terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Os pais das outras crianças

Se tem uma coisa que eu não suporto sobre ser mãe não são nem as noite em claro, nem os chororôs e as birras, e sim os pais das outras crianças.

Gente, sério, não tem coisa mais chata do que ser obrigado a conviver com pessoas que vc não tem nada haver, que discorda veementemente e tudo em prol do seu filho. Ter que lidar com aquela gente chata, ignorante e pedante, que só fala besteira e vive jogando os filhos da ponte porque o vizinho da tia do amigo do porteiro fez e o filho sobreviveu, é demais pra mim. Mas pior do que ter que lidar com os pais das outras crianças é ter que lidar com as babás das outras crianças. Sim, porque no mundo de hoje dificilmente vc vai achar uma mãe com um bebê na praça num final de tarde de sábado. 70% das crianças vão estar com as babás, e quando elas não te olham com aquela cara que diz "sua pobre, pq vc não paga alguém pra cuidar do seu bebê?" elas te tratam como se vc fosse alguma leprosa desocupada. E o foda da babá é que tem mãe e pai que largam a criança o dia inteiro com a respectiva e ainda tem a cara de pau de contratar uma babá pro final de semana e mesmo assim não quer que a babá eduque a criança. Tipo, os pais ficam o tempo inteiro longe e não querem que ninguém chame a atenção da criança nem a repreenda por comportamentos errados, daí fica igual a gente vê por aí em programas tipo a supernanny: crianças que são "patrõezinhos" das babás, as babás se tornam empregadas ao invés de cuidadoras. E o mais foda é que essas crianças pentelhas sempre vem de alguma forma abusar da Aurora.

Uma vez na praça, Aurora mexia com uns balões e bolas na praça. Veio um pentelhinho, com a mãe atrás, e começou a pegar as bolas da mão da guria. O prazer do menino era tirar as bolas da Aurora. Ele não queria brincar, ele queria que a Aurora não brincasse. E a mãe do lado, falando no celular e implorando "fulaninho, pára com isso", e o fulaninho fingia que não ouvia. Lá pelas tantas eu me emputeci e tirei a Aurora de perto.
Da outra vez a criança ficou puxando o Toy (meu cachorro) pela coleira e mãe pedindo pra ele parar. Puxei o fulaninho pelo braço, abaixei na altura dele e disse "não faça isso porque machuca". A mãe não gostou, mas já que ela não tava fazendo merda nenhuma e eu não tava afim de ter meu cachorro machucado, tive que intervir. Odeio dar sermão nos outros e odeio mais ainda "educar" o filho dos outros, mas tem certas situações que simplesmente não dá.
Na mais recente, sicrano brincava com o pandeiro da Aurora. Até aí tudo bem. Os pais tomavam cerveja e a babá tomava conta. Lá pelas tantas eu anunciei que iria embora e pedi o pandeiro. A babá falou umas 100x: "sicrano, devolve o pandeiro da menininha" e o menino necas. Por fim, jogou o pandeiro longe e saiu correndo. Fiquei tão, mas tão puta! Odeio criança sem limite! E o pior é que no caso desse sicrano TODO MUNDO fala, todo mundo comenta e ninguém perde tempo dando 10min de atenção pro menino. No final das contas, quem sai de chato e mimado é o guri, que na verdade é só um reflexo dos pais.

Sério, as vezes eu queria muito me isolar numa montanha (mais longe ainda do que Lavras) só pra não ter que conviver com esses tipos. Eu sempre pago de "a chata que fica arrotando recomendações de OMS e etc" ou então de antipática, pq simplesmente me recuso a discutir um assunto com pessoas que não vão ouvir oq eu tenho a dizer porque são arrogantes e prepotentes. Claro que eu não quero que todo mundo seja igual a mim e nem que as pessoas criem seus filhos do jeito que eu crio a Aurora, mas acho que certas coisas são um consenso, tipo: não bater, não dar coca-cola pra bebês pequenos, não usar andador e etc. Acho que ninguém tem que compartilhar dos meus ideais de vida, mas porra, fazer algo que deliberadamente vai fazer mal pro bebê só pq o filho da vizinha do amigo do porteiro fez e a criança sobreviveu, pra mim deveria ser proibido. E o pior ainda é que muitas vezes coisas danosas às crianças são feitas com o aval do pediatra, justamente quem deveria ser o maior interessado em zelar pelo bem-estar dos pequenos.

No final das contas, as vezes me vejo diante de uma geração de pais subservientes e omissos, que tentam suprir sua ausência física com ausência de limites, avós que não querem contrariar as crianças e babás que não podem (e que não devem, afinal esse não é o papel delas) corrigir comportamentos errados. E quem fica perdido no meio disso tudo: a criança, óbvio!

Tenho ódio de pai e mãe omissos! Ódio de gente que acha que ter filho é largar na casa da avó e ir visitar final de semana. Gente que pode estar com os filhos mas viaja pra Pequim pra "manter a chama do casamento acesa" enquanto o bebê de 1 mês se esguela no colo de uma babá, de quem tem tempo pra depilar até os cabelos do cú mas não tem tempo pra sentar no chão e brincar. Gente assim deveria ser avisada que filho dá trabalho e, mais ainda, não devia ter filho! Filho não é status, não é pra quem quer: é pra quem vai se comprometer em educar e cuidar integralmente de um outro ser humano que depende exclusivamente de você!

Um comentário:

Fernanda disse...

"de quem tem tempo pra depilar até os cabelos do cú mas não tem tempo pra sentar no chão e brincar." rolei de rir...pior que é verdade, no consultorio tem mais babas acompanhando as crianças que pais, uma triste realidade