarto com meu marido, me trouxeram o aquecedor depois de um tempo. Apagamos as luzes para eu ficar no escuro, eu fico me movimentando na cama, como se estivesse em transe. A técnica me incentivava, disse para eu pegar a bola e desde que sentei, pulei, rebolei as contrações engrenaram. Eu queria caminhar, mas aquela foi a noite mais fria do ano, então era impossível ficar naqueles corredores apenas com o avental, era frio demais e o quarto era pequeno para poder caminhar dentro dele. Eu fico subindo o degrau da escadinha da cama para me movimentar. Mais tarde entra uma obstetra e diz “que bom” que eu estava com contrações, pois se chegasse de manhã e eu estivesse com uns 8 cm, eles esperariam e assim desistiram de colocar a ocitocina. E começou a minha cobrança. Meia noite fazem outro toque e eu tenho 2 cm de dilatação. Aquela expressão no rosto de quem fez o toque de “não vai conseguir”. A técnica me coloca com a bola no chuveiro, diz para eu ficar lá bastante tempo, mas eu tinha cardiotoco a cada meia hora e BCF em 15 minutos. Troca o moço do cardiotoco e eu continuo fazendo sentada.

O trabalho de parto ativo
Lá pelas 2h da manhã as dores estavam muito fortes. Na bola, meu marido fica segurando minhas mãos para eu me sustentar e eu fico rebolando e pulando. Peço para meu marido começar a me chamar atenção, para me acalmar. Eu tinha entrado em trabalho de parto. A técnica me lembra como respirar direito, pois no nervosismo eu não prestava a tenção nisso. Ele me chamava atenção, me segurava as mãos e repetia o mantra “calma, calma, respira”. Eu sentia meu corpo travando. Medo, frio, medo... Medo de depois de todas aquelas dores eu ter que fazer uma cesárea. Eu repetia pra mim: ”pelo menos estou em trabalho de parto, é o melhor pra Alice...”
Deitei na maca e relaxei. Comecei a soltar o corpo nas contrações. Tentava trancar só as pernas e sentir meu corpo “abrir”. Estranho, mas vinham as contrações e eu fazia como nos exercícios, para abrir. E sentia uma sensação de prazer mesmo, sem dor, só prazer, um prazer quase sexual, mas nem comentei com meu marido. Meu medo era tanto que eu não conseguia me focar na sensação prazerosa, e logo foquei só na dor. Fui para o chuveiro novamente e já estava pedindo algo para me ajudar, pois a dor era lancinante. No chuveiro eu dizia para mim mesma que nós duas conseguiríamos. Pedia algum remédio, pois não aguentava mais. E respondiam que nada podia ser feito para diminuir a dor. E para mim aquela dor era mais difícil de suportar, pois eram as dores de quem depois certamente cairia numa cesárea. Peço a obstetra para dizer se tinha alguma posição que poderia me ajudar com as dores e ela pede para alguem me ajudar e ninguem vem. Peço novamente e ninguem vem.

Meu marido diz que era dia 4 de agosto, dia do aniversário da minha avó. Sim, Alice nasceria no dia que eu tanto queria! Aquilo me encheu de felicidade e eu e meu marido rimos. Na cama ao lado uma mulher com 8cm, pouca dor, mas os batimentos do bebe alterados, foi pra cesárea. Isso me marcou muito, afinal eram 8cm. Uma contração junto da outra e eu muito cansada, com medo de não conseguir. Estava tão cansada que comecei a “me entregar”, gemia, não me contorcia, só sentia e vocalizava. Foram várias contrações assim, naquele torpor. Eu me entreguei, finalmente. Passei a VIVER o parto. Não quis mais fugir, foi uma entrega mesmo, como se eu estivesse realmente cansada de temer. Fiquei como se nada tivesse acontecido. As dores ficaram mais fáceis de suportar, mas ainda fortes. Até que senti a vontade de “fazer cocô”. Meu marido chama a enfermeira e ela vem com expressao duvidosa e faz o toque que eu berro de dor. Ela não acredita, faz de novo, acho que chama alguém que também toca e dilatação total. “Faz força”, faço força como se fosse a última coisa a fazer na vida. “Faz força lá embaixo”, “espere a contração” e eu não conseguia mais sentir as contrações e dizia isso, e fazia força. Pedi para mudar de posição, pois estava deitada e ela não deixou. Eu queria ficar de cócoras mas ela não deixava. Fiz mais força. Começou a coroar, vamos para a sala, sento na cadeira, meu marido me segura por tras. Não sentia as contrações e fazia força o tempo todo, pedi para a enfermeira me avisar e ela não falava quando eram as contrações e eu empurrava. Eu sabia que tinha que fazer força apenas nas contrações, mas sentia que tinha que empurrar a qualquer custo, pois se não empurrasse eles não esperariam ela nascer. Pra mim, ainda pairava a cesárea. Estava na partolândia, não raciocinava, urrava. Força, força, arde, sinto as mãos da enfermeira me “abrindo” e ela nasce. Foram duas forças e ela saiu inteira. Enrolada pelo ombro e pernas no cordão. A enfermeira que parecia minha sogra que segurou, pois estavam todos na cesárea. Ela corta o cordão (nem perguntou se eu queria, quando vi ela cortou), recebo uma injeção, dizem para eu me deitar rápido, a Alice no colo e eu ainda não acreditava. Jogam a minha placenta fora, também não me perguntam pelo menos se eu queria ver.

Disse “Oi Alice, oi filha”, meu marido diz “ai que sujinha” rindo.

E eu digo “NÓS CONSEGUIMOS” e meu marido diz, “não, VOCÊ que conseguiu”. A Alice deu um chorinho e quando veio para meu colo parou e deu um resmunguinho que parecia um miadinho. Ela nasceu com 2,720gr e 46 cm. 33horas de bolsa rota. Rosa, cabeluda, linda... Apgar 9 e 9. Cerca de 4h de trabalho de parto ativo. E eles pedem para meu marido sair da cadeira, eu fico com ela no colo por meia hora (mas pra mim foram uns 5 minutos no máximo!) levam ela e me amarram para comecar a suturar. Vou para a sala de recuperacao, ela mama. Meu marido olha com os olhos marejados. Eu desejo muito amor, saude e respeito para a vida dela. Que para os problemas da vida ela sempre tivesse paciencia, sabedoria e determinacao para resolve-los.
Meu marido ligou para algumas pessoas (mãe dele, minha mãe, meu padrasto) e eu liguei para minha avó. Eu disse “Oi vó, feliz aniversário! E de presente sua bisnetinha nasceu, de parto normal” e ela disse ”nasceu? De parto normal? Minha filha, você conseguiu”, com a voz embargada. Foi lindo.


A Rapha hoje quer fazer enfermagem para ser parteira num futuro próximo! Todastorce pra ela se formar logo! 

domingo, 6 de maio de 2012

Arsenal de inverno


Daí que ao contrário do que todo mundo pensa, uma mãe que amamenta, dorme junto com o bebê e o mantém por perto o maior tempo possível não é uma largada que passa o dia inteiro de moleton. Tá, as vezes a gente até fica de moleton, mas também temos nossas vaidades. Eu tenho uma verdadeira neura com a minha pele, que se justifica pelo fato da minha avó ter operado 15 vezes de câncer de pele no rosto. Dito isso, podemos prosseguir. Eu saio de casa pelada, mas não saio sem o protetor. Até a Aurora tem o dela que a gente passa toda vez que sai de casa! Raramente passo maquiagem, mas não consigo colocar o pé fora de casa sem cuidar do meu rosto antes, e nem é só por medo não, mas é pq eu já tive experiências péssimas de cuidado com o corpo e seu que uma hora o nosso corpo cobra os cuidados que a gente dispensou ou não com ele. Mas enfim, oq eu quero falar agora é sobre o que eu tô usando no inFerno que tá fazendo aqui em Lavras, já que a minha pele é mega sensível, branca azeda e que sofre horrores 



   Antes de começar a brincadeira, no banho mesmo pq eu sou mãe e não tenho muito tempo pra ficar fazendo SPA em casa e nem tenho babá/avó pra me ajudar, lavo o rosto com um sabonete chamado Dermotivin pra pele oleosa. O sabonete é meio caro, mas é ótimo e vc fica com aquela sensação de pele lisinha sabe? e DUUUURRAAAA horrores! eu lavo meu rosto todo dia umas 2x e ele dura pelo menos 2 meses (o pequeno). Depois de lavar, 1x por semana eu uso um esfoliante (esse número 3) da Neutrogena que chama Deep Clean Energizin (o número 3). É muito bom, relativamente barato (19,90 mais ou menos) e deixa a pele com uma sensação de "tô fresquinha" deliciosa. Dopo, eu passo um tônico adstringente da Clean & Clear for morning energy (o número 2) que eu não gostei muito, mas tô usando pra acabar. Daí entra o hidratante. Eu usava um da Clear e Clean tb, mas agora no inverno ele não tava dando conta de hidratar e minha pele simplesmente começou a descamar igual cobra. Comprei um da Neutrogena que tb é relativamente barato (uns 20 e alguma coisa) que chama hidratante facial oil free (número 7). Tá, feito isso eu acabo passando o protetor solar da Roc que é MÁRA pra pele oleosa pq não tem cheiro e nem te deixa parecendo um fantasma que acabou de besuntar a cara no óleo (chama Minesol oil control, o número 5). Na boca eu tenho passado esse protetor da nívea (número 4) pq minha boca tá hiper ressecada, e de noite apelo pro velho bepantol (a pomada de criança mesmo) que hidrata que é uma maravilha. Quando eu passo maquiagem, pra tirar eu tenho usado o demaquilante da neutrogena (deep clean limpeza profunda - o número 6). 

   No corpo eu tenho usado um kit da O Boticário que a Alana me deu que vem com 4 mini hidratantes diferentes, cada um com o cheiro mais maravilhoso que o outro! É da linha nativa SPA e esse da foto (número 1) é o de açaí, o que eu mais gosto. Tb uso um da natura de alecrim que te tem um cheiro delicioso. 

:)

É isso. Se vc não quiser passar nada disso ou não tiver saco, passa pelo menos o protetor solar! Sério mesmo! Isso vai te economizar uma grana em tratamentos de pele no futuro.

p.s.: gente, impossível fazer isso tudo com um bebê que mama de 5 em 5min ok? eu só fui dar conta de re-estabelecer essa rotina de cuidados depois que a Aurora fez 1 ano e começou a me dar sossego. Antes dos 6 meses eu mal conseguia tomar banho e escovar os dentes, que dirá passar 3290133218 coisas na cara.