sábado, 26 de maio de 2012

Greve das federais

Já que as mídias normais não estão noticiando, achei pertinente tratar do assunto aqui.

No dia 17 de Maio, 30 universidades federais do brasil entraram em greve. Esta semana somam-se 46 federais em greve.

A greve deu-se, a princípio, por conta dos professores estarem desde 2005 sem aumento e sem reajuste de salário, sem estruturação do plano de carreira e sem condições de ministrarem as aulas.

Quem aí faz federal sabe do que eu tô falando. Com o Reuni abriram-se milhares de novas vagas nas universidades federais e muito dinheiro foi dado pra serem efetuadas as devidas melhorias, mas, falando especificamente da UFLA, a entrada dos novos estudantes não está acompanhando o progresso das obras. Faltam títulos na biblioteca (cada livro de graduação custa, em média, 300 reais), RU de qualidade e com filas menores, novos departamentos e etc. A situação dos laboratórios está crítica, pois falando especificamente da biologia, faltam peças anatômicas, lâminas, microscópios e o número de técnicos administrativos é insuficiente. A fila do RU é uma coisa tão absurda que tem dia que, pra almoçar, a gente espera 1 hora inteira no sol quente só pra poder comer no bandejão. Aliás, o RU é um caso a parte, pois foi feito um novo prédio com o dinheiro do REUNI e mesmo assim o prédio não comporta todos os estudantes que precisam almoçar lá. Até hoje me pergunto porque é que não fizeram um RU maior e melhor. Em todo caso, um professor com doutorado hoje ganha, em média, 4.500 reais, um dos piores salários de funcionários públicos do país. Esses professores tem que ter dedicação exclusiva com a universidade (não podem dar aulas em outros lugares) e, além das horas de aula semanais que devem ministrar tanto pra graduação como pra pós-graduação, ainda tem que desenvolver pesquisa. Tudo o que entra a mais na folha de pagamento é um bônus que o governo dá, que pode ser tirado a qualquer momento. Outro dia conversando com um professor, ele me disse que demorou 15 anos pra chegar no cargo máximo do departamento dele, mesmo com Phd (pós-doutorado).

 O governo deu um aumento de 4% no dia anterior à declaração de greve, e eu quero explicar esse aumento. O governo da Dilma é um governo que sabe muito bem acabar com as greves, pois anteriormente eles eram justamente os que faziam as greves. Esse aumento foi dado pra deixar a população sem entender o pq da greve e no sentido de evitar a mesma. Esses 4% que aumentaram do salário dos professores foi em cima de uma bonificação (a menor da folha de pagamento) e não entra como salário integral, ou seja, se o governo quiser, ele pode tirar.

A greve dos professores visa uma re-estruturação do plano de carreira, melhores condições de trabalho (mais laboratórios, mais técnicos administrativos) e mais uma série de outras coisas que não tem haver só com o aumento, como algumas pessoas estão tentando fazer parecer.

O governo vem apresentando essa proposta de reajuste desde agosto do ano passado e até agora não cumpriu o que foi prometido. O aumento deveria ter saído em Março deste ano, coisa que não aconteceu. O ministro da educação andou dizendo por aí que essa greve é sem propósito. Hora, Sr. Ministro, sem propósito é um país pobre como o nosso, com educação básica risível, hospitais em estado deplorável e vários setores do serviço público entrando em greve no mesmo ano, gastar milhões com a copa do mundo e não investir nem 10% do Pib em educação! Sem propósito é enfiar todo ano mais de 1000 estudantes na minha universidade e não catalogar os novos livros que foram comprados e estão aguardando, bem longe dos estudantes, até poderem ser colocados nas prateleiras devido à falta de técnicos administrativos. Sem propósito é eu ficar 3 meses sem poder usar a biblioteca porque os funcionários estão de greve e isso não ser nem noticiado. Sem propósito é um país do tamanho do nosso achar mais importante soltar como matéria principal no fantástico o abuso sexual que a Xuxa sofre em 1900 e minha vó era virgem e não falar absolutamente uma palavra que seja sobre a greve dos docentes nas universidades federais.

Esse ano os policiais, os bombeiros, os professores e os médicos já entraram em greve. Quem mais precisa cruzar os braços pra vcs desistirem de gastar dinheiro com a copa do mundo e passarem a investir mais nos profissionais do nosso país?!

Os estudante da UFLA também aderiram à greve em apoio aos professores e estão boicotando os poucos professores que não aderiram. Ninguém vai ter aula até o governo decidir que vai dar aos professores o que é de direito. Já temos uma educação básica completamente sucateada, agora querem que a educação superior siga o mesmo rumo? NÓS ESTUDANTES NÃO VAMOS DEIXAR! Educação é poder, e vcs não vão conseguir tirar isso da gente!
Ontem, às 14h, os estudantes e docentes da Ufla fizeram uma passeata em prol da educação e a favor da greve, com adesão da população local e, ao final, foram apresentados à população de Lavras os motivos da nossa greve. Pro pessoal da Ufla, 14h da quarta feira  (30 de maior) no RU vai haver nova assembléia estudantil pra discutir assuntos pertinentes a greve. Nós estaremos lá! Se você é estudante, manifeste-se! Vá pras ruas, pinte a cara, converse com os seus familiares, enfim, EDUQUE a população pra saber o que a mídia não nos conta! Quanto mais apoio e adesão da sociedade civil, maior a pressão que vamos fazer frente ao governo e menos tempo ainda essa greve vai durar.

Bora batucar galera?!

"Nas praças, nas ruas
Quem disse que sumiu?
AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL!"

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