quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O comércio da humanização - parte II

Cara, acho que eu não me expliquei direito, portanto, vim aqui deixar claros alguns pontos:

- Não acho de forma alguma que profissional nenhum deva trabalhar de graça. Mas também acho que se você diz que é um profissional humanizado, você lida com pessoas e não com contra-cheques, por isso você não deixa a sua gestante com a cerclagem por medo dela parir no consultório e não ter dinheiro pra pagar. Há várias formas de se facilitar o pagamento, parcelar e etc. Agora, querer que todo mundo tenha 5000 pra pagar num parto a vista, é no mínimo utópico.

- Quando eu disse "toula", me referí à algumas doulas que se aproveitam do momento de fragilidade e usam a capa da humanização pra lucrar sem fazer o que uma doula deve fazer, que é, antes de dar presentes, informar a gestante e apoia-la durante o processo de empoderamento. Disse "toula" assim como digo "bobstetra" ou "obstreta" pra GOs cesaristas.

- Meu ponto não foi discutir se a doula deve dar kit ou não pra gestante, e sim que a doula deve oferecer um serviço que inclua ajudar a gestante no seu empoderamento, e não somente em distribuir toucas, camisetas ou o que for.

- Acho que 500 reais pro serviço que uma doula oferece é até pouco dinheiro a pagar. Deveriam receber bem mais que isso, assim como os profissionais humanizados que ficam a disposição durante horas a fio pra uma única gestante merecem cada centavo, e ainda mais. O que eu não concordo é fazer maketing pessoal em cima de um ideal, usar a humanização pra aparecer e se achar a última coca-cola do deserto.

- Só porque um profissional é humanizado, não significa que ele tenha que fazer filantropia. Mas também acho que não ir atender a gestante porque tá na praia é o cúmulo do descaso.

A Aláya resumiu bem o que eu queria dizer:
" A culpa das tragédias obstétricas no brasil, dos partos roubados, certamente não é do "povo da humanização", MAS porque não poderíamos questionar quem usa o discurso da humanização apenas para lucrar com isso? Quem não vestiu a camiseta e transformou isso em um marketing, em uma fonte de propaganda pessoal. É claro que humanização não é filantropia, mas não precisamos transforma-la na filial do McDonnalds.
Lucrar com um trabalho digno é algo válido. Mas lucrar em cima de um momento de fragilidade, lucrar com a insegurança e ignorância alheia, se aproveitar dos outros só pra faturar, ai eu acho feio sim."



No mais, beijos pra quem fica, porque eu tô indo viajar e volto daqui há 30 dias. Não vou ter acesso à internet, então, bom natal e um feliz ano novo.

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