Já que as mídias normais não estão noticiando, achei pertinente tratar do assunto aqui.
No dia 17 de Maio, 30 universidades federais do brasil entraram em greve. Esta semana somam-se 46 federais em greve.
A greve deu-se, a princípio, por conta dos professores estarem desde 2005 sem aumento e sem reajuste de salário, sem estruturação do plano de carreira e sem condições de ministrarem as aulas.
Quem aí faz federal sabe do que eu tô falando. Com o Reuni abriram-se milhares de novas vagas nas universidades federais e muito dinheiro foi dado pra serem efetuadas as devidas melhorias, mas, falando especificamente da UFLA, a entrada dos novos estudantes não está acompanhando o progresso das obras. Faltam títulos na biblioteca (cada livro de graduação custa, em média, 300 reais), RU de qualidade e com filas menores, novos departamentos e etc. A situação dos laboratórios está crítica, pois falando especificamente da biologia, faltam peças anatômicas, lâminas, microscópios e o número de técnicos administrativos é insuficiente. A fila do RU é uma coisa tão absurda que tem dia que, pra almoçar, a gente espera 1 hora inteira no sol quente só pra poder comer no bandejão. Aliás, o RU é um caso a parte, pois foi feito um novo prédio com o dinheiro do REUNI e mesmo assim o prédio não comporta todos os estudantes que precisam almoçar lá. Até hoje me pergunto porque é que não fizeram um RU maior e melhor. Em todo caso, um professor com doutorado hoje ganha, em média, 4.500 reais, um dos piores salários de funcionários públicos do país. Esses professores tem que ter dedicação exclusiva com a universidade (não podem dar aulas em outros lugares) e, além das horas de aula semanais que devem ministrar tanto pra graduação como pra pós-graduação, ainda tem que desenvolver pesquisa. Tudo o que entra a mais na folha de pagamento é um bônus que o governo dá, que pode ser tirado a qualquer momento. Outro dia conversando com um professor, ele me disse que demorou 15 anos pra chegar no cargo máximo do departamento dele, mesmo com Phd (pós-doutorado).
O governo deu um aumento de 4% no dia anterior à declaração de greve, e eu quero explicar esse aumento. O governo da Dilma é um governo que sabe muito bem acabar com as greves, pois anteriormente eles eram justamente os que faziam as greves. Esse aumento foi dado pra deixar a população sem entender o pq da greve e no sentido de evitar a mesma. Esses 4% que aumentaram do salário dos professores foi em cima de uma bonificação (a menor da folha de pagamento) e não entra como salário integral, ou seja, se o governo quiser, ele pode tirar.
A greve dos professores visa uma re-estruturação do plano de carreira, melhores condições de trabalho (mais laboratórios, mais técnicos administrativos) e mais uma série de outras coisas que não tem haver só com o aumento, como algumas pessoas estão tentando fazer parecer.
O governo vem apresentando essa proposta de reajuste desde agosto do ano passado e até agora não cumpriu o que foi prometido. O aumento deveria ter saído em Março deste ano, coisa que não aconteceu. O ministro da educação andou dizendo por aí que essa greve é sem propósito. Hora, Sr. Ministro, sem propósito é um país pobre como o nosso, com educação básica risível, hospitais em estado deplorável e vários setores do serviço público entrando em greve no mesmo ano, gastar milhões com a copa do mundo e não investir nem 10% do Pib em educação! Sem propósito é enfiar todo ano mais de 1000 estudantes na minha universidade e não catalogar os novos livros que foram comprados e estão aguardando, bem longe dos estudantes, até poderem ser colocados nas prateleiras devido à falta de técnicos administrativos. Sem propósito é eu ficar 3 meses sem poder usar a biblioteca porque os funcionários estão de greve e isso não ser nem noticiado. Sem propósito é um país do tamanho do nosso achar mais importante soltar como matéria principal no fantástico o abuso sexual que a Xuxa sofre em 1900 e minha vó era virgem e não falar absolutamente uma palavra que seja sobre a greve dos docentes nas universidades federais.
Esse ano os policiais, os bombeiros, os professores e os médicos já entraram em greve. Quem mais precisa cruzar os braços pra vcs desistirem de gastar dinheiro com a copa do mundo e passarem a investir mais nos profissionais do nosso país?!
Os estudante da UFLA também aderiram à greve em apoio aos professores e estão boicotando os poucos professores que não aderiram. Ninguém vai ter aula até o governo decidir que vai dar aos professores o que é de direito. Já temos uma educação básica completamente sucateada, agora querem que a educação superior siga o mesmo rumo? NÓS ESTUDANTES NÃO VAMOS DEIXAR! Educação é poder, e vcs não vão conseguir tirar isso da gente!
Ontem, às 14h, os estudantes e docentes da Ufla fizeram uma passeata em prol da educação e a favor da greve, com adesão da população local e, ao final, foram apresentados à população de Lavras os motivos da nossa greve. Pro pessoal da Ufla, 14h da quarta feira (30 de maior) no RU vai haver nova assembléia estudantil pra discutir assuntos pertinentes a greve. Nós estaremos lá! Se você é estudante, manifeste-se! Vá pras ruas, pinte a cara, converse com os seus familiares, enfim, EDUQUE a população pra saber o que a mídia não nos conta! Quanto mais apoio e adesão da sociedade civil, maior a pressão que vamos fazer frente ao governo e menos tempo ainda essa greve vai durar.
Bora batucar galera?!
"Nas praças, nas ruas
Quem disse que sumiu?
AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL!"
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