sábado, 8 de outubro de 2011

Os brincos e as orelhas infantis

"Desde os primórdios da histórias, diferentes culturas criaram cerimônias para marcar a passagem de um estágio da vida para o outro; a cerimônia supre a necessidade emocional e de amadurecimento do indivíduo, e a necessidade cultural do grupo. Cada transição na vida de uma garota ou mulher - da puberdade à menopausa - representa um acontecimento físico importantissímo, afetando sua mente e sua alma. Portanto, faz sentido que cada passo do desenvolvimento ou da transição saudáveis de uma mulher exija uma resposta que confirme seu significado. As cerimônias definem o significado e a celebração da feminilidade de uma garota e aumenta sua auto-estima. "



(trecho retirado do livro: É uma menina! Como desenvolver a auto-estima de nossas filhas - de Virginia Beane Rutter)


Daí que quando eu descobrí que estava grávida de uma menina, além de ter ficado puta (eu explico essa parte num outro post), lá fui eu me preocupar com a orelinha da boneca. Tenho uma tia-avó muito querida que marcou bastante a minha vida com essa questão dos rituais de passagem, que me perguntou o que ela poderia dar pra Aurora de presente e que ela iria guardar pro resto da vida, assim, uma lembrança inesquecível. Matutei cá com os meus botões e pedi um brinco, o primeiro brinco da minha princesinha, e que vou fazer questão de guardar pra sempre.

Os brincos estão aqui, fechados na caxinha.

Tá, eu queria colocar. Até cheguei a marcar com um médico daqui de Lavras que fura orelinha de recém-nascido (pq né, furar na farmácia NÃO ROLA mulherada! Aquela pistolinha pode passar um bocado de doenças, além do brinco ser super enorme e poder rasgar a orelha da pobre da criança), mas desisti. Eu fiquei pensando na época que né, a pobre da criança já estava a sofrer pq sair da barriga quentinha, aquática e confortável pra um meio ambiente esquisito, com barulhos e sensações diferentes é péssimo, imagina impingir mais esse desconforto a ela? Se você tem um segundo furo, sabe muito bem o que eu estou falando. Arde pra cassete furar a orelha.

"Ha, mas é melhor furar logo que orelha de recém-nascido é molinha e não dói". Não dói o escambal! Se não doesse a criança não chorava! E né, ÓBVIO que dói, afinal orelhas tem terminações nervosas. O que acontece é que o bebê não vai ter muito como reclamar, mas isso não o impede de ficar incomodado.

Bom, eu não furei. Não furei porque é uma coisa que eu quis deixar ela decidir. O corpo é dela, as orelhas são dela e é ela quem decide se vai querer usar brincos ou não. Não é uma decisão que cabe a mim. Conheço gente que fez dois furos na orelha da filha porque "acha bonito" e "queria ter dois furos na própria orelha quando criança e preferiu poupar a filha de lembrar da dor quando fosse mais velha". Nem comento, pq né, se um furo já dói, imagina dois.

Então eu tava pensando esses dias nessa coisa dos rituais e é isso que eu vou fazer. O dia que a Aurora me pedir, vamos lá eu e ela, mãe e filha, num momento só nosso, celebrar a feminilidade dela e furar as orelhas. :) Depois de furadas, vou levá-la pra tomar um café-da-tarde gostoso numa confeitaria pra marcar essa passagem de bebê pra garotinha. Os brincos vão ser aqueles que a minha tia avó deu, que tão alí na caixinha de jóias guardadinhos esperando, junto com mais um par que essa mesma tia me deu quando eu fiquei moçinha e mais um par que eu comprei pra Aurora. Acho que faz parte do respeito que a gente tem que aprender a desenvolver pelos nossos pequenos, pois por mais que quem decida (por enquanto) seja a gente, o corpo é deles, e não podemos sair por aí fazendo o que nos dá na telha.

Enfim, fica a reflexão. Não me xinguem ok? Essa é a minha visão das coisas. Se você acha que não tem nada haver, beleza, cada um no seu quadrado, mas eu, euzinha aqui, penso assim.

4 comentários:

Maíra disse...

Essa questão dos brincos sempre me faz ficar pensando, sabe? Não tenho uma opinião sobre isso ainda. Confesso que, se eu tiver uma menina, acho que não vou resistir a furar a orelha dela, mas por pura futilidade mesmo, porque eu acho lindo! rs! Mas eu também penso nisso td que vc disse e me corta o coração! Ai, Deus... ainda preciso pensar mais nisso, rsss...

Mas acho sábia a sua decisão e muito válida.

Beijos!

Raphaela Rezende disse...

Que lindo Aretha! Vamos celebrar esses ritos de passagem com nossas filhas!

Beijos

Ariel Shem Tov disse...

Aretha, meus pais não furaram a minha orelha. Com 15 anos eu furei, no dia do meu aniversário.

Também acho ultra cruel ficar fazendo essas coisas com os bebês e também acho que é uma escolha da menina.

Não furei a orelha da minha bebê, mas é engraçado como tem gente que acha estranho eu não ter furado e pergunta o porquê. Acho que é pq não marca que é menina, que é diferente de menino (pois nessa idade, de bebê, não dá pra saber quem é menino e quem é menina).

Enfim, não furei porque tive dó e acho que se ela quiser fazer um monte de furos pelo corpo quando for maior, tudo bem. O corpo é dela, né?

Jacqueline Freire disse...

Minha mãe teve o mesmo pensamento que vc e não furou a minha orelha. Quando fiz 14 e ia participar de uma apresentação, pedi a ela pra furar e ela foi comigo. A partir daí eu marquei os furos como ritos de passagem mesmo. Fiz o segundo com 18, o terceiro com 21 e coloquei um transversal com 25. Tá, ela ficou meio chocada, mas sabe que foi uma escolha minha e que eu fiz com mta vontade e pq gosto.

Acho pura maldade furar orelha de bebê. Mas confesso que qd era criança perguntei mto (até entender isso) à minha mãe, sobre pq minhas coleguinhas tinham brincos e eu não.. rs