1 ano e 9 meses depois cá estou eu, revivendo esse dia que foi ao mesmo tempo o melhor e o pior da minha vida. Já tinha escrito antes um relato cheio de dor e emoção e agora, com um pouco mais de frieza e análise das coisas, tô conseguindo vomitar tudo o que aconteceu nesse dia. O relato é longo, mas é meu, carregado de mim e das minhas impressões. Espero que valha a pena ler!
Eu engravidei num momento em que total não era pra eu engravidar. Faculdade em outra cidade, longe da minha mãe e namorando há pouco tempo com o meu então melhor amigo daqui de Lavras. Nas férias eu descobrí a gravidez e foi aquele rebú: não sabia se ele ía assumir, como que a gente ía se sustentar e sustentar o bebê e tudo o mais. Com 8 semanas, ainda na casa da minha mãe no Rio de Janeiro, eu falei com a minha amiga Maíra, enfermeira em BH, se ela tinha algum médico pra me indicar em Lavras pois eu já tinha lido muito sobre parto e queria normal e humanizado. Antes de engravidar eu sempre fui fissurada por assuntos femininos e minha mãe sempre lembrava com um sorriso nos lábios o dia que eu nasci, dizendo o quanto foi rápido e que eu queria nascer, que fiz força pra sair e de como ela levantou sozinha após dar a luz e foi tomar banho, me dar de mamá e etc. Assim eu começei lá pelos meus 16 anos a pesquisar sobre a gravidez e conhecí e me encantei pelo parto humanizado. Achava que conseguiria pelo menos um parto normal em Lavras e a Maíra me indicou a lista do yahoo do grupo Parto Nosso, onde eu conheci a doula Rebeca que me orientou a gestação inteira. Com 8 semanas lá estava eu na lista pesquisando e me informando. A Rebeca me adicionou no msn e fomos conversando sobre médicos e etc. Assim que cheguei em Lavras, além da mudança (eu e o Lu decidimos de fato ser uma família), a primeira coisa que eu fiz foi pegar a lista do convênio e procurar um obstetra. Achei a Dra. A. que tinha consulta disponível e lá fomos.
Já na primeira consulta (o Lu sempre foi em todas), nos decepcionamos um pouco. O clima estava bem descontraído e tal, mas foi bem diferente do que eu imaginava. A médica passou um batalhão de exames e eu fiquei me sentindo meio doente e estranha, fora que eu esperava que a gente pudesse conversar sobre o parto, a gestação e que ela fosse me ensinar o "ser mãe e ser mulher". Bem, não foi nada disso. 30 min e consulta encerrada. Saí de lá com gostinho de quero mais e achei mudaria com a intimidade, quando a médica me conhecesse melhor.
Passei os 3 primeiros meses da gravidez dormindo. Hoje eu sei que era o meu corpo poupando forças pro que viria, já que eu tenho uma insônia crônica que me assaltou justo no meio da gestação. Eu dormia umas 20h por dia e comia o tempo inteiro em que estava acordada. Acordava pra comer, pois era a única coisa que melhorava o meu enjôo, e voltava a dormir.
Lá pelas tantas, perto dos 4 meses, eu começei a discutir como eu queria que fosse o meu parto com a minha obstetra. Já tinha lido sobre episiotomia, ocitocina, doulas e etc e queria um parto natural, de preferência com doula. Tentei achar uma doula aqui, mas era inexistente. A médica riu de mim, disse que parto humanizado era aquele em que a gestante não sente dor (a.k.a. cesárea), que ela não permitia a entrada da doula pois tinha tido uma experiência ruim com uma e que ela fazia episio pra evitar laceração, coisa que a gente discutiu uns bons 40min pois comoassim evitar uma laceração com um corte de 3 camadas? A Rebeca tinha me passado um questionário pra descobrir se o médico é cesarista e até que ela se saiu bem nas respostas. Nessa altura de campeonato eu achava que era A informada, empoderada e fodona. Sabe, eu sou uma pessoa super arrogante e admito. Não tenho problema nenhum em assumir, e durante a gravidez eu tentei meio que manter isso, mas não fui muito bem sucedida. Achava que bancaria e peitaria a médica na hora P e continuei com ela mesmo sabendo das possibilidades de um parto frankstein (é aquele parto em posição deitada, com episotomia, ocitocina e puxos dirigidos, nos estados unidos eles chamam de "parto estupro", devido a todo o desrespeito que ocorre com a parturiente e o bebê), pois na minha cabeça uma pessoa informada como eu jamais cairia numa cesárea desnecessária, afinal eu tinha estudado TODAS as possibilidades e indicações da cirurgia. Esse foi o meu primeiro erro. Lá nos 4 meses eu meti na cabeça que ía ter um parto humanizado e tava namorando a idéia de parir no hospital Sofia Feldman em BH, há 200km daqui.
Continuei com essa médica e lá pelos 6 meses ela me passou um exame que o convênio não cobria. Na hora me bateu um estalo e eu perguntei pra recepcionista pra que era aquele exame e conversa vai, conversa vem, descobrí que com aquela médica rolava só cesárea. A recepcionista até riu quando eu falei que teria normal com ela e me disse "ha, a Dra. A. só faz cesárea. Eu mesma queria normal, mas ela só faz marcando". Me convencí a ir pra BH, e agora eu tinha a dificuldade de fazer o Lu entender que era melhor largar o convênio e parir no SUS de BH do que aqui. Meu método de convencimento foi o melhor: se você não for comigo, eu pego um ônibus e vou sozinha e nunca mais te perdôo por não me apoiar nisso. Passaram-se uns dias e a gente começou a arquitetar como iria fazer e eu começei a minha busca por um médico plano B pro caso de eu entrar em trabalho de parto antes de ir pra BH. Fui em 4 dos médicos da lista do convênio e desistí. Nisso, minha mãe (que é quase o meu guru) começou a ficar preocupada e queria que eu tivesse um parto domiciliar. Eu, imbecil, não me sentia segura pra tal. Desconfio que se ela tivesse o telefone da Rebeca, as duas teriam armado tudo e me pego de surpresa. Começei a flertar a idéia do PD (parto domiciliar), mas não queria parir aqui, além do que, caso precisasse de transferência pro hospital, ía cair numa cesárea sem sombra de dúvidas, pois os hospitais daqui são muito ruins e os médicos todos cesaristas.
Passei a gestação inteira com pequenos sangramentos que me fizeram parar a minha dança do ventre e os meus exercícios. Passei 1 mês quase sem ir pra faculdade de repouso absoluto e cagando de medo de perder o bebê. Foi assim que eu parei de fumar. Naquele primeiro sangramento, de madrugada, o Lu saiu pra comprar o remédio que a GO tinha indicado pra parar o sangramento e, assim que ele chegou, me contou que era um anti-abortivo. Gelei, meu coração parou e naquela hora eu decidí que não ía ser meia mãe: percebí que eu era responsável por aquela criança e que tudo o que eu fazia a afetava, e que mesmo fumando só meio cigarro por dia, esse meio cigarro a estava prejudicando. Não fumei mais e os sangramentos me acompanharam quinzenalmente até o final da gestação e me renderam, além de achar que meu corpo era falho, uma encucação sem motivos e um excesso de peso, pois eu não parava de comer e não podia andar. Aqui eu percebo o meu segundo erro, que foi me manter sedentária durante a gestação. Logo eu, que sempre fui esportista, que andava pra cima e pra baixo, fazia handball, academia e natação, fiquei prostrada num sofá por 9 meses, com medo da minha filha morrer. Todo mundo fala que não precisa ser esportista pra ter parto normal. De fato, não precisa, mas como se chama trabalho de parto, ter um bom condicionamento físico ajuda muito, principalmente em caso de partos longos que exigem muito do corpo.
Nas férias de Julho o pai do Lu nos emprestou um carro e lá fomos nós conhecer o hospital Sofia Feldman. Chegando lá, parecia um sonho! A ouvidora nos mostrou tudo, a casa de parto super aconchegante, com banheira, jardim, bola, barra pra apoiar, refeitório, enfim, aquele clima bem caseiro sabe? Me sentí no paraíso, pensando que não poderia ter escolhido lugar melhor pra minha filha nascer. Conhecemos também a parte do hospital (lá a casa de parto é anexa ao hospital), que eu jamais sonharia que ficaria lá. A ouvidora nos mostrou a sala de cirurgia, e ainda riu e brincou comigo, dizendo que aquela parte eu nem precisava me preocupar pois já que eu queria parto normal, iria direto pra casa de parto mesmo, e que cesárea lá só em caso de emergência. Saí de lá aliviada, o Lu também gostou muito, e estava muito segura e confiante de ter feito a opção de me deslocar 300km pra minha filha nascer. Na minha cabeça, a única opção melhor seria o parto domiciliar, mas como eu não bancava e não tinha hospital bom pra caso eu precisasse de transferência, o Sofia Feldman foi sem dúvidas a melhor opção que eu poderia fazer naquele momento.
Os 9 meses se passaram e nós conseguimos convencer nossos pais a pagarem um hotel em BH pra esperarmos a Aurora nascer. Fomos pra lá com 38 semanas, e todo dia alguém da família ligava pra saber se eu já estava sentindo alguma coisa. Foi um tormento, porque além de não conhecer ninguém lá, não conhecer a cidade e não saber o que fazer, ficamos os dois enfiados no quarto do hotel. A cada ligação eu ficava mais nervosa, achando que meu corpo estava me boicotando, que minha filha não ía nascer, pensando nos meus bichos que tinham ficado em Lavras, pensando que eu poderia estar na minha casa, segura, me sentindo amparada no meu ambiente. A certa altura eu quase fiz minhas malas e voltei, pois estava certa de que aquela criança não queria nascer. Lá pelas tantas, resolvemos ir novamente ao hospital por sugestão das meninas da bem nascer (nisso eu estava sem obstetra e sem me consultar, mas não achava que constituísse num problema, pois a Aurora sempre se mexeu muito e eu estava ok, com a pressão boa e tudo o mais), e lá marquei uma consulta pro dia 6/9 (dia da minha data de previsão do parto, em que eu completaria 40 semanas de gestação) e recebí um escalda pés maravilhosos, com direito a música, mentalização e tudo o mais. Saí de lá revigorada, de bom humor, sem medo de nada, a frustração tinha acabado. Esse dia era 3/9/2010, às 9h da manhã. Pegamos o ônibus e voltamos pro hotel. Às 15h minha bolsa estourou. Eu rí, contei pro Lu, mandei uma menssagem no msn pra Rebeca, que me orientou a descansar, pois eu estava sem contrações. Liguei pra minha mãe (que viria acompanhar o nascimento e estava no RJ) e pra minha sogra (que também ía vir de Ribeirão Preto pra ver a neta nascer) e falei pra elas virem tranquilas, pois eu não tinha contrações. Fui ao shopping, comprei minha camisola da maternidade, comprei lanches, fui ao mercado comprar isotônico pra me ajudar no trabalho de parto (já que no hospital a gestante é estimulada a comer e beber o que quiser) e voltamos pro hotel. Minha mãe chegou às 22h, e eu continuava sem sentir nada. Falei de novo com a Rebeca que ligou pra uma enfermeira amiga (vou chama-la de enf. S.) dela que estava de plantão no Sofia e se colocou à disposição caso eu quizesse ir verificar se de fato era a bolsa. Como a Aurora estava se mexendo muito e eu já havia lido que não precisa sair correndo igual uma louca pro hospital, decidí que ía dormir e que de manhã iria no hospital pra ver a quantas andava a coisa. De madrugada começei a ter contrações. Elas vinham de 5 em 5 min, depois passou de 3 em 3min, e lá pra perto de amanhecer, começaram a vir a cada minuto, com duração de 30s cada uma. Acordamos todos e fomos pro hospital. Já no carro as contrações deram uma parada, mas ainda estavam lá. No hospital, fiquei algum tempo na recepção esperando atendimento e fui bem específica de que queria ir pra casa de parto. A enf. S. me atendeu, fez o exame de toque e constatou que eu estava com 1cm de dilatação e colo posterior. Me disse também que eu só poderia ser admitida na casa de parto com 4cm de dilatação e que minhas contrações ainda estavam fracas (nessa hora elas quase tinham parado). Ela falou com o Dr. J., que tb estava de plantão, que me recomendou voltar ao hotel e dormir, e que eu voltasse às 17h pra eles darem uma olhada. Fui dormir, mandei uma outra menssagem pra Rebeca que me mandou descansar e que mais tarde nos faríamos o trabalho de parto engrenar. A essa altura minha sogra já havia chegado à BH e eu fui pro quarto dormir. Não conseguí. As contrações estavam muito leves, uma "coliquinha boba" e eu sabia que não era hora de ir pro hospital, mas as pessoas começaram a ficar afobadas. Por insistência da minha mãe e medo meu, voltamos ao hospital às 17h, onde foi feito um novo exame pela enfermeira B. e constatado que eu continuava com os mesmos 1cm, mas meu colo agora estava anterior, ou seja, começando o processo da dilatação. o Dr. J. estava mudando de plantão e o obstetra que assumiu, o Dr. Paulo, recomendou a internação. Eu tremi dos pés à cabeça, a Rebeca me ligou e me recomendou a aceitar a indução, e se ofereceu pela milésima vez pra vir me acompanhar, ao que eu novamente recusei, pois não queria ninguém além do Lu e da minha mãe alí. Eu sabia que não era hora, sabia que meu corpo não estava pronto e que eu precisaria passar por um processo muito longo pra minha filha nascer. Minha mãe nessa hora já estava em pânico, minha sogra ídem e lá fui eu com o Lu, como quem vai pro abate, aceitar a indução. Eu sabia que a indução era extremamente dolorosa, que podia dificultar o processo de nascimento em alguns casos, mas eu sempre fui corajosa e aguentaria a dor. Eu sempre tive um resistência monstra pra dor, que aumentava ainda mais em casos de necessidade. Quando estávamos entrando no hospital (como eu estava com bolsa rota há mais de 24h, não poderia ser admitida na casa de parto), eu segurei a mão do Lu e falei pra ele que iria ser cesárea, que eu sabia disso. Ele me disse que não, que era só indução e que isso iria ajudar a Aurora a nascer. Eu já tinha entregue o meu plano de parto pra enf. S. e ela tinha lido e visto quais intervenções eu não gostaria que fizessem comigo e com a minha filha. A enf. S. e a enf. B. se propuseram a se revezar nos cuidados comigo e ficarem o quanto fosse necessário até que Aurora nascesse. Fui pra um lugar "especial", sozinha com o Lu, sem outras gestantes por perto. Lá colocaram o cardiotoco na minha barriga (pra saber se o bebê estava bem e verificar as contrações) e viram que os batimentos da Aurora estavam ótimos, mas as contrações estavam "ineficiente" (hoje eu sei que aquilo eram só pródromos, que era o meu corpo se preparando pra ela nascer e que aquilo ainda poderia demorar muito). Aí começou o show de horrores. Um técnica muito da grossa veio colocar o "acesso" em mim, e demorou uns 30 minutos até achar a minha veia. Ela me cutucou os dois braços e arrebentou a minha mão. Eu saí do hospital com a mão tão roxa que parecia que tinha caído um armário nela. Esse roxo só foi sumir 15 dias depois, tamanho o despreparo da técnica. A enf. B. e uma outra técnica, a tec. L., ficaram um pouco comigo e fizeram uma "dinâmica" pra ver como estavam as contrações e saíram. Fiquei 30min com o Lu na sala, contrações super suportáveis que começaram a apertar e elas voltaram. Fizeram outra dinâmica (apertavam a minha barriga durante as contrações) e decidiram colocar a ocitocina na dose máxima, pois realizaram o toque novamente e eu continuava com 1cm. A enf. B. me disse: "bem vinda ao trabalho de parto, pois agora vai começar de verdade" e eu sorrí, alegre, confiando que iria dar certo. Aí o negócio começou a pegar e eu passei a delirar de dor. A dor que eu sentí é a mesma que as gestantes descrevem quando está muito perto do bebê nascer, quase com dilatação total. Contração é um negócio engraçado. Num trabalho de parto sem intervenção, elas vem em ondas, que vão aumentando gradativamente. A dor que vc sente com a ocitocina é 3x, aproximadamente, maior do que a dor que você sente sem ela. Eu fiquei deitada, pois estava a muito tempo sem dormir e super cansada. Estava disposta a aguentar aquilo pra minha filha sair pelo buraco que ela entrou, afinal eu conhecia os riscos da cesariana e tinha muito medo de morrer ou de acontecer alguma coisa com ela. de 30 em 30min vinha alguém me fazer o toque, constatar que não havia evoluído, e saía. Lá pelas tantas eu me irritei e decidí que ía andar. Andar com aquela porcaria daquele negócio que prende o soro é anti-esportivo. Sério, aquilo atrapalha muito! Nessa hora o Lu (ele saiu pra comer alguma coisa) trocou e minha mãe entrou. Foi a pior cagada que eu poderia ter feito, porque a minha mãe, que sempre é a pessoa mais racional do mundo, simplesmente pirou. Eu agachava durante as contrações no meio do corredor do hospital, com aquela camisola que mostra até a sua alma, sem a mínima dignidade, com todos que passavam me olhando como se eu fosse uma maluca, e minha mãe, ao invés de agachar comigo e segurar minha mão, ficou tão desorientada que foi conversar com as enfermeiras. Eu levantava e agachava, levantava e agachava, a cada contração, na esperança de ajudar em alguma coisa. Eu fiquei tão irritada com a minha mãe, que só conseguia brigar com ela. Eu tinha muito medo dela surtar (ainda mais), de apertar a mão dela e machucar, enfim, dexei ela conversando com a enf. B. e lá pelas tantas ouvi a enf. dizer pra minha mãe que eu não ía aguentar. Aquilo foi o fim. Toda a minha esperança foi pro ralo ao ouvir aquilo. Eu fiquei com tanto ódio, tremia tanto, que minha vontade era de bater nas duas e sair dalí correndo. Devia ter ouvido o meu instinto e ter feito isso, mas de fato eu não tinha pra onde ir, nem pra quem pedir socorro, já que já tinha dispensado a Rebeca. Expulsei a minha mãe e pedi pra chamarem o Lu, que veio correndo. Fomos pra debaixo do chuveiro, e nisso eu já estava com muita dor. Eu achava que aquela dor era a pior que eu já tinha sentido na minha vida. Naquela altura eu achei que já devia estar bem dilatada, rebolava na bola, tentei vocalizar mas não conseguí, e toda hora me passava pela cabeça um texto da Ina May Garskin, parteira, que dizia que os esfincteres são tímidos e que se a mulher não se sente segura, não dilata. Aquele ambiente de hospital, de doença, de sofrimento, me deixava apavorada. Quando as enfermeiras e técnicas não estavam por perto, eu só conseguia sentir um misto de alívio (por finalmente ser deixada em paz, por pararem com os toques excessivos e as dinâmicas doloridas, por não ser tratada como uma bomba relógio) e muito abandono, me sentia largada, sem nenhuma explicação, nenhuma ajuda (o Lu fez o que pode, mas ele nunca tinha acompanhado um parto, não sabia como agir e estava mega preocupado comigo). A doula aqui teria sido crucial pro bom funcionamento do parto, e novamente eu colhi os frutos da minha arrogância, de me achar a fodona, de achar que por suportar bem a dor e conhecer o processo de nascimento, eu não sentiria medo. O medo me bloqueou de tal forma que eu só queria que aquilo tudo acabasse. Sentia que meu corpo não era mais meu, que pertencia à equipe. Não havia em mim nem um resquício de instinto de preservação, de dignidade. A cada 30min eu era invadida por alguém da equipe que vinha ver a minha dilatação, apertar a minha barriga, olhar o cardiotoco. Meu corpo foi totalmente exposto, me sentia um rato de laboratório, com aquele entra e sai, enfermeiras explicando procedimentos pras técnicas e estagiárias, e me usando pra demonstração. Era quase como se eu não tivesse alí, como se eu fosse um boneco anatômico, uma bomba relógio, como se eu fosse matar a minha filha. Quando eu já não aguentava mais na bola e decidí sair do chuveiro e me deitar de novo pra tentar descansar, ouví a parturiente da "baia" ao lado que também estava induzindo implorar por uma anestesia e o médico dizer que só fazia depois dos 6cm, e que ela estava com 5cm e que poderia atrapalhar. A mulher suplicou uma pá de vezes pela anestesia e não foi atendida. Eu não queria pedir anestesia pois sabia que poderia prejudicar o processo, eu queria sentir minha filha nascer. Hoje eu percebo que poderia ter tomado e dormido um pouco, relaxado, mas enfim, também não me foi sugerido. Novamente a enf.B. e a estagiária L. voltaram pra fazer a dinâmica e o toque e disseram que eu estava com 3cm, quase 4cm, e que o médico viria me avaliar. Nossa, eu achava que seria bem mais. A cada toque que eu levava, além de dor, eu sentia muito pesar, como se meu corpo estivesse me abandonando, me deixando na mão. O médico, Dr. Paulo, estava discutindo o meu caso com a equipe, aos berros. A equipe tentou me ajudar, segurar o médico pra ele me deixar quieta com o meu processo de parto, mas ele quis ver o meu prontuário. Entrou na minha "baia" como quem entra com um furacão do lado de fora, e os 3cm que a enf. B. havia diagnosticado, se transformaram novamente em 2cm. Já tinham passado 4h de indução. O Dr. Paulo foi extremamente grosseiro, invasivo, desumano, sem educação e bossal. Mal falou conosco, abriu minhas pernas e enfiou os dedos, assim, como quem enfia o dedo num pote ou abre uma torneira. Nem olhou pra minha cara. Além dos berros, começou a dizer que eu já deveria ter dilatado. Que a moça ao lado estava na indução também e que já estava com 5cm, que eu deveria dilatar 1cm por hora e que àquela altura já deveria estar com pelo menos 6cm. Eu tentei argumentar que a enf.B. havia constatado 3cm, tentei chamá-la, mas foi em vão, pois ela não podia peitar o médico. A arrogância e prepotência daquele homem tomaram o quarto inteiro. Ele novamente recomeçou a gritaria e disse que iria me fazer a cesárea. Meu coração gelou eu pedi que esperasse, ao que ele foi criterioso que não esperaria. Argumentei que na holanda se esperavam 48h de bolsa rota até partir pra indução, que a indição demorava e etc (isso tudo ainda com a ocitocina, morrendo de dor, tremendo dos pés à cabeça, completamente vulnerável). Ele riu. Assim, riu sabe? Sabe quando vc rí alto de uma piada muito engraçada? Riu na minha cara, riu da minha dor, do meu desespero e do meu pânico. Disse que na Holanda se esperavam 48h de bolsa rota mas que ele era um obstetra brasileiro que não deveria ter esperado nem 12h. Que eu já deveria ter sido cesariada há muito mais tempo. Novamente eu falei em assinar um termo de compromisso, que eu me responsabilizava, que o cardiotoco da Aurora estava ótimo com os batimentos perfeitos e que não eu processaria o hospital caso desse algo errado, que eu queria esperar. Ele simplesmente me disse "que termo de compromisso oq menina, isso não serve pra nada", riu novamente e me deixou falando sozinha.
Do lado de fora da "baia", ouví a equipe conversar sobre cesárea humanizada, que não era possível, que isso não existia. Ouví novamente as enfermeiras tentando argumentar com o médico, insistindo pra ele esperar, mas ele só gritava algo que eu não conseguia ouvir. A enf. B. entrou, com um olhar triste, e eu realmente não me lembro oq ela me falou. Nessa hora eu já tinha desistido, e só queria que aquele pesadelo acabasse. Eu tinha movido mundos e fundos pra ter minha filha de forma respeitosa e digna, e tudo o que eu tinha conseguido era gastar rios de dinheiro e um médico grosseiro.
Uma nova técnica veio me preparar pra cirurgia. Ela foi super grossa, me mandou tirar os pircings, num mau humor horrendo. Eu não conseguí tirar os da orelha, pois esses só saem com alicate, e ela começou a me falar um monte (que eu nem lembro, pq tava com muita dor), que eu não queria tirar, que daquele jeito eles iriam rasgar a minha orelha na cirurgia, que se eu precisasse ser entubada isso dificultaria e etc. Ela me segurou e falou pro anestesista vir. Eu pedí pra ela esperar a contração, pois estava tendo uma naquele momento e ela me mandou ficar quieta, brigou comigo, que assim ela não conseguiria trabalhar, que eu estava dificultando tudo, que iria ficar tetraplégica se não parasse de me mover e que estava atrasando o funcionamento do hospital. O anestesista, o único que teve bom senso naquele dia, esperou passar a contração e aplicou a anestesia. O Lu chegou, já vestido com aquela roupa de sala cirurgica, e eu só conseguia sentir muito medo. Pedi pra ele cuidar da Aurora, pois eu tinha certeza de que algo sairia mal. Eu chorava muito, copiosamente, e as pediatras e técnicas zombavam de mim, dizendo que aquilo acontecia com todas as mulheres, todos os dias, e que não era motivo pra choro. Que eu seria só mais uma a ter uma cesárea, que aquilo era um porcedimento totalmente normal. Na minha cabeça só me passavam as estatísticas de mortalidade materno-infantil. Fiz o Lu me prometer que não desampararia a nossa filha, que cuidaria dela se me acontecesse algo.
O cheiro de carne queimando durante a cirurgia, por causa do bisturi elétrico, é simplesmente horrível. Apesar da anestesia, eu sentia o bisturi entrando, sentia ele rasgando a minha carne. Tinha vontade de correr, mas minhas pernas não funcionavam. Minha mãe estava do lado de fora, na janelinha, me olhando, e chorava tanto, como quem pede desculpas. Eu só queria sair dalí. Parecia que tudo o que eu tinha pedido pra fazerem no meu plano de parto, estava sendo feito ao contrário, como se eu fosse uma maluca por "arriscar a filha durante 36h por um capricho de ter um parto normal". Ninguém falou comigo. Não explicaram o que estavam fazendo, não olhavam pra mim. Eu não existia alí. A equipe só tinha uma preocupação: extrair o bebê daquela lunática, como se meu corpo estivesse matando a Aurora, como se eu fosse um perigo mortal pra ela. A sensação que eu tinha era de ser uma maluca de hospício, amarrada naquela maca, completamente vulnerável e indefesa, sem saber o que estava acontecendo. Tinha escrito no plano de parto que, caso a cesárea fosse necessária, queria ter meus braços livres como eu havia visto em cirurgias humanizadas, queria ver quando a Aurora saísse da minha barriga e amamentá-la ainda na mesa cirurgíca, como acontece em muitos outros lugares. Eu só soube que íam tirar a Aurora porque perguntei pro Lu e ele foi ver. Ele que me avisou que ela estava nascendo, que aqueles puxões que eu estava sentindo eram o médico extraindo nossa filha da minha barriga. Eu chorei muito, chorei a cirugia inteira, e ninguém me dava uma palavra de consolo, de apoio, nenhuma explicação, nada. Eu não existia praquelas pessoas. Quando tiraram a Aurora, mostraram pra minha mãe através do vidro e fizeram os procedimentos nela. Todos os procedimentos que eu pedí pra não fazerem, foram feitos. Eu ouvia o choro dela e pedia desculpas por não poder pegá-la. Me sentia um monstro por não poder estar com a minha filha. Parece que demorou uma eternidade até me trazerem ela por breves 5s. Todo mundo viu a Aurora antes de mim. TODOS. Eu fui a última pessoa a vê-la, e mesmo assim por pouquissímo tempo. Nessa hora eu avisei que iria vomitar. O Lu pediu ajuda pra equipe e mandaram ele virar minha cabeça de lado. Vomitei. A pior coisa da vida é vomitar com o seu corpo aberto. Parecia que todos os meus órgãos íam pular pra fora! Eu não podia me curvar por causa da anestesia e por ainda estar aberta, e vomitar deitada, amarrada e numa sala fria, foi uma sensação péssima. O Lu ficou lá uns bons minutos pedindo um pano pra me limpar e ninguém queria dar. Falaram pra me deixar daquele jeito que depois limpavam. O anestesista deu um pano pra ele e ele me limpou, mas isso demorou bastante. Mandei o Lu ir ficar com a Aurora, que ela precisava mais dele do que eu, e ele foi. Começei a tremer muito, meus braços estavam descontrolados, parecia que eu tinha levado um choque. Eu pedí muito pra me cobrirem, pois o frio era insuportável. Novamente alguém riu (não me lembro quem, pois nessa hora já estava tudo nebuloso) dizendo que não ía adiantar, que aquilo era efeito da anestesia. Chorei tanto, tanto, que o anestesista novamente decidiu ser um humano e me cobriu. O Lu e a Aurora saíram do quarto e me apagaram. No plano e parto eu tinha dito que não queria que me dessem a sedação, o que novamente não foi respeitado. Na Aurora fizeram tudo: colírio de nitrato de prata (eu fiz pré-natal e não tenho gonorréia, o que tornava o uso do colírio, que dá uma conjutivite química no bebê, completamente dispensável), vitamina K injetável e aspiraram (enfiaram um tubo no nariz dela, sem anestesia nem nada). Eu choro sempre que penso nisso, pois nem viajando 300km, indo pra um hospital humanizado, referência como hospital amigo da criança, tinham respeitado os direitos da minha filha e os meus pedidos. Acordei naquela sala fria, sem ninguém. Fiquei em pânico e nessa hora alguém entrou, novamente com muita má vontade, e eu perguntei aonde estava minha filha. O Lu apareceu na porta da sala de cirurgia, com a Aurora no colo, já vestida, e disse que já íam me levar pro quarto. Lembro da dor. Mesmo anestesiada, sentí quando me colocaram na cama, como se eu fosse um saco de batatas. O baque fez os pontos doerem. Fiquei numa cama, suja de sangue e de urina, até a manhã seguinte. Aurora só foi amamentado 50min depois de nascer, sendo que eu tinha pedido pra amamentar ainda na sala de cirurgia pois sabia o quão importante era amamentar na primeira hora de vida. Alguma técnica veio, apertou meu peito e colocou ela lá. Eu não sentia nada além de tristeza. O maior momento da minha vida, o melhor, o encontro com o meu maior amor, tinha sido roubado. Eu mal conseguí olhar praquele bebê. Tinha vergonha dela. Vergonha de ter feito ela passar por tudo aquilo, vergonha de ser incapaz de parir. Só conseguia pedir desculpas internamente, por ela ter que passar por tudo aquilo por culpa minha. Fizeram tudo contra a minha vontade, sem a minha autorização ou do pai dela. Não nos explicaram nada sobre os procedimentos, sobre o que aconteceria com ela e comigo. Nos deixaram num vazio de informações absurdo.
No dia seguinte houve uma reunião de mulheres recém paridas e as psicólogas do hospital pediram pra gente avaliar o atendimento. Eu falei que tinha sido ruim e tudo o mais, ao que me foi respondido: "você está achando tudo isso porque não queria a cesárea". Na hora eu não entendí o que tudo aquilo significava, não entendia muito bem o que tinha acontecido e novamente abaixei a cabeça e me calei. Hoje eu vejo o quanto o meu atendimento foi precário, desrespeitoso e que ainda tentaram colocar panos quentes. Pra todas as outras gestantes, o hospital foi humanizado, mas pra mim não. Não entendo como um hospital que é referência em atendimento humanizado à gestante tem um médico que grita com a paciente, uma equipe que a deixa suja de vômito e técnicos e enfermeiras que riem do seu desespero. Pra coroar com chave de ouro, a enf.B. veio dizer pra minha mãe que eu pedí a cesariana. Que eu tinha pedido pra me fazerem a cirurgia. O Lu estava comigo o tempo todo e me disse que eu não pedi, e eu me lembro de não ter pedido também. Não pedí a cirurgia nem anestesia. Tudo o que eu queria era amparo e suporte, coisas esperadas num lugar humanizado, e que me foram negados.
Hoje eu sei que poderia ter esperado mais, que há casos em que se espera 1 semana com monitoração, que não precisava ser induzido. Sei que eu jamais dilataria com aquelas condições, com aquele entra e sai de gente o tempo todo indo olhar a minha vagina, com as enfermeiras dando aulas e explicações sobre o meu corpo como se eu não estivesse alí. O único caminho possível pra mim seria o parto domiciliar. Fiquei muito triste com tudo o que aconteceu e me sinto revoltada, traída e ferida, pois todas as outras gestantes que vão pro mesmo hospital sempre relatam maravilhas. Justo comigo, que queria parir, que tinha me informado durante 9 meses sobre humanização do nascimento, aconteceu tudo ao contrário. Se eu soubesse de tudo isso, teria ficado em Lavras, tido minha filha no hospital daqui e me pouparia dinheiro e muita frustração. Minha cesária foi completamente desnecessária (tendo em vista que os batimentos cardíacos estavam ótimos e a Aurora estava se mexendo super bem durante todo o processo) e desrespeitosa. Dói na minha alma saber que eu e minha filha fomos maltratadas por gente que se prestou a fazer um atendimento diferenciado. Dói saber que fui enganada, que não fizeram nada do que a instituição propunha, que me despiram da minha dignidade e me fizeram uma ferida no corpo e na alma. Posso ter mais 10 filhos e essa dor nunca vai passar. A violência com que fomos tratadas e o desprezo vão ficar pra sempre na minha memória.
11 comentários:
Sinta-se abraçada, querida...
Duas coisas importantes de comentar: seu strepto era negativo. Antes da indução falamos sobre ATB e continuar na expectativa, monitorando com as EOs gente.
Eu sinto muito por vc ter vivido isso. Eu fui operada no Sofia e meu filho nao passou por intervenções, não fui sedada, amarrada, não fiquei sozinha... vejo que não é a regra. Infelizmente os maus profissionais estão se alastrando (tanto em relação a técnica quanto
em relação a humanização do atendimento), mas o Sofia é o único local de MG onde as EOS atendem 1oo% um nascimento, onde mais de 60% é parto, então é onde ainda dá pra ter mais sucesso.
Leve seu depoimento adiante, a própria instituição, sugira mudanças! E que escrever te exorcize um pouco dessa dor.
Bjs, tô sempre aqui pra vc.
Chocante...
Fiquei muito triste em ler isso, é algo que nenhuma mulher deveria passar. Não imaginava uma situação dessa acontecendo no sofia, mas como a rebeca falou, parece que os maus profissionais estão em todo lugar.
Sinto muito que tenha sido dessa forma pra vc, espero que colocar isso pra fora te ajude a lidar melhor com a lembrança.
Uma pena...
=(
O mais triste de ler esse relato e passar por tudo de novo é ver o quanto nós nos jogamos no hospital, confiamos nele e em outras pessoas e menos em nós...
Eu chorei de novo lendo seu relato, como já tinha chorado no seu relato anterior e no dia do nascimento da nossa Aurora...
Te amo muito, meu bem...
Da próxima vez tudo será diferente e eu não vou deixar ninguém roubar essa hora linda que deveria ser só sua..
Te amo
É muito triste saber que isso acontece, e muito!!!! Quando as parturientes se mostram informadas os médicos ficam com raiva e parece que fazem tudo de propósito. É uma pena mesmo....
Eu achava que estava bem informada sobre parto, não queria fazer cesárea de jeito nenhum, achei que tinha me preparado p/ fazer parto normal, em alguns pontos eu pensava como vc, mas aí tudo mudou quando ouvi a expressão "bebê pélvico", até então desconhecida pra mim. Depois disso, eu fui amolecendo e aceitei a cesárea, pior ainda, eletiva. Hoje eu me arrependo mto, fiquei triste, com aquela dor na alma. Acho que deveria ter me informado mais, me preparado mais. Mas agora penso que não posso mudar o passado, então me informo mais hoje pra que no futuro eu possa fazer as coisas diferentes, se engravidar de novo. E tbm compartilho o pouco que sei com as pessoas p/ ver se ajudo pelo menos algumas, aquelas que querem ser ajudadas a enxergar o parto diferente... Enfim...
estou adorando o seu blog.
Aretha, sinto muitíssimo, creio que vc levará pro resto da vida este buraco aí dentro do coração quando ao parto respeitoso que não teve, mas acho que o melhor a fazer eh o que vc tá fazendo, encarando de frente, digerindo tudo que rolou, de modo consciente, ainda que doloroso - em vez de negar tudo e se conformar de que só poderia ter sido assim e pronto, como tantas outras por aí.
Me chamou muita atenção no relato a presença das avós (mãe e sogra). Olha, minha parteira não gosta nadinha de presença de mãe, ela, que já acompanhou inúmeros partos, diz que até hoje só viu UMA única mãe que deu conta de uma postura encorajadora.
Porque mãe tem esta tendência mesmo de não querer ver os filhos e filhas sofrerem, de acolher, de embalar, é da essência do papel de mãe.
Sabe, embora minha própria filha só tenha 2 aninhos, eu já me peguei pensando se algum dia, quando for hora dela parir seus próprios filhos, eu vou dar conta de estar ao seu lado na hora, ou se melhor ela encontrar sua força sozinha dentro dela, até porque esta "negação da mãe" é necessária pra gente deixar de ser só filha e virar mãe, sabe?
(Nesse ponto, eu totalmente blindei o meu parto pra família, posso ter sido radical, mas pra mim isso foi necessário, não foi o único fator mas com certeza foi um que ajudou muito na tranquilidade que pude ter no domiciliar)
O mais curioso é que vc relata que sua mãe preferia que vc tivesse tido um domiciliar, veja só, até as mães com esta consciência sobre o parto podem na hora P não dar conta de verem as filhas sentindo dor (e pra parir sente dor, uai!!!) e apelar pro sistemão.
Também me chamou atenção ter viajado e ficado no hotel dias antes de entrar no TP, parece que ajudou pra te fragilizar emocionalmente num momento em que vc tinha que estar sendo apoiada e acolhida pra se fortalecer.
Indpendente de escolher PD ou não, o que eu sempre digo pras amigas que tão a fim de parir de fato, e não de serem operadas, é que pelo menos esperem em casa o máximo que puderem, e o máximo mesmo. Chegando no hospital já com dilatação grande, fica BEM mais difícil inventarem razões pra cesárea ou intervençṍes absurdas num processo natural, tipo ocitocina artificial. É certo que nao necessariamente isso impedira algum tipo de desrespeito, mas fica mais dificil, pois a mãe já se fortaleceu mais ao longo do processo.
Enfim, gratidão por compartilhar o relato, importantíssimo nesta nossa frente em favor de partos naturais e respeitosos. E parabéns por sua consciência e coragem.
Nossa, eu sinto muito pelo que te aconteceu. Parece o relato de um filme de terror. Vc denunciou isso?
No parto da minha filha a enfermeira chefe bateu na porta do quarto e pediu pra eu parar de gritar. Quer dizer, mandou recado, pq nem acesso a mim ela teve. E já achei um batia desrespeito, denunciei na ouvidoria do hospital, mas nem me deram bola. Agora vou refazer a reclamação, pq Nao me conformo.
Nem sei o que Fabiano seu lugar Oo
* faria
Aretha, muita força! Seu relato é mesmo assustador. Mas existem vários outros implicadores que talvez um bom medico e uma boa doula possam te ajudar. Pense nisso. Minha avó teve 12 filhos de parto normal. Minha tia era parteira. Minha mãe era super frustrada porque sempre esperou pelo menos 48h de trabalho de parto e nenhum de nós três nasceu em parto nntural. Ela simplesmente não tinha dilatação. Era genético e difetente da mãe dela. Eu fui a 2° filha, nasci quase morta. Meu pai era estudante de pediatria e praticamente só não morri por isso. A culpa não é do seu corpo. Não se culpe. Eu não sou medica e vi o seu relato porque estou pesquisando parto humanizado. Quero ter uma avaliação e ver se tenho o mesmo problema da minha mãe ou da minha irma para não me frustar. Por isso tbem falo da minha irmã. Ela é médica e queria muito ter parti humanizado mas ficou sedentária durante a gestação e sempre teve pressão muito alta deade criança. Ela e super magra e atlética. O parto dela foi cesárea. Ela teve risco alto de envenenamento. Os médicos tiveram que agir rápido. Talvez tenha acontecido isso com vc. Como vc ficou na véspera do parto sem um pré natal, vc correu muito risco. Sua neném estava bem, como o meu sobrinho, mas se a doula e o medico não tiverem atenção, o risco de morte da mãe um tempo apos o parto é alto, por envenenamento. Vc estudou muito e deve saber disso. O da minha irmã quem deu o diagnóstico clínico foi meu pai. Ela não queria acreditar nem fazer exames, mesmo ela sendo medica. Foi na medica a contragosto e dali para o hospital. Na cirurgia eles tiveram que agir muito rápido para cuidar dela. Não condene o seu corpo. Não somos iguais nem às nossas mães. Um abraço!
Aretha, muita força! Seu relato é mesmo assustador. Mas existem vários outros implicadores que talvez um bom medico e uma boa doula possam te ajudar. Pense nisso. Minha avó teve 12 filhos de parto normal. Minha tia era parteira. Minha mãe era super frustrada porque sempre esperou pelo menos 48h de trabalho de parto e nenhum de nós três nasceu em parto nntural. Ela simplesmente não tinha dilatação. Era genético e difetente da mãe dela. Eu fui a 2° filha, nasci quase morta. Meu pai era estudante de pediatria e praticamente só não morri por isso. A culpa não é do seu corpo. Não se culpe. Eu não sou medica e vi o seu relato porque estou pesquisando parto humanizado. Quero ter uma avaliação e ver se tenho o mesmo problema da minha mãe ou da minha irma para não me frustar. Por isso tbem falo da minha irmã. Ela é médica e queria muito ter parti humanizado mas ficou sedentária durante a gestação e sempre teve pressão muito alta deade criança. Ela e super magra e atlética. O parto dela foi cesárea. Ela teve risco alto de envenenamento. Os médicos tiveram que agir rápido. Talvez tenha acontecido isso com vc. Como vc ficou na véspera do parto sem um pré natal, vc correu muito risco. Sua neném estava bem, como o meu sobrinho, mas se a doula e o medico não tiverem atenção, o risco de morte da mãe um tempo apos o parto é alto, por envenenamento. Vc estudou muito e deve saber disso. O da minha irmã quem deu o diagnóstico clínico foi meu pai. Ela não queria acreditar nem fazer exames, mesmo ela sendo medica. Foi na medica a contragosto e dali para o hospital. Na cirurgia eles tiveram que agir muito rápido para cuidar dela. Não condene o seu corpo. Não somos iguais nem às nossas mães. Um abraço!
Aretha, sem palavras e chocada ao ler seu relato.
Se possivel poderiamos conversar por email?
leticia.dinizc@gmail.com
Obrigada!
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