tag:blogger.com,1999:blog-87290088160625033312024-03-05T13:06:20.471-08:00o que há de errado...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.comBlogger118125tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-60205430563405637762016-06-27T18:43:00.000-07:002016-07-01T17:30:31.090-07:00RELATO DE PARTO DA ANAHY - Domiciliar com transferência - Parto normal após cesárea (VBAC com indução)<i>Relato de parto da minha querida amiga Simone, que aconteceu aqui em Lavras - MG, na Santa Casa, em Março de 2016.</i><br />
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<b>Partos anteriores</b><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"> Escrevo no intuito de colaborar na luta permanente pela humanização do nascimento, fortalecer as mulheres que buscam o parto normal após cesárea, incentivar aquelas que ainda são levadas a crer em mentiras (de que não aguentamos um parto natural) e ampliar a percepção, para demais pessoas na sociedade, da importância da humanização do nascimento. Penso que essa discussão deveria sair da esfera estritamente obstétrica e ganhar espaço, inclusive, na educação de jovens. Quero dizer que sim, somos todas capazes de parir, que parir dói, mas nos fortalece além do que imaginamos!! Este relato é também um desabafo de tudo que ficou guardado em minha alma feminina por tantos anos e que pude parir junto com Anahy no dia 11 de março de 2016.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Nossa primeira filha, Maíra, nasceu dia 14 de dezembro de 2005 em Porto Alegre, RS. Durante a gravidez estava convicta que queria parto normal, li o livro “Parto ativo” sonhando em parir de cócoras, pois me parecia muito natural. Nem sabia o que era “violência obstétrica”. Morava em Manaus e meu marido no interior do Amazonas, distante 4 dias de barco… passamos a gravidez nos vendo uma vez por mês. Fiz a coleta de dados de meu mestrado, na floresta, até o sexto mês de gestação. Em dezembro ele foi comigo ao RS, onde vive minha família, para acompanhar o parto. Entrei no Hospital de Clínicas com 3 cm de dilatação e contrações regulares, fui bombardeada com intervenções desnecessárias: indução imediata com ocitocina, rompimento de bolsa, monitoramento fetal constante, exame de toque a cada hora por médicos diferentes, deitada para o lado esquerdo durante todo TP. Ao final de 12h ela nasceu via vaginal, porém só fui vê-la e amamentá-la quase 9h depois…Lembro como se fosse ontem a carinha dela, quando foi colocada ao meu lado… Abriu os olhos de imediato, me olhando fixamente… Fiquei triste, frágil, chorava sem saber porquê. No momento do expulsivo não sentia bem as contrações e fizeram episiotomia (corte na vagina). Entendi que fui cobaia de uma equipe médica, onde todas mulheres recebem tratamento igual sem considerar a fisiologia de cada uma. Haviam prazos para dilatar, para expulsar o bebê, as intervenções foram realizadas sem meu consentimento, não pude beber água nem ir ao banheiro durante todo TP… Primeiro dia no hospital, quarto coletivo do SUS, tive rachadura na mama. Sangrava…Entrou uma equipe de médicos residentes no quarto, o “professor” se dirigiu a mim, pegou meu mamilo sem sequer dizer bom dia, e virou para os estudantes: “este é um caso típico de rachadura de mamilo”. Eu estava tão cansada, tão frágil, não consegui ter reação alguma. Hoje, eu daria um tapa na cara daquele imbecil. Durante anos não entendi nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Nossa segunda filha, Anita, nasceu dia 12 de março de 2010 também em Porto Alegre. Morávamos em Lavras, Minas Gerais. Durante a gravidez tive algumas intercorrências que hoje compreendo terem sido neuroses da obstetra (ameaça de aborto, depressão, etc), que me fizeram ter uma gravidez sedentária. Continuei sonhando com o parto de cócoras, e teria a assistência de minha médica no sul que conhecia desde minha adolescência. Estava segura. Fui a Porto Alegre novamente para ficar próxima de minha mãe no parto. Porém, no dia 4 de março ela sofreu um AVC e ficou em coma sem leito disponível nem médico para assisti-la no SUS, acomodada na emergência. Enfrentamos o sistema de saúde com liminares na justiça e buscando apoio da mídia para conseguir um leito para ela. Meu telefone não parava de tocar, advogado, amigos dando apoio, oferecendo ajuda, repórteres oportunistas querendo com meu momento atingir a prefeitura….fomos aos jornais, à televisão, valia tudo. Esqueci tudo que eu sabia sobre biologia, acreditando até o último momento que ela iria voltar… O desgaste foi enorme, dia 10 de março o médico que cuidava do caso dela (clínico geral) disse sonoramente “cuide do seu bebê que está para nascer que sua mãe não tem mais volta” eu estava então com 38-39 semanas…. Lembro que gritava, me desesperei naquela emergência de quinta categoria, perdi o controle, e esqueci completamente que estava às vésperas de parir. Ao final minha médica sugeriu uma cesárea porque eu estava muito abalada e tinha medo que algo pior acontecesse à minha mãe e eu ainda estivesse grávida. Não questionei, estava sem controle algum de minha vida naquele momento. Marcamos para o dia 12. Lembro de que a cada aparato que iam colocando em meu corpo (dispositivos para monitorar coração, sonda, soro…) me lembrava a condição de minha mãe no hospital, com os mesmos aparatos, só que ela estava inconsciente. O médico anestesista perguntou se minha mãe fumou durante a vida, respondi que sim. Então ele me disse “a saúde cobra seus pedágios mais cedo ou mais tarde”. Nenhum daqueles médicos tinha noção de quem era aquela mulher que estava em coma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Anita nasceu às 20h. Mamou nos dois peitos de imediato e foi para o colo do pai. Chorei ao escutar seu chorinho. A visão de minhas pernas sem movimento após a cirurgia foi um terror. Tive hipotermia, minha temperatura foi a 33 graus, tremia tanto que perdi o controle do meu corpo e me cobriram com vários edredons. Senti medo. Fui para o quarto já às 2h da manhã. Às 5h minha prima entrou no quarto e recebi a notícia do falecimento da minha mãe… Eu queria ir a cremação, me despedir… mas com uma cesárea não poderia sair do hospital antes de 48h. Eram então duas dores, a perda de minha melhor amiga e os cortes da cesárea, que levaram 3 meses para cicatrizar. Ainda no quarto do hospital vi na televisão a morte de minha anunciada como “a Senhora que estava aguardando um leito… mais um caso que o SUS não resolveu”. Na família todos estavam em choque. Ela era uma mulher muito forte, unificadora, apaziguadora e necessária a todos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Não tínhamos intenção de ter mais filhos, mas em 2015 mudamos de idéia simplesmente porque adoramos crianças!! Na primeira tentativa tive um aborto espontâneo, precisei curetagem. Foi sofrido, mas no mês seguinte engravidei outra vez!</div>
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<b>Gestação</b><br />
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<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Decidi que este parto seria o que eu desejei sempre, e que seria em casa com a presença de minhas duas filhas, futuras mulheres que poderiam vivenciar como podemos trazer as crianças ao mundo de forma respeitosa. Passei o primeiro trimestre no Chile, sozinha, realizando um estágio do meu doutorado, que curso em Lavras. Ao retornar para casa engrenei uma gravidez extremamente ativa: ioga, meditação, pilates, radicalizei a alimentação saudável, leituras e mais leituras sobre tudo a respeito de parto e preparo para o parto. Procurei exorcizar alguns medos: o de que eu era uma gestante de risco pela minha idade (37 anos) e de ruptura uterina pela cesárea anterior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Estudando entendi porque passei por tudo que passei nos dois partos anteriores. Infelizmente a realidade é que não basta para uma mulher querer ter um parto natural, ela precisa estudar, se informar, se preparar muito, muito, muito…...e principalmente…contar com uma equipe humanizada! Mas humanizada de verdade. Soubemos que seria outra menina, que alegria! E já começamos a chamar ela de Anahy, nome de origem guaraní. Fiz contato com uma equipe de Divinópolis, Rebeca (doula), Fabiana (enfermeira obstétrica) e Larissa (obstetriz) e elas aceitaram me assistir. Durante o pré-natal fazia consultas com a equipe domiciliar aqui na cidade, junto a uma amiga que estava com idade gestacional próxima a minha. Foi essa amiga que me colocou em contato com a equipe e serei eternamente grata a ela por isso. Formamos um grupo de gestantes via whatsapp e iniciava um grupo de empoderamento de mulheres que buscam parir com dignidade. Meu médico obstetra aceitou e apoiou minha decisão de parir em casa e me assistiria no hospital se fosse necessário, colocando-se à disposição como “back-up” da equipe domiciliar. E o sonho foi semeado! Passei os nove meses idealizando este parto (embora dissesse a mim mesma que não faria isso e deixaria tudo fluir do jeito que viesse).</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Sempre gostei muito de estar grávida. Sempre me senti disposta e ativa. E esta foi a gestação mais tranquila de todas, pois estava no melhor dos mundos, com meu marido junto, as meninas independentes, uma equipe humanizada auxiliando, muitos medos exorcizados, tranquila e ativa durante todo tempo. Ao final da gravidez tive uma forte candidíase que me fez tomar uma atitude radical: eliminar todo açúcar da minha alimentação. Após alguns dias me sentia muito melhor, curada, e com uma disposição tremenda. Intensifiquei os exercícios de ioga e meditação em casa, e trabalhava muito o mantra “A” que minha professora recomendou muito para o momento do expulsivo. Além disso, exercitei o períneo com o aparelho epi-no para ter melhor percepção corporal. Tanto o epi-no quanto os mantras e as contrações do períneo considero que foram fundamentais para o sucesso do parto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Ao longo da gestação conversamos muito com as nossas filhas sobre o parto, a importância de um nascimento respeitoso e procedimentos baseados em evidência, assistimos vídeos diversos de partos. Elas estavam muito ansiosas por acompanhar o nascimento da irmã…E eu sonhando em viver isso junto as minhas pequenas futuras mulheres.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Completaria 40 semanas dia 10 de março. No entanto, após as leituras me preparei para que pudesse acontecer até as 42 e procurei nas últimas semanas desligar de tudo que tivesse relação com o nascimento para relaxar. Não queria ler mais nada a respeito de parto, não queria mais ver vídeo algum…Desde a 37ª semana tive contrações fortes (pródromos) durante alguns períodos da noite, e pensava que estava mesmo perto de chegar o momento!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O parto</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0h9FfYTH40IsimBnwn__028PibPGaYt0tTmXclvLBuNv_U_ga2gEGTPm28of6KMM_6mgEnK2RQweNr2jlgFjB2l-2VNQ6OeG3iODwGO7uTXEx8ikCgHiCxIdP2VpVwNv4XUcgvMMaAfAW/s1600/parto1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0h9FfYTH40IsimBnwn__028PibPGaYt0tTmXclvLBuNv_U_ga2gEGTPm28of6KMM_6mgEnK2RQweNr2jlgFjB2l-2VNQ6OeG3iODwGO7uTXEx8ikCgHiCxIdP2VpVwNv4XUcgvMMaAfAW/s320/parto1.JPG" width="320" /></a></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>No dia 9 de março fui à tardinha buscar minhas filhas na escola andando, para ajudar a “chamar o parto”…Escutei relatos de mulheres que trabalharam no “pesado” até o último dia de gravidez e que o trabalho de parto engrenou. Mas estava certa de que iria demorar ainda mais uma semana…</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Lá pelas 21h comecei a sentir contrações fortes, liguei para Rebeca (doula) que sugeriu monitorar. Baixei um aplicativo no meu celular e fiquei monitorando. Estava de 5/5 minutos. Por volta da meia noite a equipe avisou que viria para Lavras. As contrações estavam fortes e não pude dormir. Passei um tempo no chuveiro para aliviar as dores. Depois, meu marido organizou um esquema na rede que me deixou confortável. Fiquei sentada na rede, debruçada em uma pilha de travesseiros, e com a bola de pilates embaixo. Sentia vontade de vocalizar e assim passei a madrugada. Nem percebi o tempo…. às 5h a equipe domiciliar estava aqui em casa. Fiquei muito emocionada quando elas chegaram pois então caiu a ficha de que Anahy estava mais perto! Fiquei feliz! Rebeca já iniciou as massagens a cada contração e fui pro chuveiro outra vez, vocalizava a cada contração. Minhas filhas acordaram logo em seguida e estavam felizes também. Maíra disse que me escutou gemer e que ficou preocupada, mas quando viu a alegria de todos ficou tranquila de que o momento estava chegando.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuLdIJfDUgyLmBte3VD1_PvSCTiAsvMtkpTk4Xc08OlzTZy5BxivHCKjm2E-kSiioHMKdRvups7WC1wVE1grqstZ8vZ-5hZKi9SR7d_pAEazf0RkKXI2k0Mg0qA4a6dPo1T7skSUgmnMKm/s1600/parto0.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuLdIJfDUgyLmBte3VD1_PvSCTiAsvMtkpTk4Xc08OlzTZy5BxivHCKjm2E-kSiioHMKdRvups7WC1wVE1grqstZ8vZ-5hZKi9SR7d_pAEazf0RkKXI2k0Mg0qA4a6dPo1T7skSUgmnMKm/s320/parto0.JPG" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>No meio da manhã caminhei pelo quintal. Sentia vontade de me agachar e parecia que era a única posição que aliviava as dores. Já não sentia vontade de gritar, pois tinha a impressão de que gritando minhas energias iam junto. Então passei a praticar respiração profunda, soltando o ar a cada contração. Ao final da manhã entrei na piscina e o alívio foi imediato.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbLuW7NK0G9XmadXj295SWAUQuOmguZZf4nRzMEzw9RoM2V65UzHrtPHbpt49ZoWS4ISNQZYEZBFxbpaMq5yIRbZqbH16Td6sE1hyphenhyphen5xq12hi7WgrGP3LuLvyZRrQcDW97tm5pBbl_gQmP2/s1600/parto3.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbLuW7NK0G9XmadXj295SWAUQuOmguZZf4nRzMEzw9RoM2V65UzHrtPHbpt49ZoWS4ISNQZYEZBFxbpaMq5yIRbZqbH16Td6sE1hyphenhyphen5xq12hi7WgrGP3LuLvyZRrQcDW97tm5pBbl_gQmP2/s200/parto3.JPG" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Anita, minha filha mais nova, quis entrar na piscina comigo e ficou brincando, fazia massagem em meu rosto... Simão, meu marido, fez do-in nas minhas mãos, que aliviava muito. Almocei, bebi água. O movimento na casa era grande, ele estava presente todo momento, mas também precisava cuidar das crianças. Ele fez também um chá de pimenta, cacau, gengibre e mel, que pedi para me dar mais ânimo. Senti sono, Fabi sugeriu que descansasse, mas não tolerava ficar deitada. Queria agachar nas contrações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span> À tarde descansei um pouco na rede. Pedi que as crianças não fossem a escola, pois tinha medo de que nascesse Anahy e elas não estivessem presentes. Elas ficaram no quarto brincando no mundo delas, vindo de vez em quando me ver. No entanto, chegando ao final da tarde elas começaram frequentemente perguntar quando iria nascer.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkl9laEP5R_8jwaXgJvhPp3ZXmVeLGL5TdPlBEa72DDSKl9n8tbE1dO6YUvDkw3acoHd3a_tz6jlI9FD7WGaaeZqSgKWJ-c18xmShLkI0jhBjAR4bTLkpRQkDCgryzSVFs6YTaP6afuqFI/s1600/parto4.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkl9laEP5R_8jwaXgJvhPp3ZXmVeLGL5TdPlBEa72DDSKl9n8tbE1dO6YUvDkw3acoHd3a_tz6jlI9FD7WGaaeZqSgKWJ-c18xmShLkI0jhBjAR4bTLkpRQkDCgryzSVFs6YTaP6afuqFI/s320/parto4.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso foi me deixando angustiada, mas assim mesmo não me ocorreu de pedir a minha amiga que estava à disposição levá-las de casa por um tempo. Acreditava que meu TP seria rápido. Doce ilusão!</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Perto do final da tarde Rebeca me convidou pra dançar. Escolhemos algumas músicas e dançamos. No entanto, por algum motivo eu ainda estava muito racional e comecei a me perguntar em que momento eu iria desprender da realidade. Pedi para beber um amarula, um licor com cacau muito alcóolico, para ver se eu desligava um pouco, mas só me deu mais sono… Fabi sugeriu fazer toque, mas eu tinha receio de ficar ansiosa e preferi não fazer. Rebeca aplicou a técnica do rebozo, que consiste em usar um pano bem largo no quadril e sacudir. A sensação era boa. Em seguida Simão me fez uma massagem tão intensa que senti nela todo seu amor por mim, por nós, chorei muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Ao final do dia o tampão mucoso começou a sair. Eu estava até essa hora tensa, pois nada acontecia. Quando ele desceu em maior quantidade chorei de alegria! De fato ela estava por nascer! Às 19h30 Fabi fez um toque, e eu disse que não queria saber minha dilatação. No entanto, senti que não estava muito avançada pelas caras de todos (depois soube que estava com 4 cm apenas). Nessa hora fiquei tensa, com medo. Já me sentia muito cansada, mas não conseguia deitar. Sempre que deitava vinha à minha mente o parto da Maíra, em que fiquei deitada 12h sem poder me mexer…</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Tinha passado o dia me movimentando e agachando a cada bendita contração! Não deitei nem descansei de verdade em momento algum…Minhas filhas foram dormir um pouco frustradas pela demora, e isso estava me incomodando (só percebi que estava incomodada depois do parto, relembrando). E mais uma noite seguiu, fiquei pouco na piscina, pois percebemos o quanto minhas contrações haviam espaçado após a água. Era como se meu trabalho de parto tivesse estacionado, As contrações ficaram muito espaçadas, a cada 10 minutos, e eu dormia entre elas. Durante a noite fiquei no ambiente que havia preparado, com uma luz azul que acalmava e música suave ao fundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Quando já eram 1h da manhã do dia 11 Fabi sugeriu fazer outro toque, desta vez quis saber, estava com 8 cm. Pensei, puxa tudo isso e ainda estou com 8cm?? Quando lembro desse meu pensamento morro de arrependimento, pois estava tão perto… A bolsa estava com uma rotura alta, iniciou perda de líquido bem devagar e rajadas de sangue. Fabi sugeriu terminar de romper, aceitei. Passei a madrugada um pouco deitada. Era tão difícil deitar…hoje me pergunto como consegui parir Maíra deitada!!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVje2v2Bd-V0erKUX_IfCYJNzIjIECbjnAFE9EglFvodAl7pochhmXr6Zw1tsOC-egXa8NIPFBVNGDGs-UEtQ-1bAm_ZQRhsB0nyO864285gUX-YeiBvYAQtO2UL79gsq31fa_ppLlB1hf/s1600/parto2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVje2v2Bd-V0erKUX_IfCYJNzIjIECbjnAFE9EglFvodAl7pochhmXr6Zw1tsOC-egXa8NIPFBVNGDGs-UEtQ-1bAm_ZQRhsB0nyO864285gUX-YeiBvYAQtO2UL79gsq31fa_ppLlB1hf/s320/parto2.JPG" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Às 5h outro toque, ainda os mesmos 8 cm e havia se formado um edema no meu colo (como um inchaço, que não permite ele dilatar mais). Soube depois que com o colo assim, no hospital seria cesárea na certa. Então Rebeca e Fabi me colocaram na posição de Gaskin, para aliviar a pressão sobre o colo. Era dolorido demais, pois deveria ficar com o quadril elevado bem no momento da contração, com elas aplicando uma massagem que era uma tortura, quase não suportava. Pedi para parar com aquilo, elas sugeriram que eu ficasse realmente deitada, pois precisava aliviar a pressão sobre o colo. Fiquei então, pela primeira vez durante todo TP, deitada pro lado esquerdo. Simão ficou massageando meus pés com do-in durante 3h ininterruptas!! Dormi.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Descansei até as 8h, outro toque foi feito, estava com 8/9 cm e colo sem edema, 90% apagado. Disse que eu estava muito cansada, queria uma anestesia, uma cesariana, qualquer coisa para acabar com aquilo tudo!!!! Não aguentaria mais nada, queria meu bebê em meus braços… Desesperei de verdade… Às 8h30 foi comunicada a transferência ao médico, que esperaria no hospital. Falei para as meninas que iria para o hospital, Maíra chorou…me penalizo muito sempre que lembro disso, ficou guardado na memória…Ficamos aguardando até 10h, pois o médico tinha outro compromisso e ainda não estava lá. Saímos para o hospital de carro, que fica a uns 5 minutos de casa. Fui no caminho me sentindo a mulher mais derrotada do mundo….tanto preparo, tanta dedicação, tantas horas em casa para acabar caindo no hospital e ainda fazer uma cesariana! Me senti o lixo, incapaz, impotente, ridícula, inferior…..</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>No hospital ainda tivemos que fazer ficha e esperar para subir até a suíte da maternidade. Durante as contrações ficava abraçada na Rebeca, e esse apoio foi fundamental. Me sentia segura, acarinhada, consolada. Estava totalmente entregue a tudo, entregue mesmo, não me importava mais nada que fosse acontecer. Tive medo de morrer. Esqueci de tudo que planejei, esqueci das músicas que queria no meu parto, esqueci, esqueci….o cansaço me venceu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Cheguei no hospital falando pro médico que queria uma analgesia ou uma cesárea, qualquer coisa que acabasse com aquilo tudo, estava cansada demais. Ele me fez o toque e disse que eu estava com 9 cm, e que não valia a pena fazer uma cesárea, já que faltava tão pouco. Sugeriu que induzisse com ocitocina bem de leve, para fazer com que minhas contrações entrassem num ritmo mais rápido outra vez, já que havia horas que elas haviam estacionado. Fiquei com medo pois tinha lido que com cesárea anterior não deve haver indução. Rebeca me disse que neste caso nem seria uma indução, seria uma condução pois já estava muito perto. A ocitocina nesta situação somente iria fazer com que minhas contrações ficassem mais ritmadas, de minuto a minuto. Aceitei, mas acreditando que iria ser cesárea pois pensava que não seria capaz de suportar uma só contração. Estava certa de que não suportaria mais nada. Ficaram no quarto comigo meu marido, a equipe domiciliar e o médico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Às 10h30 foi iniciada a indução com ocitocina, o médico colocou glicose também e me deu uma reavivada, eu estava um caco humano. Quando as contrações voltaram de minuto a minuto, não tinha tempo nem de pensar. Fui pro chuveiro e lá fiquei, agachada e respirando profundamente a cada contração. Já não pedia Rebeca por perto, nem Simão, nem ningué<span style="font-family: inherit;">m. Não gostei da banqueta, sentia desconfortável, queria só ficar de cócoras mesmo. E as contrações foram ficando mais fortes, e meu intestino começou a esvaziar. A partir desse momento parece que tudo a minha volta perdeu importância….havia entrado na partolândia! Em um dado momento resolvi sair do chuveiro, foi meio instintivo, só sei que sentí “chega, preciso sair daqui”. Então me lembro de Rebeca me perguntando “Onde você quer dar a luz?”. Essa pergunta ativou meu cérebro “Dar a luz? Então eu vou parir por mim mesma?” Até então eu não estava acreditando que iria parir sem intervenção p</span>esada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Olhei de relance pelo quarto todo, vi um canto bem na frente da janela, no chão, apontei pra ele com o dedo, sem falar, sem sair daquele universo paralelo em que me encontrava. Fiquei apoiada num banquinho. Não estava legal, então pedi que Simão me sustentasse, pois queria ficar de cócoras. E começaram os puxos. A dor era muito intensa, e a cada contração vocalizava o mantra “A”, relaxava e soltava o períneo como havia treinado durante a gestação. Senti o círculo de fogo, uma ardência insuportável!!!! Mas estava acontecendo!!!! Enfim parir com consciência era parte da minha vida!! Após o círculo, a cada contração aquela vontade louca de fazer força. Me contive fazendo força de leve para não lacerar o períneo. Eu pensava durante a gestação que não saberia identificar o momento de fazer força, pois meu primeiro parto normal não tive essa percepção pelo tipo de parto que tive (deitada). No entanto, é tão instintivo que não tem como não saber!</div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>O médico perguntou se eu queria sentir ela, coloquei a mão e senti a cabecinha dela saindo, que alegria! Que vontade de gritar! Então continuei relaxando o períneo e fazendo a força suavemente. Quando saiu a cabeça, o médico desfez três voltas do cordão umbilical no pescocinho dela! Só soube depois, pois na hora não tive nem vontade de perguntar, precisava me concentrar. Foi num deslize e ela saiu, veio imediatamente para os meus braços! Fiquei atônita, parecia um sonho, eu tinha conseguido parir ela! De cócoras, como sonhei.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-_5ohg5BtrYUO1FNzzW3a5ZH-o6dXB61wqqh-HHN30HGmlNeeAb1QuKWLKdfQIkvzv5gFxd8e1AUJP55z5pkcq7UJhGM8iOsWNPcQ7jcZ3edPHhAlarlyZ44sEUE9Kff5g_J5He2HThBv/s1600/parto6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-_5ohg5BtrYUO1FNzzW3a5ZH-o6dXB61wqqh-HHN30HGmlNeeAb1QuKWLKdfQIkvzv5gFxd8e1AUJP55z5pkcq7UJhGM8iOsWNPcQ7jcZ3edPHhAlarlyZ44sEUE9Kff5g_J5He2HThBv/s320/parto6.jpg" width="272" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixLO3NyTVygQ078zDt0GD9wQB8D_oF7Rboi84uMYNTbELzTzIW2J7nzmsNN-eFj77SbMSYmKjfF6Z1xPRg2HYaRSf_I1ESbNDJ4oVtF08h63AwuyEsznAVUQ8gHHMhLxR5ScPizKmK53bz/s1600/parto5jpg.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixLO3NyTVygQ078zDt0GD9wQB8D_oF7Rboi84uMYNTbELzTzIW2J7nzmsNN-eFj77SbMSYmKjfF6Z1xPRg2HYaRSf_I1ESbNDJ4oVtF08h63AwuyEsznAVUQ8gHHMhLxR5ScPizKmK53bz/s200/parto5jpg.jpg" width="150" /></a><br />
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E ela estava ali nos meus braços, linda! Outra indiazinha, olhinho puxado, cabeluda! Muito cabeluda! Igualzinha às irmãs! Ficou em silêncio, e depois de uns <span style="font-family: inherit;">minutos espirrou, chorou! Coloquei ela em contato com minha pele. Ficamos com ela. Simão chorava também… e cortou o cordão umbilical após parar de pulsar!</span></div>
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Depois de uma hora mais ou menos, ele foi buscar nossas filhas mais velhas, por sorte conseguiram convencer na portaria a deixá-las entrar, e assim puderam conhecer a nova irmã logo na primeira hora.</div>
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Eu estava no céu. Era tanta adrenalina, queria falar, queria sair porta afora contando a todos, a energia que eu tinha era incrível, parecia que tinha usado um alucinógeno! Não parecia que havia ficado 38h em trabalho de parto! Estava renovada, forte, capaz de qualquer coisa!</div>
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Eu, com uma cesárea anterior, com 37 anos…me senti com muito poder! Tive uma laceração mínima que nem necessitou ponto! Períneo íntegro! Pensei que se meu primeiro parto tivesse sido assim, teria tido uma penca de filhos, um atrás do outro. </div>
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Uns 15 dias depois do parto, no entanto, bateu o arrependimento de ter ido ao hospital, quando escutei minhas filhas se queixarem de não terem visto Anahy nascer… Faltava tão pouco….Senti uma dor de não tê-las ao meu lado no parto, pois era um dos principais motivos de escolher o parto domiciliar. Passei dias chorando por isso, até compreender que naquele momento fiz o que meu instinto me pediu. Estava cansada, morta, sem forças. </div>
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Fazendo uma reflexão profunda sobre tudo que aconteceu, entendi que naquele momento do trabalho de parto eu ainda era aquela mulher-polvo, que queria abraçar o mundo, e nem no seu próprio parto abriu mão disso (em trabalho de parto, pensando nas crianças, sem desligar de nada, com a casa cheia)…. Aprendi muito de mim com essa experiência, me conheci demais, conheci meus limites, superei muitos medos, e parí todos eles junto com Anahy…E agora não sou mais a mesma mulher.</div>
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Serei eternamente grata à Rebeca, Fabi e Larissa por todo apoio que recebi, o respeito e carinho que tiveram comigo. Sem vocês, minhas amadas, eu não chegaria nem perto de viver o que vivi! Serão minhas irmãs do peito e de alma para o resto da minha vida! Amo vocês! Grata ao Lucas, por negligenciar meu pedido desesperado de analgesia! Esse médico apoiou minha decisão e teve paciência de sentar e esperar meu bebê nascer, enquanto fora do quarto seus colegas diziam “eu já teria feito uma episio, não tenho paciência para esperar tanto tempo, porque está parindo no quarto?”. </div>
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E o mais sublime dos apoios: Simão….meu companheiro fiel, firme, terno, de uma sensibilidade rara, homem lúcido e extremamente amoroso. Nosso laço foi fortalecido ainda mais, com mais esta experiência… Teria mais meia dúzia de filhos com este homem, que me apóia em todos momentos e decisões. A companhia dele foi fundamental, parceiro até debaixo d’água.</div>
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Às vezes quando conto a história de nascimento da Anahy escuto pessoas, mulheres em geral, dizerem “nossa, que guerreira que você foi”, “que coragem”, e coisas do tipo…Como a sociedade conseguiu impingir nas mulheres um medo de algo que elas são as únicas capazes? Digo sonoramente que todas somos guerreiras. A diferença é a assistência que as mulheres podem contar ao seu lado no momento do parto. Se toda mulher tivesse uma equipe humanizada com pessoas competentes, sensíveis, que trabalhem baseadas em evidências científicas, suportaria muito mais do que pensa ser capaz.</div>
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Realmente a humanidade esqueceu sua condição mamífera, o quanto a evolução nos deixou prontas para passar por este processo ao longo de milhares de anos…. Fiquei devaneando esta questão, pensando nas milhares de mulheres da espécie H. Sapiens que passaram pelo parto, desde os tempos remotos em que ainda éramos caçadores e coletores, tentando imaginar o universo físico e espiritual de cada uma, em cada geração... Viagens de bióloga…</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8mBZPibcS5MLz9iFU1W0rUipovnmVPtZwabY-eBUydM6F7kRcCCz0inZ4q198daWzfpAHR_Dl7zajo4y47gvuiYIeNgpFrrf5qi8jryUhf2iVOvQOidXR5N-Dqtf9ReOPmqfemfuq8WLJ/s1600/parto7.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8mBZPibcS5MLz9iFU1W0rUipovnmVPtZwabY-eBUydM6F7kRcCCz0inZ4q198daWzfpAHR_Dl7zajo4y47gvuiYIeNgpFrrf5qi8jryUhf2iVOvQOidXR5N-Dqtf9ReOPmqfemfuq8WLJ/s320/parto7.JPG" width="320" /></a></div>
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<span style="line-height: 100%;"> </span>O parto é um portal, de fato uma experiencia única na sexualidade de uma mulher, e que não pode ser vivido plenamente sem a assistência humanizada. Que a luz do conhecimento se faça para todas as mulheres e homens. Meu parto se deu, e mesmo não tendo sido exatamente como eu o desejei, foi lindo, foi o meu parto. Aprendi e renasci. E nada de lamentos, pois a luta está só começando…</div>
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...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-5110139530753968682016-05-24T20:22:00.002-07:002016-11-12T12:13:24.496-08:00Relato de nascimento do Dante - VBAC Domiliciar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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O parto do Dante começou lá em 2010 com o nascimento da irmã Aurora. Contei <a href="http://oquehadeerrado.blogspot.com.br/2012/06/relato-de-nascimento-da-aurora.html" target="_blank">AQUI</a> sobre o nascimento dela, da nossa busca por um parto humanizado e sobre toda violência obstétrica que sofremos. Foram 5 longos anos gestando mágoas e angústias, chorando escondido quando o aniversário dela se aproximava e eu relembrava tudo o que nos tinha acontecido.</div>
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Engravidei pela segunda vez Julho de 2015, naquele turbilhão de zika vírus e microcefalia que deixou todo mundo em pânico. Foi uma gravidez muito tranquila apesar do alarde por conta do vírus, e desde o momento em que eu peguei meu positivo no laboratório entrei em contato com a minha doula Rebeca Charchar pra saber o que faríamos. No nascimento da Aurora fiquei os 9 meses em contato com Rebeca, mas na hora do parto não quis chama-la e me arrependi amargamente. Dessa vez eu estava preparada e já fui logo acionando ela. Eu e o Luciano havíamos decido lá no nascimento de Aurora que, se tivesse um outro bebê, ele nasceria em casa. Depois do desastre que foi o parto de Aurora, nunca mais cogitamos um parto hospitalar. Dessa vez eu fiz uma poupança e guardei o dinheiro que recebia da minha bolsa de iniciação científica da graduação que ficou na "poupança parto". Quem recebe bolsa sabe que não é muito, mas fui juntando durante anos pra ter um valor bacana pro parto, caso eu engravidasse de novo.</div>
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Rebeca me falou que estava trabalhando com uma equipe legal e nova em Divinópolis, cidade vizinha a minha, e eu topei conhecer. Uma amiga muito querida engravidou na mesma época que eu, então consultávamos juntas e rachavamos o valor do deslocamento da equipe até Lavras, que é onde moramos. Fiz pré-natal com um médico que está se humanizando aqui na minha cidade e com a equipe que atenderia meu parto domiciliar. Aqui foi a primeira diferença que eu notei: as consultas com a equipe do PD (parto domiciliar) eram demoradas e tomavam a tarde inteira; elas conversavam não só comigo, mas com o Lu e com Aurora, tiravam dúvidas, conversavam sobre os meus medos, sobre o que eu queria pra mim e pro meu bebê. Era o tipo de consulta que eu gostaria de ter tido lá em 2010 quando tive Aurora e que a gente não encontra num pré-natal tradicional. Aurora media minha barriga junto com a Fabi (enfermeira obstetra, mas que eu vou chamar de parteira pq não consigo chamar de outro jeito), ouvia os batimentos do bebê, media minha pressão, enfim, ela participava de todo o processo da consulta e também tirava as dúvidas dela. Foi um pré-natal muito gostoso. </div>
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Resolvemos não saber o sexo do bebê e fazer o mínimo possível de ultrassons. Fizemos apenas 4 e o pré-natal foi totalmente não-invasivo, o oposto do pré-natal da primeira gravidez.</div>
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Conversei muito com a minha equipe sobre protocolos e procedimentos, pois conversando com amigas, minha mãe e minha avó, percebi um padrão sobre a bolsa rota (quem teve uma vez, em geral tem na segunda, terceira e etc), que foi o motivo que me levou pra cesárea na primeira gravidez, e ficou combinado que, caso a bolsa rompesse sem trabalho de parto, esperaríamos o que fosse necessário. Me lembrei da Alessandra, uma querida amiga minha que teve um VBAC depois de 150h de bolsa rota. Me lembrei das aulas de embriologia da graduação, onde a gente aprende que a bolsa serve pra proteger contra choques mecânicos e infecção. Procurei as evidências científicas atuais sobre bolsa rota e o que fazer em termos de procedimentos e etc. E tive me mente os relatos de pessoas cuja bolsa rompei com 20 semanas de gestação e que levaram a gravidez até o final e tiveram bebês saudáveis. Superei completamente meu medo de acontecer novamente uma bolsa rota através de informação e relatos. Fiz terapia e yoga antes e depois do parto pra me ajudar a trabalhar medos também. Meu único medo nessa gravidez foi acabar numa segunda cesárea desnecessária.</div>
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No dia que eu completei 40 semanas de gravidez, já estava de saco cheio de estar pesada, grande e sem mobilidade. Fim de gravidez é um porre, e só quem chegou a 40 semanas sem nenhum sinal de trabalho de parto sabe o sentimento de frustração que dá. No final de semana que completei as benditas 40 semanas, decidi dar uma desligada e fui num restaurante com amigos e no dia seguinte fui na casa de uma outra amiga almoçar e passar a tarde. De madrugada eu acordei molhada, fui no banheiro e troquei de pijama. Ainda pensei "porra Aretha, tu com essa idade e se mijando? Ainda bem que o Luciano tá dormindo" e voltei pra cama. O processo aconteceu mais umas 3 vezes até eu me tocar de que era a bolsa que havia rompido. Voltei a dormir e de manhã contei pro Lu, que abriu um puta sorriso. Eu já estava com contrações esquizofrênicas que nunca engrenavam desde as 37 semanas, e foi um alívio a bolsa estourar. Nesse dia eu tinha consulta com meu obstetra, que ia viajar no feriado de 21 de Abril e ía me deixar com uma GO de backup (o que tinha me causado muito estress na semana anterior, em que eu cogitei até ir pro RJ pra parir, mas como tava sem dinheiro decidimos manter o plano). Fui lá e não falei da bolsa, pq eu sabia que se falasse ele iria contar pra GO de backup e ela ía pressionar pra ir na maternidade. Impressionante como foi só pisar no consultório médico que minhas contrações pararam totalmente. Meu corpo rejeita 100% o ambiente hospitalar. Depois da consulta entrei em contato com a minha equipe e deixei elas de sobreaviso. Elas perguntaram se queriam que eu fosse, e eu disse que não e que ligaria quando as contrações ganhassem rítimo.</div>
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De noite eu e o Lu arrumamos a bolsa da maternidade (elas pedem pra deixar arrumado em caso de precisar transferir pro hospital), separei a roupinha que minha mãe havia comprado pro nascimento e fomos dormir. Dessa vez, diferente da primeira gravidez, eu menti descaradamente a minha data provável pra evitar parente ligando e pressionando, e também não contei sobre os planos de parto domiciliar. Eu tinha medo de dar errado de novo e de ter toda aquela pressão das pessoas em cima da gente. Querendo ou não, no final das contas eu acho que muita gente sempre torce pra dar errado só pra dizer o sonoro "eu avisei", então pra evitar a fadiga não contamos, e foi a melhor decisão que tomamos. </div>
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Acordei de madrugada com contrações dolorosas e de 5 em 5min. Às 5:30 da manhã, com 24h de bolsa rota, liguei pra equipe vir pq tava doendo muito e eu achei que tinha engrenado. Elas chegaram às 11h, e assim que amanheceu o dia as contrações ficaram completamente sem rítimo. Elas me examinaram e ficou decidido que elas ficariam aqui em Lavras pra me monitorar por causa da bolsa. A cada 6h lá vinha a Fabi ou a Larissa (obstetriz) com o sonar ouvir o coração do bebê, medir minha pressão e monitorar a temperatura (infecção geralmente causa febre). Era irritante esse monitoramento, mas foi legal receber esse cuidado, conversar e tê-las em casa. Lu fez um yakssoba e jantamos todos juntos. De madrugada voltei a sentir contrações regulares e fui pro chuveiro sozinha. Chorei muito nessa hora, achando que não conseguiria, que não iria dar certo. Rebeca e Fabi ouviram e foram lá conversar comigo. Saí do banho e tomei uma taça de vinho (pode me julgar, mas entre tomar um vinho suave a 7% e uma anestesia cavalar cheia de coisa e depois uma morfina no pós-operatório, optei pelo vinho), conversei com as meninas e relaxei. Tentei dormir de novo, pois já era o terceiro dia dormindo picado por contra das contrações. Fiquei puta com Fabi porque ela vinha olhar as contrações e me dizia pra ficar calma e tentar levar a vida normalmente pq, apesar da dor, ainda não era o trabalho de parto, e sim pródromos (contrações de treino). Eu quis matá-la nessa hora e pensava: "jesus, se isso é o treino, imagina quando engrenar?".</div>
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Amanheceu e de novo tudo ficou sem ritimo. Dessa vez as meninas resolveram ir pra um hotel que fica perto da minha casa pra nos dar privacidade, e voltariam pra monitorar a cada 6h. Rebeca me sugeriu fazer uma acupuntura pra ajudar e engrenar. Consegui uma consulta de última hora e dormi na sessão e depois dela, o que me ajudou a recarregar um pouco as baterias e melhorar meu ânimo. Ha essa altura eu tava com medo de ser vencida pelo cansaço. Entramos em contato com uma amiga da Rebeca que trabalha com homeopatia, e ela me sugeriu um remédio e algumas visualizações pra ajudar a engrenar o parto. Ligamos em todas as farmácias homeopáticas e conseguimos uma que fizesse o remédio pro mesmo dia, pois era véspera de feriado e tudo ía fechar. </div>
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Às 17h lá fomos eu e Rebeca buscar o remédio e já começei a tomar assim que peguei. Fomos caminhar na universidade (é o único lugar que dá pra andar aqui em Lavras) e lá tiramos fotos, conversamos e encontrei minha amiga professora de yoga, que me deu um abraço ótimo e mandou muitas boas energias. </div>
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Voltei pra casa com contrações a cada 10min. A Fabi e a Larissa vieram me monitorar de novo. Jantamos e fomos tentar dormir. Foi só todo mundo sair que o trem começou a pegar fogo! 1:30 da madrugada e eu liguei pra Rebeca pedindo ÇOCORRO MEL DELS MIM AJUDA que tava doendo PRA CARALHO. Não quis acordar o Lu pq queria que ele descansasse pra cuidar da Aurora no dia seguinte. Ela chegou aqui e eu tava estatelada no chão da sala, chorando de dor e a cada contração me desesperava. Aquelas contrações eram muito diferentes das de pródromos, e eu queria sair correndo de mim mesma pra escapar da dor. Rebeca me acalmou e me ensinou a respirar entre as contrações. Me lembrei das mentalizações e respirações da yôga, e lembrei também de um vídeo que minha professora tinha me passado que ensinava algumas vocalizações pra ajudar a dilatar. Fui vocalizando o "ahhhhhhhh" do início ao fim do parto. Rebeca sentou no sofá e eu no chão, e entre as contrações nós duas cochilávamos e ela me fazia cafuné. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBFEjz17AIOEZnJCt8ksFMDt7jlhXwIAWFQRNxrUDXzghjOrjM2UBQgljSHOti4n7BkQKp7nui4voSFMZMD4wJTILGPx8CglFm4CUwol6lL7C2NvsTsoY6FosvS4g2CsdwxEAaKPdFaJy-/s1600/IMG_1045.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBFEjz17AIOEZnJCt8ksFMDt7jlhXwIAWFQRNxrUDXzghjOrjM2UBQgljSHOti4n7BkQKp7nui4voSFMZMD4wJTILGPx8CglFm4CUwol6lL7C2NvsTsoY6FosvS4g2CsdwxEAaKPdFaJy-/s200/IMG_1045.JPG" width="200" /></a></div>
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De manhã, ainda com raiva da Fabi por me dizer que não era trabalho de parto ainda (como se a culpa fosse dela, coitada hahahaha), pedi pra Larissa vir monitorar. Ela monitorou às 6h. Lembro só de ter visto o dia clarear da janela da minha sala e do Lu e Aurora acordarem e fazerem o café. Depois disso o que eu vou relatar ficou meio borrado, pq eu fiquei LOUCONA. </div>
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Às 9h e pouca a Fabi veio monitorar de novo. Segundo ela, assim que ela entrou na porta me ouviu dando uns urros e falou "agora sim começou o trabalho de parto". Eu só lembro delas colocando a touquinha de parto, pois ficou bem marcado pra mim como "agora o parto começou e esse trem vai nascer". Eu tomei a homeopatia diluída na água das 17h do dia 20/4 até a hora em que o bebê nasceu. O Lu pediu pra minha amiga colega de barriga (e filha dela já havia nascido) levar Aurora pra casa dela pra brincar, pois eu já tava gritando loucamentchy. Apesar de ter preparado Aurora os nove meses da gravidez pra assistir o parto (vimos MUITOS vídeos de parto juntas, principalmente os com gritos. Mostrei e expliquei pra ela sobre bolsa, placenta, sangue e tudo o mais), o pouco de racionalidade que me restava dizia que era muito pra uma criança de 5 anos ficar sabe lá deus quantas horas em casa ouvindo a mãe gritar (pq eu não gritei pouco não minha gente!). Lá foi ela. </div>
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Me desliguei totalmente depois que Aurora foi pra casa das amigas. Não lembro do dia passar, só lembro de flashs. Uns dias antes do trabalho de parto, minha mãe me falou pra "desligar de tudo e não pensar" quando a contração viesse, e foi isso que eu fiz. A contração vinha e eu não pensava na dor, não pensava no bebê, não pensava em nada, só em respirar. Me concentrei 100% em respirar. Fui pro chuveiro, pra bola, pro quarto. Deitei e tentei dormir entre as contrações. Lembro de me darem comida na boca e de alguém aparecer com um canudinho pra eu tomar água e suco. Lembro de abraçar Lu e Rebeca. Minha contagem de horas morreu, pq eu esqueci o relógio completamente. Só lembro de me darem almoço e comida ao longo do dia. Depois o Lu me contou que eu, além de berrar igual uma louca, chamei muito o bebê e disse que queria conhecê-lo. Me contou também que eu chorei e em alguns momentos me confundi, achando que quem iria nascer era Aurora. Desse momento a única coisa que eu me lembro foi de pedir desculpas a ela por não ter conseguido protege-la e dar a ela o nascimento que ela merecia.</div>
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Eu tinha pedido pra não ter exame de toque e pra só enxerem a banheira no final, então quando ouvi o barulho da maquina enchendo a banheira sabia que o negócio tava acabando. Fabi colocou as pétalas de rosa (tiveram que ser artificiais e esterelizadas por conta do risco de infecção) e trouxeram Aurora de volta pra ver o irmão nascer. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8o_KlZM1I3Mufd2VybYTildFvCR2APZ_qYJwxjBpKMwM04A38hkpva3ehjeMM7pCaIHEvxYY2bFI5ETv9xdAOWx70vbYKziT_8xiSKlk-nCXt_o6aTeUiRnt2gJG6UThfPFTCgrWJXaJv/s1600/baby.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8o_KlZM1I3Mufd2VybYTildFvCR2APZ_qYJwxjBpKMwM04A38hkpva3ehjeMM7pCaIHEvxYY2bFI5ETv9xdAOWx70vbYKziT_8xiSKlk-nCXt_o6aTeUiRnt2gJG6UThfPFTCgrWJXaJv/s200/baby.jpg" width="200" /></a></div>
Lembro da Fabi me falar que se eu quizesse, podia fazer força. Fiz força um tempão e nada. Elas até colocaram o espelho pra ver se conseguiam ver a cabeça do bebê, mas não rolou. Elas acharam que eu estava no expulsivo, mas eu não senti puxos nem nada. Saí da banheira PUTA PRA CARALHO pensando "sáporra não acaba". Pedi o primeiro toque do trabalho de parto e estava com 8 cm de dilatação (vai até 10 cm). Perguntei que horas eram (eram 17h e poucas) e falei pro Lu ligar pra minha mãe vir que ainda dava tempo dela chegar aqui no dia seguinte (ela não sabia q eu estava em trabalho de parto).<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr_cFEF1_K0qGe38uqr4LdPivVhS6ZkZZD_tq4XUfJarh0d5hPqbjQ8LJNWZLFxziEikvIoDGZ1CeG-aD0FsHq8CqRy4OOivw2ec5nrcqApJKS7c7AkU59fnRAM7x7lh8iPkuObrG0R8ur/s1600/IMG_1008.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr_cFEF1_K0qGe38uqr4LdPivVhS6ZkZZD_tq4XUfJarh0d5hPqbjQ8LJNWZLFxziEikvIoDGZ1CeG-aD0FsHq8CqRy4OOivw2ec5nrcqApJKS7c7AkU59fnRAM7x7lh8iPkuObrG0R8ur/s200/IMG_1008.JPG" width="200" /></a></div>
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Nessa altura eu não aguentava mais. Lembro de olhar o celular do Lu e as contrações estarem a cada 1min, durando uns 40s. Fui pro chuveiro de novo e chorei. Já era de noite e tomei um banho pelando pq eu curto água quente. Sentei na banqueta embaixo do chuveiro e queria morrer. Lembro de conversar com a Rebeca e dela me falar pra perdoar todas as mulheres que optam pela cesárea, que agora eu entendia a dor. Falei pra ela que eu já tinha calçado as chinelas da humildade há 5 anos atrás, e que desde então eu tinha decidido não julgar a maternidade das outras. </div>
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Pedi pelo amor de deus pra aquilo acabar. Não aguentava mais. Eu tinha combinado com todo mundo que eles só me levariam pro hospital se eu ou o bebê estivessem em risco, mesmo que eu pedisse por analgesia. Rebeca novamente me ajudou com sua sabedoria e me falou que eu já tinha superado o parto de Aurora, que já tinham passado as 36h de bolsa rota do nascimento dela, e que eu estava construindo uma ponte para as mulheres com aquele parto. Que meu parto era o primeiro em 26 anos na minha família e na do Lu, que ía ser o primeiro parto domiciliar planejado de Lavras e que serviria de inspiração pra outras pessoas. Lembro de falar pra ela que eu não queria ser inspiração pra ninguém, que eu só queria que a roda do carma girasse em meu favor porque eu merecia aquele parto. Eu conquistei cada momento daquele parto, e eu merecia que o universo dessa vez me deixasse ser feliz. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV7xPew7yTJC1D1af7pVfNJNk2RaYaCeB2A3UhFDXuYoydKO74eDGIGtr0CT7zw2NElNcSUc3MjV7m1Dsm-dLZG1Evt9_2E3SFabri3rc5dQz8jP3_4yzUuA1dI4b4tK_IrefNpdvUpvcq/s1600/IMG_1071.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV7xPew7yTJC1D1af7pVfNJNk2RaYaCeB2A3UhFDXuYoydKO74eDGIGtr0CT7zw2NElNcSUc3MjV7m1Dsm-dLZG1Evt9_2E3SFabri3rc5dQz8jP3_4yzUuA1dI4b4tK_IrefNpdvUpvcq/s200/IMG_1071.JPG" width="200" /></a>Lembro do Lu me apoiar deitada na cama e cantar a "nossa música" no meu ouvido pra eu me acalmar, e foi muito gostoso poder viver esse momento com ele. Foi um momento muito feliz do meu trabalho de parto.</div>
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Tomei mais um pouco de vinho nessa hora, pois tava doendo muito e eu precisava de algo que me ajudasse a relaxar. Rebeca sugeriu fazer um toque e descolar as membranas, caso houvesse algum restinho ainda. Estava com 9 cm e a Fabi descolou o restante das membranas e falou que o colo tava quase completamente dilatado, e que se eu quizesse podia empurrar que o colo ía ceder e o bebê ía nascer. Não senti nenhum puxo. Nessa hora conversei grosso com o bebê e chamei ele na xinxa dizendo que ele precisava nascer, que nós queríamos conhecê-lo e estávamos prontos pra recebê-lo. Eu sabia o que fazer e como expulsar o bebê porque tinha treinado usando um aparelho que chama Epi-no, então agachei e exatamente no mesmo lugar e na mesma posição que eu usava o aparelho, resolvi quemeu filho ía nascer. Segurei no berço que tava do lado da minha cama, dei a mão pro Luciano e começei a fazer força. Fiz força e segurei, pro bebê não voltar a subir, e fui fazendo isso em todas as contrações. A Fabi colocou uma toalha e um espelho, e na hora que eu vi o cabelinho dele finalmente eu acreditei que meu bebê ía nascer de parto, na minha casa, e que tudo tinha dado certo. Foram 4 contrações e ele nasceu. Não deu tempo de Fabi colocar as luvas e de Luciano e Aurora trocarem de lugar pra ver o bebê nascer de outro ângulo. Fabi pegou o bebê e tirou a meia laçada que tinha de cordão,e em menos de 1 segundo eu já tinha puxado a criança da mão dela e tava lá conferindo os documentos pra ver se era menino ou menina. :) </div>
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Aurora acompanhou parte do trabalho de parto, o nascimento do bebê e da placenta e os três pontinhos na laceração que eu tive (ela quis ver dar os pontos, desconfio que vá seguir alguma profissão na área de saúde :). Deixei ela ver porque ela tava muito tranquila e confortável com a situação, e na segunda-feira foi lá contar pros amiguinhos da escola como tinha sido legal ver o irmãozinho nascer, a placenta sair. </div>
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Da placenta foi feito um desenho e ela está no meu congelador, aguardando ser plantada. </div>
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Alguns dias depois, minha filha me perguntou aonde a placenta dela tinha sido plantada. Me deu um nó no estômago e falei pra ela que no hospital onde ela tinha nascido, o médico não guardou a placenta e eu não tinha podido vê-la, ela tinha sido jogada fora. Ela me falou "que pena mamãe. Que bom que o Dante nasceu em casa e que não jogaram a placenta dele, senão você teria ficado muito triste de novo". Tive certeza de que ela, apesar de ser tão pequena, compreendeu que o problema não havia sido o nascimento dela, e sim o tratamento que tivemos. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigsbIjVsxJ0SG-S5VCZgcGODmZGBsSjFNQmFolMh08aUx7NG2w-m4gRAgbCcwnE1N7F8Ni0uPWD8HOIp7Q4cMuN-ff8K3hqlrBl7BJ4DgTjQafk7PvjeNR9g9A7AQxlDzAodsywobl2c_S/s1600/P4220913.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigsbIjVsxJ0SG-S5VCZgcGODmZGBsSjFNQmFolMh08aUx7NG2w-m4gRAgbCcwnE1N7F8Ni0uPWD8HOIp7Q4cMuN-ff8K3hqlrBl7BJ4DgTjQafk7PvjeNR9g9A7AQxlDzAodsywobl2c_S/s320/P4220913.JPG" width="240" /></a></div>
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Dante nasceu no dia 21 de Abril, dia de Tiradentes, contrariando sua mãe e nascendo no primeiro dia de touro (eu queria um ariano hahahaha), também no primeiro dia de lua cheia e em lua de Ogum. Nasceu com 3,530kg e 49cm, após uma cesariana e depois de 86h de bolsa rota, na minha casa, ao lado da cama em que foi feito, na presença da irmã e do pai. Foram 11h de trabalho de parto. Curei minhas feridas e consegui fechar um ciclo com esse parto. Renasci como mulher e como mãe, e encontrei a força que eu sabia que tinha dentro de mim. Nunca vou esquecer de minha amiga Simone me falando que não fui eu quem falhei no nascimento da Aurora, e sim o sistema que falhou comigo. Essa frase ficou marcada na minha memória e sou muito grata por você tê-la dito, minha amiga querida. </div>
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Se meu obstetra tivesse na cidade provavelmente ele teria se agoniado com o tempo de bolsa rota e iria querer induzir meu parto. Se meu parto fosse no hospital, eu teria tido outra cesariana por conta dos protocolos hospitalares pra bolsa rota.</div>
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Apesar de doer muito, a dor de um trabalho de parto nem se compara a um pós-operatório de uma cesárea. Eu tive os dois e posso falar com a boca cheia que dói muito menos ter um bebê em casa do que num hospital com anestesia e etc. Após a cesárea eu me senti quebrada, inútil e arrebentada. Depois de parir eu me senti eu, inteira, sem pedaços e sem ter que juntar os caquinhos. Isso fez toda diferença pra eu passar um pós-parto tranquilo.<br />
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Agradeço ao meu marido e minha mãe, pelo apoio incondicional. À minha filha, por me ajudar, me amar e me ensinar a ser um ser humano melhor todos os dias. À minha equipe fantástica pelo esforço, por topar comigo esperar e quebrar todos os protocolos hospitalares. À Rebeca Charchar por me auxiliar nesse parto que durou cinco anos. E às minhas amigas por me ajudarem a ter uma gravidez tranquila e feliz. :)</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-eWKhmLxRG3dF4vaGx9YaHcZwPpxSA_1ThIlfIC6KT56M4tIDd9T8APMs2fnCimSisJHQCxB2PmNGTOVpBZ91YezN69jkEJHPJe3cwbZvCLn3o2OdLmJO4_R6tuewZ8vfr_wCFh8z5ywN/s1600/100_8118.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-eWKhmLxRG3dF4vaGx9YaHcZwPpxSA_1ThIlfIC6KT56M4tIDd9T8APMs2fnCimSisJHQCxB2PmNGTOVpBZ91YezN69jkEJHPJe3cwbZvCLn3o2OdLmJO4_R6tuewZ8vfr_wCFh8z5ywN/s200/100_8118.JPG" width="200" /></a></div>
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...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-59034890560419685772016-05-07T10:39:00.004-07:002016-05-07T15:37:26.068-07:00Pelos direitos dos meninosQuando eu fiquei grávida pela primeira vez, torci muito pra ser um menino. Eu nem sabia o que era feminismo na época, mas sabia que não queria colocar mais uma mulher nesse mundo. A hora em que o médico disse "é uma menina", eu só consegui dizer "Porra Luciano, pra quê vc foi mandar o X?". Eu não sabia o porquê, mas não queria de jeito nenhum ter uma filha. Lembro de pensar "puta que pariu, mais uma sofredora nesse mundo"<br />
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Passei os nove meses da gravidez tentando achar uma saída pra conseguir criar uma mulher autônoma, que não fosse limitada pelo contexto social. Não queria que minha filha fosse uma vitima da sociedade. Queria destruir todas as estatísticas que gritam que meninas sofrem mais abusos, mais estupros, violência obstétrica e violência doméstica. Queria, literalmente, enfiar Aurora de volta na barriga. Até hoje eu e o pai dela fazemos um trabalho de tentar valoriza-la, de não aceitar limitações de gênero e tudo o mais. Não queria e nem quero que minha filha vire estatística. E é muito, mas muito desgastante. É um trabalho diário convencendo-a a nadar contra a corrente, a não aceitar quando os meninos não a deixam jogar futebol, a incentivar a ser esperta e inteligente, a pensar numa profissão ao invés de mofar esperando um príncipe encantado. É falar todo dia que ela não precisa ser bela, recatada e do lar, que ela pode ser o que quiser (inclusive, se quiser ser bela, recatada e do lar, tb pode, desde que seja por escolha e não imposição social). Sempre achei que ter menino fosse mais fácil, que eu não teria que me preocupar tanto se ela fosse um menino. Santa ingenuidade.<br />
<br />
Daí que eu engravidei de novo. Dessa vez resolvemos não saber o sexo do bebê, porque pra nós não importava e seria uma emoção muito legal descobrir na hora do nascimento. Foram 9 meses rodando lugares e catando roupa unissex. Foram 9 meses ouvindo merda de gente na rua que era melhor ter um casal pra ficar mais bonitinho. E eu passei 9 meses falando que queria outra menina, por puro despeito mesmo e pra evitar falatório de gente tosca na minha orelha.<br />
<br />
Mas a possibilidade de ser um menino me trouxe certas coisas a tona. Conversei muito com o Lu sobre infância, sobre padrões que a sociedade impõe nos guris desde cedo e comecei a ficar meio assustada. A realidade das meninas eu conheço, pq afinal de contas eu fui uma menina na sociedade brasileira não tem muito tempo, mas a dos meninos era um completo desconhecido pra mim. Não sabia nem limpar um pinto direito, que dirá saber dos dramas infantis dos muleques.<br />
<br />
O bebê nasceu, e tcharam, é um menino. Eu não tinha noção do que é ser um homem numa sociedade patriarcal até o Dante nascer e eu tomar um banho de balde de merda na cabeça já nas primeiras horas de vida: "e o tamanho do saco dele? é grande?", algumas pessoas perguntavam. Depois, quando saímos na rua, alguns conhecidos vinham logo dizer "nossa, ele tem mt cara de hominho, vai ser disputado". Ou então "esse vai dar trabalho hein?". E o garoto só tem 17 dias. DEZESSETE DIAS DE VIDA. Estou, até agora, chocada. Quer dizer, ele JÁ tem a obrigação de ser um garanhão, macho viril, reprodutor e HETERO. Não pode tratar mulher igual gente, pq já tem a obrigação social de "dar trabalho" no melhor estilo "prendam suas cabras que meus bodes estão soltos". Não pode usar roupa colorida, tem que ser azul, pq senão a tia da padaria não vai saber que é um menino, afinal de contas, onde já se viu homi usar a roupa rosa que herdou da irmã? E se ele for gay? E se ele for hetero, e mesmo assim quiser usar rosa e ser um cara sensível, qual o problema?<br />
<br />
Eu olho pro lado e vejo esse bebê, lindo, rosado e bochechudo que, por acaso, também tem um saco e um pênis, e não consigo pensar em nada mais do que "quero que ele seja feliz". Dane-se se ele vai "fazer sucesso com as mulheres", se vai jogar futebol, se vai beber com os amigos assistindo a libertadores no maior estilo clichê masculino, se vai chorar quando der vontade e brincar de casinha com bonecas se quiser. As escolhas são dele! Ele, nem nenhum menino, precisa ter a obrigação de ser viril e conquistador. É MUITA coisa pra uma criança tão pequena.<br />
<br />
E, pra coroar com chave de ouro, conversando com amigas descobri que meninos também são tão abusados quanto meninas. Que a diferença é que, por conta dessa palhaçada de contexto social, os meninos não falam. Que os meninos são obrigados a acharem o abuso uma coisa boa, pois ter alguém mexendo no pênis dele deveria ser motivo de orgulho e virilidade, independente da vontade deles. E que, pro meus espanto, vou ter tanta ou mais preocupação com o meu filho, justamente porque a sociedade brutaliza os meninos na mesma proporção em que fragiliza e incapacita as mulheres.<br />
<br />
Ao mesmo tempo em que me dei conta disso tudo, também percebi que, apesar de óbvio, o patriarcado também oprime os homens. Que ser obrigado a estar de pau duro o tempo todo também faz mal. Que não ter direito de chorar porque "é coisa de mulherzinha", que não poder pedir colo pra mãe, é tão escroto quanto dizer que uma menina não pode fazer determinada coisa porque ela é menina. E que mudar de perspectiva é importante pra não ficarmos engessados. Principalmente, que eu vim pra esse mundo pra pagar a minha língua e engolir todos os meus preconceitos em uma encarnação só, pq justamente quando eu achei que tava "salva", me vem mais um desafio.<br />
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<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-23034328107287905242015-02-04T10:35:00.002-08:002015-02-04T10:47:49.269-08:00Medidas pra enfrentar a crise hídrica a longo prazo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNY3atbAvKEqoY3-MGzi05kW7DHQJPmVvaIJSfh2FSRy7ZGGiyVNmsBIH7HFSQ4mfiyxkM28Bwnodf9Q-zvP0utsy3QpIQH1FpCKEqRgqu19quMHd6YgYmA5CoqUyFR7t3bol1psrPc7Gb/s1600/SDC10015.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNY3atbAvKEqoY3-MGzi05kW7DHQJPmVvaIJSfh2FSRy7ZGGiyVNmsBIH7HFSQ4mfiyxkM28Bwnodf9Q-zvP0utsy3QpIQH1FpCKEqRgqu19quMHd6YgYmA5CoqUyFR7t3bol1psrPc7Gb/s1600/SDC10015.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
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Não sei se eu já cheguei a comentar aqui, mas eu trabalho com ecologia vegetal. Esse ano muita gente vem falando seca e etc, e queria dizer que isso é tudo mentira. Não existe seca nenhuma, tá chovendo do mesmo jeito que chove nos outros períodos (uns anos chove mais, nos outros menos e sempre foi assim) e que a falta de água era tragédia anunciada a pelo menos uma década. Se falta água é porque a gente vota errado, consome errado e não se preocupa com o que tem que se preocupar. </div>
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Eu ouvi a minha vida inteira que eu sou eco-chata, radical e xiita, e hoje fico feliz que as pessoas estejam aprendendo (mesmo que a duras penas) a ter alguma consciência ecológica - já que aparentemente não aprendemos nada com os apagões de 2001. A culpa não é do PT, não é do Alckmin e essa é a hora de todos assumirmos responsabilidade: a culpa é da pessoa que te encara no espelho. A culpa é nossa que a água esteja acabando, pois deixamos a tv ligada sem ninguém assistir, fazemos churrasco todo final de semana e compramos, compramos e compramos muito mais do que precisamos. Enfim, nessa vibe de repensar as coisas, resolvi escrever esse texto porque em alguns grupos que eu participo as pessoas estão começando a acordar sobre esse assunto e se mobilizando. Espero que a sociedade no geral comece a conseguir pensar a longo prazo e que haja uma mudança de mentalidade coletiva, pq senão vai faltar água mesmo e acabou-se.</div>
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- consumir menos, bem menos, em termos de coisas embaladas e tudo o mais. dê preferência pra alimentos frescos e não industrializados.</div>
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-por falar em consumo, compre mais roupas, pq água não dá pra ficar comprando, mas ter mais roupa ajuda a economizar nas lavagens e etc.</div>
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- use ao máximo que conseguir as roupas que vc tem. ao invés de trocar todo dia, usa até ficar insuportável.<br />
- Comer menos carne também é essencial. Um kg de boi conseme quase 15mil litros de água pra ser produzido. O desmatamento da amazônia é, em grande parte, culpa do agronegócio e do mau uso da terra. </div>
<div style="text-align: justify;">
Tem receitas sem carne e sem leite maravilhosas no <a href="http://www.papacapimveg.com/" target="_blank">papacampim veg</a></div>
<div style="text-align: justify;">
- pode parecer ridículo, mas não comprar coisa da china tb é uma parada interessante pra se pensar em termos de mundo, pq eles poluem pra caralho e desmatam horrores.</div>
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- comprar produtos de beleza com certificação orgânica ou selo verde garante que o impacto que foi necessário pra confecção do produto é mínimo.</div>
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-educar os filhos pra poupar água e ter consciência ecológica. "deixar filhos melhores pro nosso planeta".</div>
<div style="text-align: justify;">
- hortas coletivas em espaços comunitários. tem um pedacinho de terra no parquinho? planta alguma coisa! cabe um vaso no playground do prédio? planta! qualquer espacinho dá pra fazer uma hortinha legal.</div>
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- pra quem mora em apartamento, coloque vasinhos nas janelas com plantas do tamanho que der. todo verde ajuda</div>
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- plante árvores em espaços coletivos. tem várias iniciativas e vc pode se voluntariar em alguma delas. Árvore é a única coisa que segura água e protege as nascentes. </div>
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- ver projetos de recuperação de matas ciliares, pq são elas que protegem os leitos dos rios. se puder se engajar ou divulgar esses projetos, todos ganham.</div>
<div style="text-align: justify;">
- No <a href="http://vidaorganizada.com/organizacao-pessoal/equilibrio/saude-higiene/como-se-organizar-quando-a-agua-acabar-e-o-que-voce-pode-fazer-desde-ja-para-que-isso-nao-aconteca/" target="_blank">vida organizada</a> tem muita dica fantástica. </div>
<div style="text-align: justify;">
- composteira em casa também ajuda a reduzir o volume de lixo, que contamina menos os leçois freáticos e etc. aqui ensina a fazer uma composteira simples: </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://ytimg.googleusercontent.com/vi/P-kJf_Ut3M8/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="http://www.youtube.com/embed/P-kJf_Ut3M8?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
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<div style="text-align: justify;">
- trocar livro de papel por e-book. tem vários aplicativos tipo o kindle, kobo, ipad e até smatphone que lêem livros em pdf e outros formatos. -> menos papel, menos desmatamento, mais árvores, mais água</div>
<div style="text-align: justify;">
- o mesmo do livros vale pras revistas e jornais. muitos deles já veem em formato digital hoje em dia. é a mesma lógica do papel.</div>
<div style="text-align: justify;">
- organizar feiras de trocas também é uma ótima. a gente sempre acaba precisando de algo ou as crianças perdem roupas e calçados, brinquedos. trocar é uma ótima forma de conseguir coisas novas sem gerar mais consumo.</div>
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- No <a href="https://jardinagemlibertaria.wordpress.com/tag/horta-coletiva/" target="_blank"> jardinagem libertária</a> tem muita coisa sobre hortas coletivas e urbanas</div>
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<div style="text-align: justify;">
E tudo o que vc fizer a partir de agora tem que ser pensado a longo prazo. tem que repensar as relações de consumo, pensar sempre se precisa mesmo comprar e ter tanto, se não dá pra ir a pé ao invés de usar o carro, se não rola de plantar uma trepadeira na varanda pra não precisar ficar com o ar condicionado ligado o dia inteiro por causa do calor, tacar semente em todos os lugares possíveis (terrenos baldios, casas abandonadas).</div>
...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-62912512077288070652013-12-05T03:20:00.001-08:002013-12-05T03:20:03.703-08:00Alergia a proteína do leite de vaca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6gJ-BxOK5yT1U7H5c3fC0xbzCTLsWroWJ57Ht4VM0xfC7xlgwTNKVk_DvKXT_pxHILImcD9EW744De8MvMSF6YM1q5F2YBfAziHZRcebfq9db3LiMo0Xpuf2egFuaWZBvBI8CnL7ZPNZ/s1600/dairy-products.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh6gJ-BxOK5yT1U7H5c3fC0xbzCTLsWroWJ57Ht4VM0xfC7xlgwTNKVk_DvKXT_pxHILImcD9EW744De8MvMSF6YM1q5F2YBfAziHZRcebfq9db3LiMo0Xpuf2egFuaWZBvBI8CnL7ZPNZ/s400/dairy-products.jpeg" width="400" /></a></div>
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Sumi mas revivi. Ando morta com farofa com as coisas da faculdade e da vida e não tem rolado muita inspiração pra postar aqui no blog, mas pretendo mudar isso de alguma forma. Dadas as devidas explicações, vamos ao texto.<br />
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Não sei se eu cheguei a comentar aqui, mas no final do ano passado descobrimos que Aurora tem alergia a proteína do leite de vaca. Não é intolerância a lactose, nem alergia ao leite, que são coisas completamente distintas. Vou falar um pouquinho de cada coisa baseada no conhecimento que eu adquiri nesse 1 ano de mãe de alérgica e que fui acumulando através de leitura de grupos especializados no tema no facebook, artigos científicos e rotina.<br />
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A intolerância à lactose é a dificuldade ou a incapacidade de digerir o açúcar do leite (essa parte eu copiei igualzinho a minha amiga Ane Aguiar me explicou). Em geral pessoas intolerantes tem reações mais brandas quando entram em contato com o leite, que podem variar de desconforto abdominal e diarréia a vômitos e outros sintomas mais "amenos". Costuma ser mais comum em adultos, sendo poucas as crianças de fato intolerantes.<br />
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A alergia a proteína do leite de vaca é uma coisa um pouco mais complexa. Em geral aparece no primeiro ano de vida e costuma curar (se tomados os devidos cuidados) por volta dos 6 ou 7 anos. Segundo o gastropediatra da Aurora, se depois dessa idade de vida a criança continuar a manifestar os sintomas da alergia, provavelmente ela será alérgica pro resto da vida. Esse tipo de alergia consiste numa reação do sistema imunológico, em que o corpo vê aquela proteína como um organismo estranho, liberando anticorpos. É muitissímo comum em crianças (estima-se que aproximadamente 60% das crianças tenham esse tipo de alergia) e tem cura.<br />
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Existem dois tipos de alergia a proteína do leite de vaca: a alergia mediada e a não-mediada. Em crianças com alergia do tipo mediada, o diagnóstico é mais fácil, pois em geral esse tipo de alergia pode ser rastreada através de exames de sangue. A criança com alergia mediada, quando em contato com os produtos que provocam as reações, manifestam sintomas como vermelhidão no local que foi tocado, pontinhos vermelhos tipo picada de mosquito no corpo, inchaço, vômito, diarréia e até choque anafilático. É muito importante fazer essa diferenciação, pois os alérgicos tem um problema muito maior com o leite do que os intolerantes, visto que esse tipo de alergia pode provocar choque. Se um intolerante entra em contato com o leite, ele vai passar mal por um tempo e em geral fica tudo bem, mas se um alérgico entrar em contato com esse tipo de alimento, pode ter um choque e necessitar de cuidados médicos urgentes. Conheço inúmeras mães de alérgicos mediados que, dentre todas as coisas que a gente carrega quando sai de casa com uma criança pequena, precisa andar com adrenalina dentro da bolsa pro caso da criança entrar em choque e não acontecer algo mais grave.<br />
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A alergia não-mediada, que é a que Aurora tem, é a mais chata de todas no sentido do diagnóstico, pois não é possível rastrear com exames comuns. A criança não-mediada apresenta sintomas brandos, porém persistentes, que vão debilitando a longo prazo devido à dificuldade em se fechar o diagnóstico. No caso de Aurora, o sintoma recorrente foi o não ganho de peso. Aurora passou 1 ano sem engordar e crescendo pouco. Ela sempre foi uma criança pequena e magra, mas chegamos ao ponto em que ela estava abaixo da curva vermelha de ganho de peso (e eu já arrancando os cabelos) e graças a minha anjo Ane, conseguimos fechar o diagnóstico. Aurora, além de não ganhar peso, tinha diarréias frequentes que duravam 10 dias, todos os meses. No começo achamos que era virose da creche, mas com o passar do tempo e depois de rodar 6 pediatras e um alergista sem diagnóstico, começei a fuçar o que poderia ser isso e finalmente descobrimos.<br />
<br />
Os sintomas da alergia são muito inespecíficos. Tem criança que faz cocô com sangue e/ou muco, algumas apresentam sintomas semelhantes ao refluxo, inchaço, catarro frequente, vômitos, diarréia, vômitos com sangue, irritação cutânea, assadura persistente e que vai se agravando ao longo do tempo e mais uma série de coisas peculiares que deixam os pais malucos. É importante salientar que no caso de sintomas gástricos o alergista não vai resolver o problema, e que o ideal é o trabalho conjunto dos dois.<br />
<br />
As chances de cura são grandes se a família (e aí tem que ser todo mundo!) entrar no jogo e excluir definitivamente os produtos com leite e derivados da casa. Também é necessário fazer o controle de <u>traços</u> da proteína do leite. Os traços são pequenos "restos" de proteínas que ficam nos alimentos e utensílios utilizados pra preparar a comida. Nesses casos, o recomendável é trocar as panelas da casa ou separar uma panela nova para cozinhar apenas os alimentos que a criança vai poder comer. Até o pão da padaria pode ser o vilão, pois a gente nunca sabe se a bancada estava limpa quando o padeiro foi fazer a receita, se a moça utilizou o pegador no pão doce com leite e depois foi pegar o pão normal, enfim. Aqui tivemos que trocar tudo, até a bucha da pia pra não contaminar as coisas de Aurora. Compramos uma máquina de pão e fazemos pão em casa e dificilmente comemos na rua. O sacrifício é grande, mas ver seu filho ficar só pele e osso é pior ainda.<br />
<br />
As chances de cura também aumentam muito se a mãe amamenta (nesse caso a mãe também tem que fazer dieta de restrição de leites e derivados) pois o leite materno tem efeito similar a um cicatrizante no organismo da criança. Outro fator que o gastropediatra da Aurora falou e que eu desconhecia é que ter parto normal é extremamente benéfico pra criança pois, ao passar pelo canal vaginal, o bebê entra em contato com as bactérias da vagina da mãe e isso faz com que a criança receba "up" no sistema imune. Outra coisa que me chamou a atenção foi quando o gastro tocou no assunto das cesarianas, principalmente porque, segundo ele, os pediatras brasileiros estão sendo cobrados em congressos internacionais a responder sobre os números abusivos de partos cirúrgicos no Brasil, que levariam a um aumento considerável na taxa de nascimentos prematuro e... TCHARAM, aumenta o número de alérgicos! Não conseguí checar essa informação pois o meu acesso ao publimed e outros periódicos especializados em medicina é restrito, mas sinceramente? Pra mim essa informação faz todo sentido do mundo.<br />
<br />
É importante lembrar que crianças alérgicas não podem consumir produtos do tipo "sem lactose" ou "lactose free", pois esses produtos ainda contém as proteínas do leite que provoca reações. Produtos sem lactose não contém o açúcar do leite, que provoca reações em pessoas intolerantes. Alérgicos não devem consumir esses produtos de forma alguma!<br />
<br />Vou deixar abaixo um vídeo bastante completo sobre o tema com uma entrevista que eu dei pro jornal local daqui de Lavras.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/3GHl-H9INoo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
abaixo alguns links de grupos de apoio a mães de alérgicos que eu participo no facebook e que me ajudaram muito a manter a sanidade mental, indicando profissionais, dando colo quando eu achava que a coisa tava feia, passando receitas fantásticas pra substituir as coisas que eu tinha vontade de comer e, principalmente, que passam um tipo de informação tão específica que pouquissímos médicos tem pra passar pra quem vive essa realidade de alergia.<br />
<br />
Meu Filho é Alérgico a Leite: https://www.facebook.com/groups/mfal1/?fref=ts<br />
Amigas da Alergia: https://www.facebook.com/groups/200704536609856/?fref=ts<br />
Grupo Virtual de Amamentação (lá tem muita mãe de alérgico e é indispensável que as mães que queiram amamentar entrem nesse grupo!): https://www.facebook.com/groups/266812223435061/?fref=ts<br />
<br />
Peço desculpas se houver alguma informação equivocada ou coisa do gênero, então por favor, se você ver algum erro conceitual nesse texto, me avisa que eu corrijo ok?...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-26642152253640623422013-04-04T12:23:00.003-07:002013-04-04T12:23:44.768-07:00Parto normal após 3 cesáreas (VBA3C) da Vanessa Pangaio<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWYjfeHQg0O1y25uSxP9UYJiTmMo8hnRc-n-cIpl-XXiCHYrIBa0UBg6p-AFZb8O13D5oPJY7tQcrD7iOu7cyy1ETr5krq_hPNWDArwp-OMzoyWs1IMdRXEFxcTpJmkrEjvLUuwZ-6lVgX/s1600/DSC_0666.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWYjfeHQg0O1y25uSxP9UYJiTmMo8hnRc-n-cIpl-XXiCHYrIBa0UBg6p-AFZb8O13D5oPJY7tQcrD7iOu7cyy1ETr5krq_hPNWDArwp-OMzoyWs1IMdRXEFxcTpJmkrEjvLUuwZ-6lVgX/s1600/DSC_0666.jpg" height="320" width="206" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 24px;"><i>Aproveitando a deixa do programa "Encontro" da Fátima Bernardes em que a Vanessa participou lindamente falando sobre parto normal, publico aqui o relato dela.<br /><br /></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";">Minha história como
mãe....<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"> Não teria como relatar minha
conquista do meu parto normal sem contar toda trajetória das minhas gestações
anteriores. Minha vida como mãe começa aos 16 anos quando fiquei grávida pela
primeira vez, até então tinha na cabeça que teria um parto normal mais quando
comecei a ter as contrações que achávamos que já era pro parto liguei pro
médico o mesmo me mandou ir ao hospital e disse que ainda não tava dilatando
que provavelmente demoraria muito ainda, eu sem informação e com muita
ansiedade em conhecer meu primeiro filho
me deixei levar pelas palavras dele e cai na primeira cesárea em 14/09/1999,
onde nasceu Fernando. A segunda gravidez demorou pra acontecer engravidei
novamente no ano de 2007 e a DPP do João Vitor era próxima do aniversário do
meu esposo então ainda sem muita informação sobre os riscos de uma cesárea
eletiva e querendo presentear meu esposo com o nascimento do nosso filho, caí
na segunda cesárea segundo o médico eu a merecia. A terceira gravidez aconteceu
em fevereiro de 2010 nessa eu já queria muito um parto normal , pois a
recuperação de uma cesárea era muito difícil e dessa vez eu ia ter que me virar
sozinha pois minha mãe estava trabalhando e não teria como me ajudar, mais
quando questionava os médicos pelo parto normal , eles vinham com aquela
resposta " seu útero não aguenta, se você entrar em trabalho de parto ele
vai romper", e com toda pressão de casa desisti pois achei que eu era
louca e estava colocando tanto minha como a vida de meu filho em risco sem real
necessidade, então no dia 29/12/2010 nasceu Gabriel, fiquei frustrada, não me
conformava em ter desistido do meu parto , não consegui amamentar,era como se
involuntariamente eu o rejeitasse, chorei muitas vezes por me sentir incapaz de
ter lutado pelo que eu queria, dessa vez roubaram meu parto, eu me permiti ,
não briguei pelo que eu queria, minha recuperação foi horrível, sentia muitas
dores na cicatriz, e além de tudo havia ficado uma marca na alma. Então quando
o Gabriel tinha uns três meses engravidei novamente, fiquei apavorada com a
idéia , mais logo depois foi constatada que era uma gestação anembrionária e
com aproximadamente 12 semanas meu corpo se encarregou de fazer o aborto,
fiquei triste com tudo isso, mais tinha que seguir em frente. Foi aí que falei com meu esposo quero fazer
um plano de saúde, pra quando tivermos outro filho eu escolher como quero que
ele nasça, tola eu não sabia como estava
o sistema obstétrico no nosso país. Daí num descuido de um dia veio a quarta
gestação,não estava nem atrasada e já sabia que estava grávida. Comecei a fazer
o pré-natal com GO do plano e em torno de 12 semanas comentei com o médico que
queria ter normal , não queria ser submetida novamente a outra cirurgia, daí
ele me sentenciou a morte, me chamou de louca, fez questão de escrever no meu
prontuário para que caso eu viesse a óbito minha família não o processasse,
mais dessa vez não me deixei abater, argumentei com ele que era possível sim e
que iria correr atrás do meu desejo .
Deus então colocou na minha vida Aline Amorim (doula) que teve toda
paciência em me mostrar que com plano não ia parir de novo, me vi perdida , como em seis meses ia
conseguir o dinheiro pra pagar uma equipe pra realizar meu sonho de parir,
porque eu sabia que era capaz e queria muito, então comecei a buscar e algumas
meninas dos grupos Parto Natural, VBAC, GPM e Fralda de Pano Moderna resolveram me ajudar ganhei algumas coisas e
comecei uma campanha pra levantar o dinheiro pra poder pagar a equipe. Não
tenho como deixar de dizer que nessa gravidez Deus me abençoou grandiosamente,
minha saúde estava perfeita, pessoas do Brasil todo se mobilizaram por mim,
confiaram na minha capacidade e resolveram abraçar minha causa, fui as reuniões do ishtar onde cada vez mais
ficava certa de que eu ia conseguir, claro que tinha alguns medos mais que não
me deixaram abater, enfim com muita luta
consegui arrecadar todo o dinheiro do parto, só faltava agora chegar a hora
dele nascer... <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"> Enfim a hora chegou...<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"> No domingo do dia 25/11/2012 passei o dia
me sentindo desconfortável estava com 41 semanas e nada havia acontecido, meu
marido que estava no Rio tinha que vir pra casa eu não queria que ele viesse
era como se meu eu já soubesse que as coisas iam acontecer, pois bem
aproximadamente às 4:00 da manhã a bolsa
rompeu logo vieram as contrações, liguei pra Aline pedindo que ela viesse e já
fiquei no chuveiro, relaxando um pouco... Logo Aline chegou e ficamos conversando,
as contrações vinham, mss eu consegui suportá-las , Aline fazia massagens por
algumas vezes, outras vezes eu ia pro chuveiro, conversávamos e assim o tempo
passava e eu não percebia, logo chegaram Maíra e Valéria, Maíra (parteira)
monitorou Raphael e seus batimentos sempre ótimos, conseguia relaxar bem entre
uma contração e outra e em alguns momentos consegui até cochilar...Maíra
precisou ir embora buscar seu carro e Valéria trocar a câmera pois tinha pego a
do seu esposo, acho que não esperavam que fosse tudo acontecer tão rápido..rsrs...
realmente não consegui ver o tempo passar, por volta de 15: 00 comecei a sentir
os puxos do expulsivo, veio a vontade de fazer força, era incontrolável, essa
parte pra mim foi a mais tensa, ainda estava em casa... Aline logo pediu que
chamasse o táxi , minha mãe ficou nervosa com receio que nascesse em casa,
enfim com muito custo consegui descer as escadas e entrar no táxi,nessa parte
lembro vagamente das coisas, na chegada no hospital mais problemas não queriam
fazer minha internação alegando não ter vaga e que só trabalhavam com
procedimentos agendados ou seja "cesária", mas depois de muita luta
da Aline e Valéria e de quando arrumei forças pra descer do táxi , Maíra me
auxiliou até a recepção, lá veio outro puxo e vontade de fazer força, me
agachei no chão e veio aquele gemido e rapidamente vieram com a maca... às
16:41 aproximadamente pois ninguém lembrou de ver a hora Raphael nasceu na
banqueta de cócoras após três forças, foi um momento mágico maravilhoso, poder
sentir seu corpinho passando pelo canal , nosso primeiro momento junto não foi
roubado logo ele veio pro meu colo e mamou, pude senti-lo quentinho ,
escorregadio e com aquele cheirinho delicioso, nesse momento só me veio na
cabeça os meus partos roubados os filhos que não pari por culpa desse sistema
obstétrico que nos levam a fazer cesária, ali nasceu junto com o Raphel uma
nova Vanessa que soube que era capaz que podia sim, sentir suas contrações,
sentir os puxos do expulsivo e trazer seu filho ao mundo de forma natural, sem
ocitocina, sem analgesia , enfim sem esses procedimentos rotineiros... Rapha
nasceu em 12 hs de trabalho de parto com 50 cm, 3,650 kg e apgar9/10 e tive uma
pequena laceração e só fiquei trsite porque meu marido não pode participar...<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"> Não sou muito boa em escrever e expressar
meus sentimentos espero que com esse relato vocês consigam vivenciar toda minha
felicidade em ter conquistado o meu tão sonhado parto ... e quero agradecer
demasiadamente Aline Amorim minha doula que sempre teve muita paciência comigo
e me mostrou esse mundo tão maravilhoso da humanização..Marcos Nakamura
obrigada por ter me passado tanta confiança me mostrando que era possível sim, Ana
Fialho, Karine Vasconcellos, Malila Wrigg, Maíra Libertad, Valéria
Ribeiro,Ingrid Lofti, Juliana Fernandes Monteiro, Luciana Fernandes, toda
mulherada do Ishtar e enfim aos grupos de parto que faço parte que contribuiram comprando as rifas para que
eu pudesse pagar meu parto e conquistar meu VBA3C...</span></i><span lang="pt" style="font-family: "Bell MT","serif"; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: "Bell MT";"><o:p></o:p></span></div>
...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-75563269397861250842013-02-24T08:55:00.000-08:002013-04-04T12:24:08.715-07:00Parto normal após cesárea com 13 meses de intervalo! (VBAC da Thais Costa)<i>Lembram da Thais, que eu coloquei o relato <a href="http://oquehadeerrado.blogspot.com.br/2012/02/o-relato-da-thais-realidade-da.html" target="_blank">aqui</a>? A Thais sofreu violência obstétrica no nascimento da primeira filha e estava tentando um VBAC (parto normal após cesárea). Aqui vai o relato:</i><br />
<i><br /></i>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh99t9iIDxFj-XaXlnEX-degRpzvV2iZSXJ3X5W7T1tuJ1EsiWqkOrSJeVdzl9GCnLmCfGSqE4xovbYuljtrTr8xUvkLWZysyaqPspUPExewQLOl5CdYF_np-_-EPb2VMZBPWEtid00SsWD/s1600/thais.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh99t9iIDxFj-XaXlnEX-degRpzvV2iZSXJ3X5W7T1tuJ1EsiWqkOrSJeVdzl9GCnLmCfGSqE4xovbYuljtrTr8xUvkLWZysyaqPspUPExewQLOl5CdYF_np-_-EPb2VMZBPWEtid00SsWD/s1600/thais.jpg" height="321" width="400" /></a></div>
<i><br /></i>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Desde o nascimento da Cecília nós usávamos camisinha e coito interrompido quando dava tempo de fazer alguma coisa, dia 11/09/11 tivemos um “acidente de percurso com a camisinha” teoricamente eu não estava no período fértil, mas como só havia menstruado uma vez após o nascimento da Cecília, eu tomei a pílula do dia seguinte para desencargo de consciência, ela tinha menos de 5 meses e engravidar de novo era algo inimaginável por vários fatores: idade da Cecília, financeiro, profissional, psicológico e o que mais pesava era a forma como a Cecília havia nascido. Gravidez pra mim era algo ameaçador, era correr o risco de passar todo aquele horror de novo, de ser cortada e agredida novamente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, só dia 24/09 fazendo lista de supermercado me dei conta de que não havia usado o pacote de absorventes do mês anterior. Quando fiz as contas senti um gelo na espinha... Estava com 4 dias de atraso, como seria meu 2º ciclo menstrual após a Cecília, eu pensei que pudesse ser um descontrole fisiológico e me acalmei, comprei um teste de farmácia só por desencargo de consciência e fui pro banheiro. Fiz xixi no palitinho e quando trouxe pra perto dos olhos já estava lá a 2ª listra aparecendo tímida e ficando cada vez mais forte.</div>
<div style="text-align: justify;">
Gritei meu marido do banheiro e comecei a chorar desesperadamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu estava grávida de novo! </div>
<div style="text-align: justify;">
Meu marido com seu otimismo irritante se agarrava ao 0,01% de margem de erro do teste de farmácia, fiz de outra marca e deu positivo também. O dia amanheceu e fui pro laboratório, quando puncionaram minha veia percebi o sangue mais ralo por causa da hemodiluição fisiológica da gravidez... Antes mesmo do resultado comecei a me conformar com a minha nova condição de puerpera grávida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Diferente da primeira gravidez que demorei para aceitar, eu não desejava que aquele bebê não existisse, de certa forma me sentia feliz em saber que teria outro filho, mas a possibilidade eminente de outra cesariana me atordoava, eu não podia passar por essa vida sem parir um filho, esse sempre foi um desejo muito vivo em mim, e a falta de grana e o intervalo da cesárea da Cecília me faziam sentir esse desejo escapar entre os dedos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por volta de meio dia eu acessei o site do laboratório e já não existiam mais dúvidas, estava lá meu positivo! Gritei meu marido que estava no quintal brincando com os cachorros e quando ele me viu chorando na sala abriu um sorriso enorme e disse que daria tudo certo, que faríamos tudo que estivesse ao nosso alcance para que esse bebê nascesse com respeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não tinha muitas opções aqui no Vale do Paraíba, me sentia insegura em tentar novamente um parto domiciliar, precisar de hospitalização e cair nas mãos de outro plantonista infeliz, então saí procurando uma saída para conseguir parir esse bebê.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Kal que foi minha companheira de barriga na gestação da Cecília me disse que conhecia um médico aqui da região que já havia feito alguns partos leboyer , pesquisei na internet e descobri que ele participou do primeiro parto leboyer realizado no Brasil na década de 70. E lá fui eu atrás dele. ..</div>
<div style="text-align: justify;">
As consultas eram bem mais caras que o valor praticado aqui na região, a nossa situação já estava mega apertada, eu ainda recebia a licença maternidade, mas sabia que não voltaria a trabalhar quando ela terminasse, pagamos aluguel, temos 5 animais em casa e um bebê de pouco mais de 4 meses, mas, estávamos dispostos a qualquer sacrifício. </div>
<div style="text-align: justify;">
Fui a primeira consulta por volta das 4 semanas de gestação, gostamos dele, era atencioso, trabalhava com evidências e disse que o intervalo não dizia muita coisa, que só diminuía minimamente o risco de ruptura uterina, e que pra ele via de nascimento só se definia em trabalho de parto. Perguntei o valor do parto já na primeira consulta e ele disse que mais pra frente falaríamos disso</div>
<div style="text-align: justify;">
Me pediu uma USG para a 7ª semana de gestação para termos certeza da idade gestacional dessa gravidez, já que a da Cecília havia chego a 42 + 3 e o capurro dela foi de 39 semanas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Exame feito, IG batia exatamente com DPP pela DUM e o pré-natal corria tranqüilo, não sentia com o GO aquela afinidade que se sente com alguém que veste a camisa da militância pela humanização do parto, mas ele era infinitamente mais agradável que os cesaristas que conhecia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, lá pela 22ª semana, sentamos após a consulta para discutirmos os valores do parto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele mais a equipe da qual ele não abria mão ficariam em R$11.000,00. Tentei argumentar e dizer que os demais membros (anestesista, pediatra e “cirurgião auxiliar”) eu usaria os plantonistas do hospital pelo meu convênio, mas ele disse que era imprescindível um anestesista e um neonatologista de confiança, mesmo eu dizendo que queria um parto natural sem anestesista.</div>
<div style="text-align: justify;">
Saímos de lá bem perdidos, nem vendendo nosso carro daria para pagar tudo, mas como ficaríamos sem carro com 2 bebês? Enfim, meu desespero era tamanho que eu estava disposta a me endividar até a alma caso fosse necessário, mas por mais que eu gostasse da postura do GO não sentia aquela segurança de que ele vestia a camisa do meu parto, de que ele acreditava no protagonismo da mulher, apesar de trabalhar com evidências eu percebia que para ele, o parto era um evento médico!</div>
<div style="text-align: justify;">
Trocando em miúdos, meu parto não era meu, era um acontecimento que dependia dele e da equipe caríssima que ele exigia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu já estava com umas 23 semanas, havia descoberto que quem habitava minha barriga era o Francisco, um menininho que nos deixou muito feliz, comecei a pensar que não era só um parto, eu teria 2 bebês pra cuidar depois e como seria se eu fizesse uma divida tão grande e ainda fosse submetida a uma cesárea desnecessária? Com que finanças e estado psicológico eu receberia essa criança e continuaria a cuidar da que já estava no meu colo?</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tinha a opção de parto domiciliar aqui na região, mas eu não me sentia segura, tinha medo de mais uma vez precisar de hospitalização e cair na mão de outro açougueiro, se fosse pra ser assim, eu preferia uma cesa limpinha com acompanhante e sendo tratada como gente. Mas isso me feria mortalmente, não teria outros filhos, logo nunca saberia o que é por um filho no mundo por minha conta, eu me sentia extremamente mutilada só de pensar em ir para uma cesárea eletiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nessa fase eu tive a sorte de poder contar com a amizade, carinho e torcida ferrenha de pessoas que mesmo de longe conseguiram se fazer tão presentes na minha vida, mulheres incríveis que eu conhecei na GPM do Orkut e se tornaram uma grande parte do meu alicerce nessa gravidez e as meninas no grupo de mães de março de 2011, irmãs que acompanharem o meu sofrimento com a cesárea da Cecília e torciam muito para que Francisco viesse de forma muito diferente. Caçaram por todos os cantos contatos de parteiras e obstetras pra mim, Jamila me ofereceu até sua casa, caso eu quisesse um PD com alguma equipe de SP. Sentia de todo o coração que elas torciam como se fosse pelo parto delas e isso foi importante demais pra mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então conversei com meu marido e chegamos a conclusão de que buscaríamos um GO humanizado em SP ou São Carlos, cheguei a fazer alguns contatos, até que me lembrei que li certa vez( não me lembro onde) que existia uma parteira no litoral norte de SP. Não sabia qual cidade era, nem se era GO, EO , obstetriz ou parteira tradicional, na esperança que fosse uma obstetra, já que eu desejava um parto hospitalar,eu perguntei para Flávia Penido, e ela me disse que era uma obstetra que atendia em São Sebastião-SP e passou o contato da Drª Bernadette, isso foi a noite e na mesma hora e ansiedade me fez procurá-la pelo face e perguntar se ela aceitava acompanhar VBAC com esse intervalo curto, prontamente ela me respondeu e lá estava a minha tão desejada luz no fim do túnel :</div>
<div style="text-align: justify;">
” Não faço restrição para VBAC por conta do intervalo, se pode com intervalo grande, pode com pequeno né?”</div>
<div style="text-align: justify;">
Senti um ímpeto de esperança imenso e no dia seguinte eu já liguei no consultório e agendei uma consulta para a mesma semana, antes da consulta mandei um e-mail explicando como ia a gravidez e contanto todo horror que passei no nascimento da Cecília.</div>
<div style="text-align: justify;">
Finalmente chegou o dia da consulta, foram 2 horas de viagem até São Sebastião, eu, marido e Cecília chegamos lá no finzinho da tarde e fomos direto pro consultório.</div>
<div style="text-align: justify;">
Bernadette foi além das nossas expectativas para uma obstetra, ela não só era favorável ao parto normal, ela era uma militante da humanização, eu me senti tão acolhida e segura, apesar de não conhecer ninguém que tivesse parido com ela rolou uma empatia enorme e ela me passou muita segurança. Combinamos que eu terminaria meu pré-natal aqui em Taubaté e voltaria lá na ultimas semanas e depois só iria quando começasse o trabalho de parto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Optei por terminar o pré-natal pelo SUS, na gravidez da Cecília eu já havia rodado todos os GOs do convênio e todos eram cesaristas insuportáveis, apesar de saber que teria meu parto com nenhum deles, eu quis evitar o stress das ultimas semanas com pérolas de útero explosivo e etc.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por volta da 30ª semana eu percebi que quando eu auscultava o BCF do Francisco com o Doppler em casa, o foco estava sempre abaixo do meu umbigo, comecei a suspeitar que ele ainda estivesse pélvico, e com 33 semanas passei por consulta no postinho e de fato ele ainda estava pélvico, fiquei super frustrada! Agora que eu havia conseguido uma assistência legal o menino está sentado, foi um imenso balde de água fria. Comecei imediatamente a fazer os exercícios para versão expontânea.</div>
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Teoricamente eu sabia que ele ainda tinha tempo e espaço para virar, mas não conseguia ficar calma, eu sabia que a minha obstetra acompanhava parto pélvico e era experiente nisso, mas o problema era comigo, eu tinha medo do parto pélvico, medo que só não era maior que o de ter outra cesariana.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com todo esse stress tive alguns episódios de hipertensão, mas que sempre normalizavam sem medicação, havia dias em que eu chegava para aula de pilates com a PA 160X110mmHg e só com exercícios de respiração ela voltava para 120X80mmHg, logo concluí que era emocional, e isso me doeu profundamente, porque a PA alta que me levou ao hospital na gestação da Cecília possivelmente também era emocional já que a pressão pelo pós datismo me massacrava, só que eu não tive chance de me acalmar e ver se a PA normalizava, fui enviada para o hospital e meu sonho de parto domiciliar naufragou.</div>
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Mas, não era mais hora de chorar pelo parto que não tive, era hora de tentar me acalmar e ir firme em direção ao parto que eu queria ter.</div>
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Com 34 semanas eu comecei a pensar em versão externa, fiz alguns contatos, acabei chegando até a Drª Carla Polido e quando estava prestes agendar a versão, porque a essa altura eu iria sem problemas até São Carlos desvirar esse menino, fui fazer uma USG para confirmar a posição do Francisco, quando o médico colocou o transdutor na região do fundo do útero eu já com a voz embargada perguntei se era a cabeça dele, e o médico me responde: “A não ser que o piu-piu do seu filho esteja no lugar errado, isso aqui é a bunda dele.”</div>
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Eu quase saí pulando da mesa de exame, não coube em mim tanta felicidade, da sala de USG mesmo eu avisei as meninas pelo face de que ele estava cefálico, elas estavam torcendo tanto e tão aflitas quanto eu e mereciam receber a notícia o quanto antes.</div>
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A partir daí a calmaria se instalou e consegui relaxar o finzinho da minha gestação, fomos mais uma vez a São Sebastião e acertamos com a Bernadette os últimos detalhes, levamos Cecília a praia e em casa eu fui acertando as coisas que ainda estavam pendentes para a chegada do Francisco, com 36 semanas comecei a perder o tampão bem aos poucos. Eu confesso que esperava passar da DPP, mas, quando bateram as 40 semanas e eu ainda não sentia muita coisa, fiquei ansiosa... Nesse mesmo dia perdi um pouco de tampão com sangue e comecei a sentir contrações irregulares, a essa altura a arrumação do ninho estava ferrenha aqui, eu faxinava a casa todos os dias, arrumava as gavetas, lavava pano dos cachorros e inventava coisas para fazer com a Cecília, tudo pra tentar arejar a cabeça e não ficar caçando sinais de trabalho de parto.</div>
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Com 40 e um dia comecei a sentir contrações mais doloridas, então pedi ao marido que fizesse o toque e descrevesse o que ele conseguia, expliquei para ele o que ele poderia encontrar e tomei as medidas básicas de assepsia ( lavagem das mãos e luvas) ele fez e me disse:</div>
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“Não tem mais boquinha nenhuma aqui, só uma geleia mole e um buraco”</div>
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Nesse buraco ele introduziu 2 dedos e abriu até eu sentir que tava no limite. Medimos essa abertura de dedo e deu 4,5 cm.</div>
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Levei um susto, como assim 4,5 cm e eu não sentia nada além de modestas contraçõezinhas ?</div>
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Liguei para a Bernadette e ela achou prudente que eu pedisse para a Patrícia EO de São José dos Campos viesse me avaliar em casa, e ela veio. Na verdade eram quase 4 cm de dilatação e colo estava apagando, mas com bebê ainda alto e poderia demorar um dias.</div>
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Aquietamos-nos e continuávamos esperando, assim seguiram mais 4 dias, pintamos barriga, levamos Cecília ao shopping e no domingo, dia em que eu completava 40s + 3 dias fiquei bem nervosa, chegue a chorar com medo do pós datismo outra vez, conversei com a Hellen que havia conseguido um VBAC lindo há poucos dias, foi bom desabafar um pouco e no fim da tarde eu tentei fazer coisas que me tranqüilizavam e fui dormir. Segunda feira eu acordei mega disposta, faxinei tudo de novo, meu marido chegou do trabalho e eu quis ir bater perna na rua, Cecília ia ficar em um hotel com a moça que nos ajuda em casa e eu precisava de uma jarra de vidro para esquentar a água do mamá dela no microondas do hotel.</div>
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Comprei a jarra, bati mta perna em lojas e comprei uns brinquedinhos pra Cecília levar, comprei ração para os bichos de casa, deixei a chave com a moça que viria tratar deles na minha ausência, cheguei em casa tomei banho correndo e fui pra aula de pilates, voltamos para a casa por volta de 21:30 e Cecília estava com sono, como ela havia adormecido, e eu estava DOIDA de vontade de comer um sashimi de agulhão de um restaurante japonês perto de casa, colocamos ela no carrinho e fomos. Não faltava mais nada para arrumar, estávamos apenas esperando o Francisco dar o sinal de que estava vindo.</div>
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Entramos no restaurante e fizemos o pedido, assim que chegou à mesa eu ataquei o sashimi, quando ia colocar o segundo pedaço na boca senti um tranco no colo do útero, parecia um encaixe daqueles botões de pressão de jaqueta. Achei mto estranho e tentei me mexer na cadeira, e então foi água para todo lado. A sensação de Felicidade e euforia que senti é inexplicável. Olhei espantada para o meu marido e disse: “A bolsa estourou!!” Ele riu e disse: Deixa de ser pentelha vai, mas já com os olhos estalados, então ele olhou embaixo da mesa e já levantou desesperado RS..rs.. Não sabia pra onde correr, eu o acalmei, chamei o garçom e pedi a conta, quando se deram conta do que estava acontecendo o restaurante todo se alvoroçou, parecia que ia nascer ali dentro mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Saímos e liguei para a Bernadette, ela perguntou como estava o liquido e eu disse que estava abundante, clarinho e sem grumos, então ela disse para eu ficar calma que o Francisco estava vindo, que nos esperava lá e era para telefonar de novo quando estivéssemos chegando.</div>
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Fomos para casa, colocamos as coisas no carro e Cecília ainda dormia, a colocamos na cadeira e fomos buscar a Carol, que tomaria conta dela no hotel. Por volta de meia noite saímos de Taubaté, eu estava abismada com a quantidade líquido amniótico que eu ainda tinha, lavei o chão do restaurante e estava molhando uma toalha de banho que forrei o banco do carro.</div>
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Pegamos uma ventania e uma chuva horrível na estrada, eu estava super tranqüila, mas meu marido por mais preparado que parecia estar, ficou uma pilha. Durante a viagem eu fui enviando sms para as meninas e comecei a sentir umas contrações bem doloridas, mas espaçadas. Chegamos em São Sebastião 02h:30, fui pro hotel acomodar a Cecília e liguei avisando a Drª Bernadette que eu havia chego, ela disse que estava indo pro hospital me esperar.</div>
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Fizemos o check-in, eu tomei um banho e arrumei as coisinhas da Cecília fiz minhas recomendações à Carol, deixei a listinha das atividades dela durante o dia e chegou o momento mais difícil, Cecília estava acordada e eu precisava sair para ir para o hospital, pois meu marido estava quase parindo 2 filhos de ansiedade.</div>
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Cecília tava sentadinha na cama brincando com um livrinho de banho, eu olhei para ela e meu coração doeu tanto, era a ultima vez que a via como meu único bebê, segurei a mãozinha dela e enchi ela de beijos, pedi perdão por tudo o que viria depois, por todas as vezes em que ela sentiria falta da minha atenção exclusiva. Meu Deus...Como doeu sair daquele quarto e deixar ela para trás, em 1 ano, 2 meses e 23 dias eu nunca havia dormido longe dela.</div>
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Ela parecia entender o que acontecia, meu deu um beijo e nem chorou quando sai, eu fiz o trajeto todo sem conseguir dar uma palavra, só conseguia chorar pela saudade que eu sentiria dela.</div>
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Chegamos no hospital junto com a Bernadette, meu marido só se acalmou quando a viu, eram mais de 03h:00 uma chuva gelada caindo e ela estava esbanjando bom humor e super entusiasmada com a chegada do Francisco. Fui para dentro com ela e meu marido ficou na recepção fazendo minha ficha. Ela me examinou e estava tudo tranqüilo, quase 5 cm de dilatação, BCF ok e líquido claro. Fomos para o quarto e eu e Raphael fomos dormir. Por volta de 05h:00 Acordei com um pouco de dor, meu marido foi tomar um café na padaria próxima ao hospital com a Bernadette e eu fui tomar um banho quente.</div>
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Eles voltaram um tempo depois e me trouxeram um lanche, Raphael ficou mais um tempo comigo e eu pedi que ele fosse pro hotel ficar com a Cecília, ajudar a dar café da manhã pra ela e essas coisas e mais tarde voltaria trazendo minha bola e meu radinho com as músicas que selecionei para o parto, Bernadette me disse que estaria o tempo todo no hospital e se eu precisasse era só mandar chamar.</div>
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Eu dormi novamente e só acordei por volta das 09:00 com a verificação dos sinais vitais de rotina do setor, tomei café da manhã e não dormi mais, logo meu marido chegou com as coisas que eu pedi. As contrações iam e vinham e a dor delas era absolutamente suportáveis, eu comecei a pedir que meu marido fosse fazer coisas fora do hospital, pedi sorvete, pedi uma revista, pedi pra ir ver Cecília de novo, então percebi que o que eu desejava era ficar sozinha, eu precisava do meu momento de introspecção, algo incrível aconteceria comigo naquele dia e eu precisava me preparar para isso. Expliquei isso à ele e pedi que fosse pro hotel.</div>
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Com luzes apagadas eu fiquei sentada na bola, com os braços e a cabeça apoiados na cama ouvindo as músicas que eu levei, algumas me remetiam ao desejo de ver meu filho e ter o meu parto, outras me remetiam a momentos distantes da minha vida, momentos felizes, outros tristes... Alí fui exorcizando todos os meus medos, fui encerrando ciclos antigos os quais a anos eu me recusava a mexer, chorei bastante, senti saudade da minha mãe, lamentei estar morando longe do meu pai e não poder ter ele por perto participando do crescimento dos meus filhos, questionei Deus sobre os gêmeos que havia perdido há anos atrás, mas por incrível que pareça em momento algum senti medo da ruptura uterina que me assombrou durante toda a gestação e logo as contrações começaram a ficar mais próximas e doloridas, mas nada que se parecesse com trabalho de parto ativo. Por volta de 12h:00 Bernadette auscultou o BCF e conversamos um pouco, ela ia dar uma passada no consultório e voltaria logo, então eu pedi que fizesse o toque pra ter uma noção de como estava a dilatação, estávamos em 7 cm e eu espantada porque imaginei que sentiria muita dor até alcançar essa dilatação e no entanto eram só contrações suportáveis e espaçadas.</div>
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Voltei a meu momento de introspecção e as dores começaram a vir com mais força, quando percebi que estava brigando com a dor da contração fui pro chuveiro, nisso veio o almoço eu sai, comi, entrei no face pelo celular e dei um alô para as meninas que estavam eufóricas com o meu trabalho de parto e fui ficar mais um tempo na bola.</div>
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Por volta de 13h:30 as dores foram apertando eu fui pro chuveiro e não sai mais, liguei pro meu marido e disse que ele podia voltar porque eu não queria mais ficar sozinha, acho que em 15 minutos ele chegou, eu já estava sentindo contrações a cada 5 minutos, levei a bola pra baixo do chuveiro e lá fiquei, Bernadette chegou em seguida e ficaram os 2 conversando comigo da porta do banheiro e eu no chuveiro. Conversávamos sobre várias coisas, entre uma contração e outra eu ria muito, falamos sobre pérolas dos cesaristas, sobre os cachorros de casa, sobre filhos que vieram um atrás do outro enfim...</div>
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Por volta de 14:40 as contrações chegaram ao que eu chamaria de insuportável, eu agachava e respirava quando elas vinham e isso ajudava muito, nessa altura eu já estava chorando de dor,</div>
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Conseguia juntar na mesma frase puta que o pariu, meu Deus do céu, Nossa Senhora e “Caralho como isso dói!!”</div>
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Tentava sair do chuveiro para auscultarmos o BFC mas não conseguia, chegava até a porta do banheiro e vinha outra contração que me fazia correr pro chuveiro de novo. Com muito custo e concentração eu consegui sair, BCF ok e Bernadette fizeram o toque de novo e disse: Já está quase na hora, você decide se quer que nasça aqui ou se quer ir pro centro de parto.</div>
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Fiquei ali por mais um tempo e comecei a ficar cansada, o chuveiro do centro de parto tinha barras e era mais espaçoso então fui pra lá. Subi andando de camisola aberta e gritando palavrão RS..rs.. Passamos por outras gestante em trabalho de parto que estavam no leito e entrei no banheiro, liguei meu radinho e mergulhei de cabeça nas contrações, doía demais, mas eu soltava o corpo segurava na barra que estava atrás de mim e me agachava a cada contração que vinha, por dentro eu agradecia muito a Deus por estar conseguindo passar por tudo aquilo, agradecia por tudo ter dado certo e por estar muito perto de ter meu filho nos braços. Eu já estava gritando bem alto nessa altura, meu marido de olhos arregalados não dizia muita coisa, Bernadette foi vestir a roupa privativa e logo eu pedi para chamá-la porque começou a cair muito sangue no chão, nisso eu já dizia que não agüentava mais, que se demorasse muito mais para ele nascer que eu não suportaria. Então ela muito calma me pediu para ver se eu sentia o Francisco, mal coloquei a mão na vagina e senti a cabeça dele muito baixa, estava quase saindo mesmo. Uffa que injeção de animo, meu cansaço deu um trégua e eu parei de reclama, mas estava muito cansada, quis sair do chuveiro e me sentar no vaso sanitário, também não estava bom assim e pedi pra ir para a mesa de parto, eu queria me sentar, já não conseguia mais ficar em pé. Sai do banheiro sem nem notar que tinham mais mulheres ali em trabalho de parto, fui pelada e gritando palavrão de novo para a mesa de parto, lá pude sentar meio acocorada e segurar nas barras quando vinha a dor.</div>
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Meu marido tentando me acalmar e colocar a mão na barriga e eu gritava para ele calar a boca e tirar mão, eu não queria ninguém com a mão em mim, e assim aconteceu. Bernadette, meu marido e a pediatra assistiam ao que eu mais desejei, eu mesma estava trazendo Francisco pro mundo. Derrepente a dor parou, acho que fiquei uns 5 minutos assim e veio o primeiro puxo, eu não acreditava que estava passando por aquilo, nisso meu marido disse que estava vendo os cabelos dele, eu senti mais uns três puxos desses e comecei a sentir dor de novo, era uma contração que doía e também o círculo de fogo, doía demais e eu acho que por duas vezes gritei que queria anestesia, que queria ir embora dalí e eles me diziam ele está nascendo, ajude o Francisco a sair por que ele está nascendo, mas me bateu um cansaço tão grande que sai do ar, ouvia a voz deles de longe e enxergava tudo embaçado, comecei a vocalizar sem qualquer controle e dessa parte não me lembro, nisso o circulo de fogo veio com tudo comecei a fazer força, mas cheguei a pensar que ele não sairia, olhei para a Bernadette e disse doutoura eu vou parir, ela sorriu dizendo vai sim! Vai parir o Francisco e a Cecília Thaís, força mulher trás o seu filho pro mundo! Nisso fiz uma força que nem eu sabia existia em mim e senti o Francisco escorregando para fora, Bernadette pegou ele com um campo e me entregou. Ele nasceu sem chorar, só deu um resmungo e me olhou com dois olhos tão vivos que me fizeram sentir minúscula diante da grandeza daquele olhar.</div>
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Foi o momento mais feliz da minha vida, eu não acreditava que estava passando por tudo aqui, era tão perfeito que chegava a ser surreal.</div>
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Francisco dormiu no meu colo e logo senti a placenta saindo, não doía mais nada, só uma sensação boa e quente de parir a raiz que sustentou o meu filho por todos esses meses.</div>
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Francisco foi avaliado bem rapidinho com o pai dele junto e já voltou pro meu colo.</div>
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Tive uma laceração porque fiz força fora dos puxos, mas nada que tirasse o brilho daquele momento maravilhoso. Sai da mesa de parto andando e fui pro leito do centro de parto e ali fiquei com Francisco até irmos pro quarto.</div>
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Pela primeira vez eu não amaldiçoei a cesárea desnecessária que sofri, graças a ela eu pude enxergar toda a grandeza de parir um filho após uma cesariana recente nesse pais que conta um sistema obstétrico podre e mentiroso.</div>
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Existem sim muitas maçãs podres, mas cada obstetra de fato humanizado que tenha proporcionado a uma mulher a felicidade que a doutora Bernadette Bousada me proporcionou quando acreditou na minha capacidade de parir meu filho vale por centenas dessas maçãs podres.</div>
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Serei eternamente grata a Deus por ter tido a dádiva de parir um filho com respeito!</div>
...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-17624956084059592902013-02-09T04:41:00.001-08:002013-02-09T04:42:29.343-08:00Mandiokejo - queijo veganoDe todas as vezes que eu tentei me tornar vegana, acho que essa foi a mais gostosa. Há 3/4 anos atrás, não existiam muitas receitas que substituíssem os queijos, e pra todo mundo que é viciado nesse alimento, a dificuldade pra parar aumenta quando esfregam um pedaço de pizza na sua cara.<br />
<br />
Pois bem, eis que, como lactante mãe de alérgica (sim, Aurora ainda mama e se tudo der certo vai continuar mamando até o dia que ela decidir parar), eu também tenho que fazer a dieta de exclusão de laticínios. Daí que andando nas comunidades de alérgicos, eis que me deparo com essa novidade: queijo vegetal!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjMbzH1OmYOe8k1V4QGsvva6sjdFCayfOFTbzadYgsAD-JNo2f8QUwVTslG9HPonksr9ehQseSY6As0XOZxuvr4HlMIIxQUbANh2DL9_5gqKYMlviyhBwiheH74TGZAhwZBlWKJqE7M3n2/s1600/capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjMbzH1OmYOe8k1V4QGsvva6sjdFCayfOFTbzadYgsAD-JNo2f8QUwVTslG9HPonksr9ehQseSY6As0XOZxuvr4HlMIIxQUbANh2DL9_5gqKYMlviyhBwiheH74TGZAhwZBlWKJqE7M3n2/s1600/capa.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
O mandiokejo é um preparado em pó que você mistura e vira esse queijo maravilhoso da foto. Dá pra rechear pães, pizzas, fazer pão-de-queijo, risoles, risotos, enfim, TUDO! <3<br />
É muito amor poder comprar isso! Sério!<br />
Ele vem em pózinho, ou seja, você pode pedir pelo correio que ele já chega perfeitinho e é só misturar e usar.<br />
<br />
Quando eu descobrí que isso existia, pensei: "Finalmente os brasileiros entenderam que se eles querem que o veganismo seja mais acessível e gostoso, vão ter que botar a mão na massa". Pra quem não conhece, no exterior essas opções podem ser compradas em vários mercados, e você tem desde "queijo falso" a presunto vegetal, e aqui esses produtos só começaram a chegar ano passado.<br />
<br />
Não fica exatamente igual ao queijo, mas também é muito gostoso e é uma opção mára pra quem tem alergia à proteína do leite de vaca ou pra quem é vegano.<br />
<br />
Tem pra vender <a href="http://www.quebracabecaveg.net/" target="_blank">AQUI</a><br />
<br />
<br />
ha, ele é enriquecido com B12 e outros nutrientes!!!...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-6096336221942083492013-01-25T09:00:00.000-08:002013-01-25T09:00:00.803-08:00Sem açúcar, com afeto.Essa semana saiu na internet um vídeo chocante e estarrecedor sobre a qualidade (a falta dela, na verdade) da alimentação das crianças brasileiras, quem curtiu a página do blog deve ter acompanhado a postagem do vídeo <a href="http://www.facebook.com/oquehaderrado" target="_blank">aqui</a>. Quem é mãe um pouquinho mais cri cri já deve ter reparado tudo o que o vídeo fala, mas quem não reparou ainda ou não sabe interpretar tabelas complicas de composição de alimentos e ingredientes mil, vale muito a pena assistir. O vídeo está disponível <a href="http://www.muitoalemdopeso.com.br/" target="_blank">nessa</a> página e aqui embaixo eu vou colocar o trailler pra vocês ficarem com um gostinho de quero mais:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/K0y82oVGiPE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
O documentário trata, com uma abordagem muito legal, algumas das coisas que tem dentro das comidas tradicionalmente "infantis", sobre como as crianças comem, o que comem e quais problemas uma alimentação recheada de salgadinhos do tipo "porcaritos" e coca-cola podem fazer com que a expectativa de vida da nova geração seja mais baixa do que a nossa. É chocante!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe4wOH_WSHkpBDf_hRmVxTM5tmhhgy4Ijm3-gTroipdK-nDq8ATvoO2E1TUqmfgqLPMfVQGMSjQChkjOLRL7hXS_TfGviqVHTZtQEJ0oFdipqDrkgsfvfYIgFBozLf09W3CnU5wH7tfkIt/s1600/jamie.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe4wOH_WSHkpBDf_hRmVxTM5tmhhgy4Ijm3-gTroipdK-nDq8ATvoO2E1TUqmfgqLPMfVQGMSjQChkjOLRL7hXS_TfGviqVHTZtQEJ0oFdipqDrkgsfvfYIgFBozLf09W3CnU5wH7tfkIt/s1600/jamie.jpg" height="170" width="200" /></a></div>
Há alguns meses atrás, eu e o Lu assistimos o "Food Revolution", um programa do chef inglês Jamie Oliver em que ele vai pra uma cidade com o maior índice de obesidade e morte em decorrência de complicações por excesso de comida dos EUA e tenta ensinar as pessoas a cozinharem comida melhor. Em várias partes a gente fica morrendo de nojo, porque ele mostra como são feitos os nuggets e a maior parte das comidas processadas que a gente come. Quando assistimos, ficou aquela imagem de que aquela realidade era muito longe da nossa e etc, mas ao assistir o documentário "Muito além do peso", fica claro pra gente que a globalização de junkie food já chegou até a comunidades indígenas. Se você quiser baixar a série "Food revolution", dá pra baixar o torrent <a href="http://thepiratebay.se/search/food%20revolution/0/99/0" target="_blank">aqui</a>.<br />
<br />
Um dos principais problemas associados com a obesidade é, sem dúvidas, o sedentarismo. As crianças não brincam mais na rua, não correm, ficam trancadas em cercadinhos, presas em andadores ou então na frente da TV e do PC. Eu mesma sou dessa geração: meus avós vira e mexe faziam as minhas vontades e compravam um caminhão de comida "de criança". Meu avô chegava ao cúmulo de adoçar a minha mamadeira com QUATRO dedos de açúcar. Muito da minha infância foi vendo He-man, Inspetor Buginganga, Punky a levada da breca, TV colosso e outros clássicos da Tv aberta, e pelo que eu noto, a geração seguinte à minha está deveras pior.<br />
<br />
A gente que é pai e mãe sabe o quanto é complicado deixar o filho brincar na rua com assaltos, sequestros, pedófilos, acidentes de trânsito e a falta de segurança em geral, então acaba que nos rendemos aos programas de tv e jogos eletrônicos como forma de manter as crianças em casa. Em geral, os pais trabalham o dia inteiro, e o que eu vejo de muitas famílias que eu tenho contato próximo é que as crianças ficam em casa na frente da telinha umas 6h por dia. Quem já parou pra assistir os canais infantis ou mesmo a programação da tv aberta na hora "das crianças" já notou a quantidade absurdade propagandas! Eu ADORO desenho, mas pra mim é insuportável assistir 30min de discovery kids, por exemplo. Um dia eu tava assistindo um desenho e até eu fiquei com vontade de ter uma barbie e ir comer no Mc Donald's. Sério, é absurda a quantidade de propaganda. Eu contei 5min de desenho e e quase o dobro de propagandas. Fora que, durante o desenho, eles diminuem o som, o que faz com que vc tenha que aumentar o volume da TV, daí durante os comerciais eles voltam a aumentar o som e fica praticamente impossível ignorar o novo Max Steel faz-até-o-seu-dever-de-casa. Você não fala com o seu filho, porque tá ocupado trabalhando, mas a propaganda fala com ele, e ela fala o dia inteiro. No final do dia, com toda a energia acumulada durante horas com a bunda no sofá e frustrada, a criança vai descontar no mais óbvio e rápido, justamente naquilo que ela passou o dia inteiro ouvindo a TV falar que ía trazer uma sensação de bem-estare saciedade: consumo! Os alvos preferenciais são as comidas açucaradas, as bolachas recheadas e os embutidos, e isso faz tão mal que o documentário mostra crianças de 4 anos (isso mesmo, vc leu certo, quatro anos) com trombose, diabetes e problema no coração por causa de comida.<br />
<br />
Aqui em casa percebemos isso acontecendo, em menores proporções, bem cedo: por volta de 1 ano, eu assistia o programa de culinária da Gazeta toda tarde, e notei que Aurora começou a brincar menos e subir no sofá pra ver comigo. Combinei com o Lu de só ligarmos a tv quando ela dormisse porque a programação é completamente inadequada pra idade dela. Chegou a um ponto em que nós nos demos conta de que não víamos mais tv e que ela só servia pra "fazer barulho". Como aqui em Lavras só pega os canais se vc tiver parabólica ou tv a cabo, cancelamos a tv a cabo e agora temos um aparelho na sala que serve de cama de gato e pra eventuais partidas de vídeo-game. Assim agente evita que Aurora vire um zumbí e que a gente morra alienado. Tem quase 1 ano que não assistimos tv em casa, só na casa de parentes, e olha, vou te dizer, quando eu tenho o desprazer de passar em algum lugar que esteja passando o jornal nacional ou coisa que o valha, tenho vontade de vomitar com a quantidade de mentiras e notícias importantes que eles omitem. Não que eu não assista mais besteiras (eu adoro seriados americanos, filmes trash e outras bobagens) e Aurora assiste sim alguns filmes, mas não como antes. O reflexo disso, pelo menos na minha casa, é uma criança muito mais desperta e que interage o tempo todo. Cansa pra caramba, mas vale muito a pena. Só de ir ao mercado e não ter que ouvir um escândalo em prol de algum doce com brinquedo, vale todo o esforço.<br />
<br />
Eu super entendo que comprar uma latinha e esquentar no microondas seja muito mais fácil, principalmente quando você passa o dia inteiro na rua e não tem quem cozinhe pra você, acredito mesmo que muitas mães que dão processados pras crianças não sabem o que tem na maior parte daquelas caixinhas (eu não sabia) e que a gente dá essas coisas com a melhor das intenções, crente que tá fazendo um agrado pra criança (afinal, nenhuma pessoa normal faz mal ao próprio filho deliberadamente, mas no final das contas tá dando um alimento extremamente prejudicial e que muitas vezes pode até causar necrose intestinal (como é o caso das papinhas industrializadas, que levam uma substância chamada "fumarato ferroso" e que eu já comentei <a href="http://oquehadeerrado.blogspot.com.br/2012/08/como-preparar-uma-papinha-e-otras.html" target="_blank">aqui</a>). Então, o que eu vou tentar fazer se as 100mil matérias que eu tô fazendo na faculdade me permitirem, é tentar dar alternativas práticas e gostosas pra gente lidar com a falta de tempo e oferecer alimentos de qualidade pras crianças. :) Aguardem as cenas dos próximos capítulos!<br />
...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-2311033194115730162013-01-21T06:21:00.000-08:002013-04-04T12:24:25.284-07:00O relato da Juliana - Parto normal após cesárea com troca de obstetra durante o trabalho de parto!<div style="background-color: white; padding: 0px;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">"Não imaginava que eu teria um segundo filho, não imaginava que eu teria um dia um parto normal, não imaginava que esse parto seria tão intenso e nem muito menos que a história teria tanta repercussão. Muito se comenta, muito se conta, muito se fala. Muitos comentários sem sentido, sem saber do que de fato aconteceu. Mas a minha história só eu sei.....e é essa:</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Eu não planejava ter um segundo filho. Tomava anticoncepcional, mas quando a cartela do mês acabou e a menstruação não veio suspeitei imediatamente da gravidez. Descobri que estava grávida pela segunda vez no dia 18/08/2011, eu estava com apenas 3 semanas de gestação. No início foi difícil aceitar que agora eu seria mãe de dois, pois eu larguei o emprego para cuidar do meu primeiro filho, que nessa época já tinha 3 anos e eu estava me reorganizando para retomar a vida profissional. E de repente, tudo mudou!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Com aproximadamente 15 semanas, já feliz com a gestação e fazendo planos para a chegada do bebê eu fui convidada pela minha irmã Luciana para ir a um grupo de gestantes, o Ishtar. Assim como a grande maioria das mulheres eu não tinha informação alguma sobre parto normal e natural e acreditava que cesárea era algo comum e perfeitamente aceitável. Meu primeiro filho nasceu através de uma cesareana eletiva, com 36 semanas de gestação, no dia 28/12/2007 (o motivo hoje eu sei: conveniência médica).</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Bastou apenas um encontro para que o meu conceito mudasse. Cheguei caladinha, de mansinho, ouvindo e observando as conversas das meninas e os relatos das mães que tiveram e que desejavam ter um parto. Eu decidi: também quero isso para mim!! Ao final do encontro já comecei a buscar contatos de doulas e de médicos. Só havia um médico que atendia ao meu plano de saúde, mas era em outra cidade. Eu não tinha condições de pagar por um pré-natal e parto particular, pois em casa somente meu marido trabalhava. No início foi muito difícil convencer o meu marido de que seria necessário ir para Niterói para ter um parto. Tendo um plano de saúde considerado bom ele não compreendia porque eu não podia escolher um médico que atendesse o convenio na própria cidade. Depois de muitas conversas (e de passar por algumas consultas com médicos do convenio no Rio de Janeiro) ele finalmente entendeu que se eu realmente quisesse ter um parto normal eu precisaria de um médico topasse acompanhar. Afinal, eu já tinha uma cesárea anterior e a justificativa dos médicos era sempre a mesma: uma vez cesárea, sempre cesárea. Decidimos então marcar a consulta com o médico de Niterói. Segundo relatos ele tinha histórico de ter acompanhado alguns partos após cesárea então se ele topasse fazer meu pré-natal eu tinha chances maiores do que com qualquer outro médico de convênio. Durante todas as consultas de pré-natal ele não demonstrou nenhuma objeção ao parto. Sempre muito educado, respondia meus questionamentos e aceitava todas as condições propostas por mim.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Assim, tranquilamente, se passaram 38 semanas. Na última consulta, ele comentou durante os exames que o bebê ainda estava alto, por isso acreditava que o bebê nasceria somente próximo da minha DPP, que era dia 21/04/2012. O bebê estava bem e eu também. Porém, ele solicitou que eu fizesse uma utrassonografia com 39 semanas, alegando que “você tem como saber se está se sentindo bem, mas nós não temos como saber se o bebê está realmente bem aí dentro”. Essas palavras me deixaram um pouco confusa, já que passei a gestação inteira estudando bastante e sabia que em gestação de baixo risco, nenhuma ultrassom era necessária após as 24 semanas. Além disso, ele me liberou da consulta da semana seguinte (39 semanas) justamente porque o bebê estava bem clinicamente e eu também. Então pensei: afinal, tem ou não tem como saber se o bebê está bem? Se houvesse alguma suspeita de problema eu deveria voltar na semana seguinte, não? Qual teria sido o motivo da ultrassom? Decidi marcar a ultrassom para o dia 24/04/2012, data em que eu já estaria com 40 semanas completas e sabia que a partir daí era realmente necessário um acompanhamento mais cuidadoso.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">No dia 17/04/2012 por volta das 19hs da noite, comecei a ter pródromos. Eu já havia tido algumas noites anteriores de pródromos então acreditei que seria só mais uma noite como aquelas e que o trabalho de parto ainda não iria engrenar. Comi, tomei banho e fui dormir.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Por volta das 2hs da manhã eu já estava muito incomodada, ficar deitada era impossível. Levantei e fui ao banheiro, percebi na calcinha um pequeno sangramento e fiquei eufórica: AGORA VAI!!! Continuei sozinha, tentando relaxar e segurar a ansiedade, mas por volta das 4hs da manhã eu já sentia que precisava de companhia. Liguei para a minha irmã que também era minha doula, que veio imediatamente para a minha casa. Eu estava muito agitada e queria caminhar. Saímos então para caminhar ao ar livre no condomínio. A cena era até engraçada... duas “loucas” caminhando sem rumo em plena madrugada. Durante a gestação eu havia decidido contratar uma “segunda doula”, pois a minha irmã poderia ficar muito envolvida emocionalmente (por ser o nascimento do sobrinho). Por volta de 7hs da manhã, decidi então ligar a para a doula Ana. Enquanto aguardava a chegada dela a minha irmã foi comprar pão para tomarmos café, afinal eu precisava me alimentar, ainda havia muito trabalho a ser feito! A Ana chegou por volta das 8hs e tomamos café todas juntas, entre as contrações, que nessa altura ainda vinham bastante espaçadas (cerca de 15 minutos de intervalo).</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu marido foi trabalhar normalmente. E assim ficamos durante todo o dia, almoçamos, caminhamos mais. Relaxei, ouvi musicas (eu havia gravado um CD para o momento da chegada do meu bebê)... Chorei ao ouvir a musica de Chico Cesár – Quando eu fecho os olhos. Eu não podia acreditar que tudo estava dando certo e que em breve eu conheceria o rostinho do meu bebê.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">O tampão saiu por volta das 15hs.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu marido chegou em casa por volta das 16hs e começamos a discutir a ida para o hospital, já que morávamos longe e pegaríamos muito transito na ponte Rio-Niterói (a hora de rush estava próxima). Tomamos banho e nos preparamos. Decidimos sair de casa às 17:30 hs. As contrações vinham em intervalos menores, mas eu ainda estava bem. Eu sabia que ainda não estava em estado avançado de trabalho de parto, mas me senti mais segura e confortável indo para o hospital naquele momento. O principal motivo dessa decisão foi o fato de que ficar horas praticamente imóvel dentro de um carro e parada no transito me parecia algo terrível para uma mulher em trabalho de parto, quanto antes eu fizesse isso melhor seria para mim! Chegamos ao hospital pouco mais de 19hs. O médico ainda não havia chegado. Esperamos na recepção e ele logo chegou. Fomos para uma salinha onde eu seria examinada. Após um exame rápido ele me falou “eu não queria te desanimar, mas você está somente com 1 dedinho de dilatação e o bebê ainda está no plano 0 da pelve.” Eu não acreditei que após um dia inteiro de contrações eu só havia evoluído 1 cm. Fiquei muito frustrada naquele momento, mas respirei fundo e segui em frente. Eu queria muito aquele parto. Os batimentos do bebê estavam OK e isso me deixou tranqüila para continuar. Comentamos sobre a hipótese de voltar para a casa. O médico disse que de fato recomendaria isso se eu morasse na mesma cidade, mas como morávamos no Rio de Janeiro talvez fosse mais confortável ficarmos hospedados no hospital enquanto aguardávamos a evolução do trabalho de parto. Eu concordei prontamente, pois não desejava passar horas carro novamente, foi muito incômodo (eu tinha dado graças a Deus por ter chegado...rsrs).</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu marido foi junto com o médico dar entrada na internação. Havíamos feito um acordo de que o parto seria feito no próprio quarto do hospital, mas não sabíamos se de fato o médico conseguiria essa liberação. Fiquei ainda na recepção com a Ana e a minha irmã, aguardando. O desconforto aumentava cada vez mais e meu marido demorou muito para voltar. Tudo que eu queria era ir para o quarto, o chuveiro, o conforto. Pedi então que a minha irmã fosse atrás dele, para saber o motivo da demora. Quando ela voltou eu percebi que ela estava com uma cara um pouco estranha. Pensei que havia tido algum problema com a liberação de fazer o parto no quarto e falei logo “ me fala o que aconteceu, não me esconda nada”. De inicio ela relutou a me contar, pois não queria me chatear, eu insisti que não queria ficar ali fazendo papel de boba e ela então me contou: “mana, o médico conversou com o Marcelo, por isso a demora. Ele disse que se essa dilatação não evoluir em 2 horas vai ser feita uma cesareana. Por isso o Marcelo nem soube me informar nada a respeito do parto no quarto, ele na verdade já está pensando em como vai te tranqüilizar a respeito da cesárea. Ele ta um pouco assustado”. Fiquei um pouco confusa com isso tudo, pois o médico desde o inicio me pareceu tão confiável. Eu falei pra minha irmã “me ajuda, eu não quero essa cesárea”. Mal terminei de falar e vi no final do corredor o meu marido, ao lado do médico, me chamando para irmos para o quarto. Já que eu estava ali, o jeito era torcer e seguir em frente. Subimos e eu fui logo tirar a minha roupa e me dirigi ao banheiro, fui para o chuveiro e fiquei lá tentando me acalmar. Algum tempo depois minha irmã entrou no banheiro e me perguntou “ mana, você já sabe qual é a situação. Temos 2 horas para tomar uma decisão. Você quer ficar no hospital ou quer ir embora?Quer aguardar ele voltar e esperar um novo exame para saber se evoluiu?” eu respondi “eu não quero ir de novo para aquele carro”. Ela continuou calmamente me falando “tudo bem, mas se o médico voltar e estiver tudo do mesmo jeito ele irá te operar. Você quer tentar uma segunda desopção ou você prefere fazer a cesárea?” Fiquei irritada por ela cogitar essa possibilidade de cesárea e respondi até com um tom um pouco alto “claro que não, eu não quero cesárea, ele não vai fazer cesárea, ele vai ter que esperar, eu vou mandar ele esperar. 2 horas não é nada!” </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">O tempo passou... mas as contrações ao invés de ficarem mais fortes foram ficando mais espaçadas e fracas. Cheguei a ficar 30 minutos sem ter uma contração!!Entrei em desespero, a cesárea era certa se eu continuasse ali. Estava se aproximando a hora do médico voltar e eu já estava cogitando a possibilidade de pedir para que ele me liberasse para ir para casa. Por outro lado, eu estava me sentindo muito insegura e desamparada pelo médico e se eu fosse embora para o Rio de Janeiro novamente eu definitivamente não queria voltar para Niterói de encontro com uma possível cesárea. Eu estava assustada, insegura. Minha irmã repetia a todo momento “você não está desamparada, estamos todos contigo!”. Isso me confortava, mas não me acalmava. Pedi que a minha irmã ligasse para uma amiga nossa muito querida e engajada na causa do parto e nascimento, para saber se a essa altura do campeonato ainda havia alguma outra possibilidade de médico caso eu resolvesse ir embora. Aí começou uma movimentação de telefonemas, entra e saí do quarto. Meu marido, minha irmã (e doula querida!) e a minha doula..correndo contra o relógio para tentarmos tomar uma decisão que me deixasse mais segura. Infelizmente, enquanto eu continuasse ali naquele hospital eu estava já assistida por um médico e sob hipótese alguma outro médico poderia pegar o meu caso. Dividida entre continuar ali e brigar com o médico para que ele me desse mais um tempo ou largar tudo sem rumo e sem assistência e o pior..entrar de novo naquele carro!Muitas coisas passavam pela minha cabeça, Falei com a minha amiga ao telefone, que repetiu tudo aquilo que a minha irmã já havia me falado (em outras palavras). Enquanto eu continuasse ali ela não tinha como me ajudar, a decisão era minha. Eram essas as minhas duas opções. Sair de lá e tentar, ficar lá e aceitar. Mas eu ainda não conseguia acreditar que o médico em que eu tanto confiei não levaria até o final essa história. Foi quando ouvi a voz dele no corredor. Eu ainda tinha esperança de convencê-lo, pedi para que a minha irmã fosse conversar com ele para sentir em que ritmo ele estava. Ela voltou desanimada, ele vinha logo atrás dela. Não deu tempo de que ela me contasse a conversa que teve com ele (só fiquei sabendo depois do nascimento do Pedro)..ela apenas me falou “ele ta vindo, vai te examinar e vai te falar da cesárea!”. Agora era a hora, não tinha mais volta. Respirei fundo!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Deitei e fui examinada de novo. Disse que eu permanecia com apenas 1 cm e que queria avaliar o batimento do bebê durante uma contração..mas a contração não vinha!!!Enquanto isso, fora do quarto, meu marido ainda estava se acalmando e conversando com a nossa amiga Ingrid a respeito da nossa saída do hospital, quais eram as nossas possibilidades? Tínhamos 3: hospital publico, plantonista de convenio, medico particular. Naquele momento eu só pensava em uma coisa: quero parir. O médico chegou a brincar dizendo que a contração não vinha porque ele tava lá, o bebê devia estar com vergonha ou com medo dele (e acho que ele estava mesmo certo, viu!!rs). Ele saiu do quarto alguns segundos, voltou, ficou bastante tempo no quarto, conversamos sobre novelas, etc....e nada da contração. Fora das contrações os batimentos estavam OK, mas a dilatação não tinha evoluído como ele desejava. Meu marido voltou para o quarto, minha irmã e minha doula também estavam comigo. Ficamos todos em silêncio e então eu falei “Dr, eu quero voltar para casa, ficar em casa e esperar a dilatação evoluir e ai eu decido o que fazer. Se for preciso vir de novo para Niterói eu venho!!”. A resposta que eu queria ouvir (sim, pode ir) não veio (como eu imaginava que não viria). Ao contrário, ele começou a falar e falar e falar... coisas cada vez mais assustadoras. Eu queria sumir!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Infelizmente eu não posso te deixar ir. Eu até havia comentado com o seu marido ali embaixo. Não quis te falar para não te deixar preocupada, mas quando te examinei pela primeira vez eu vi um sinal que me deixou muito preocupado. Há uma reentança no seu útero que indica um risco elevado de ruptura uterina. Esse sinal é conhecido como Anel de Bandl. É o primeiro sinal que a gente detecta de que provavelmente o útero vai romper.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Enquanto ele falava isso meu coração disparava, meu bebê mexia sem parar, eu rezava e pedia que Deus me ajudasse a tomar a decisão certa. Eu tava ali deitada, me sentindo impotente.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Eu olhava nos olhos dele enquanto ele falava aquelas palavras...e Deus...eu não conseguia ver sinceridade. Aquela sinceridade e segurança que me passou durante todo o pré-natal, EU NÃO VIA, EU NÃO SENTIA! Para onde foi aquele medico que conheci?Porque ele estava me aterrorizando? Porque ele não me deixava ir?porque ele queria me operar? Aquilo só podia ser um pesadelo!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Minha irmã estava aflita, junto comigo (temos uma conexão muito forte uma com a outra). Ela comentou com ele que a minha cicatriz tinha mesmo aquela “ reentrança” desde sempre. Mas ele respondeu</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Ah, mas agora ta tudo perfeito, só aparece quando contrai!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Perguntei para a minha irmã</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Lu, você ta vendo alguma coisa?não mente para mim, me fala!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Finalmente veio uma contração, ele não auscultou o bebê mas avaliou a cicatriz. Em meio a dor eu pedi para a minha irmã “ olha Lu, ve se ta tudo bem”. Tudo que ela queria era me manter calma, segurando na minha mão ela respondeu com um sorriso “ta tudo otimo na sua cicatriz e na sua barriga e com seu bebe, vai dar tudo certo, relaxa.” O médico respondeu “ realmente agora está melhor, quando olhei na primeira vez o sinal estava muito mais evidente” .</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Eu havia lido durante a gestação sobre os sinais de ruptura. Sabia que a chance era muito baixa mas de qualquer forma eu estudei sobre os sinais: dores que não passam mesmo entre as contrações, anel de bandl. Nesses casos a cirurgia deveria ser emergencial, pois mãe e bebe poderiam morrer. Eu estava super bem, tava feliz, o bebe tava ótimo e o medico apesar de todo o terror parecia super tranqüilo. Ué, será que eu esqueci de estudar alguma coisa?será que existia algum outro sinal mais primitivo que somente ele poderia ter observado?sera que havia um “sinal de um sinal” ???</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Perguntei para ele mais uma vez</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Então, se está tudo bem e eu não evolui, posso ir embora???</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Mas não teve jeito. Ele continuou</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Olha, eu não posso te deixar ir. Eu realmente fiquei preocupado, eu sou uma pessoa muito difícil de se preocupar e que tem um limite que demora a chegar e você sabe bem disso!Mas dessa vez eu realmente estou preocupado e por mim você não vai sair daqui. Eu não sei se estou traumatizado porque duas semanas atrás tivemos um caso de ruptura e eu não quero passar por isso de novo. Eu vi o sinal igual ao seu e fizemos uma cesárea...quando abrimos tinha realmente ruptura!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Era a hora de tomar uma decisão. Realizar o meu sonho ou fazer a cesárea?Todos os meus medos vieram a tona. Eu não queria de forma alguma colocar a minha vida e a vida do meu filho em risco. Esse foi o momento de maior desespero que passei em todo o meu trabalho de parto, para não dizer em toda a minha vida. Entrei em pânico, chorei desesperadamente como um bebezinho. O medico em pé na minha frente aguardando uma decisão. Eu sentada na cama, meu marido e minha irmã ao meu lado me fazendo carinho. Apesar da convicção de que eu e meu bebê estávamos bem eu pensava “mas e se daqui a pouco não estivermos?e se ele estiver certo?” no fundo eu sentia que as palavras dele não eram verdadeiras, eu via no olhar dele. Mas ELE É MEDICO, se eu não podia confiar nele, em quem confiar?Chorei por vários minutos, encostei ainda chorando no ombro do meu marido e desabafei</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Eu não consigo decidir!!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Então aconteceu a maior reviravolta. Foi o momento de maior participação do meu marido. Ele tomou para si o meu parto, ele bancou o meu parto e a minha decisão. Ele fez a coisa acontecer. Em meio ao meu choro e minha indecisão meu marido se levantou e falou em voz alta</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Então é isso aí Dr. Vamos embora.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Deu um tapinha no meu ombro e continuou</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Bora mulher, para de chorar. Não é isso que você quer??Então pega suas coisas e vamos embora!Levanta!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Eu ainda não conseguia acreditar que meu marido estava abraçando aquilo junto comigo. Minha confiança voltou, eu era eu mesma novamente. Eu era a Juliana Fernandes Monteiro Duarte que queria E IA parir!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu marido justificou para o médico</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Dr. É o seguinte, nós vamos embora porque ela quer um parto normal entende??</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">O médico respondeu</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Eu entendo. Eu sei o quanto ela quer isso, eu torci muito por ela. Mas infelizmente eu não posso ignorar um sinal que eu estou vendo. Se você quiser pode levantar agora, pegar suas coisas e ir embora. Mas EU não vou te dar alta.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Eu entendo. (meu marido e minha irmã responderam juntos)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu marido continuou</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Mas é isso aí, conforme for se precisar, se acontecer alguma coisa pelo caminho...a gente volta. Beleza?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Vocês vão mesmo embora?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Vamos!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Então preciso que você assine um termo de responsabilidade.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Com minha confiança retomada respondi sem medo</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- EU ASSINO!Precisa que meu marido assine também??</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Não.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Pegamos as malas, e quando já estávamos com tudo decidido e saindo do quarto ele voltou e com um sorriso leve no rosto comentou</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Olha só como a vida é engraçada. Às vezes prega umas peças na gente só para tornar tudo ainda mais difícil.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Não era possível, o que mais poderia acontecer??Perguntei</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- O que foi??</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">- Acabei de verificar com a recepcionista. Esse é o ultimo quarto do hospital. Se vocês saírem agora e por acaso acontecer alguma emergência e precisarem retornar não sei se vou conseguir interná-la novamente, pois pode não ter mais nenhuma vaga.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Para mim não fazia a menor diferença. Então eu disse: Ok, tudo bem!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Seguimos até a recepção. Assinei o termo. Era um termo comum de responsabilidade. Dizendo que eu tinha chegado com contrações regulares mas não estava mais em trabalho de parto e tinha solicitado a alta, bla bla bla (não me lembro exatamente o que mais, eu nem olhei direito, eu so queria ir embora!). Lembro-me bem de um detalhe, nesse termo não havia nenhuma menção ao tal risco de ruptura uterina que ele havia observado. O que me tranqüilizou, pois se fosse algo realmente sério ele teria escrito.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Fomos até o elevador. Apesar de tudo o medico foi muito educado, nos levou até o elevador, se despediu e me desejou sorte. Disse que ficaria torcendo por mim.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Descemos e seguimos até o carro. No caminho eu comentei com a minha irmã que queria que alguém (outro profissional) avaliasse a minha cicatriz.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">A minha doula Ana ligou então para a nossa amiga e contou que estávamos indo embora e eu desejava ser reavaliada por alguém que não fosse ele. Seguimos em direção ao Rio de Janeiro e a Ingrid (nossa amiga querida, anjo, linda!) telefonou para o celular da minha irmã dizendo que poderíamos passar na casa da Maíra, uma outra amiga linda e querida que é enfermeira obstétrica, para conversamos um pouco, acalmar, tomar uma água..e ela daria uma avaliada na minha cicatriz para me tranqüilizar e poderia auscultar o bebê também. Algum tempo depois ela ligou novamente falando que tinha conseguido um médico que estava disponível para atender o parto em um hospital qualquer do convenio, mas o parto seria particular. Fiquei preocupada com o dinheiro inicialmente, mas tudo que eu queria naquele momento era parir, parir, parir, parir. Daríamos um jeito depois! Seguimos até a casa da Maíra, a Ingrid foi até lá me ver e me dar um abraço pessoalmente. Eu estava feliz, entre amigos, segura, abraçada e agora com muito mais certeza de que tudo terminaria bem. Meu marido pegou com o contato do médico e telefonou para ele, para ver como poderíamos fazer, qual hospital iríamos, qual valor ele cobraria, quais as formas de pagamento. A Maíra me avaliou entre as contrações e também durante uma delas e me tranqüilizou em relação ao bebê. Falou que eu poderia ficar tranqüila que tudo estava aparentemente bem com o meu útero também. Respirei aliviada, meu filho ia nascer..,meu parto ia acontecer!Me senti livre e segura para me focar no parto novamente...e foi incrível como as contrações voltaram com força total naquele momento. Comecei a ficar irritada na casa da Maíra (tadinha, tão boa anfitriã rsrsrs) eu queria ir embora, queria a minha casa, meu chuveiro. Como sabíamos que eu ainda estava na fase inicial de TP, viemos para casa. E aí a coisa pegou fooooooooogo. No carro eu já estava com dores muito fortes, comecei a ficar fora de mim. Eu queria ver a minha mãe, dar um abraço nela e ouvir ela dizer que tudo iria dar certo..minha mãezinha guerreira que teve 3 partos normais. Chegando em casa a minha mãe já me aguardava em frente a porta, me deu um abraço forte!! As contrações já vinham praticamente a cada 3 minutos. Corri direto para o chuveiro, vi na minha calcinha um pouco de sangramento. A Ana me explicou que aquilo era provavelmente pela dilatação do colo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Fui para o chuveiro loucamente, eu nunca desejei tanto o meu banheiro e o meu chuveiro rsrsrs. Naquele momento, dentro do banho, senti que eu realmente agora estava em TP, parto ativo!!Agora definitivamente a coisa iria andar. Respira, rebola, relaxa, contração...contração..contração. Já estavam quase sem intervalo. Eu senti durante todo o trabalho de parto (desde o inicio) uma dor forte na região lombar (depois descobri que era por causa da posição do bebê, que tava posterior) por isso passei o dia inteiro em pé, sentar me incomodava. Naquela hora dentro do chuveiro essa tal dor ficou INSUPORTÁVEL. Eu precisava de massagem nas costas e precisava JÁ. Falei para a minha irmã tirar a roupa e entrar comigo no chuveiro (Box minúsculo do nosso apartamento) e me ajudar. Ela atendeu prontamente (rsrsrs). Pensei e falei tanta coisa que eu não me lembro mais...reclamei de tudo e todos, eu só queria a minha irmã. Comecei a sentir um calor muito grande e resolvi sair do banheiro. Minha mãe nos aguardava com um mingauzinho carinhosamente preparado. De inicio eu não quis comer, mas ela me deu colherada por colherada na boca, eu já estava muitas horas sem comer (desde que fomos para o hospital eu n tinha comido nada). Depois que sai do chuveiro comecei a sentir uma vontade muito forte de empurrar. Pensei “não é possível, já???” Como eu queria a minha irmã ao meu lado todo momento, a parte mais “burocrática” ficou por conta da outra doula, Ana. Que ligou para o medico avisando que eu já estava com vontade de empurrar. Meu marido nessa hora estava dormindo. Foi decidido que iríamos para o hospital pan-americano, na tijuca...bairro relativamente próximo de casa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Minha irmã acordou meu marido. Me vesti e fomos de novo para o carro (de novoooooo!!). Foi mais um péssimo momento do meu trabalho de parto. Seguir naquele carro apertado, sem movimentação e com contrações quase sem intervalos..foi terrível!o hospital tão próximo me pareceu muito longe. Eu olhava pela janela do carro e não conseguia identificar onde eu estava, será que faltava muito para chegar?eu estava fora de mim...acho que estava quase em outra dimensão. Eu só pensava “ hospital, hospital, hospital”. Chegando no hospital o “novo médico” estava nos esperando. Um anjo chamado Marcos Nakamura, que aceitou me atender no meio da madrugada (devia ser por volta de 1h da manhã quando nos encontramos). Ele estava tranqüilo e me passou muita paz e segurança. Agora sim eu sentia que podia ir em frente. Entramos no hospital e ele solicitou uma sala para me examinar. Minha irmã conta que foi muita bucocracia mas eu não me lembro de naaada, so sei que ele me examinou e ouvi a grande noticia, a melhor que poderia ouvir 7 CM!!!!!!!!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Uau, e não é que tudo que eu precisava mesmo era estar com uma equipe que me passasse segurança? Tudo evoluiu muito rápido.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Fomos dar entrada na internação. Foi quando tivemos mais uma péssima noticia: não havia vagas. A recepcionista antipática disse que o medico deveria ter solicitado com antecedência. Como solicitar um quarto com antecedência para um parto que pode acontecer a qualquer momento? Irritadíssima com o meu plano de saúde, com o sistema de saúde do Brasil, com a máfia dos médicos e hospitais pela cesárea, irritada com tudo. Eu senti na pele tudo que uma mulher não merece sentir, passei tudo que dizem nos jornais que as mulheres passam. Eu sabia que era real, que isso acontecia todos os dias, mas não imaginei que aconteceria comigo. Estávamos sem rumo. Meu marido começou a entrar em contato com todos os hospitais do plano de saúde. Ele telefonava para alguns e a minha irmã para outros. Só tapa na cara. Ninguém tinha vaga!!O que fazer?? Eu bati o pé e me recusei a sair de lá sem rumo novamente, eu queria ir para um hospital certo, eu queria ir para um lugar onde fosse ficar até meu filho nascer. Me bateu um certo desespero de que a qualquer momento ele poderia nascer e nós ainda não tínhamos nada concreto. Eu senti que estava chegando ao meu limite, eu estava desgastada emocionalmente e também cansada fisicamente. Minha irmã decidiu ligar para a minha mãe e contar a situação. Minha mãe disse que poderíamos seguir para qualquer hospital da cidade que tivesse vaga, que daríamos um jeito para pagar o hospital mesmo que fosse particular, ela faria um empréstimo no banco. Era a nossa única opção. As outras eram ir para o SUS ou ir para o plantonista de algum hospital, opções inviáveis para mim naquele momento. Eu queria estar SEGURA.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Pela ultima vez entrei dentro do carro, dessa vez com rumo certo: perinatal de laranjeiras.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Lembro-me vagamente que xinguei todo mundo, culpei a minha irmã por ter me convencido a ter um parto normal (tadinha!), culpei o médico dizendo que eu não gostava dele (pobre Dr, foi um anjo comigo), culpei a minha outra doula dizendo que ela não estava ajudando em nada (que injusta eu!) e pior de tudo...culpei meu marido por ter aceitado sair de Niterói, falei que ele era um irresponsável que ele gostava de me ver sofrer que eu queria voltar JÁ para Niterói, que eu queria uma cesárea imediatamente (kkkkkkkk), eu tava em outro planeta, sem noção. Eu gritei VOCES TODOS SÃO CULPADOS DISSO, VOCES TODOS!.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Chegamos ao hospital pouco mais de 3 horas da manhã e aí foi só alegria. Subimos para a suíte de parto e pedi para ir para o chuveiro. Não tinha chuveiro naquela porcariiiaaaa...então o jeito era encher a banheira que tinha lá. Mas a água era gelada e eu detestei. Alem disso eu não conseguia ficar sentada, pois ainda sentia muita dor na lombar. Nada mais funcionava. Eu não conseguia sentar, tava cansada e estressada ao extremo, não tinha chuveiro, não via mais outra opção. Eu precisava relaxar. Solicitei analgesia. Depois da analgesia eu consegui deitar e relaxar por algum tempo, não sei quanto tempo...deve ter sido uns 40 minutos. O médico comentou que o bebê ainda estava muito alto e que eu precisaria trabalhar para faze-lo descer. Ele falou que aguardaríamos até as 6h e então tentaríamos algumas técnicas para ajuda-lo a descer. Mas eu não agüentei ficar parada tanto tempo. Quando me senti recuperada resolvi levantar, caminhar, caminhar, ficar de cócoras. O médico voltou e ficou animado com a minha disposição. Examinou e viu que o bebê estava bem, batimentos bem, mas ainda alto. Ele me olhou e disse “ta tudo perfeito, agora só depende de você” . Então a cada contração eu ficava de cócoras e fazia força, força, força. Isso foi durante quase 1h. Eu não sei bem sobre o tempo, para mim o tempo tinha parado, eu tava parada ali naquele momento. Bom, o medico veio auscultar novamente e tivemos a ótima noticia de que ele já tinha descido um pouco mais!!Me animei e fazia ainda mais força quando vinha a contração. A analgesia já tava perdendo efeito e eu sentia tudo muito mais intenso. Força, força, força. A bolsa estourou (será?). Eu pensei que eu tinha feito xixi rs. Algum tempo depois novo exame, bebê ok, o médico decidiu fazer o toque. Aí de fato a bolsa estourou..ploft! molhou o medico todo..que vergonha kkkkkkk!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Nessa altura do campeonato eu estava muito cansada e comecei a achar que não conseguiria levar isso até o fim. Me senti um pouco tonta como se fosse desmaiar. Vomitei bastante...e comecei a ter uma espécie de fobia do quarto onde estávamos. Eu precisava sair do quarto, ver Sol, ver luz, ter liberdade!!Já eram por volta de 7 ou 8 horas da manhã. Comecei a falar que eu não queria mais, que eu ia desistir, que eu não era capaz. A minha irmã saiu do quarto e foi conversar com o médico. Voltou junto com ele e com a Ana Fialho, médica assistente... outro anjo de Deus em minha vida que deu um gás novo ao trabalho de parto, sangue novo, energia nova. Ela pediu para me examinar novamente e eu permiti. Me falou que eu estava quase com dilatação completa e o bebê não estava mais posterior, ele já tinha virado e estava pronto para nascer. Nesse momento eu pensei “ótimo, falta pouco, eu consigo sim!ufa!”. Esses momentos finais ficaram um pouco confusos na minha cabeça, não me lembro de absolutamente nada que foi falado, nada do que aconteceu, tudo que eu pensava era eu, bebê, força, nascer. Vamos, vamos, vamos!Meu marido (que estava dormindo na sala ao lado) foi chamado para acompanhar o nascimento. Lembro de alguns momentos onde eu achava que não ia conseguir mais fazer força, que eu já tinha feito toda a força possível, mas o Dr Marcos, a Dra Ana e a minha irmã Luciana me davam força e coragem dizendo que eu era sim capaz e que meu filho já estava quase nascendo. Senti muita vontade de fazer cocô, muito calor e muita sede. A Dra Ana me explicou que tudo aquilo era sinal de que estava muito próximo de ter meu filho nos braços. Que alegria, nova injeção de animo e coragem...força, força, força. Tentei muuuitas posições: de joelhos, de quatro, de cócoras, deitada de lado. A única que me senti confortável foi semi-sentada em cima da cama. Mais ou menos de 1 hora de expulsivo, enfim tive o Pedro em meus braços e o sentimento que eu tive foi: CONSEGUI! Vitória, superação, garra, conquista...nem sei direito tudo que passou, todos os sentimentos maravilhosos. Olhei para o meu marido e falei “amor, eu consegui” olhei para a minha irmã e disse “ Lu, você viu isso?eu consegui” abracei forte o meu filho e falei “filho, NÓS CONSEGUIMOS!eu não sei como, mas nós conseguimos!!”. Eu estava realizada. Completa. Nunca imaginei que tudo isso aconteceria, mas não me arrependo de nada nem por um segundo. Toda a equipe me parabenizou. Mesmo com todas as dificuldades foi um parto incrível e inesquecível. Não me arrependo de ter saído de Niterói, de ter me recusado a ser operada novamente, de ter corrido atrás do meu sonho. Eu faria tudo outra vez!!!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">Meu filho ficou comigo o tempo todo, foi amamentado logo ao nascer, não foi aspirado, não recebeu colírio de prata nos olhos. Nasceu pesando 3.180 kg e medindo 50 cm. Lindo, chorando forte, muito saudável. Fiz o melhor para mim e para ele, não tenho dúvidas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: inherit;"><span style="line-height: 16px; white-space: pre-wrap;">EU CONSEGUIIIIIIIIIIIII."
Nota: o Anel de Bandl é um sintoma bem comum de que o útero está na iminência de romper e é indicação absoluta de cesariana, entretanto, é um sinal muito fácil de perceber pois forma uma espécie de "S" bem visível na barriga da gestante, onde dá pra ver um "vale" bem delineado. No caso da Juliana, como ela estava acompanhada de doula e tudo o mais, ela só saiu do hospital porque tinha certeza de que estava sendo enrrolada pelo médico, pois ninguém além dele viu o suposto "sinal", que inclusive também não foi visto pelo médico que a atendeu em seguida e a prova cabal de que o anel foi inventado é que o útero não rompeu. </span></span></div>
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...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-18454395251297084072013-01-20T06:08:00.001-08:002013-01-20T06:08:21.204-08:00Sandálias da humildade (alergia à proteína do leite de vaca e outras reflexões)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsScXDr54w6VYAeWOKhXy82dVihhcm_hjA8utdus0tvMs0x0xrfnn_qkbBVCMArqZXSzwzCbAYKyMVLLWWn8Q9Wfu2_4qiSW1I1XfP0bBpGEIWQB4JES71Ut1hTUl_kyAOzfONDwhJK3_I/s1600/sandalia-da-humildade.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsScXDr54w6VYAeWOKhXy82dVihhcm_hjA8utdus0tvMs0x0xrfnn_qkbBVCMArqZXSzwzCbAYKyMVLLWWn8Q9Wfu2_4qiSW1I1XfP0bBpGEIWQB4JES71Ut1hTUl_kyAOzfONDwhJK3_I/s1600/sandalia-da-humildade.jpeg" height="266" width="400" /></a></div>
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Então, resolví escrever esse post porque eu acho que anda carecendo...<br />
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2012 foi um ano de muitas mudanças pra mim, e a principal foi descobrir que minha filha é APLV (alérgica à proteína do leite de vaca). A gente nunca consumiu muito leite aqui em casa, eram mais os derivados, mas descobrir isso acarretou toda uma série de mudanças nas nossas vidas. O diagnóstico, no nosso caso, foi muito difícil. Aurora tinha diarréias mensalmente que duravam 10 dias. Ela passava 10 dias do mês com uma diarréia monstra, e isso a impedia de ganhar peso. Além da diarréia, ela tinha diversas manchas pelo corpo e uma falta de apetite preocupante. No começo eu achei tudo normal: diarréia pra mim era de alguma virose que ela tinha pego na creche, as manchas eram brotoeja ou algo do gênero e a falta de apetite era comum à idade. Depois de passar em vários pediatras, alergista e dermatologista e todos serem categóricos em afirmar que tudo oq ela tinha era normal e ver minha filha descer cada vez mais nas curvas de crescimento até chegar a um ponto de ela não ter ganho nem 100g em 1 ano, uma amiga minha me cantou a bola de que ela podia ter alergia. Eu era alérgica quando criança (ainda sou um pouco) e tenho uma família inteira de alérgicos (lá temos alérgicos à proteína do leite de vaca, produtos de limpeza, medicamentos, enfim, tem todo tipo de alergia) e eu simplesmente deletei essa informação da minha cabeça por um tempo enorme. Começamos a dieta de restrição e mesmo assim ela não melhorava. Com a ajuda de grupos especializados em alergia, descobrí que ela não melhorava pq além da comida não poder ter leite diretamente, ela não poderia ser processada em mesmo equipamento que comidas que levam leite pq sempre fica um pedaço de proteína do leite, ou um pedacinho de queijo, que podem provocar reações nos alérgicos. Foi mais uma luta, pq além de Aurora não poder consumir, eu também não posso consumir nada que tenha traços de leite (esses pequenos pedaços de proteínas), e pra dieta ser efetiva, teríamos que separar panelas, talheres, pratos e até a esponja que lavamos a louça dela. Optamos aqui em casa por não mais consumir nenhum produto que não seja limpo de leite e conseguimos estabilizar o quadro dela, depois de muito choro e dor de cabeça. Ela ganhou 300g em 10 dias e passou a comer um pouco melhor, o que deixou claro pra nós que estamos no caminho certo.<br />
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Como eu disse, da gente descobrir que ela era alérgica e conserguirmos estabilizar o quadro foram 4 meses. 4 meses de loucura total, de preocupações pq a dieta não estaria dando certo, pq a gente tava no escuro sem saber o que ela tinha, pq se não fosse APLV eu não teria idéia do que ela podia ter, enfim, foi caótico e desesperador! E esses 4 meses me ensinaram muita coisa, e a principal delas foi parar de ser arrogante.<br />
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Já tinha um tempo que eu andava tomando umas porradas da vida, uns tapas na cara, e acho que essa alergia foi definitiva pra eu passar a enxergar algumas coisas de um modo diferente. Recebí muito apoio de gente que eu sempre julguei e falei mal. Pra dizer a verdade, essas foram as pessoas que mais respeitaram as nossas suspeitas e ajudaram na questão alimentar da Aurora. Gente que eu sempre taxei de "mãe de merda" e que foram as primeiras e correr em meu auxílio, a me acalmar e me fazer enxergar uma série de coisas que eu não conseguia enxergar porque simplesmente me coloquei num pedastal, me julgava boa demais pra compreender certas atitudes e arrotar por aí que eu "nunca faria isso". Além da alergia, eu comecei a trabalhar, e isso também foi crucial pra me fazer ficar um pouco mais humilde e parar de apontar o dedo na cara dos outros. A gente sempre gosta de pensar e criticar as atitudes das pessoas, e eu em particular sou bem ácida nas minhas críticas, mas ver as outras coisas por outro prisma foi muito importante pro meu amadurecimento pessoal. Pude entender todas as mães que dão uma mamadeira com mucilon pra criança dormir a noite toda, entender as mães que ligam um desenho de manhã só pra poderem dormir mais um pouquinho porque estão podres de cansaço, enfim, foi uma mudança e um choque de realidade radicais.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixutEgH-rci2L48Sc2SPlPRztLxjLHI5ukR-249UqJGTseZoWljTdZj-MlbOi-RvFQvJQnsHIJ5nJzEUJqz_5PSrW64ct55x7-kfTshyphenhyphenAg9xbmMawDes61ZoAFGUW6QM8MrzVtFnffB_EX/s1600/Rei+Le%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixutEgH-rci2L48Sc2SPlPRztLxjLHI5ukR-249UqJGTseZoWljTdZj-MlbOi-RvFQvJQnsHIJ5nJzEUJqz_5PSrW64ct55x7-kfTshyphenhyphenAg9xbmMawDes61ZoAFGUW6QM8MrzVtFnffB_EX/s1600/Rei+Le%C3%A3o.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
Então o que eu quero dizer com isso tudo é que eu parei de julgar. Tá, isso é impossível porque a gente sempre julga um pouquinho, mas acho que eu passei a ter empatia. É tão fácil julgar os outros do alto da pedra do rei! Bater no peito e dizer "eu não faria isso" sendo que você não conhece aquela mãe, não sabe a história de vida dela nem o que ela passou pra chegar até alí, não sabe que tipo de informação ela tem acesso, nem que relações familiares ela estabeleceu. Quando você está de fora, tomar decisões é muito mais racional e fácil do que quando você está no olho do furacão. Todas nós somos humanas, e mães, apesar de na maioria das vezes quererem sempre o melhor pros filhos, erram, e erram feio. Tem muita mãe por aí que, apesar de não querer amamentar, é uma mãe muito melhor do que várias que ficam por aí arrotando o quanto são perfeitas. Tem muita mãe que, apesar de infelizmente precisar terceirizar o filho porque precisa garantir a sobrevivência, é melhor mãe do que quem fica em casa de saco cheio da criança e doida pra sair correndo. Enfim, nós não temos a mínima idéia do que é a vida do outro até estar na pele dele, com todas as angústias e vivências que ele tem. Claro que eu vou sempre continuar falando a quem me perguntar o que eu acho melhor, o que vai de acordo com as minhas crenças e o que eu acho mais embasado cientificamente, mas acho importante ter auto-crítica e saber que a gente não é a última coca-cola do deserto e que estamos sim sujeitos a falhas.<br />
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E se eu pudesse dar um conselho, seria por favor, mas por favor mesmo, não seja estúpida como eu e pare de julgar as outras pessoas, pare de julgar as decisões delas como se fossem certas ou erradas e como se você fosse deus. Você não tem esse poder. Ninguém te deu o direito de falar se a decisão de A, B ou C foi correta. E, principalmente e baseado na minha própria experiência de vida, cuidado, porque quando a gente cospe pra cima invariavelmente o cuspe cai na nossa testa....http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-86028517193890442842012-11-21T08:56:00.000-08:002012-11-21T09:01:09.554-08:00Valente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4p6m3Xt-PjEa4JpNus3uv1NUvvtv-ck9RPTka2jSIK2bunr_MlkdOtNKs4WAM7rTXfMmqCq5RcuJF4sN_h48N3Jkxz3d0Udlrdnbq1J6b01M58vWV4U3rTt1nbYigEkHddeogQaxx1AD/s1600/valente.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4p6m3Xt-PjEa4JpNus3uv1NUvvtv-ck9RPTka2jSIK2bunr_MlkdOtNKs4WAM7rTXfMmqCq5RcuJF4sN_h48N3Jkxz3d0Udlrdnbq1J6b01M58vWV4U3rTt1nbYigEkHddeogQaxx1AD/s1600/valente.jpg" height="217" width="400" /></a></div>
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Eu ando numa onda de fugir das princesas bobocas que passam a história inteira deitadas esperando que algum desconhecido as salve. Chatices à parte, acho que toda mulher já sonhou com o príncipe encantado e, na minha modesta opinião, isso não faz bem pra ninguém, além de estimular uma atitude conformista e passiva diante das situações (como por exemplo dormir, ficar presa numa torre e etc). Tendo isso em vista e sendo filha de dois nerds, a gente tem procurado uns filmes alternativos pra Aurora, e um que me surpreendeu foi o filme Valente.<br />
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Merinda é uma princesa (ruiva, com cabelo enrrolado e todo desgrenhado, oq já me agradou por fugir do estereótipo loira do cabelo liso) que é ensinada pela mãe a se portar como uma dama, para que possa assumir seu lugar como rainha. Só que a Merinda, como toda boa ruiva, não aceita esse posto de "dama comportada", tampouco que lhe escolham um noivo, e luta contra isso. A trama inteira se dá nesse sentido, da personagem principal lutando pra se livrar das tradições e do que foi "estigmatizada" para ser. A parte legal é que a mãe da princesa, machista e super tradicional, passa por situações em que é capaz de compreender as coisas sob o ponto de vista da princesa, abrindo assim um canal de comunicação e entendimento entre as duas.<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/1IePsEvDYpw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
Achei super legal e recomendo! Minha mãe comprou o DVD pra Aurora e a família toda assistiu! Vale muito a pena!...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-76148058615076097122012-10-31T04:38:00.002-07:002012-10-31T04:38:24.163-07:00Página do blog!Pessoal, criei uma página exclusiva pro blog! Quem gostar e quiser receber as atualizações e novidades do blog, é só ir lá e curtir!<br />
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<a href="http://www.facebook.com/oquehaderrado">http://www.facebook.com/oquehaderrado</a><br />
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:D...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-69127469262773175692012-10-30T06:56:00.000-07:002012-10-30T06:56:13.498-07:00O machismo nosso de cada dia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-MSKQk7MMDbsXtSu4YRLk6nu43OCaJ0pcbF3kesX21T5Geq5vMO8u6775hjM18QGSDZFABixSbCsndWmepn9SmYdjcvGWtARMRyrUOPMvcib1uMlhB3xRp1h3uU-J0uJZcz349IM5HSzm/s1600/machismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-MSKQk7MMDbsXtSu4YRLk6nu43OCaJ0pcbF3kesX21T5Geq5vMO8u6775hjM18QGSDZFABixSbCsndWmepn9SmYdjcvGWtARMRyrUOPMvcib1uMlhB3xRp1h3uU-J0uJZcz349IM5HSzm/s1600/machismo.jpg" height="400" width="291" /></a></div>
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Daí que hoje eu estava na praça com Aurora e, como sempre, haviam várias outras crianças. Tem um menino em especial que sempre me chama a atenção, pois enquanto as outras crianças dividem e brincam umas com os brinquedos das outras, esse menino dá verdadeiros chiliques, de se ouvir do outro lado da rua mesmo com o carrinho de pamonha passando do lado, quando vê alguém pegar os brinquedos dele. É sempre a mesma coisa: as outras crianças estão brincando, ele chega com um brinquedo super chamativo e todo mundo quer mexer, pq né, rola um intercâmbio de brinquedos entre todos, daí esse menino brinca com o brinquedo de todo mundo, mas se alguém pega no dele, é a terceira guerra mundial. Eu até evito que Aurora fique perto dele pq não quero confusão, mas a vontade que eu tenho é de dizer pra mãe dele não deixar ele brincar com o dos outros, afinal, se ele não quer emprestar o dele, não é justo que as outras crianças tenham que emprestar pra ele.<br />
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Pois bem, estou lá eu com minha cara de alface abstraindo todos os papos cesaristicos, mamadeiristicos e chupetísticos das outras mulheres quando, de repente, o tal do menino pega uma boneca. MEU DEUS DO CÉU! A mãe, que estava entretida conversando com as outras, na hora para tudo oq está fazendo e fala um sonoro: "Não brinca com isso filho, que isso é brinquedo de menina. Tá vendo, é rosa e é boneca, é de menina. O Seu é o carro".<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDt31L_1cFejvagh7S8WdTjm0RE-zbpSfUDvEN7FeIklZvRYKpMzyAss7N8AviIJnmC4KwQQlCxiEo3fGg2BehtekBqlWV1yb1Is79RgdhAnzOQFHk5XeOZdXS6ELwN6gkU5TgIm_HBLx2/s1600/machismo2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDt31L_1cFejvagh7S8WdTjm0RE-zbpSfUDvEN7FeIklZvRYKpMzyAss7N8AviIJnmC4KwQQlCxiEo3fGg2BehtekBqlWV1yb1Is79RgdhAnzOQFHk5XeOZdXS6ELwN6gkU5TgIm_HBLx2/s1600/machismo2.jpg" height="236" width="400" /></a></div>
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Eu quis vomitar e sair de Lavras correndo, pq não é a primeira vez que eu ouço isso e traduz exatamente o pensamento do brasileiro. Essa mesma mãe, em ocasiões anteriores, sempre reclama que o marido não cuida do filho, que não ajuda na casa e etc. Pois é gata, você está criando um menino pra ser exatamente igual ao seu marido: um machão que acha que cuidar de criança é função da mulher! Lavar, passar e cozinhar? Pra quê aprender essas coisas se vc pode casar e, além de ter uma mulher te servindo na cama, ter também uma empregada que faz tudo por você? Pq afinal, o trabalho do homem é ganhar dinheiro e o da mulher é gastar, não é mesmo?</div>
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Quantas vezes eu já não ouví que o Lu é um ótimo pai pq "até troca fraldas"? Já perdi as contas da quantidade de gente que acha que ele é um ótimo marido pq dividimos as tarefas domésticas. ALOW galera, cuidar de casa e de criança é tarefa dos dois! Tem que ser dividido e ele não faz nada de outro mundo, apenas cumpre com a obrigação dele. Fora as piadinhas de: "tá vendo, lá vai o pau mandado da Aretha colocar a criança pra dormir" ou "olha como ela judia dele! o menino é obrigado a fazer a papinha da filha!". Fala sério Brasil, acordem! </div>
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Bora parar de fazer distinções entre meninos e meninas? Deixar os meninos brincarem de boneca e as meninas de carrinho? Porque, veja, essas brincadeiras de infância definem, a longo prazo, o nosso papel na sociedade, e se você cresce acreditando que a sua tarefa é limpar o chão, mais tarde vai ser super difícil de quebrar esses tabus e fazer o que vc tem vontade de fato. Quanta mulher eu vejo por aí que não queria ter filhos e acaba tendo porque o marido quer ou porque a sociedade pressiona? Quanta mulher acaba em profissão que não quer quando na verdade tinha vontade de ser policial, astronauta, bombeira, física e outras tantas profissões predominantemente masculinas? Aliás, essa é outra coisa, porque eu ouço todos os dias da minha vida, pelo menos umas duas vezes, que eu sou agressiva e grossa, mas quando é um homem (e eu convivo diariamente com homens 3x mais agressivos do que eu) essas qualidades são tomadas como positivas e até enaltecidas. Quer dizer que por ser mulher eu tenho que ser uma anta submissa que passa o dia inteiro na cozinha esquentando a barriga no fogão enquanto o marido tá na rua comendo outras (afinal de contas, não dá pra fazer sacanagem com a sua mulher né? sacanagem é só na rua, com a prostituta. a mãe dos seus filhos merece "ser respeitada)? Eu tenho a obrigação social de ser mansa, cativa e boboca? Nem a pau! Me recuso a ocupar esse lugar!</div>
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Aurora teve a sorte de conviver com meninos que brincam de casinha, tem jogos de chá, panelas, rodo e vassouras, além dos carrinhos. Minha filha tem a sorte de ver o pai lavando a cozinha e a mãe pregando quadros na parede; de ver a mãe na academia levantando peso e ficando "fote" (forte) enquanto o papai brinca com ela na praça, e assim vamos descontruindo esses estereótipos de gênero tão nojentos e que a gente tanto reclama. Afinal, se você reclama que teu marido não lava a louça, já pensou que pode ser pq a mãe dele não deixava ele fazer isso na infância e na adolescência porque essas eram tarefas "femininas"? Já pensou que muito da dificuldade do seu marido em cuidar dos filhos pode ser fruto de sucessivos desestímulos para que ele não brincasse de boneca? Que foi assim que ele aprendeu que um homem tem que ser, um cara que nunca chora nem demonstra sentimentos? Pois é. Crie seus filhos pra liberdade! Ninguém se descobre gay porque brincou de boneca ou de casinha! Arrumar a casa e ajudar nas tarefas domésticas não vão fazer seu filho ser menos homem! Compra uma boneca pra ele e deixa o menino ser feliz, expressar sentimentos, chorar quando tem vontade, ser pego no colo, ao invés de ficar falando que "isso não é coisa de homem". Se você quer uma sociedade mais igualitária, e que no futuro seus filhos não tenham tantos problemas quanto a nossa geração, incentive-os a questionarem os "papeis" de cada gênero, desconstrua! </div>
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imagens retiradas de: <a href="http://www.facebook.com/pages/Mo%C3%A7a-voc%C3%AA-%C3%A9-machista/346411042118549?fref=ts">http://www.facebook.com/pages/Mo%C3%A7a-voc%C3%AA-%C3%A9-machista/346411042118549?fref=ts</a></div>
<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-19984947352028397722012-10-25T15:53:00.000-07:002016-11-12T12:14:10.008-08:00Criando com apego: guia prático - parte doméstica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYKD5LvlcgE5p2Ao0Lq4xdjcZJqR3qr6Z4mEBbhk16-RWhQimcHtEWgK1SQqC3OlCtQV0_a5Rt4zGUWfUY_R5MimIwUte7Ahmu1BIAk2wXiT2tVxASk4CYmsoBSuxtMPdNZ_i7afn-ltWU/s1600/Attachment-Parenting-1698.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYKD5LvlcgE5p2Ao0Lq4xdjcZJqR3qr6Z4mEBbhk16-RWhQimcHtEWgK1SQqC3OlCtQV0_a5Rt4zGUWfUY_R5MimIwUte7Ahmu1BIAk2wXiT2tVxASk4CYmsoBSuxtMPdNZ_i7afn-ltWU/s1600/Attachment-Parenting-1698.jpg" width="300" /></a></div>
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(capa da revista Times: "Você é mãe o suficiente?")</div>
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Daí que surgiu na internet o famoso termo "menas main" e toda aquela ladaínha que a gente já conhece. Olhando mais a fundo, se alguém é "menos" alguma coisa, óbviamente supõe-se que tenhamos alguém que seja "mais", logo, vim aqui pra tentar esclarecer alguns pontos e tentar dar dicas pras mães. Tenho visto muita gente usar o termo "super mãe" ou "mais mãe" pras meninas que praticam a criação com apego, que significa respeitar as necessidades de afeto, atenção e as necessidades do bebê e colocá-lo com prioridade, e isso tem me causado tamanho mau estar que eu tive que vir aqui vomitar. Todo mundo acha que pra criar com apego você tem que desistir da sua vida, largar o trabalho e ficar o tempo todo em função do "pequeno reizinho tirano", se anulando completamente, e o meu intuito aqui é mostrar que o que nós que criamos nossos filhos com apego fazemos não é nada de outro mundo, é apenas uma visão diferente de lidar com a criação de nossos filhos. </div>
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Muita gente sempre diz "ha, mas eu deixei chorar à noite pq tinha que trabalhar no dia seguinte e só assim ele aprendeu a dormir", "ha, eu deixo ver tv pq só assim eu consigo lavar a louça e fazer o almoço" e outros N motivos, cada um mais ímpar do que o outro. O meu objetivo aqui é desmistificar essa "super mãe" e mostrar pra vocês que todas nós conseguimos passar pela primeira infância sem chupetas, mamadeiras, deixar chorar no berço ou colocar a criança pra assistir TV. Bora lá mulherada?</div>
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A primeira coisa que você deve ter em mente se deseja praticar a criação com apego é que o seu marido vai precisar ser parceiro. Sem marido companheiro, não tem criação com apego. Não vou passar pela questão do machismo e tal, mas acho que no mundo de hoje não faz mais sentido a mulher cuidar sozinha de casa e de criança. Se o filho é de ambos, o mínimo que o marido tem que fazer é colaborar. Então, partindo do pressuposto de que o seu marido deve sim ter funções domésticas e que tudo deve ser dividido, as coisas ficam mais fáceis e a mãe não vai ficar exausta ao final do dia.</div>
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Assim que Aurora começou a engatinhar, minha mãe nos deu um aspirador de pó. Ele vai evitar com que você enlouqueça cada vez que o bebê derramar farelos e coisas no chão. Não enlouquecendo por ter que varrer e limpar o tempo todo, você consegue deixar a sua criança comer cozinha e derrubar o prato no chão, consegue não ficar paranóica toda vez que o bebê tentar segurar a colher, não vai ficar maluca se ele resolver picar milhões de papeizinhos ou brincar de transferir a ração dos animais de um pote pro outro. O aspirador de pó me economizou milhões de rugas e muito estress, e valeu CA DA CEN TA VO! Com ele Aurora tem autonomia pra comer sozinha e brincar com o que quiser sem que eu tenha que me preocupar em varrer e passar pano! Coisa mais linda de deus! </div>
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Outra coisa que eu fiz aqui em casa que me ajudou a reduzir drasticamente o nível de rugas foi comprar alguns utensilios de plástico. Dessa forma, Aurora sempre pôde brincar e explorar a cozinha sem maiores perigos. Desde 1 ano ela toma o suco no próprio copo, com a maior destreza e coordenação motora. Hoje, com 2 anos, tenho orgulho de falar que ela já come de garfo e que está aprendendo a usar a faca (ela mais faz bagunça do que usa a faca, mas é assim que ela aprendeu a usar as outras coisas). O prato ela carrega pra onde quer, bem como as cumbucas com lanches e etc. Nunca quebrou nada e assim ela tem autonomia pra fazer e pegar o que quiser, sem se machucar, sem quebrar coisas e sem que eu fique surtada.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiog96d3AOSiqnlLuh8IkDwa2bduv72HZ8iH99143T3KYJg4Rb-jxStVy-9e0vm0qx4uoE5T-9X16CRqgGFfI-0itYu8VV_Re427qRKjL7SavXJakg3-4EPQiF3DuK7mwTuImaZnu-cXrM7/s1600/squeeze+300ml.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiog96d3AOSiqnlLuh8IkDwa2bduv72HZ8iH99143T3KYJg4Rb-jxStVy-9e0vm0qx4uoE5T-9X16CRqgGFfI-0itYu8VV_Re427qRKjL7SavXJakg3-4EPQiF3DuK7mwTuImaZnu-cXrM7/s1600/squeeze+300ml.jpg" /></a></div>
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A garrafinha de água dela também é de plástico. Hoje ela usa a do tipo "squeeze", mas antes, quando ela era um pouco menor e adorava derrubar água no chão, a gente usava o copinho com válvula, pois assim ela podia sapatear, pintar e bordar que não derramava nada no chão e não corria o risco dela tropeçar e cair. </div>
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retirado de: <a href="http://atelievasques.blogspot.com.br/2012/05/transformando-sala-da-fatima.html">http://atelievasques.blogspot.com.br/2012/05/transformando-sala-da-fatima.html</a></div>
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Tire os enfeites que quebram do alcance da criança. Tudo o que representar perigo deve ser tirado do alcance do bebê: travas na gaveta de facas, trava de segurança na privada e porta do banheiro fechada sempre, caixa de remédios em lugar alto, protetores de quinas, protetores de tomada. Tudo isso evita estress e perigo, e assim você torna a sua casa um ambiente amigável em que seu filho pode ir e vir sem que você perca a sua preciosa porcelana. Aqui em casa eu sempre tive poucos enfeites pq tenho 3 gatos bagunceiros, mas tirei os que me restavam em prol da minha filha poder ir e vir e se sentir pertencente à própria casa.</div>
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Deixar as coisas da criança na altura dela também facilitam muito e ajudam que ela tenha independência pra escolher o que quer pegar sem precisar de terceiros. Imagine morar numa casa onde tudo é grande ou pequeno demais pra você? em que você não consegue ir e vir sem ter que solicitar alguém? Pois é, aqui colocamos tudo o que é de Aurora na altura dela: as malas empilhadas da foto ficam com os brinquedos tipo quebra-cabeças, instrumentos musicais e brinquedos de encaixe. Embaixo da nossa escrivaninha tem o canto da Aurora com os livros, que ela pode escolher qual quer folhear e ou que a gente leia pra ela. No quarto o colchão está no chão, pra evitar quedas. No armário da cozinha tem uma prateleira com as comidas dela, ou seja, se ela sentir fome é só abrir e pegar. Água e suco sempre ficam em cima dessas malas ou na mesa dela. Caixa de brinquedo também. Só não fica ao alcance dela oq for perigoso. </div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWwekJea5gAk_G25ySGAld79IM4FSJyhrU7N68Bw2NVM0QFpbuGTPjgcS-4yy14uj8k_g6gOdyvQS1VovtAck5JuIPkeS-9FuqtDml7QjhfuBrmGxkFj4yXEOt4iFpV7eN1B_WaEtDwTVk/s1600/100_3715.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWwekJea5gAk_G25ySGAld79IM4FSJyhrU7N68Bw2NVM0QFpbuGTPjgcS-4yy14uj8k_g6gOdyvQS1VovtAck5JuIPkeS-9FuqtDml7QjhfuBrmGxkFj4yXEOt4iFpV7eN1B_WaEtDwTVk/s1600/100_3715.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Pra guardar os brinquedos eu peguei uma caixa dessas de madeira que os verdurões e feirantes jogam no lixo, lixei bem, pintei e taquei os brinquedos lá dentro. Fica no chão, daí no final do dia é tocar tudo lá e acabou-se a bagunça e ninguém se acidenta pisando em pecinhas de lego! kkkkkkkkk</div>
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Enfim, espero ter ajudado! Depois volto com mais dicas sobre a parte do sono, de comidas práticas pra fazer e não precisar ficar 2h esquentando a barriga no fogão e etc.</div>
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<br /></div>
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Quero também pedir desculpas aos meus leitores mas é que, com o final de 4 meses em greve, o período ficou maluco e eu tô tendo prova atrás de prova. Assim que normalizar a situação, volto com as postagens regulares.</div>
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...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-86157954890818275912012-09-16T10:02:00.000-07:002012-09-16T10:06:29.427-07:00Relato de amamentação da Ane<i>Eu conhecí a Ane no ano passado, no grupo Gravidez Parto e Maternidade do orkut, e achei que seria ótimo se ela viesse aqui contar a história dela. A gente sempre bate na tecla do parto humanizado, de amamentar na primeira hora de vida e em livre demanda, de se consultar outras opiniões e só entrar com complemento quando tiver esgotado todos os recursos. A história da Ane sintetiza bem o porquê da gente insistir tanto nessas coisas.</i><br />
<i><br /></i>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxn_luZf_emW_Jj9HyIqR4Bl5qHKbfQIHtRV_zdCiLM1hNoUt4_I325RWGGUJapyvRS5cuziA9gsB8_stWuOOYgBKklf8PLbkjqs0vrJLlWa2p7hoU5DQk6_Yb8PutfBUnBWnSML3grEnE/s1600/ane.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxn_luZf_emW_Jj9HyIqR4Bl5qHKbfQIHtRV_zdCiLM1hNoUt4_I325RWGGUJapyvRS5cuziA9gsB8_stWuOOYgBKklf8PLbkjqs0vrJLlWa2p7hoU5DQk6_Yb8PutfBUnBWnSML3grEnE/s200/ane.jpg" width="150" /></a></div>
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<i><br /></i>
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<span style="font-size: x-large;">"</span>Minha gravidez sempre foi muito desejada, eu sonhava em ser mãe desde sempre, lutei muito para conseguir superar minha infertilidade, mas superei e quando finalmente olhei o exame de farmácia dando positivo, a alegria tomou conta de mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como toda mãe de primeira viagem tive muitas dúvidas, incertezas, inseguranças, mas de uma coisa eu nunca tive dúvida, da importância da amamentação para o meu filho, e já tinha decidido, iria amamentar meu filho exclusivo e em livre demanda até os 6 meses, e depois o amamentaria até quando ele quisesse.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas...<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
Amamentei meu filho apenas 15 dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro nasceu de uma cesárea (culpa de uma escolha errada) com 39 semanas, era uma quinta feira (02/02/2012) nasceu às 21h51, tudo tinha ocorrido como eu desejava até o momento em que ouvi o médico falar: Nossa como ele é pequeno! Só 2,400kg.</div>
<div style="text-align: justify;">
Minha família é craque em bebes pequenos, até aí tudo bem, ser pequeno não é tão ruim assim. </div>
<div style="text-align: justify;">
Saí da sala de cirurgia e em menos de 2horas estava no quarto recebendo o meu bebe, todo enrolado em cueiro, lindo como a lua, tão branquinho...</div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse momento ninguém me falou que eu deveria coloca-lo no seio para estimular a sucção, simplesmente me deixaram com ele, eu ainda estava parcialmente anestesiada e tão cheia de emoção por ver meu filho pela primeira vez que não lembrei desse detalhe importante.</div>
<div style="text-align: justify;">
Levaram meu filho para o berçário, falaram para eu dormir um pouco que no dia seguinte eles trariam meu filho logo cedo para ficar comigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eram 10h da manhã, todos os bebes já tinhas descido para suas mamães e o meu não vinha nunca, no lugar dele veio o pediatra, que falou q meu filho precisava ficar em observação pois estava nauseado, questionei o pq, queria entender o q estava acontecendo, mas ele não explicou, disse apenas que iria observar e depois falaria comigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
E sexta-feira passou e nada do meu filho ficar comigo, ele desceu umas 2 vezes no dia por 10 minutos cada, só pra eu ver e pegar um pouco, pq o pediatra achava q ele estava com algum problema, mas não sabia explicar o pq de tanta náusea.</div>
<div style="text-align: justify;">
O meu leite não tinha descido, eu estava desesperada pra ficar com meu filho, meu médico não me atendia pq estava em cirurgia sempre que eu ligava pra ele, os médicos do hospital não queria me atender pq eu havia feito um plano totalmente particular, eu mãe de primeira viagem e meu marido que não sabia de nada sobre maternidade ficamos esperando sem nenhuma informação até sábado a tarde quando meu médico veio finalmente me ver e meu filho foi liberado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu leite não tinha descido ainda, e eu achava que iria descer sozinho, o médico me deu Plasil e ocitocina sintética pra usar 10 minutos antes de colocar o bebe no seio, quando coloquei meu filho pela primeira vez no meu seio, veio uma fonoaudióloga do hospital, olhou pra mim e disse, vc não tem bico precisa de um intermediário de silicone, vou mandar buscar. Quando o intermediário chegou, me ensinou usar, colocou meu filho no meu peito e disso: Pronto é isso. Era sábado, 3h da tarde, quase 48 horas depois do parto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fiz o que me ensinaram, ele mamava, sugava um pouco e dormia, fui para casa no domingo com uma recomendação expressa do GO de comer muita cangica pra ter muito leite, segui a risca e foram 2 dias de cangica, que adoro, mas sempre me fez mal, meu filho começou a ter cólicas, super normal para um recém nascido, mas eu suspeitei q o leite da cangica estava dando gases em mim e nele, todo mundo dizendo q eu era louca, que não tinha nada haver, mas mesmo assim, eu decidi não tomar mais. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nessa primeira semana, nos primeiros dias, além da cólica achava que o Pedro mamava demais, ficava 1h, 2 horas direto no peito, mas parecia que não estava satisfeito, eu sentia que tinha algo errado, mas não sabia o que era, então comecei a pirar, achando que eu não tinha leite, que ele sugava tanto pq não saia nada, todo mundo me dizendo que eu estava errada, que era assim mesmo, que o seio só produzia na hora q o bebe sugava, fui na GPM (grupo de apoio à maternidade ativa) do face e postei uma dúvida, as meninas diziam que era normal, minha família dizia que era normal, e que eu estava entrando em depressão, não era normal nada, mas eu não sabia o que era.</div>
<div style="text-align: justify;">
No sábado meu marido comprou uma bombinha manual e eu comecei a estimular, além de não sair leite, machucou meu seio e eu fiquei dando mama só de um lado, passando leite no outro para cicatrizar mais rápido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Comprou também uma lata de Nan, pq eu achava q o Pedro passava fome e não sabia o que fazer para sair mais leite, mesmo assim, lendo o que as meninas da GPM escreviam continuei a estimular e não dei o Nan.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas meu filho emagrecia a olhos visto, meu peito doía horrores, uma dor que eu chorava para amamentar, já tinha 15 dias e nunca havia feito coco, só o mecomio que tinha saído no 4 dia, tinha algo de errado. Fui no pediatra com ele, o pediatra examinou e me madou para o PS, com a alegação de que meu filho estava desidratado, era fevereiro, um sol de rachar, fui tranquila, achando q era normal, quando cheguei no hospital fizeram exames de sangue e urina, e diagnostico foi: Desnutrição grau II.</div>
<div style="text-align: justify;">
DESNUTRIÇÃO???</div>
<div style="text-align: justify;">
Pirei né? Meu bebe sugava, mamava a cada 2 horas, ficava no peito por uma hora e estava desnutrido? Alguém me explica por favor?</div>
<div style="text-align: justify;">
Dr. falando o tempo todo: Vc não tem leite, seu filho está com 1,8kg, vc não complementou? Manda descer uma mamadeira agora! Soro glicosado urgente! Não coloca no peito pq ele vai gastar energia sugando e a glicose está muito baixa, se vc tivesse deixado para vir amanhã seu filho teria entrado em choque...</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu nem vi o dia passar, não comi, não liguei pra ninguém, e achava que se era desnutrição mesmo, iria resolver com o complemento, fazer o que, naquele momento era a vida do meu filho, contra tudo o que me falaram sobre amamentação, eu não tinha escolha, tinha que tira-lo da desnutrição.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro ficou internado 2 dias, tomando mamadeira de 2 em 2 horas, nem se cogitou coloca-lo no peito, ele tinha que engordar urgente, era feito exame de glicose a cada 2 horas, como a glicose se estabilizou e ele ganhou 200g, recebemos alta e uma receita médica escrito: Nan, 30mL a cada 2 horas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Saí dos hospital sábado as 13h, cheguei em casa e dei a primeira mamadeira as 16h, vomitou na mesma hora, esperei um tempo e dei outra, vomitou outra vez e foi assim até as 22h, quando voltei para o hospital sem saber o q tinha acontecido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Médicos sem saber o q fazer, vômitos em jatos, coloquei no peito pra ver se ele mamava, vomitou o leite do peito. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mais exames, Ultrasson da cabeça, da barriga, cirurgião veio ver, disse que uma válvula do estomago poderia estar fechada, coloca no peito pra ver, vomita o leite, dá mamadeira, vomita, coloca no soro, exames normais, não precisa operar, vem uma mamadeira de leite diferente a cada 2 horas, vomita, peito, vomita, de repente um milagre vem um leite que fica, ufa, leite milagroso, leite pra bebes pré-maturos, R$ 60,00 a lata, quem liga pro preço, quero meu filho bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Voltei pra casa 8 dias depois da primeira internação, ficamos no hospital com esse leite mágico sendo oferecido de 2 em 2 horas, só receberia alta quando chegasse a quase 3kg, engordava 90, 100g por dia, em casa mesmo esquema até chegar no peso ideal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Chegou logo em 1 mês foram 2 kg. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todo mundo em casa me estimulando bastante: “eu amamentei, mas se fosse hoje eu daria só Nan, muito ruim amamentar”, “ Eu tinha tanto leite, que coloquei na mamadeira logo, pq ficava vazando e eu queria q secasse”. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu penando: Pq eu não tive leite???</div>
<div style="text-align: justify;">
Conversei com as meninas da GPM outra vez, relactação poderia ser a solução, vi o método, comprei o material e lá fui eu tentar, nossa, meu filho nunca chorou tanto, ficou nervoso, não conseguia sugar o peito, tentei com o intermediário, chorava mais ainda, eu chorava, ele gritava, e eu dei a mamadeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tentei no dia seguinte, a mesma coisa, fui ficando nervosa e deprimida, mas eu tinha um filho pra cuidar, não tinha esse direito. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todo mundo falando, como ele está ficando lindo agora que está gordinho, que bom que ele não entrou em choque, nossa que legal que no hospital experimentaram vários leites diferentes e agora seu filho está bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu ouvia tudo e guardava no meu coração, aquilo pra mim, ainda não era uma resposta, tinha algo errado, uma mulher não podia simplesmente não produzir leite, um bebe não podia vomitar o leite da mãe e aceitar uma fórmula artificial.</div>
<div style="text-align: justify;">
Comecei a pesquisar, e cheguei a conclusão de que meu filho teria alergia a leite ou intolerância a lactose, ele tinha 2 meses e meio já estava com 5,5kg, aparentemente estava bem, levei no pediatra e expus minha conclusão, o pediatra falou que não entendia nada de alergia e de intolerância, mas achava que eu poderia estar certa, disse que eu deveria procurar um gastro-pediatra e conversar com ele, mas que nessa idade o Pedro não deveria mais tomar leite pra pré-maturo, que iríamos trocar por um hidrolisado sem lactose, assim qualquer que fosse o problema, o novo leite iria resolver.</div>
<div style="text-align: justify;">
Marquei a consulta com o gastro para 15 dias, comprei o leite novo, Pedro tomou e ficou bem na primeira semana, na segunda, chorava sem parar, foi diminuindo as mamadas, começou ficar cheio de urticárias, e rouco, chegou na consulta com o gastro, que concluiu logo de cara: APLV (alergia a proteína do leite de vaca), vamos testar um hidrolisado mais forte e se não der certo, vai ter q tomar aminoácido livre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu filho estava mal, conversei com as meninas da GPM, afinal agora eu tinha um diagnóstico, e sabia o que tinha q fazer: Dieta restritiva de leite e voltar a amamentar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sabia que existia um remédio para depressão que tinha como efeito colateral a produção de leite, se eu conseguisse voltar a produzir, eu tentaria de todas as formas a relactação, eu estava decidida, mas já tinha tentado uma vez e sabia que não conseguiria sozinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sabia, que por mais forte que eu fosse, sozinha eu não iria conseguir, eu precisava de ajuda, conheci mulheres que tinham conseguido, que me ofereceram em empréstimo bombinhas elétricas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Procurei o pediatra: Não aconselho, vai ser difícil para você e para ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
Procurei o banco de leite: Vai demorar muito para produzir e quando vc conseguir ele nem vai querer mais mamar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Falei com a família: Pra que isso? Ele está bem com a mamadeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
E eu comecei a pirar, fiquei angustiada, estava sem dinheiro, pq precisei comprar a fórmula de aminoácidos que custava R$ 150,00 a lata e só durava 2 dias. Pensei em contratar uma consultora de amamentação, mas não tinha dinheiro, nem cabeça, quanto mais eu lia sobre a alergia, mais angustiada eu ficava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu filho estava rouco, com chiadeira no peito, e o aminoácido parecia ser o milagre em forma de pó, fazendo ele melhorar cada dia mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ninguém ao meu redor me apoiava, e eu desisti...</div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que tinha q ser assim...</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas talvez essa história tivesse outro final:</div>
<div style="text-align: justify;">
Teria se eu tivesse mais apoio, da família, dos amigos dos médicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Teria se os médicos não tivessem dado LA para o meu filho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje eu sei o que eram as náuseas: Resultado do LV dado logo ao nascer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sei também que as cólicas e o mamar sem parar eram resultado de uma inflamação causada pela alergia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sei que o refluxo nada mais era do que resultado de um organismo sensibilizado por um leite que nunca vai chegar aos pés do meu, e que por isso meu filho não mamava o suficiente, pq sentia dor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tinha leite, meu corpo estava produzindo quando ele sugava, mas com a dor, ele sugava só o suficiente para sobreviver, e mesmo assim quase morreu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje eu sei que a alergia é um fato na minha vida, se Deus me permitir outros filhos a chance de serem alérgicos é de 80%, então o parto vai ser diferente, não vai ser agendado, vou lutar por um VBAC (parto normal após cesárea), vou fazer dieta de leite antes do BB nascer, não vou comer cangica e nem nada que tenha leite, vou estimular o seio, vou esperar meu corpo se encher de ocitocina natural, vou amamentar meu próximo filho sem parar, ele vai ficar comigo 100% do tempo depois de nascer, eu vou gritar e brigar, mas não vou deixar que aconteça com ele o que aconteceu com o irmão mais velho. </div>
<div style="text-align: justify;">
E vou ler mais, cada dia mais vou me apoderar mais do meu corpo, da minha vida e da minha alma de mãe e mulher!<span style="font-size: x-large;">"</span></div>
<span style="font-size: x-large;"><br /></span>
<span style="font-size: x-large;"><br /></span>
<span style="font-size: x-large;"><br /></span>
<span style="font-size: x-large;"><br /></span>
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<div style="font-style: italic;">
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...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-33509507605974566042012-08-02T17:20:00.002-07:002012-08-02T17:20:44.810-07:00Como preparar uma papinha (e otras cositas más)Daí que esses dias uma revista famosa sobre crianças lançou uma campanha de extremo mal gosto, que visa minimizar a "culpa" que as mães tem por determinadas atitudes. A campanha seria ótima, se não fossem as tais "culpas" obviamente compradas pela indústria alimentícia. Várias das imagens continham menssagens como "não há problemas em dar papinha industrializada pro seu filho pra passar mais tempo com ele" ou "dar mamadeira também é nutrir com afeto". Nem vou entrar no mérito da mamadeira pq sim, eu acho que se pode nutrir com afeto dando uma mamadeira, mas acho que esta só é válida quando todos os outros recursos se esgotarem, agora, a tal da papinha industrializada eu acho IMPERDOÁVEL. Uma coisa é você comprar um potinho desses um dia ou outro, outra é você dar isso pro seu filho todo santo dia. A resposta das mães veio rápido:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwPd6cpbI3zN9WsbXg-0L-sGKSJhQkvGfpZSb2552fCFjjec43noX4NutAY8R9RnHghSjREE2PvU-IKeO2RcqrKBmGooDqPrrIZdhcwZCPjHlwZl_q6UARQfbQNwSDn17eCMvbNhym6aa9/s1600/culpadequem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwPd6cpbI3zN9WsbXg-0L-sGKSJhQkvGfpZSb2552fCFjjec43noX4NutAY8R9RnHghSjREE2PvU-IKeO2RcqrKBmGooDqPrrIZdhcwZCPjHlwZl_q6UARQfbQNwSDn17eCMvbNhym6aa9/s400/culpadequem.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
(clique na imagem para ampliá-la)</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
A gente bem sabe que a industria tenta fazer a gente acreditar, todo santo dia, que a comida que eles colocam dentro de uma latinha e que lá pode ficar por meses a fio, é tão saudável e nutritiva quanto a comida que a gente faz na nossa casa, com legumes e verduras de verdade. Todo dia são horas e mais horas de propaganda, e se você sentar na frente da TV durante 15min no horário voltado pra programação infantil, vai se dar conta do que eu estou falando. É um verdadeiro absurdo a quantidade de coisas que eles querem te vender fazendo você acreditar que aquilo substitui um bom prato de arroz com feijão! </div>
<div style="text-align: left;">
Nos grupos de mães que eu participo, uma colega, a Amanda Lima, levantou um dado interessante retirado do rótulo de uma dessas papinhas, acerca de um substância chamada Fumarato Ferroso:</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: large;">"Sobre o fumarato ferroso: 'doses superiores a 1g em crianças são suficientes para produzir irritação e necrose gastrintestinal. os sintomas mais comuns são náuseas, vômitos, palidez, cianose, cansaço, hematêmese e diarréia.' </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: large;">Sim, tem isso na papinha do seu filho e não se sabe a quantidade. Eu não arriscaria."</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
Pois é amiga, isso eles não contam na propaganda. Se teu pediatra te disse que papinha industrializada e caseira são a mesma coisa, eu recomendo que você comece a se questionar quem é que está financiando os congressos de pediatria no Brasil. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Além do fumarato ferroso, as papinhas industrializadas com certeza devem ter outras coisas para que possam passar tantos meses assim, prontas e perfeitas, sem estragar. E olha amiga, como bióloga eu tenho o dever moral de te falar que se os bichinhos não querem, se os fungos não estão interessados em decompor aquela gororoba, é melhor você passar longe dela! </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Uma das principais alegações que eu ví as mães dando pra utilizar esse tipo de coisa pra alimentar os bebês é a falta de tempo. Bem, pensando nisso, como mãe que estuda das 7h às 17:30h, que chega em casa e vai arrumar lancheira pro dia seguinte, marmita pro bebê almoçar, roupas pra usar na creche, brincar com a criança, dar banho, colocar pra dormir e etc, eu resolví gravar um vídeo pra todas aquelas que, mesmo sem tempo, ainda se preocupam em dar um alimento decente pro bebê. Em 15min dá pra você fazer papinha pra semana toda e ir curtir seu filhote, sem culpa de estar dando uma porcaria pra ele comer que pode prejudicá-lo pro resto da vida. :) </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/DAcTwDUNb38?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Se você quiser saber mais sobre introdução de sólidos, dá uma lida nesse livro <a href="http://www.4shared.com/document/t0Dmx7bO/gonzalez_carlos_-_mi_nio_no_me.htm" target="_blank">AQUI</a>, que é BÁRBARO!</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
E agora, na moral revistas e indústria, já tão ficando meio óbvias as estratégias de vocês! Só não vê quem não quer a falta de escrúpulos de vocês, que querem enfiar porcarias nos nossos filhos que os deixarão doentes no futuro (e que os tornará consumidores de outra indústria gigantesca, a de medicamentos). Só acredita em vocês quem quer, e nada no mundo vai me convencer que essa "culpa" a que a tal revista se refere se dá pelo fato de que, nós, mães, não estamos fazendo o nosso melhor pros nossos filhos por comodismo. Se você não tem 15min do seu dia pra preparar um alimento pro seu bebê, talvez seja melhor você repensar a sua relação com o seu trabalho e se a quantidade de horas que você está dedicando ao seu filho está sendo suficiente. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-35553688513382639312012-07-10T08:05:00.000-07:002012-07-10T08:05:54.635-07:00A greve e as liberdades civisSemana passada minha mãe, que é professora de federal, tinha me dito, mas eu não acreditei. Hoje eu acordei com a seguinte menssagem do ANDES:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhGc_Dqv3hS4vhVeUwYqwzZ5Ckd0_LeE9QKDo81kYsI79EACZs7xOY0B_Jemxd-toQpqubFRxo4gL-u-W6I9PImLYl91CNd92LnZLzydcWfa0RnTllzl_0Yp2XyKCqf94D49bsIrMGjcz3/s1600/greve.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhGc_Dqv3hS4vhVeUwYqwzZ5Ckd0_LeE9QKDo81kYsI79EACZs7xOY0B_Jemxd-toQpqubFRxo4gL-u-W6I9PImLYl91CNd92LnZLzydcWfa0RnTllzl_0Yp2XyKCqf94D49bsIrMGjcz3/s400/greve.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Na hora eu liguei pra minha mãe e ela disse que saiu até no jornal nacional e nas outras mídias abertas (que eu não ví pois não temos mais TV em casa).<br />
<br />
A educação pública está uma merda. Merda mesmo, completamente sucateada, e isso vai desde as creches às universidades. Faltam condições de trabalho, salários dignos, reajustes e planos de carreira melhores, falta material de trabalho, em alguns casos falta até GIZ pra escrever no quadro. Estou tremendo de raiva até agora. O governo do PT, que eu tanto apoiei e torci pra chegar ao poder, um governo grevista e sindicalista, justo eles, estão ameaçando os professores que estão em greve de cortar o salário. Muito me admira, muito mesmo, que por trás de todo aquele discurso de "nós somos do povo", esteja um governo notadamente autoritário, que manda dinheiro pra ajudar na crise da Europa enquanto os professores do nosso país se lascam pra tentar trabalhar.<br />
<br />
Eu não quero mais viver num país em que as liberdades civís estão ameaçadas - porque greve é um direito do trabalhador garantido por lei, e se eles suspendem esses direitos, fere as liberdades civís e vai contra a constituição, e isso pra um autoritarismo maior é um pulo. Não quero mesmo. Esses dias atrás eu e o Lu estávamos até procurando Universidades pra fazer o nosso mestrado, mas decididamente não dá mais pra viver num país em que o cidadão não é respeitado e não é levado em consideração. Num país de miseráveis, com políticos corruptos, uma mídia extremamente comprada que nos faz de massa de manobra, condições precarissímas de saúde, escolas ruins, com muita violência e com as maiores taxas de impostos do mundo!<br />
<br />
Fico pensando no tipo de vida que eu quero pra minha filha, e o ideal está bem longe daqui. Não quero que ela conviva com esse tanto de violência, com o descaso das autoridades pro sofrimento e necessidades das pessoas. Eu, como mãe, tenho o desejo que minha filha viva numa sociedade igualitária, de forma digna e respeitosa, que não tenha que matar um leão por dia pra ter seus direitos respeitados, que não sofra violência física, moral, obstétrica e discriminação de gênero, que possa exercer sua sexualidade sem que seja podada tanto pela sociedade quanto pelo estado, sem medo de ser estuprada ou passar por coisa pior. Quero que ela tenha acesso a boa educação, à saúde de qualidade, que tenha condição e acesso a boas bibliotecas, que possa contar com um governo que tenha preocupação em manter a equidade social e que não privilegia uma classe em detrimento da outra. Enfim, todas essas coisas que a gente não vê no Brasil, e não vai ver tão cedo.<br />
<br />
Quando eu tinha lá meus 14 anos, eu queria mudar o mundo, e pra isso, mudei muita coisa em mim. Hoje eu vejo que não adianta dar murro em ponta de faca, que não vai adiantar ficar remando contra a maré se a própria sociedade civil não se mobiliza pra mudar a realidade do país, se as próprias pessoas são corruptas em todos os sentidos que a palavra corrupção pode ter. Desistí, com muito pesar e tristeza, eu sinceramente desisto de tentar viver aqui. Não quero viver mais sob a sombra do medo, da imoralidade e do desrespeito. Não quero mais sair nas ruas e ver a impunidade estampada na cara das pessoas, a falta de civilidade e de consideração ao próximo a cada esquina. Não quero que minha filha conviva com essas coisas todas e que ache isso normal. Cansei, cansei mesmo desse Brasil de ninguém, desse estado autoritário que não banca o cidadão nas coisas mais básicas....http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-2168943039602164852012-06-18T08:37:00.003-07:002012-06-18T08:37:26.447-07:00<br />
<b><i><u>Texto de Roselene de Araujo que merece ser lido, espalhado, curtido! Ela eh uma das mentes mais brilhantes da humanizacao:</u></i></b><br />
" Nossos obstetras, agarrados ao osso do nascimento cirúrgico, erguem como um trunfo o corpo da ativista australiana morta (aliás, no hospital).<br />
<br />
E escondem em seus armários os corpos das mortes em decorrência de cesarianas desnecessárias, eletivas, agendadas, aquelas que a sociedade vê como "o médico fez tudo que era possível, fez a cesárea, tudo direitinho".<br />
<br />
Marsden Wagner, quando Diretor de Saúde Materno-Infantil da Organização Mundial de Saúde, alertou para o número alarmante de mulheres que morriam anualmente no Brasil em decorrência dessas cesarianas: 500 mulheres!<br />
<br />
Quando a Rede Parto do Princípio denunciou ao Ministério Público Federal, as taxas absurdas de cesarianas na rede suplementar, Marsden Wagner enviou uma mensagem pessoal:<br />
<br />
"Gostaria de parabenizá-las pela realização deste importante trabalho pelo fim das cesarianas desnecessárias no Brasil. A mortalidade materna no Brasil é alta demais e é a maior entre as maiores taxas de cesárea do mundo. Bons trabalhos mostram que a taxa de mortalidade de mulheres que passam por cesarianas eletivas é aproximadamente 3 vezes maior que as que passam pelo parto normal. Centenas de mulheres morrem anualmente devido a cesarianas desnecessárias. O trabalho de voces é muito importante. Por favor, mantenham-me informado.<br />
<br />
Sinceramente,<br />
Professor Marsden Wagner M.D.<br />
Diretor de Saúde da Criança e da Mulher<br />
Organização Mundial de Saúde"<br />
<br />
" Outra coisa.<br />
<br />
Não existe um procedimento chamado "cesariana a pedido". Não no mundo da legalidade.<br />
<br />
Se há obstetra despudorado o suficiente para lançar esta frase como indicação de cirurgia num prontuário, das duas uma: ou é petulância, ou ignorância.<br />
Portanto, não digam - srs obstetras, cremesp, sociedade - que fazem cesarianas porque as mulheres querem: os senhores NÃO PODEM fazer cesariana "a pedido". Se pudessem, se isto fosse um direito, o mesmo direito estaria disponível às mulheres que utilizam o SUS. Direito não envolve poder de compra.<br />
<br />
É por isto que o agendamento sempre vem acompanhado de uma indicaçãozinha básica: "vamos marcar, porque logo se vê que você não tem passagem!" E então o prontuário pode ser preenchido com a devida vênia: "desproporção céfalo-pélvica".<br />
<br />
Quase toda indicação nasce dos laudos de ultrassom: "hum... tá com pouco líquido, hein? vamos marcar." hum... placenta velha. cordão enrolado. bebê muito grande.<br />
<br />
E mesmo as cesáreas descaradamente agendadas, a pedido mesmo, para 11/11/11, ou de modo que não seja de capricórnio, doutor, pelo amor de deus que já basta o meu marido - mesmo pra estas sempre rola um comentário: "viu como foi fazer a cesárea? olha só, as circulares do cordão!" - afinal o doutor terá que em seguida lançar uma indicação no prontuário, e a barbárie ainda não chegou ao ponto de se poder assumir: "cesariana por motivo astrológico".<br />
<br />
E por que não se institui logo a cesariana a pedido para todos? Afinal, as maternidades particulares são formatadas para as cesáreas em série, os consultórios estão organizados em função dos dias em que o doutor opera e os dias em que está no consultório, as faculdades de medicina ensinam que cesariana é a regra, então por que não regularizam logo a esbórnia?<br />
<br />
Primeiro, que o país é grande e contrastante demais para dar conta da cesárea como "direito de escolha". Não há hospitais em todos os recantos recônditos desse mundão. Aliás, pelo mesmo motivo não se pode, por exemplo, proibir o parto domiciliar assistido por parteira. Simplesmente porque não há outra alternativa para grande parte das brasileiras - sorte das mulheres urbanas que desejam parir de forma desmedicalizada, como recomenda a Organização Mundial de Saúde para o baixo risco - ou seja, para a grande maioria das mulheres.<br />
<br />
E nesse conflito encontramos ainda outro ponto nevrálgico: onde irão encontrar nossos chefes de tocoginecologia, material didático melhor do que mulheres parindo em seus hospitais-escola para o aprendizado de seus residentes? Períneos em abundância para o treino de corte e costura! Episiotomias e suas episiorrafias em 100% dos partos! Tão necessário quanto cortar nossos esfíncteres a cada excreção "só pra dar uma ajudinha, senão não sai!" E o uso de fórceps em todas as primíparas - também para fins didáticos - sem nenhum tipo de esclarecimento à mulher, que sai de lá carregando pro resto da vida o peso de seu filho "ter precisado ser puxado a fórceps"?<br />
<br />
Portanto, tenhamos clareza: quando um médico vira objeto de preocupação interestadual de conselhos de medicina por dizer num programa de televisão que o parto é um evento FISIOLÓGICO - ou seja, saudável e feito pelo corpo da mulher, que não haja dúvida: a árvore da conveniência intervencionista é que está sendo balançada.<br />
<br />
Se a preocupação fosse com a mulher e seu bebê, não teríamos as taxas que temos de "binômios" levados a risco cirúrgico desnecessário, não teríamos o assédio moral da violência obstétrica vivenciada por milhares de mulheres todos os dias, parindo ao som de "na hora de fazer foi bom, que que tá gritando agora?!?"; não teríamos mulheres parindo convertidas em material didático das escolas de medicina; não teríamos classes de profissionais de saúde se engalfinhando pela reserva de mercado da assistência ao parto. A lista continua.<br />
<br />
A cesariana a pedido é uma ilusão, uma miragem na qual os obstetras querem mais é que todos acreditem. Não sou contra que este direito exista, apenas penso que as mulheres que o desejam, devam lutar por sua legalização. Porque hoje, toda cesariana sem indicação comprovada é passível de processo, pois contradiz a responsabilidade civil do médico, que entre outras premissas baseia-se no seguinte artigo de seu código de ética:<br />
<br />
"Art 14 Praticar ou indicar atos médicos desnecessários (...)"."<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-65163286227856063722012-06-13T08:08:00.003-07:002012-06-13T08:08:45.334-07:00Marcha do parto em casa - locais<br />
<br />
<b>Rio de Janeiro - RJ</b><br />
Local: Praia de Botafogo, altura do IBOL - Passeata até o CREMERJ (Rua Farani)<br />
Data: 17 de Junho, domingo<br />
Horário: 10h da manhã<br />
Contatos: Ingrid Lotfi (21) 9418-7500<br />
<br />
<b>São Paulo - SP</b><br />
Local: Parque Mário Covas (atrás do Trianon) - Passeata até o CREMESP<br />
Data: 17 de Junho, domingo<br />
Horário: 14h da tarde<br />
Contatos: Ana Cristina Duarte (11) 9806-7090<br />
<br />
<b>São José dos Campos - SP</b><br />
Local: Praça Affonso Pena perto dos brinquedos<br />
Data: 16 de junho, sábado<br />
Horário: 10h da manhã<br />
Contato: Flavia Penido (12) 91249820<br />
<br />
<b>Campinas - SP</b><br />
Local: Praça do Côco /Barão geraldo<br />
Data 17 de junho, domingo<br />
Horário: 14h da tarde<br />
Contato: Ana Paula (19) 97300155<br />
<br />
<b>Sorocaba - SP</b><br />
Local: Parque Campolim<br />
Data 17 de junho, domingo<br />
HOrário: 10h da manhã<br />
Contato: Gisele Leal (15) 8115-9765<br />
<br />
<b>Ilhabela - SP</b><br />
Local: Praça da Mangueira<br />
Data: 17 de junho, domingo<br />
Horário: 11h da manhã<br />
Contato: Isabella Rusconi (12) 96317701 / Alejandra Soto Payva (12) 91498405<br />
<br />
<b>Brasília - DF</b><br />
Local: próximo ao quiosque do atleta, no Parque da Cidade - Passeata até o eixão<br />
Data: 17 de Junho, domingo<br />
Horário: 09h30h da manhã<br />
Contatos: Clarissa Kahn (61) 8139-0099 e Deborah Trevisan (61) 8217-6090<br />
<br />
<b>Belo Horizonte - MG</b><br />
Local: Concentração na Igrejinha da Lagoa da Pampulha<br />
Data: 16 de junho, sábado<br />
Horário: 12h30 da tarde<br />
Contato: Polly (31) 9312-7399 e Kalu (31) 8749-2500<br />
<br />
<b>Recife - PE</b><br />
Local: Conselheiro Portela, 203 - Espinheiro - Em frente ao CREMEPE<br />
Data: 17 de junho, domingo<br />
Horário: 15h da tarde<br />
Contatos: Paty Brandão (81) 8838 5354 \ 9664 7831, Patricia Sampaio Carvalho<br />
<br />
<b>Fortaleza - CE</b><br />
Local: Aterro da Praia de Iracema<br />
Data: 17 de junho, domingo<br />
Horário: 17h da tarde<br />
Contato: Semírades Ávila<br />
<br />
<b>Salvador - BA</b><br />
Local: Cristo da Barra até o Farol<br />
Data: 17 de junho, domingo<br />
Horário: 11hrs da manhã<br />
Contato: Daniela Leal (71) 9205-9458, Anne Sobotta (71) 8231-4135 e Chenia d'Anunciação (71) 8814-3903 / 9977-4066<br />
<br />
<b>Curitiba - PR</b><br />
LOcal: Rua Luiz Xavier - Centro - Boca Maldita<br />
Data: 16 de junho, sábado<br />
Horário: 12hrs<br />
Contatos: Inês Baylão (41) 9102-7587<br />
<br />
<b>Florianópolis - SC</b><br />
Local: Lagoa da Conceição - concentração na praça da Lagoa, onde acontece a feira de artesanatos<br />
Data: 17 de Junho, domingo<br />
Horário: 15h<br />
Contatos: Ligia Moreiras Sena (48) 9162-4514 e Raphaela Rezende (raphaela.rnogueira@gmail.com)<br />
<br />
<b>Porto Alegre - RS</b><br />
Local: Parque Farroupilha (Redenção), Concentração no Monumento ao Expedicionário<br />
Data: 17 de junho, domingo<br />
Horário: 15:00hrs<br />
Contatos: Maria José Goulart (51) 9123-6136 / (51)3013-1344<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-45109743139369982642012-06-12T08:51:00.000-07:002012-06-12T08:52:39.185-07:00Marcha do parto em casa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAYlvKWPS2HbxDG-qCe962R-aORuwD85mbT6Kbbe0DxB-VSLHtGWUoNKPIY5qBGqMgKihuqoW7Fl-cA-CVWjoiiKBS2LpU-W1mXCrS3NPvSdmA-jqJ3VfWhDNV5xJxfEe4N6aa4-5AS1h3/s1600/539977_375916639141222_518411983_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="596" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAYlvKWPS2HbxDG-qCe962R-aORuwD85mbT6Kbbe0DxB-VSLHtGWUoNKPIY5qBGqMgKihuqoW7Fl-cA-CVWjoiiKBS2LpU-W1mXCrS3NPvSdmA-jqJ3VfWhDNV5xJxfEe4N6aa4-5AS1h3/s640/539977_375916639141222_518411983_n.jpg" width="640" /></a></div>
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<br />
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O CREMERJ está querendo processar o Dr. Jorge Kuhn, de São Paulo, por conta deste assistir partos domiciliares. Justo o conselho do RJ, um dos estados da federação com maior número de cesarianas eletivas! Não deixem de ir! Tá acontecendo em vários estados, conforme forem surgindo novas informações, posto aqui.<br />
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<b><i><u>entrem no grupo da marcha pra nos ajudar a articular: </u></i></b><br />
<a href="http://www.facebook.com/groups/328670400544557/">http://www.facebook.com/groups/328670400544557/</a>
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<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">(fragmento de "No Caminho com Maiakóvski", de Eduardo Alves da Costa)</span><br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">"Na primeira noite eles se aproximam</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">e roubam uma flor</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">do nosso jardim.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">E não dizemos nada.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Na segunda noite, já não se escondem;</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">pisam as flores,</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">matam nosso cão,<br />e não dizemos nada.<br />Até que um dia,<br />o mais frágil deles<br />entra sozinho em nossa casa,<br />rouba-nos a luz, e,<br />conhecendo nosso medo,<br />arranca-nos a voz da garganta.<br />E já não podemos dizer nada."</span>
<br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">(postado pela Alaya, no facebook)</span>...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-33360811705552247742012-06-08T18:39:00.001-07:002012-06-08T18:55:22.201-07:00Relato de nascimento da Aurora - cesárea desrespeitosa no hospital Sofia Feldman1 ano e 9 meses depois cá estou eu, revivendo esse dia que foi ao mesmo tempo o melhor e o pior da minha vida. Já tinha escrito antes um relato cheio de dor e emoção e agora, com um pouco mais de frieza e análise das coisas, tô conseguindo vomitar tudo o que aconteceu nesse dia. O relato é longo, mas é meu, carregado de mim e das minhas impressões. Espero que valha a pena ler!<br />
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Eu engravidei num momento em que total não era pra eu engravidar. Faculdade em outra cidade, longe da minha mãe e namorando há pouco tempo com o meu então melhor amigo daqui de Lavras. Nas férias eu descobrí a gravidez e foi aquele rebú: não sabia se ele ía assumir, como que a gente ía se sustentar e sustentar o bebê e tudo o mais. Com 8 semanas, ainda na casa da minha mãe no Rio de Janeiro, eu falei com a minha amiga Maíra, enfermeira em BH, se ela tinha algum médico pra me indicar em Lavras pois eu já tinha lido muito sobre parto e queria normal e humanizado. Antes de engravidar eu sempre fui fissurada por assuntos femininos e minha mãe sempre lembrava com um sorriso nos lábios o dia que eu nasci, dizendo o quanto foi rápido e que eu queria nascer, que fiz força pra sair e de como ela levantou sozinha após dar a luz e foi tomar banho, me dar de mamá e etc. Assim eu começei lá pelos meus 16 anos a pesquisar sobre a gravidez e conhecí e me encantei pelo parto humanizado. Achava que conseguiria pelo menos um parto normal em Lavras e a Maíra me indicou a lista do yahoo do grupo Parto Nosso, onde eu conheci a doula Rebeca que me orientou a gestação inteira. Com 8 semanas lá estava eu na lista pesquisando e me informando. A Rebeca me adicionou no msn e fomos conversando sobre médicos e etc. Assim que cheguei em Lavras, além da mudança (eu e o Lu decidimos de fato ser uma família), a primeira coisa que eu fiz foi pegar a lista do convênio e procurar um obstetra. Achei a Dra. A. que tinha consulta disponível e lá fomos.<br />
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Já na primeira consulta (o Lu sempre foi em todas), nos decepcionamos um pouco. O clima estava bem descontraído e tal, mas foi bem diferente do que eu imaginava. A médica passou um batalhão de exames e eu fiquei me sentindo meio doente e estranha, fora que eu esperava que a gente pudesse conversar sobre o parto, a gestação e que ela fosse me ensinar o "ser mãe e ser mulher". Bem, não foi nada disso. 30 min e consulta encerrada. Saí de lá com gostinho de quero mais e achei mudaria com a intimidade, quando a médica me conhecesse melhor.<br />
<br />
Passei os 3 primeiros meses da gravidez dormindo. Hoje eu sei que era o meu corpo poupando forças pro que viria, já que eu tenho uma insônia crônica que me assaltou justo no meio da gestação. Eu dormia umas 20h por dia e comia o tempo inteiro em que estava acordada. Acordava pra comer, pois era a única coisa que melhorava o meu enjôo, e voltava a dormir.<br />
<br />
Lá pelas tantas, perto dos 4 meses, eu começei a discutir como eu queria que fosse o meu parto com a minha obstetra. Já tinha lido sobre episiotomia, ocitocina, doulas e etc e queria um parto natural, de preferência com doula. Tentei achar uma doula aqui, mas era inexistente. A médica riu de mim, disse que parto humanizado era aquele em que a gestante não sente dor (a.k.a. cesárea), que ela não permitia a entrada da doula pois tinha tido uma experiência ruim com uma e que ela fazia episio pra evitar laceração, coisa que a gente discutiu uns bons 40min pois comoassim evitar uma laceração com um corte de 3 camadas? A Rebeca tinha me passado um questionário pra descobrir se o médico é cesarista e até que ela se saiu bem nas respostas. Nessa altura de campeonato eu achava que era A informada, empoderada e fodona. Sabe, eu sou uma pessoa super arrogante e admito. Não tenho problema nenhum em assumir, e durante a gravidez eu tentei meio que manter isso, mas não fui muito bem sucedida. Achava que bancaria e peitaria a médica na hora P e continuei com ela mesmo sabendo das possibilidades de um parto frankstein (é aquele parto em posição deitada, com episotomia, ocitocina e puxos dirigidos, nos estados unidos eles chamam de "parto estupro", devido a todo o desrespeito que ocorre com a parturiente e o bebê), pois na minha cabeça uma pessoa informada como eu jamais cairia numa cesárea desnecessária, afinal eu tinha estudado TODAS as possibilidades e indicações da cirurgia. Esse foi o meu primeiro erro. Lá nos 4 meses eu meti na cabeça que ía ter um parto humanizado e tava namorando a idéia de parir no hospital Sofia Feldman em BH, há 200km daqui.<br />
<br />
Continuei com essa médica e lá pelos 6 meses ela me passou um exame que o convênio não cobria. Na hora me bateu um estalo e eu perguntei pra recepcionista pra que era aquele exame e conversa vai, conversa vem, descobrí que com aquela médica rolava só cesárea. A recepcionista até riu quando eu falei que teria normal com ela e me disse "ha, a Dra. A. só faz cesárea. Eu mesma queria normal, mas ela só faz marcando". Me convencí a ir pra BH, e agora eu tinha a dificuldade de fazer o Lu entender que era melhor largar o convênio e parir no SUS de BH do que aqui. Meu método de convencimento foi o melhor: se você não for comigo, eu pego um ônibus e vou sozinha e nunca mais te perdôo por não me apoiar nisso. Passaram-se uns dias e a gente começou a arquitetar como iria fazer e eu começei a minha busca por um médico plano B pro caso de eu entrar em trabalho de parto antes de ir pra BH. Fui em 4 dos médicos da lista do convênio e desistí. Nisso, minha mãe (que é quase o meu guru) começou a ficar preocupada e queria que eu tivesse um parto domiciliar. Eu, imbecil, não me sentia segura pra tal. Desconfio que se ela tivesse o telefone da Rebeca, as duas teriam armado tudo e me pego de surpresa. Começei a flertar a idéia do PD (parto domiciliar), mas não queria parir aqui, além do que, caso precisasse de transferência pro hospital, ía cair numa cesárea sem sombra de dúvidas, pois os hospitais daqui são muito ruins e os médicos todos cesaristas.<br />
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Passei a gestação inteira com pequenos sangramentos que me fizeram parar a minha dança do ventre e os meus exercícios. Passei 1 mês quase sem ir pra faculdade de repouso absoluto e cagando de medo de perder o bebê. Foi assim que eu parei de fumar. Naquele primeiro sangramento, de madrugada, o Lu saiu pra comprar o remédio que a GO tinha indicado pra parar o sangramento e, assim que ele chegou, me contou que era um anti-abortivo. Gelei, meu coração parou e naquela hora eu decidí que não ía ser meia mãe: percebí que eu era responsável por aquela criança e que tudo o que eu fazia a afetava, e que mesmo fumando só meio cigarro por dia, esse meio cigarro a estava prejudicando. Não fumei mais e os sangramentos me acompanharam quinzenalmente até o final da gestação e me renderam, além de achar que meu corpo era falho, uma encucação sem motivos e um excesso de peso, pois eu não parava de comer e não podia andar. Aqui eu percebo o meu segundo erro, que foi me manter sedentária durante a gestação. Logo eu, que sempre fui esportista, que andava pra cima e pra baixo, fazia handball, academia e natação, fiquei prostrada num sofá por 9 meses, com medo da minha filha morrer. Todo mundo fala que não precisa ser esportista pra ter parto normal. De fato, não precisa, mas como se chama <i>trabalho</i> de parto, ter um bom condicionamento físico ajuda muito, principalmente em caso de partos longos que exigem muito do corpo.<br />
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Nas férias de Julho o pai do Lu nos emprestou um carro e lá fomos nós conhecer o hospital Sofia Feldman. Chegando lá, parecia um sonho! A ouvidora nos mostrou tudo, a casa de parto super aconchegante, com banheira, jardim, bola, barra pra apoiar, refeitório, enfim, aquele clima bem caseiro sabe? Me sentí no paraíso, pensando que não poderia ter escolhido lugar melhor pra minha filha nascer. Conhecemos também a parte do hospital (lá a casa de parto é anexa ao hospital), que eu jamais sonharia que ficaria lá. A ouvidora nos mostrou a sala de cirurgia, e ainda riu e brincou comigo, dizendo que aquela parte eu nem precisava me preocupar pois já que eu queria parto normal, iria direto pra casa de parto mesmo, e que cesárea lá só em caso de emergência. Saí de lá aliviada, o Lu também gostou muito, e estava muito segura e confiante de ter feito a opção de me deslocar 300km pra minha filha nascer. Na minha cabeça, a única opção melhor seria o parto domiciliar, mas como eu não bancava e não tinha hospital bom pra caso eu precisasse de transferência, o Sofia Feldman foi sem dúvidas a melhor opção que eu poderia fazer naquele momento.<br />
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Os 9 meses se passaram e nós conseguimos convencer nossos pais a pagarem um hotel em BH pra esperarmos a Aurora nascer. Fomos pra lá com 38 semanas, e todo dia alguém da família ligava pra saber se eu já estava sentindo alguma coisa. Foi um tormento, porque além de não conhecer ninguém lá, não conhecer a cidade e não saber o que fazer, ficamos os dois enfiados no quarto do hotel. A cada ligação eu ficava mais nervosa, achando que meu corpo estava me boicotando, que minha filha não ía nascer, pensando nos meus bichos que tinham ficado em Lavras, pensando que eu poderia estar na minha casa, segura, me sentindo amparada no meu ambiente. A certa altura eu quase fiz minhas malas e voltei, pois estava certa de que aquela criança não queria nascer. Lá pelas tantas, resolvemos ir novamente ao hospital por sugestão das meninas da bem nascer (nisso eu estava sem obstetra e sem me consultar, mas não achava que constituísse num problema, pois a Aurora sempre se mexeu muito e eu estava ok, com a pressão boa e tudo o mais), e lá marquei uma consulta pro dia 6/9 (dia da minha data de previsão do parto, em que eu completaria 40 semanas de gestação) e recebí um escalda pés maravilhosos, com direito a música, mentalização e tudo o mais. Saí de lá revigorada, de bom humor, sem medo de nada, a frustração tinha acabado. Esse dia era 3/9/2010, às 9h da manhã. Pegamos o ônibus e voltamos pro hotel. Às 15h minha bolsa estourou. Eu rí, contei pro Lu, mandei uma menssagem no msn pra Rebeca, que me orientou a descansar, pois eu estava sem contrações. Liguei pra minha mãe (que viria acompanhar o nascimento e estava no RJ) e pra minha sogra (que também ía vir de Ribeirão Preto pra ver a neta nascer) e falei pra elas virem tranquilas, pois eu não tinha contrações. Fui ao shopping, comprei minha camisola da maternidade, comprei lanches, fui ao mercado comprar isotônico pra me ajudar no trabalho de parto (já que no hospital a gestante é estimulada a comer e beber o que quiser) e voltamos pro hotel. Minha mãe chegou às 22h, e eu continuava sem sentir nada. Falei de novo com a Rebeca que ligou pra uma enfermeira amiga (vou chama-la de enf. S.) dela que estava de plantão no Sofia e se colocou à disposição caso eu quizesse ir verificar se de fato era a bolsa. Como a Aurora estava se mexendo muito e eu já havia lido que não precisa sair correndo igual uma louca pro hospital, decidí que ía dormir e que de manhã iria no hospital pra ver a quantas andava a coisa. De madrugada começei a ter contrações. Elas vinham de 5 em 5 min, depois passou de 3 em 3min, e lá pra perto de amanhecer, começaram a vir a cada minuto, com duração de 30s cada uma. Acordamos todos e fomos pro hospital. Já no carro as contrações deram uma parada, mas ainda estavam lá. No hospital, fiquei algum tempo na recepção esperando atendimento e fui bem específica de que queria ir pra casa de parto. A enf. S. me atendeu, fez o exame de toque e constatou que eu estava com 1cm de dilatação e colo posterior. Me disse também que eu só poderia ser admitida na casa de parto com 4cm de dilatação e que minhas contrações ainda estavam fracas (nessa hora elas quase tinham parado). Ela falou com o Dr. J., que tb estava de plantão, que me recomendou voltar ao hotel e dormir, e que eu voltasse às 17h pra eles darem uma olhada. Fui dormir, mandei uma outra menssagem pra Rebeca que me mandou descansar e que mais tarde nos faríamos o trabalho de parto engrenar. A essa altura minha sogra já havia chegado à BH e eu fui pro quarto dormir. Não conseguí. As contrações estavam muito leves, uma "coliquinha boba" e eu sabia que não era hora de ir pro hospital, mas as pessoas começaram a ficar afobadas. Por insistência da minha mãe e medo meu, voltamos ao hospital às 17h, onde foi feito um novo exame pela enfermeira B. e constatado que eu continuava com os mesmos 1cm, mas meu colo agora estava anterior, ou seja, começando o processo da dilatação. o Dr. J. estava mudando de plantão e o obstetra que assumiu, o Dr. Paulo, recomendou a internação. Eu tremi dos pés à cabeça, a Rebeca me ligou e me recomendou a aceitar a indução, e se ofereceu pela milésima vez pra vir me acompanhar, ao que eu novamente recusei, pois não queria ninguém além do Lu e da minha mãe alí. Eu sabia que não era hora, sabia que meu corpo não estava pronto e que eu precisaria passar por um processo muito longo pra minha filha nascer. Minha mãe nessa hora já estava em pânico, minha sogra ídem e lá fui eu com o Lu, como quem vai pro abate, aceitar a indução. Eu sabia que a indução era extremamente dolorosa, que podia dificultar o processo de nascimento em alguns casos, mas eu sempre fui corajosa e aguentaria a dor. Eu sempre tive um resistência monstra pra dor, que aumentava ainda mais em casos de necessidade. Quando estávamos entrando no hospital (como eu estava com bolsa rota há mais de 24h, não poderia ser admitida na casa de parto), eu segurei a mão do Lu e falei pra ele que iria ser cesárea, que eu sabia disso. Ele me disse que não, que era só indução e que isso iria ajudar a Aurora a nascer. Eu já tinha entregue o meu plano de parto pra enf. S. e ela tinha lido e visto quais intervenções eu não gostaria que fizessem comigo e com a minha filha. A enf. S. e a enf. B. se propuseram a se revezar nos cuidados comigo e ficarem o quanto fosse necessário até que Aurora nascesse. Fui pra um lugar "especial", sozinha com o Lu, sem outras gestantes por perto. Lá colocaram o cardiotoco na minha barriga (pra saber se o bebê estava bem e verificar as contrações) e viram que os batimentos da Aurora estavam ótimos, mas as contrações estavam "ineficiente" (hoje eu sei que aquilo eram só pródromos, que era o meu corpo se preparando pra ela nascer e que aquilo ainda poderia demorar muito). Aí começou o show de horrores. Um técnica muito da grossa veio colocar o "acesso" em mim, e demorou uns 30 minutos até achar a minha veia. Ela me cutucou os dois braços e arrebentou a minha mão. Eu saí do hospital com a mão tão roxa que parecia que tinha caído um armário nela. Esse roxo só foi sumir 15 dias depois, tamanho o despreparo da técnica. A enf. B. e uma outra técnica, a tec. L., ficaram um pouco comigo e fizeram uma "dinâmica" pra ver como estavam as contrações e saíram. Fiquei 30min com o Lu na sala, contrações super suportáveis que começaram a apertar e elas voltaram. Fizeram outra dinâmica (apertavam a minha barriga durante as contrações) e decidiram colocar a ocitocina na dose máxima, pois realizaram o toque novamente e eu continuava com 1cm. A enf. B. me disse: "bem vinda ao trabalho de parto, pois agora vai começar de verdade" e eu sorrí, alegre, confiando que iria dar certo. Aí o negócio começou a pegar e eu passei a delirar de dor. A dor que eu sentí é a mesma que as gestantes descrevem quando está muito perto do bebê nascer, quase com dilatação total. Contração é um negócio engraçado. Num trabalho de parto sem intervenção, elas vem em ondas, que vão aumentando gradativamente. A dor que vc sente com a ocitocina é 3x, aproximadamente, maior do que a dor que você sente sem ela. Eu fiquei deitada, pois estava a muito tempo sem dormir e super cansada. Estava disposta a aguentar aquilo pra minha filha sair pelo buraco que ela entrou, afinal eu conhecia os riscos da cesariana e tinha muito medo de morrer ou de acontecer alguma coisa com ela. de 30 em 30min vinha alguém me fazer o toque, constatar que não havia evoluído, e saía. Lá pelas tantas eu me irritei e decidí que ía andar. Andar com aquela porcaria daquele negócio que prende o soro é anti-esportivo. Sério, aquilo atrapalha muito! Nessa hora o Lu (ele saiu pra comer alguma coisa) trocou e minha mãe entrou. Foi a pior cagada que eu poderia ter feito, porque a minha mãe, que sempre é a pessoa mais racional do mundo, simplesmente pirou. Eu agachava durante as contrações no meio do corredor do hospital, com aquela camisola que mostra até a sua alma, sem a mínima dignidade, com todos que passavam me olhando como se eu fosse uma maluca, e minha mãe, ao invés de agachar comigo e segurar minha mão, ficou tão desorientada que foi conversar com as enfermeiras. Eu levantava e agachava, levantava e agachava, a cada contração, na esperança de ajudar em alguma coisa. Eu fiquei tão irritada com a minha mãe, que só conseguia brigar com ela. Eu tinha muito medo dela surtar (ainda mais), de apertar a mão dela e machucar, enfim, dexei ela conversando com a enf. B. e lá pelas tantas ouvi a enf. dizer pra minha mãe que eu não ía aguentar. Aquilo foi o fim. Toda a minha esperança foi pro ralo ao ouvir aquilo. Eu fiquei com tanto ódio, tremia tanto, que minha vontade era de bater nas duas e sair dalí correndo. Devia ter ouvido o meu instinto e ter feito isso, mas de fato eu não tinha pra onde ir, nem pra quem pedir socorro, já que já tinha dispensado a Rebeca. Expulsei a minha mãe e pedi pra chamarem o Lu, que veio correndo. Fomos pra debaixo do chuveiro, e nisso eu já estava com muita dor. Eu achava que aquela dor era a pior que eu já tinha sentido na minha vida. Naquela altura eu achei que já devia estar bem dilatada, rebolava na bola, tentei vocalizar mas não conseguí, e toda hora me passava pela cabeça um <a href="http://oquehadeerrado.blogspot.com.br/2011/09/entrevista-com-ina-may-garskin.html" target="_blank">texto da Ina May Garskin</a>, parteira, que dizia que os esfincteres são tímidos e que se a mulher não se sente segura, não dilata. Aquele ambiente de hospital, de doença, de sofrimento, me deixava apavorada. Quando as enfermeiras e técnicas não estavam por perto, eu só conseguia sentir um misto de alívio (por finalmente ser deixada em paz, por pararem com os toques excessivos e as dinâmicas doloridas, por não ser tratada como uma bomba relógio) e muito abandono, me sentia largada, sem nenhuma explicação, nenhuma ajuda (o Lu fez o que pode, mas ele nunca tinha acompanhado um parto, não sabia como agir e estava mega preocupado comigo). A doula aqui teria sido crucial pro bom funcionamento do parto, e novamente eu colhi os frutos da minha arrogância, de me achar a fodona, de achar que por suportar bem a dor e conhecer o processo de nascimento, eu não sentiria medo. O medo me bloqueou de tal forma que eu só queria que aquilo tudo acabasse. Sentia que meu corpo não era mais meu, que pertencia à equipe. Não havia em mim nem um resquício de instinto de preservação, de dignidade. A cada 30min eu era invadida por alguém da equipe que vinha ver a minha dilatação, apertar a minha barriga, olhar o cardiotoco. Meu corpo foi totalmente exposto, me sentia um rato de laboratório, com aquele entra e sai, enfermeiras explicando procedimentos pras técnicas e estagiárias, e me usando pra demonstração. Era quase como se eu não tivesse alí, como se eu fosse um boneco anatômico, uma bomba relógio, como se eu fosse matar a minha filha. Quando eu já não aguentava mais na bola e decidí sair do chuveiro e me deitar de novo pra tentar descansar, ouví a parturiente da "baia" ao lado que também estava induzindo implorar por uma anestesia e o médico dizer que só fazia depois dos 6cm, e que ela estava com 5cm e que poderia atrapalhar. A mulher suplicou uma pá de vezes pela anestesia e não foi atendida. Eu não queria pedir anestesia pois sabia que poderia prejudicar o processo, eu queria sentir minha filha nascer. Hoje eu percebo que poderia ter tomado e dormido um pouco, relaxado, mas enfim, também não me foi sugerido. Novamente a enf.B. e a estagiária L. voltaram pra fazer a dinâmica e o toque e disseram que eu estava com 3cm, quase 4cm, e que o médico viria me avaliar. Nossa, eu achava que seria bem mais. A cada toque que eu levava, além de dor, eu sentia muito pesar, como se meu corpo estivesse me abandonando, me deixando na mão. O médico, Dr. Paulo, estava discutindo o meu caso com a equipe, aos berros. A equipe tentou me ajudar, segurar o médico pra ele me deixar quieta com o meu processo de parto, mas ele quis ver o meu prontuário. Entrou na minha "baia" como quem entra com um furacão do lado de fora, e os 3cm que a enf. B. havia diagnosticado, se transformaram novamente em 2cm. Já tinham passado 4h de indução. O Dr. Paulo foi extremamente grosseiro, invasivo, desumano, sem educação e bossal. Mal falou conosco, abriu minhas pernas e enfiou os dedos, assim, como quem enfia o dedo num pote ou abre uma torneira. Nem olhou pra minha cara. Além dos berros, começou a dizer que eu já deveria ter dilatado. Que a moça ao lado estava na indução também e que já estava com 5cm, que eu deveria dilatar 1cm por hora e que àquela altura já deveria estar com pelo menos 6cm. Eu tentei argumentar que a enf.B. havia constatado 3cm, tentei chamá-la, mas foi em vão, pois ela não podia peitar o médico. A arrogância e prepotência daquele homem tomaram o quarto inteiro. Ele novamente recomeçou a gritaria e disse que iria me fazer a cesárea. Meu coração gelou eu pedi que esperasse, ao que ele foi criterioso que não esperaria. Argumentei que na holanda se esperavam 48h de bolsa rota até partir pra indução, que a indição demorava e etc (isso tudo ainda com a ocitocina, morrendo de dor, tremendo dos pés à cabeça, completamente vulnerável). Ele riu. Assim, riu sabe? Sabe quando vc rí alto de uma piada muito engraçada? Riu na minha cara, riu da minha dor, do meu desespero e do meu pânico. Disse que na Holanda se esperavam 48h de bolsa rota mas que ele era um obstetra brasileiro que não deveria ter esperado nem 12h. Que eu já deveria ter sido cesariada há muito mais tempo. Novamente eu falei em assinar um termo de compromisso, que eu me responsabilizava, que o cardiotoco da Aurora estava ótimo com os batimentos perfeitos e que não eu processaria o hospital caso desse algo errado, que eu queria esperar. Ele simplesmente me disse "que termo de compromisso oq menina, isso não serve pra nada", riu novamente e me deixou falando sozinha.<br />
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Do lado de fora da "baia", ouví a equipe conversar sobre cesárea humanizada, que não era possível, que isso não existia. Ouví novamente as enfermeiras tentando argumentar com o médico, insistindo pra ele esperar, mas ele só gritava algo que eu não conseguia ouvir. A enf. B. entrou, com um olhar triste, e eu realmente não me lembro oq ela me falou. Nessa hora eu já tinha desistido, e só queria que aquele pesadelo acabasse. Eu tinha movido mundos e fundos pra ter minha filha de forma respeitosa e digna, e tudo o que eu tinha conseguido era gastar rios de dinheiro e um médico grosseiro.<br />
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Uma nova técnica veio me preparar pra cirurgia. Ela foi super grossa, me mandou tirar os pircings, num mau humor horrendo. Eu não conseguí tirar os da orelha, pois esses só saem com alicate, e ela começou a me falar um monte (que eu nem lembro, pq tava com muita dor), que eu não queria tirar, que daquele jeito eles iriam rasgar a minha orelha na cirurgia, que se eu precisasse ser entubada isso dificultaria e etc. Ela me segurou e falou pro anestesista vir. Eu pedí pra ela esperar a contração, pois estava tendo uma naquele momento e ela me mandou ficar quieta, brigou comigo, que assim ela não conseguiria trabalhar, que eu estava dificultando tudo, que iria ficar tetraplégica se não parasse de me mover e que estava atrasando o funcionamento do hospital. O anestesista, o único que teve bom senso naquele dia, esperou passar a contração e aplicou a anestesia. O Lu chegou, já vestido com aquela roupa de sala cirurgica, e eu só conseguia sentir muito medo. Pedi pra ele cuidar da Aurora, pois eu tinha certeza de que algo sairia mal. Eu chorava muito, copiosamente, e as pediatras e técnicas zombavam de mim, dizendo que aquilo acontecia com todas as mulheres, todos os dias, e que não era motivo pra choro. Que eu seria só mais uma a ter uma cesárea, que aquilo era um porcedimento totalmente normal. Na minha cabeça só me passavam as estatísticas de mortalidade materno-infantil. Fiz o Lu me prometer que não desampararia a nossa filha, que cuidaria dela se me acontecesse algo.<br />
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O cheiro de carne queimando durante a cirurgia, por causa do bisturi elétrico, é simplesmente horrível. Apesar da anestesia, eu sentia o bisturi entrando, sentia ele rasgando a minha carne. Tinha vontade de correr, mas minhas pernas não funcionavam. Minha mãe estava do lado de fora, na janelinha, me olhando, e chorava tanto, como quem pede desculpas. Eu só queria sair dalí. Parecia que tudo o que eu tinha pedido pra fazerem no meu plano de parto, estava sendo feito ao contrário, como se eu fosse uma maluca por "arriscar a filha durante 36h por um capricho de ter um parto normal". Ninguém falou comigo. Não explicaram o que estavam fazendo, não olhavam pra mim. Eu não existia alí. A equipe só tinha uma preocupação: extrair o bebê daquela lunática, como se meu corpo estivesse matando a Aurora, como se eu fosse um perigo mortal pra ela. A sensação que eu tinha era de ser uma maluca de hospício, amarrada naquela maca, completamente vulnerável e indefesa, sem saber o que estava acontecendo. Tinha escrito no plano de parto que, caso a cesárea fosse necessária, queria ter meus braços livres como eu havia visto em cirurgias humanizadas, queria ver quando a Aurora saísse da minha barriga e amamentá-la ainda na mesa cirurgíca, como acontece em muitos outros lugares. Eu só soube que íam tirar a Aurora porque perguntei pro Lu e ele foi ver. Ele que me avisou que ela estava nascendo, que aqueles puxões que eu estava sentindo eram o médico extraindo nossa filha da minha barriga. Eu chorei muito, chorei a cirugia inteira, e ninguém me dava uma palavra de consolo, de apoio, nenhuma explicação, nada. Eu não existia praquelas pessoas. Quando tiraram a Aurora, mostraram pra minha mãe através do vidro e fizeram os procedimentos nela. Todos os procedimentos que eu pedí pra não fazerem, foram feitos. Eu ouvia o choro dela e pedia desculpas por não poder pegá-la. Me sentia um monstro por não poder estar com a minha filha. Parece que demorou uma eternidade até me trazerem ela por breves 5s. Todo mundo viu a Aurora antes de mim. TODOS. Eu fui a última pessoa a vê-la, e mesmo assim por pouquissímo tempo. Nessa hora eu avisei que iria vomitar. O Lu pediu ajuda pra equipe e mandaram ele virar minha cabeça de lado. Vomitei. A pior coisa da vida é vomitar com o seu corpo aberto. Parecia que todos os meus órgãos íam pular pra fora! Eu não podia me curvar por causa da anestesia e por ainda estar aberta, e vomitar deitada, amarrada e numa sala fria, foi uma sensação péssima. O Lu ficou lá uns bons minutos pedindo um pano pra me limpar e ninguém queria dar. Falaram pra me deixar daquele jeito que depois limpavam. O anestesista deu um pano pra ele e ele me limpou, mas isso demorou bastante. Mandei o Lu ir ficar com a Aurora, que ela precisava mais dele do que eu, e ele foi. Começei a tremer muito, meus braços estavam descontrolados, parecia que eu tinha levado um choque. Eu pedí muito pra me cobrirem, pois o frio era insuportável. Novamente alguém riu (não me lembro quem, pois nessa hora já estava tudo nebuloso) dizendo que não ía adiantar, que aquilo era efeito da anestesia. Chorei tanto, tanto, que o anestesista novamente decidiu ser um humano e me cobriu. O Lu e a Aurora saíram do quarto e me apagaram. No plano e parto eu tinha dito que não queria que me dessem a sedação, o que novamente não foi respeitado. Na Aurora fizeram tudo: colírio de nitrato de prata (eu fiz pré-natal e não tenho gonorréia, o que tornava o uso do colírio, que dá uma conjutivite química no bebê, completamente dispensável), vitamina K injetável e aspiraram (enfiaram um tubo no nariz dela, sem anestesia nem nada). Eu choro sempre que penso nisso, pois nem viajando 300km, indo pra um hospital humanizado, referência como hospital amigo da criança, tinham respeitado os direitos da minha filha e os meus pedidos. Acordei naquela sala fria, sem ninguém. Fiquei em pânico e nessa hora alguém entrou, novamente com muita má vontade, e eu perguntei aonde estava minha filha. O Lu apareceu na porta da sala de cirurgia, com a Aurora no colo, já vestida, e disse que já íam me levar pro quarto. Lembro da dor. Mesmo anestesiada, sentí quando me colocaram na cama, como se eu fosse um saco de batatas. O baque fez os pontos doerem. Fiquei numa cama, suja de sangue e de urina, até a manhã seguinte. Aurora só foi amamentado 50min depois de nascer, sendo que eu tinha pedido pra amamentar ainda na sala de cirurgia pois sabia o quão importante era amamentar na primeira hora de vida. Alguma técnica veio, apertou meu peito e colocou ela lá. Eu não sentia nada além de tristeza. O maior momento da minha vida, o melhor, o encontro com o meu maior amor, tinha sido roubado. Eu mal conseguí olhar praquele bebê. Tinha vergonha dela. Vergonha de ter feito ela passar por tudo aquilo, vergonha de ser incapaz de parir. Só conseguia pedir desculpas internamente, por ela ter que passar por tudo aquilo por culpa minha. Fizeram tudo contra a minha vontade, sem a minha autorização ou do pai dela. Não nos explicaram nada sobre os procedimentos, sobre o que aconteceria com ela e comigo. Nos deixaram num vazio de informações absurdo.<br />
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No dia seguinte houve uma reunião de mulheres recém paridas e as psicólogas do hospital pediram pra gente avaliar o atendimento. Eu falei que tinha sido ruim e tudo o mais, ao que me foi respondido: "você está achando tudo isso porque não queria a cesárea". Na hora eu não entendí o que tudo aquilo significava, não entendia muito bem o que tinha acontecido e novamente abaixei a cabeça e me calei. Hoje eu vejo o quanto o meu atendimento foi precário, desrespeitoso e que ainda tentaram colocar panos quentes. Pra todas as outras gestantes, o hospital foi humanizado, mas pra mim não. Não entendo como um hospital que é referência em atendimento humanizado à gestante tem um médico que grita com a paciente, uma equipe que a deixa suja de vômito e técnicos e enfermeiras que riem do seu desespero. Pra coroar com chave de ouro, a enf.B. veio dizer pra minha mãe que eu <u>pedí a cesariana.</u> Que eu tinha pedido pra me fazerem a cirurgia. O Lu estava comigo o tempo todo e me disse que eu não pedi, e eu me lembro de não ter pedido também. Não pedí a cirurgia nem anestesia. Tudo o que eu queria era amparo e suporte, coisas esperadas num lugar humanizado, e que me foram negados.<br />
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Hoje eu sei que poderia ter esperado mais, que há casos em que se espera 1 semana com monitoração, que não precisava ser induzido. Sei que eu jamais dilataria com aquelas condições, com aquele entra e sai de gente o tempo todo indo olhar a minha vagina, com as enfermeiras dando aulas e explicações sobre o meu corpo como se eu não estivesse alí. O único caminho possível pra mim seria o parto domiciliar. Fiquei muito triste com tudo o que aconteceu e me sinto revoltada, traída e ferida, pois todas as outras gestantes que vão pro mesmo hospital sempre relatam maravilhas. Justo comigo, que queria parir, que tinha me informado durante 9 meses sobre humanização do nascimento, aconteceu tudo ao contrário. Se eu soubesse de tudo isso, teria ficado em Lavras, tido minha filha no hospital daqui e me pouparia dinheiro e muita frustração. Minha cesária foi completamente desnecessária (tendo em vista que os batimentos cardíacos estavam ótimos e a Aurora estava se mexendo super bem durante todo o processo) e desrespeitosa. Dói na minha alma saber que eu e minha filha fomos maltratadas por gente que se prestou a fazer um atendimento diferenciado. Dói saber que fui enganada, que não fizeram nada do que a instituição propunha, que me despiram da minha dignidade e me fizeram uma ferida no corpo e na alma. Posso ter mais 10 filhos e essa dor nunca vai passar. A violência com que fomos tratadas e o desprezo vão ficar pra sempre na minha memória.<br />
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<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-19027717601739487752012-06-02T09:30:00.000-07:002012-06-02T09:30:01.955-07:00nascimento do ponto de vista DO BEBÊ<span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Postagem inspiradíssima de Ana Paula Caldas, </span><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Neonatologista em Campinas/SP</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">"Após 9 meses, aproximadamente 280 dias, 40 semanas ou 9 luas o bebê finalmente está pronto para nascer. O feto, completamente formado desde as 12 semanas, levou todo este tempo para crescer e amadurecer dentro do útero.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">No final da gravidez ele dá sinais que está maduro e inicia-se o trabalho de parto. Sua circulação é inundada de hormônios que sinalizam o nascimento iminente. As contrações uterinas massageiam o seu corpinho e dão a noção do ritmo. Finalmente, a passagem pelo estreito canal de parto comprime o tórax</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">do bebê, auxiliando na saída do líquido amniótico presente em seus pulmões, boca e narinas. O bebê nasce, e enquanto permanece ligado à placenta pelo cordão umbilical que pulsa não há pressa em respirar. Nos braços da mãe, ele</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">conhece o novo espaço, espirra, tosse e finalmente respira. Às vezes chora vigorosamente, às vezes apenas resmunga. Em alguns minutos, os pulmões expandem, a circulação fetal deixa de existir e a placenta não é mais necessária. O cordão umbilical para de pulsar e pode ser cortado. Enquanto isso, mãe e filho se reconhecem, trocam cheiros, o som do coração da mãe</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">acalma o bebê, que lentamente começa a procurar o seio. Depois de mamar, o bebê adormece e descansa por um longo período, se recuperando dessa grande jornada.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">A sequência descrita acima foi planejada pela natureza, ao longo de milhares de anos de evolução.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Infelizmente, este processo fisiológico não é respeitado na maioria das maternidades brasileiras. Aproximadamente 40 % dos bebês da rede pública e 80% da rede privada nascem através de cesariana. Grande parte deste número –principalmente na rede privada- correspondem as cesarianas eletivas (aquela</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">marcada por conveniência do médico ou da mulher ). Nestes casos, o bebê não sabe que vai nascer. Não foi avisado pelo trabalho de parto, não recebeu os hormônios necessários, não sentiu o ritmo das contrações, nem passou pelo canal de parto. Frequentemente estava dormindo no momento do nascimento. Tem que passar de feto a gente que respira em segundos. Seus pulmões, boca e nariz estão cheios de líquido amniótico. Só resta ao bebê aterrorizado a opção de chorar para expandir os pulmões e concluir à força o processo de transição.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">A criança é levada a um berço aquecido, onde é vigorosamente enxugada. Geralmente o pediatra introduz uma sonda em sua boca e narinas para aspirar as secreções. A criança é pesada, medida, classificada e identificada. Rapidamente é apresentada à mãe, que não pode segurá-lo porque tem as mãos presas na mesa cirúrgica.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">O bebê então é levado ao berçário, onde é colocado em um berço aquecido, observado pela família através de um vidro. Ali ele recebe um colírio de nitrato de prata, cujo objetivo é prevenir uma eventual conjuntivite pela bactéria causadora da gonorréia. É provável que suas pálpebras fiquem inchadas e doloridas em consequência do colírio. Ele recebe ainda uma injeção intramuscular de vitamina K, medicação usada para prevenir um</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">distúrbio de coagulação.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Através do vidro do berçário observamos o recém nascido, sozinho no berço aquecido. A agressão sensorial foi tamanha que muitos dormem, exauridos. Outros choram e se debatem, observados pela família orgulhosa.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Algumas horas depois, o banho. O recém nascido é lavado com água morna, na banheira ou sob a torneira da pia. É preciso lavá-lo e remover qualquer vestígio de sangue ou vérnix. É necessário que ninguém perceba que o bebê nasceu de um útero, lugar cheio de mistérios. A criança é vestida e finalmente será amamentada.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">A mãe recebe o pequeno estranho... que sequer viu nascer através dos panos estéreis da cirurgia. O pequeno estranho não tem seu cheiro, aliás cheira a algum produto químico. O pequeno estranho está sonolento, porque durante o período fisiológico de vigília estava no berçário. Depois de algum esforço, afinal consegue mamar. A natureza felizmente continua sábia e é através da amamentação que a mãe e o pequeno estranho vão enfim criar vínculos."</span>...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-32817716448807919622012-05-31T10:00:00.000-07:002012-05-31T10:00:07.197-07:00Parto domiciliar do Francisco e e da Luzinete (com participação mais que especial do Renato)Gente, esse é o vídeo de parto mais intenso, mais bonito e que me faz verter lágrimas sempre que vejo (e olha que eu sou uma ogra!). Na boa, pra mim parto é isso! Só vai entender quem ver, pois quem acha que parto é aquela coisa que passa na novela, com gente empurrando a barriga e tudo o mais, não sabe de verdade o que é um parto respeitoso. É esse tipo de parto normal que eu defendo, e não aquela violência obstétrica que eles fazem com todas as mulheres. Espero que vocês se emocionem como eu! Não deixe de assistir, pois vale a pena cada segundo do vídeo!<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/6Un7QfEyfew?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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Quem quiser ver o relato completo, tá aqui ó: <a href="http://blog.irmaosol-irmalua.com.br/">http://blog.irmaosol-irmalua.com.br/</a>...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8729008816062503331.post-13762493706496511552012-05-30T05:44:00.000-07:002012-05-30T05:44:00.468-07:00Resenha: A excêntrica família de Antonia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_KAq-T841d6b3VCr5welGDR2gj80dtxkq3KrYKdaGUgqx12Msdps5WhsqZ-zWJztnQE-crxDP5dOt6IiZF-4Jn2-dliTBGEao5ZJKxy13pTtatibTZV6FCYCsKukkCBekevks-6VxVau/s1600/mily.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM_KAq-T841d6b3VCr5welGDR2gj80dtxkq3KrYKdaGUgqx12Msdps5WhsqZ-zWJztnQE-crxDP5dOt6IiZF-4Jn2-dliTBGEao5ZJKxy13pTtatibTZV6FCYCsKukkCBekevks-6VxVau/s320/mily.jpg" width="320" /></a></div>
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Eu assisto esse filme com a minha mãe desde que tinha uns 10 anos! Sem dúvidas é o meu preferido!<br />
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O filme conta a história de Antonia, que no final da segunda guerra volta pra fazenda onde vivia com sua filha Daniele pra enterrar a mãe que está enferma. O vilarejo a acolhe, nas palavras dela, como "quem tem uma colheita ruim, ou uma criança defeituosa", e o filme vai contando como ela e a filha se integram novamente à comunidade sem perder seus princípios e adotando todos aqueles que usualmente são rejeitados pela sociedade. O filme é de uma poesia infiniva, que trata dos fatos da vida traçando um paralelo entre as colheitas e estações do ano, bem como os ciclos das mulheres.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvuwxCUzBMFnyJVZnpYhf590LbKU2-2mj_5DPN8Mlj83NYgKcMLpx_-sSEd7lfTFFvxosu_H8uNjmluDtX9nGrw76j_B4jMOHZhOHYGvACNLKQ-7xhyphenhyphenyiscFL9sxyJTD_Vg4INWTi7pDs6/s1600/antonia.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvuwxCUzBMFnyJVZnpYhf590LbKU2-2mj_5DPN8Mlj83NYgKcMLpx_-sSEd7lfTFFvxosu_H8uNjmluDtX9nGrw76j_B4jMOHZhOHYGvACNLKQ-7xhyphenhyphenyiscFL9sxyJTD_Vg4INWTi7pDs6/s1600/antonia.JPG" /></a></div>
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Vale muito a pena assistir, rever, pois a gente sempre aprende algo novo, dá uma nova significação pro filme conforme os anos das nossas próprias vidas vão passando. É de uma complexidade e sensibilidades aquém de todos os filmes que eu já assistí. Me chamou a atenção (conforme eu ía crescendo e assistindo), por ser um filme com várias protagonistas femininas fortes, contado sob o ponto de vista das mulheres, que já naquela época dos anos 50, mais ou menos, já eram independentes e capazes de cuidar de seus próprios problemas.<br />
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<br />...http://www.blogger.com/profile/07539633025318635134noreply@blogger.com0